Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 48
CAPÍTulo 48




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CAPÍTULO48

    São José e Criciúma, sentados junto à mesa de jantar ainda posta,
bebiam uma taça de vinho enquanto conversavam sobre o dia que tiveram; o
pai de família ficou surpreso quando seu celular tocou, e ao conferir de
onde vinha a ligação, percebeu que era Palhoça:
— Oi, filha!
— Oi, pai, tudo bem?
— Tudo certo? Algum problema? Que vozinha é essa?
— Pai, a mamãe foi pra maternidade!
— Como assim, filha? Não estava na hora ainda! - Criciúma viu uma
expressão de preocupação apossar-se dele em questão de segundos:
— O que foi? - murmurou ela:
— Palhoça, filha - continuou São José -, presta bem atenção! Fica aí,
faz companhia pra sua irmã, pra Márcia, eu vou pro hospital!
— Tá bom, pai! Eu acabei de falar com Blumenal também; Joinville está
vindo pra casa e ela vai pro hospital!
— Qualquer coisa me liga, filha!
    São José soltou o telefone ao lado da taça de vinho; olhou fixamente
para Criciúma, sentada à sua frente:
— Florianópolis foi pra maternidade; Palhoça ligou avisando! Lages foi
com ela, em fim... eu vou pra lá!
    O pai de família saiu de casa pra ir ao hospital; Criciúma, ainda
sentada junto à mesa, sentiu raiva quando viu seu homem sair por aquela
porta, não se conformava com o fato de ter que dividir a atenção com as
quatro meninas, com o filho homem que estava nascendo, e pior, com
Florianópolis.
A jovem o acompanhou com os olhos até onde pode; e quando ele fechou a
porta, ela atirou no chão a taça de vinho que segurava na mão direita.
Sônia, a empregada da casa, apareceu na sala assustada; pensou em
perguntar se a patroa precisava de alguma coisa, mas não teve tempo:
— Não aconteceu nada - esbravejou Criciúma -, só estou um pouco nervosa;
posso?
    Chapecó chegou em casa do trabalho muito cansada; havia perdido a
conta de quantas vezes se trancou no banheiro e chorou durante aquele
dia. O fim de seu relacionamento com Joinville a deixou arrasada; e
embora ela tivesse lhe garantido que a amava e a esperaria o tempo que
fosse preciso, Chapecó não tinha certeza se conseguiria livrar-se da
obsessão de Itajaí e ter sua amada de volta, pra sempre.
A engenheira sentou-se no sofá confortavelmente e colocou uma almofada
no colo:
— Ah, Joinville - murmurou ela -, aonde será que você está agora? Como
será que você está? Que vazio, meu Deus, que vazio!
E ficou ali, sentada no sofá por algum tempo, tentando criar coragem
para fazer alguma coisa. Tomou um banho, colocou um vestido leve e
ligou para o celular de Camila; a enfermeira faria plantão noturno, mas
não deixou de amparar a amiga naquele momento.
    - Eu achava que estava preparada, amiga - Camila ouvia com atenção o
desabafo de Chapecó, sentada ao lado dela no sofá -, eu achava que
estava preparada pra perder Joinville! Eu sabia que isso podia acontecer
mais cedo ou mais tarde, eu sabia que ela ia desistir de mim; mas nunca
pensei que fosse doer tanto!
— Mas ela terminou mesmo? Ela disse olhando nos seus olhos que acabou?
— Ela disse que estava rompendo comigo pra que eu resolvesse de uma vez
por todas a minha situação com Itajaí; e que quando isso acontecesse ela
estaria lá, fiel, me esperando!
— Então, Chapecó? Amiga, prenda-se a isso...
— Eu tenho medo desse tempo durar pra sempre, Cami! Um dia eu te contei
que Joinville foi a única mulher que eu nunca traí na vida, era sempre
eu quem terminava os meus relacionamentos; e hoje quem está sofrendo sou
eu! Eu sinto como se todo o sofrimento que eu já causei estivesse
voltando pra mim da pior forma possível! Como é que vai ser agora, Cami? O que é que vai ser agora?
Camila não sabia o que dizer, pela primeira vez, a jovem enfermeira
estava sem palavras, jamais viu Chapecó sofrer daquela maneira pelo fim
de um relacionamento. Ficou com ela o máximo de tempo que pôde mas
precisava trabalhar.
    Florianópolis deu entrada no hospital, e a doutora Ana Luísa já
estava à sua espera. São José chegou logo em seguida:
