POV Lily:

Tudo começou há duas semanas quando meu pai deu o ar da graça de nos pegar beijando. Ele ficou furioso, dizia que eu era nova demais e não podia ficar por aí com qualquer um. No fundo, beeeem lá no fundo, eu o entendo, ele só está preocupado com a filha e eu até acho isso fofo, afinal é normal que um pai comece a ficar meio paranoico e super-protetor quando sua única filha começa a namorar, eu sei que ele me ama e só quer meu bem, eu amo meu pai.

Apesar do ciúmes meu pai aceita bem meu namoro com o Jay, nos conhecemos desde crianças e sua família é bem próxima da minha. Quando pequenos, a gente discutia demais, se tivessem me perguntado naquela época se eu namoraria com aquele mané eu teria dito nunca! Mas agora....bem....eu não tenho mais 7 anos né? Nem adianta perguntar algo antes dessa idade que eu não me lembro. Simplesmente digo a todos que perguntam que eu era muito pequena  e tinha o costume de bater a cabeça. Às vezes paro me perguntando o porque dessas lembranças não estarem na minha cabeça, não tem tanto problema já que meu pai vive me contando histórias de quando eu bati em sua porta há 9 anos, suja e com medo, traumatizada pelas ruas, desde então eu virei sua filha e ele meu pai, meu nome foi registrado como Elizabeth Dare, filha de Josh Dare, viúvo por causa de um motorista bêbado que matou sua mulher Claire Dare.

Ele me fala dela, agora com meus 16 anos ele insiste em dizer que nunca se apaixonará novamente pois ninguém é como Claire e que sou eu a única mulher de sua vida. Fico triste por ele não se abrir para novas paixões, aventuras e tudo que envolva riscos. Como meu pai é muito cabeça dura nunca me ouve mas eu não vou desistir, ele só precisa de coragem e isso eu tenho de sobra. Enfim, voltando ao presente....

Tinha acabado de fazer prova e estava caminhando em direção ao pátio enquanto eu tentava pela décima vez explicar a equação da questão 1 pra Julie, minha melhor amiga. Ela tinha muita dificuldade em matemática (coisa que eu tirava de letra, ao contrário de biologia, essa não entrava nem a porrete) e eu estava tentando ajudar, não que tivesse sucesso.

—Lily!!! Tá me ouvindo garota?!- perguntou Julie

—Ah...O que?- respondi atordoada, estava no mundo da lua mais uma vez.

—Recapitulando... Você estava me explicando a equação da prova! Quer saber eu desisto! É impossível aprender isso.- reclamou

—Não é não Julie você que fica admirando os boy na hora das aulas e depois fica aí na hora da prova pedindo cola! Se tivesse sido mais esperta ia conseguir pegar a cola que eu te passei!- retruquei

—O professor George estava passando bem na hora! Que que você queria que eu fizesse? Ele ia perceber e aí eu ia pra diretoria, eu não sou frequente lá e não quero virar amiga da recepcionista igual você- defendeu-se. Isso era verdade, eu virei amiga da Kelly a recepcionista, afinal ia pra lá toda semana, parece que a diretora adora me ver, então tô lá toda semana. Eu pareço um imã pra problemas, tudo vai pra mim, resultado? Eu acabo tendo uma conversa com a diretora Katy e tudo acaba bem no fim. Sei que ainda não fui expulsa só porque tenho a melhor média da escola, eles precisam de prodígios então acaba tudo bem sempre.

Eu ia retrucar até que dois braços chegaram por trás me abraçando pela cintura, já conhecia esses braços fortes e quentes tão bem quanto meu nome ou o alfabeto. Parei de discutir e abri um leve sorriso.

—Eu já vou mas depois você me explica essa maldita conta ok?- disse Julie se despedindo para nos dar um momento a sós.

—Ok- disse e me virei pra encarar aqueles olhos azuis lindos iguais aos meus. Aquele sorriso.... Não é à-toa que as garotas correm atrás desse menino. Todos falam que se não fôssemos namorados seríamos gêmeos, a gente apenas se olha e sorrimos sempre que aparece esse tipo de comentário.

—Oi linda.

—Oi Jay- o beijei- como foi lá com a nossa querida diretora?- ele abriu um sorriso lindooo, eu amo aquele sorriso como amo tudo nele.

—O de sempre "isso não pode se repetir, você é um exemplo e deve cumprir as regras" blá, blá, blá você conhece.

Jay é da minha turma, somos os nerds bagunçeiros, os inteligentes mal exemplos e por aí vai... Na Rightwood High-School não existe muitos de nós mas os que tem já são problemas o suficiente. Como somos elite por aqui precisamos mostrar que nessa escola só há os mais disciplinados e inteligentes alunos da cidade, a maioria é disciplinada mas nesse ponto é algo que eu fugo da curva obediência, odeio as regras, a falta de liberdade, a ordem o tempo todo. Eu e Jay somos frequentemente levados à diretoria por quebra de regras como falar alto, pular o muro, pisar na grama e dar festas muito barulhentas na escola, fazer guerra de bolinhas de papel e pipoca no refeitório, haja paciência para aturar tantas ordens.

—Sinceramente, deviam nos expulsar logo se não nos suportam- reclamei 

—Eles só não fazem isso porque precisam da nossa nota para chegar no topo das escolas de elite.- nos sentamos em um banco do pátio aberto que dava pra rua.

—Afff.... Que arrumem outros então, eu não aguento mais ter que olhar pra cara daquela mocréia cor-de-rosa que chamam de diretora- me irritei mas Jay me olhou com simpatia e aqueles olhos... sempre conseguiam me acalmar.

—Pelo menos a gente aproveita pra aprontar algumas...- ele deu aquele sorriso maroto só nosso, sorri.

—Lembra aquela vez que roubamos o carro do zelador e fomos dirigindo até Londres? Foi incrível- comecei a rir me lembrando de todas as encrencas que nos fizeram ficar juntos.

—Lembro sim! E aquela vez que queríamos sair para comprar doces e pulamos o muro, e ainda nos culparam por termos danificado as câmeras, nem mesmo encostamos nelas- disse ele dando uma risada

POV James:

—Pelo menos vale a pena.- eu sorri e ela se aconchegou em mim sorrindo, ah aqueles lábios.....incríveis. 

Lily e eu somos muito parecidos, olhos e traços do rosto iguais. Muitos falam que somos gêmeos kkkk, não conseguiria aguentar sendo irmão daquela garota. Ela muito mais que uma melhor amiga pra mim, é tudo para mim, a única razão para eu não aprontar uma das grandes e assinar minha carta de expulsão.

Aqueles olhos hipnotizam qualquer um, os cabelos ruivos vibrantes, macios e ondulados, um sorriso que encanta a todos. Não digo que é um anjo pois já presenciei seus ataques de raiva, é muito teimosa, determinada e corajosa. Juntos somos uma dupla incrível, alvo de problemas com certeza, mas a sorte sempre está ao nosso favor e por isso não nos metemos em nada sério.

Enquanto nos beijávamos eu não pensava em nada, até que sentir um frio se apoderar de mim, vejo que ela também sentiu pois interrompeu o beijo e fixou o olhar na rua, onde se eu não estivesse delirando, duas formas negras vinham em nossa direção.

CONTINUA.........................................................................................................