Lost escrita por Li


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Desculpem o atraso :)
Boa leitura :)



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A manhã estava radiante. Não existia uma única nuvem no céu. Os pequenos pássaras palreavam durante o seu voo. Uma leve brisa levava os últimos resquícios de folhas.

O meu humor estava de acordo com aquela manhã. Radiante. Pela primeira vez desde a súbita aparição do Malfoy, eu estava bem.

Astoria já tinha saído. Já eu apenas começava a trabalhar no fim da manhã. Assim aproveitaria a manhã para visitar a minha mãe.

A minha mãe, Hermione Granger Weasley, era Ministra da Magia há treze anos. A determinação e empenho em todas as suas tarefas no Ministério da Magia tinham-na levado até ali. Ela era Ministra da Magia por mérito próprio.

Tal como o St. Mungus, também o Ministério da Magia era um lugar de confusão pela manhã dentro. Os diversos empregados caminhavam de um lado para o outro, sempre atarefados. Os visitantes formavam filas à espera que alguém lhes indicasse o local onde se deviam dirigir para resolver os seus problemas.

Após anunciar a minha presença, o segurança disse para me dirigir ao primeiro nível, o local onde se encontrava o gabinete da Ministra da Magia.

Tal como o átrio, o elevador encontrava-se lotado. Decidi encostar-me a um dos cantos para ter mais alguma coisa em que me segurar. Era verdade que durante todos aqueles anos eu tinha usado aquele elevador inúmeras vezes. Mas em nenhuma dessas vezes me tinha conseguido habituar. É estranho mas é verdade.

O elevador parou no sétimo nível, o departamento de Jogos e Desportos Mágicos. Metade das pessoas que se encontravam no elevador saíram dando mais espaço para respirar. E mais espaço para ver as restantes pessoas que se encontravam ali.

Uma mulher de cabelos e pele negra encontrava-se à minha frente a mexer nos documentos que levava no seu colo. Outra mulher, cabelos castanhos escuros, mexia sistematicamente nos seus cabelos colocando-os da melhor forma possível. Se fosse para adivinhar diria que, naquele momento, ela iria ter uma reunião muito importante com as pessoas mais importantes do Ministério. Um homem, alto e careca, limpava os seus óculos com um pequeno pano com as duas mãos. Eu perguntava-me como é que ele conseguia manter o equilíbrio. E, por fim, vi a última pessoa que esperava encontrar ali. A última e a que menos queria ver. Malfoy.

O que é que ele estava ali a fazer? Eu tentava desviar esta pergunta da minha mente. Eu não queria ter qualquer ligação com ele. Eu não queria saber nada dele. Mas a minha mente traía-me. Não deixava de pensar o que é que ele estava a fazer no Ministério da Magia.

O elevador parou no sexto nível e as duas mulheres e o homem saíram deixando-me sozinha com o Malfoy. Para minha felicidade, ele ainda não me tinha visto.

Pelo menos era o que eu achava…

Quando o elevador se voltou a fechar, Malfoy voltou-se para mim. Os seus olhos encaravam os meus. Ele não desviava o olhar e eu, por puro orgulho, também não desviava o meu. Eu não ia mostrar parte fraca.

—Rose, precisamos de falar. – disse Malfoy aproximando-se de mim. Ele continuava a insistir a tratar-me pelo primeiro nome. Tentei recuar mas atrás de mim encontrava-se apenas parede.

—Creio que não temos nada para falar. – respondi. Sorri por dentro. A minha voz tinha saído forte e em bom tom. Não vacilei. O Malfoy não me afetava.

—Isso não é verdade. – insistiu Malfoy.

—Cada um fica com a sua verdade. Eu não tenho nenhum assunto para tratar contigo, Malfoy. – voltei a responder.

O elevador parou no quinto nível, o departamento de Cooperação Internacional de Magia.

Malfoy desviou o olhar ao ver a grade abrir-se. Concluí que aqui era o seu destino. Sorri. Ele ia sair.

Mas, quando menos esperava, ele agarrou-me no braço e levou-me para fora do elevador. Era a primeira vez que me tocava em anos. A última vez tinha sido…tinha sido na noite do baile. Quando me despedi dele para me arranjar.

—Solta-me. – disse, utilizando um tom não muito alto para não chamar a atenção e arrancando o meu braço da mão dele – Não tens o direito de agarrar-me e levar-me para onde quiseres. Não tens confiança nem nada que se pareça comigo para o fazeres.

—Tu sabes que precisamos de falar. – voltou, mais uma vez, a insistir.

O meu coração saltou. Seria aquele o momento que eu, no meu mais profundo pensamento, vinha aguardando. Que havia uma justificação plausível para ele ter ido embora.

Por mais que eu tentasse parecer indiferente aos meus sentimentos pelo Malfoy, fazendo os outros acreditarem que não existia nada e enganando-me a mim própria algumas vezes, eu imaginava, algumas vezes, uma justificação para me ter deixado. Sonhos da menina inocente abandonada à oito anos. Eu tentava abafá-la, mas por vezes era impossível.