— Comadre, cadê ela? - perguntou o pai de família muito nervoso ao
colocar os olhos em Lages:
— Calma, compadre; ela está sendo examinada pela médica dela, vai dar
tudo certo! Eu estava resolvendo a parte burocrática da internação,
assinei tudo o que foi preciso...
— Eu quero ficar com ela; eu fui a todas as consultas ao lado de
Florianópolis, e não é porque nós estamos separados que eu vou deixar de
estar lá, segurando a mão dela nessa hora!
— Claro, você tem todo direito!
— Eu não vou perdoar Criciúma se acontecer alguma coisa com o meu filho!
— Como assim, compadre?
— Ah, Lages, Criciúma estrapola, sempre! Foi lá no apartamento de Florianópolis agora no fim da tarde, provocar, procurar comfusão!
— Eu não sabia disso... quer dizer, quando Palhoça foi me chamar em casa eu tinha acabado de chegar!
    Florianópolis foi cuidadosamente examinada pela doutora Ana Luísa; a
médica fez tudo com cuidado, já que sua paciente teria um parto prematuro.
Florianópolis não conseguiu conter a emoção quando ouviu o coração de
seu menino, e depois de algum tempo com a médica, foi encaminhada para o
quarto para que seu trabalho de parto evoluísse.
Agora ela  estava deitada, cercada de cuidados e de carinho; no
quarto do hospital estavam Lages, Blumenau e São José:
— Blumenau - perguntou a mãe -, Joinville está em casa?
— Está, mãe - respondeu a moça -, vai ficar lá com a Márcia e as
meninas; ela disse que é pra você ficar tranquila!
— Eu já passei por isso quatro vezes, mas sempre parece que é a
primeira!
— O rapazinho resolveu se adiantar - brincou São José tocando na mão
dela:
— Sua mulher não deve estar gostando nada nada de você estar aqui me
acompanhando!
— Não se preocupe com isso agora; pense em você, no nosso filho,
Criciúma sempre soube que eu tinha uma família e que eu amo os meus
filhos a cima de tudo! A gente está separado, mas eu vou ficar aqui do
seu lado, só saio daqui quando ele estiver do lado de cá!
    Enquanto isso, em casa, Joinville fazia companhia às irmãs; mas
estava morrendo por dentro, jamais imaginou que seria capaz de amar
alguém daquela maneira. Sua mãe estava no hospital prestes a ter um bebê, um parto
prematuro e Chapecó não estava ali para lhe dar força,:
— Vocês terminaram mesmo, mana? - a pergunta veio de Jaraguá; a garota
estava deitada na cama, com a irmã sentada ao seu lado:
— Eu rompi com ela, mana; eu só quero que ela resolva a
situação com Itajaí, só isso! Eu amo muito Chapecó, você não pode
imaginar o quanto; mas isso que aconteceu com você ontem é resultado da
obsessão que Itajaí tem por ela!
— Como é que pode, mana? Eu estive com ela duas vezes, ela se apresentou
como amiga de vocês, eu nunca imaginei que ela fosse ex-namorada de
Chapecó, que fosse tentar se vingar de você e me usaria pra isso!
— Mas o que importa é que você está bem, a nossa mãe vai tirar isso de
letra, logo o nosso homenzinho vai estar aqui em casa...
— Eu não queria que fosse assim, Joinville!
— Assim como, mana?
— De repente parece que começou a dar tudo errado; o nosso pai está
morando com outra mulher, Itajaí não era nossa amiga, nosso irmãozinho
vai nascer prematuro, você não está mais namorando... credo, parece que
virou tudo de pernas pro ar!
— Vai ficar tudo bem, maninha, eu garanto isso pra você! Eu e Chapecó só
estamos dando um tempo, a gente não terminou pra valer; e tudo isso
aconteceu sem brigas, sem ressentimentos entre nós duas! O nosso pai fez
a escolha dele, meu amor, ele nunca vai deixar de amar a gente; e o
nosso irmãozinho, se Deus quiser ele vai nascer bem, e Deus há de
querer!
— E você, mana? Como é que está no meio de tudo isso?
— Eu estou tentando fazer a forte, Jaraguá; mas está doendo muito aqui
por dentro!
    Palhoça veio juntar-se à Joinville e Jaraguá; as três irmãs ficaram
conversando, tentando enfrentar aquele momento da melhor forma possível.
E o resultado disso não poderia ser melhor em um momento como aquele;
três irmãs, de pijama, reunidas em um quarto com uma panela de
brigadeiro.


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