—Sobre o que precisamos de falar exatamente? – perguntei com o tom mais indiferente que consegui.

—É sobre a Lyra. – respondeu Malfoy. A menina inocente dentro de mim suspirou completamente desiludida. Nada de justificações. O tema era a sua filha com a mulher pela qual me trocou.

—E o que exatamente há para falar sobre ela? – perguntei sem conseguir esconder o tom de irritação – Estou a trata-la como me foi pedido.

—Mas estás a proibir-me de ir às consultas. – respondeu Malfoy – Eu sou o pai dela.

—E eu a médica. – respondi – Por enquanto. Se quiseres que a continue a tratar, deverá ser a Astoria a levá-la. Ela depois transmite-te o que eu disser. A tua mãe tem uma boa memória. E isto não está aberto a discussão, Malfoy.

Virei-me, pronta a entrar no elevador para chegar ao tão desejado primeiro nível, mas Malfoy impediu-me. Mais uma vez, a sua mão entrou em contacto com o meu braço.

—Espera. – disse Malfoy. O seu tom era baixo. E sensual. A voz dele ainda me afetava – Nós ainda não terminamos.

—Terminamos sim. – respondi. Os meus olhos irradiavam fogo. Eu queria sair dali o mais rápido possível – Eu não sou obrigada a passar um minuto que seja contigo. Eu mudei. Tu mudaste. Mas o que está no passado permanece inalterado. – continuei entrando no assunto que sempre disse que evitaria. Malfoy soltou-me. Os seus olhos irradiavam…medo? Receio por eu estar a tocar naquele assunto? – E nunca vai mudar. – concluí num tom mais baixo. As minhas defesas estavam a ser destruídas. Anos de construção para serem trucidadas em segundos. Eu não podia continuar ali com ele.

Como que por milagre, avistei Nico ao fundo do corredor. Marine, a sua irmã, tinha sido transferida para este departamento do Ministério da Magia. De certeza que ele estava a fazer-lhe alguma visita.

Nico cruzou o seu olhar com o meu. Sorriu. O sorriso dele era encantador. Sorri de volta. Pelo menos tentei.

Malfoy desviou o olhar de mim. A sua atenção estava completamente em Nico.

—Olá Rose. – cumprimentou-me Nico dando-me dois beijos no rosto – Olá…

—É o filho da Astoria. – introduzi a Nico evitando mencionar o primeiro nome do Malfoy – A filha dele é minha paciente.

—Scorpius Malfoy. – apresentou-se Malfoy esticando a mão a Nico.

—Nico Ashford. – apresentou-se Nico cumprimentando Malfoy – Estás de saída?

—Sim. – respondi ignorando o olhar de Malfoy – Ainda tenho de falar com a minha mãe.

Agarrei na mão de Nico e levei-o até ao elevador. Sempre com o olhar do Malfoy sobre nós. Eu sabia. Eu sentia-o.

A grade do elevador finalmente fechou-se afastando-nos do Malfoy.

—Está tudo bem? – perguntou Nico sem largar a minha mão.

—Sim. – respondi – Porque não haveria de estar?

—Porque a tua mão está a tremer. – respondeu Nico levantando a minha mão – Passou-se alguma coisa ali atrás?

—Nada importante, Nico. – respondi. A última coisa que eu queria naquele momento era falar do Malfoy com o Nico. O Malfoy só me trazia conflito. O Nico trazia-me paz – Que achas de logo à noite irmos até ao Três Vassouras? – perguntei.

—Só nós os dois? – perguntou Nico esquecendo completamente o assunto anterior.

—----//-----

O gabinete da minha mãe era ao fundo do corredor. Naquele nível apenas existiam o gabinete do Ministro da Magia e os gabinetes do pessoal de apoio.

A minha mãe esperava-me no interior. Quando ela se tornou Ministra da Magia, o gabinete foi completamente alterado. Fotos foram colocadas por todos os lados. Minhas, do meu irmão, do meu pai. De todos os Weasley e Potter. Na sua secretária apenas constava uma moldura. Uma foto tirada num jantar depois da formatura de Hugo. Estávamos os quatro, eu, o meu pai, a minha mãe e o meu irmão. Sentados num dos bancos da Toca. Completamente sorridentes. Lembro-me que o meu irmão tinha contado uma piada para nos colocar todos a sorrir.

—Hoje deve ser o dia de visitar a mãe no trabalho. – disse a minha mãe levantando-se para me cumprimentar.

—O Hugo esteve cá? – perguntei. Ainda não tinha estado com ele depois que revelei a Lily que ela estava grávida.

—Sim. – respondeu a minha mãe – Aparentemente vou ser avó mais uma vez. Mas assumo que já saibas.

—Fui eu que fiz os testes à Lily. – contei – É como ela diz, eu sou a única…

—Médica que ela confia. – completou a minha mãe sorrindo para mim – Eu fiquei muito contente por ter mais um neto. Gostava que também me desses um.

Este era um assunto que várias vezes falei com a minha mãe. Netos. Era verdade que ela já tinha três netos, mas eram todos pela parte de Hugo.

Confesso que já tinha pensado em ter filhos. Com dezassete anos, essa tinha sido uma das muitas conversas com o Malfoy.

—----//-----

8 anos atrás

A lua brilhava na sua máxima intensidade. As estrelas estavam completamente visíveis. Nem uma única nuvem.   

A torre de Astronomia era o local ideal para observar a beleza que é o céu. Era o nosso local. O meu e o do Scorpius.

—Vou ter saudades da torre de Astronomia. – confessei a Scorpius numa das imensas noites que passei ali com ele – É o nosso local.

—E será sempre. – respondeu Scorpius beijando-me de leve.

—Já pensaste no depois de Hogwarts? – perguntei ao voltar a encarar as estrelas.

—Só pensei na parte que o passaria ao teu lado. – respondeu Scorpius fazendo com que eu sorrisse – Casado e com um monte de filhos.

—Vejo que já tens os planos todos feitos. – respondi provocando – Quem te leva a pensar que me casaria contigo?

—Porque tu és a pessoa com quem eu quero casar. E a pessoa com quem tu queres casar. – respondeu Scorpius completamente convencido – Vais dizer-me que nunca pensaste nisso.

—Sempre pensei em darmos o nome de Lyra à nossa primeira filha. O nome da minha constelação favorita. – confessei a Scorpius. Eu nunca lhe tinha contado isto. Nunca lhe tinha contado que também eu tinha pensado no nosso futuro juntos. No nosso felizes para sempre.

—Lyra é um nome lindo. – respondeu Scorpius voltando a beijar-me.

—----//-----

—Mãe, já falamos sobre isso. – comecei. Eu imaginava onde esta conversa ia chegar – Para já contenta-te com os netos que o Hugo te dá. Garanto-te que vão ser muito. E eu estou a adorar ser tia.

A minha mãe nada respondeu. Ela sabia que era uma conversa perdida. Eu tinha aquilo tão dentro da minha cabeça. Aquela era a minha verdade e a minha vontade. A minha vontade de possivelmente nunca ter filhos.

—O Malfoy começou a trabalhar aqui no Ministério. No departamento de Cooperação Internacional de Magia – revelou a minha mãe encarando-me. À espera de uma mínima reação.

Naquela noite, eu ia apresentar o Malfoy como meu namorado à família. Mas, depois do ocorrido, eu fiquei muito mal. A minha mãe soube. A minha mãe soube logo. Ela já suspeitava do nosso relacionamento e confirmação veio quando me levou do quarto dele na noite do baile.

—Ele voltou para o funeral da avó. – respondi com a voz mais indiferente possível – Parece que voltou para ficar.

—E como é que tu estás em relação a isso? – perguntou a minha mãe.

Ponderei a minha resposta. Eu sabia que não podia mentir. A minha mãe saberia.

—Forte para enfrentar os desafios que a vinha me proporcionou. – respondi – Eu estou bem, mãe.

—Ele é o novo homem de coligação entre nós e a Roménia. – revelou a minha mãe.

—Isso quer dizer que…

—Que o Malfoy esteve estes anos todos na Roménia. – completou a minha mãe. Depois destes anos todos, finalmente soube o local onde Malfoy se escondeu – Sei que continua com a Nott e tem uma filha de…

—Seis anos. – completei – Eu sou a nova medibruxa dela. A Astoria pediu-me.

—E tu estás bem com isso?

—Eu vou ficar. – respondi o mais sincera possível – Eu tenho que ir. Tenho uma consulta antes da hora de almoço. Amanhã janto lá em casa, mãe.

—Fico à espera. – respondeu – E o teu pai cozinha.

—----//-----

Faltavam dez minutos para a consulta. Coloquei a minha bata, sentei-me e abri o ficheiro de Lyra Malfoy. A amostra de sangue retirada no dia anterior revelou que era possível a Lyra tomar a poção que a impedia de se transformar. Eu estava feliz que assim tivesse sido. Nenhuma criança merece passar por aquilo que Lyra passou.

Ao meio dia em ponto, Astoria bateu à minha porta. Mandei entrar e uma Lyra, com o seu cabelo loiro preso e aos saltos, entrou. Veio até mim e deu-me um beijo na bochecha.

—Olá dra. Rose. – cumprimentou Lyra.

—Olá Lyra. – respondi – Vejo que acordaste bem-disposta.

Não ouvi a resposta que Lyra me deu. Na realidade não ouvi mais nada. No momento que levantei o meu olhar, para encarar Astoria, não era Astoria que estava à minha frente. Era o Malfoy.


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Notas finais do capítulo

Que acharam do confronto entre a Rose e o Scorpius? Que acharam da interrupção do Nico? Gostaram? Que acharam da conversa entre a Hermione e a Rose? Gostaram do flashback? E parece que o Scorpius voltou à consulta, que acharam?
Contem-me tudo nos comentário :)
Beijos ♥



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