Noite iluminada escrita por Kiarol


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, é uma one que escrevi há um bom tempo :3

Boa leitura!



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Lucy’s Pov

“Já fazia um mês desde que a cidade tinha perdido sua essência, todos tinham desaparecido tão rápido que não houve tempo para uma despedida.

Isso foi cruel da parte deles. Como se ninguém se importasse.

Eu só não queria estar sozinha, não de novo, sentir mais uma vez aquela sensação.”

...

Estava pensando em coisas do tipo estando a frente do que já foi à casa da minha família um dia. O prédio estava vazio e silencioso.

Abri a porta devagar, afinal era tarde da noite, e eu estava segurando uma vela não mãos para conseguir enxergar, a porta fez um som enferrujado grosseiro, apesar da minha delicadeza. Não dei muita importância para aquela futilidade, e fechei a porta novamente já dentro do prédio.

Caminhei lentamente até o balcão da Mira, e tive um daqueles flashbacks, da época que eu ficava sentada ali observando a bagunça tomando o prédio inteiro, eu ria igual uma criança de cada tombo e briga que tinha, mesmo evitando de fazer parte dela. Sorri, mas rapidamente voltei para onde eu realmente estava, na poeira, cheia de silêncio, e meu sorriso caiu de novo.

Respirei fundo e decidi me sentar na mesa depois de apoiar a vela sobre ela.

E acabei mais uma vez me afundando nos meus próprios pensamentos.

"Eu sempre dizia que meus amigos tinham sido cruéis em ir desse jeito, entretanto não fizeram nada mais do que deveriam fazer, seguir seus próprios caminhos, recomeçar de novo e de novo. Foi o que eu deixei de fazer, e lutava para não ter de o fazer outra vez.

Perder meus pais.

Perder meus amigos.

Era difícil recomeçar, ainda mais se pensar, que a cada vez que eu recomeçava, eu mudava, e mudava cada vez mais. Pensar que um dia eu sorria bobamente por qualquer coisa era fora de questão.

Atualmente, não havia um dia que eu não sentia o vazio da solidão, que brochava minha felicidade em um piscar de olhos.

Como alguém pode aguentar viver nessa solidão?"

Ainda não queria voltar do zero, recomeçar, tinha medo de mais mudanças, mas eu não podia me agarrar ao passado mais uma vez, e ficar sofrendo com ele, quando a dor era necessária, mas aquele sofrimento era opção minha, porque eu não sabia lidar.

Me decidi, a recomeçar e seguir em frente, como todos os meus amigos.

Eu apenas ia reviver uma última vez o que foi a Fairy Tail, presenciar uma última vez aquele espaço, e ir para um lugar, do mais longe possível, e tornar tudo isso, apenas memórias.

Me levantei lentamente da mesa, já decidida, e pronta para seguir um novo rumo logo que saísse do prédio. Então segui para a sala do mestre, para o painel de missões, e até para o subterrâneo da guilda, onde ficamos por um tempo.

No subterrâneo, me apoiei na parede para arrumar a bota que estava um pouco frouxa, e inesperadamente, aquela parede havia se movido. Não podia ser velhice e má condição do prédio, um mês não era absolutamente nada para aquilo já começar a se deteriorar.

Tirei aquele pedaço da parede, e me deparei com uma sala, estava vazia, mas o que chamava a atenção, era que após uma caminhada, no final dessa sala mais escura ainda, havia uma porta um pouco diferente, parecia ter vários selos de proteção de magia.

Empurrei mais uma vez devagar a porta, eu não sabia onde ia dar, nunca tinha visto aquela parte da guilda, e estava um pouco curiosa e confusa.

Mais uma vez, um lugar muito escuro, então coloquei a vela a frente e comecei a seguir em frente de novo. Me deparei com uma pequena escada, a desci devagar para não cair, e quando pus a vela a minha frente de novo, algo inesperado, e inexplicável estava a minha frente.

Um cristal que eu não conhecia, e dentro dele... porque o corpo da Primeira estava dentro dele? Seu túmulo não era em Tenroujima?

Não tinha certeza do que significava, mas era certo que aquilo ia me dar esperança, de alguma forma, para eu poder seguir um novo rumo, diferente de qualquer um da guilda.

...

Fiquei sentada por um bom tempo, a frente dela, e me mantinha pensativa, aquele era o último cômodo da guilda que eu visitaria antes de ir embora.

Estava tão silencioso que eu fui capaz de escutar uma respiração ao meu lado, de repente. Me assustei de imediato e levantei a vela para ver quem estava ao meu lado.

Era um moreno, que estava sentando na mesma posição que eu, ele parecia calmo e fitava com um olhar sereno o cristal também.

— Como você chegou aqui? – Perguntei assustada, mas não me distanciei.

— Eu não estou aqui. – Ele me respondeu sem desviar o olhar.

Confusa, aproximei minha mão dele, e realmente, ele não era corpóreo.

— Quem é você então? – Continuei a perguntar, já um pouco mais calma.

— Ninguém importante, quem sabe apenas... – Ele apontou para minha cabeça.

Estava querendo dizer que era apenas um fruto da minha imaginação? Eu não sei, mas dei como verdade, eu estava tão sozinha ultimamente que isso era bem capaz, da mesma forma que eu fiz com a Michelle, minha antiga boneca.

Contudo, me martelava na minha cabeça, como eu havia imaginado alguém que eu nunca havia visto.

Ele me dava um pouco de medo só por estar ali, então rapidamente me veio à mente uma memória, sobre alguém assim que talvez eu tivesse medo.

“Eu estava no meu apartamento com Natsu e Happy logo após voltarmos.

— Então foi assim que seu cachecol ficou preto? – Perguntei depois de escutar a história dele, depois de Tenroujima e dos sete anos que ficamos congelados. – Como é o tal do Zeref?

— Moreno, parece calmo e é... estranho... – Natsu me respondeu meio incerto.

Aquela história tinha mesmo me dado um pouco de medo, depois de tudo que eu havia escutado sobre ele também... não ajudava muito.”

Voltando ao presente, eu o olhei de novo.

— Você é o Zeref da minha imaginação? – Apontei para ele meio indignada.

— Acho que sim. – Sorriu um pouco.

Aproveitando, que eu já estava me achando louca por estar falando com a minha “imaginação”, continuei a conversa, ambos sentados à frente da Primeira no cristal, e a vela se gastando sem eu perceber.

— O que veio fazer aqui? – Fui bem curiosa, e já soltei um pequeno sorriso.

Mesmo que fosse de mentira, conversar com alguém já melhorava meu humor muito, não importa com quem fosse.

— Você estava solitária, não estava? – Me respondeu com outra pergunta. – Vim te ajudar a achar um novo caminho.

Arregalei os olhos, eu fiquei desacreditada com aquilo.

— Sou toda ouvidos! – Disse realmente prestando atenção em suas próximas palavras.

— Vá para Crocus, e espere até o próximo GJM! – Ainda mostrava serenidade, mas disse bem convicto.

— O quê? – Indaguei, agora confusa, como tanta precisão?

— Você não confia em sua imaginação? – Me perguntou fazendo um pequeno biquinho de birra.

Por um momento, se tornou embaraçoso demais.

— Ahn... acho que sim... – Resmunguei sorrindo bobamente.

— Então arrume suas malas, e desta vez, bata suas asas mais alto do que qualquer um! – Falou com confiança.

Era ainda confuso, mas o que eu tinha a perder?

— Obrigada, Zeref da minha imaginação! – Agradeci sincera e determinada como nunca.

Incrível como aquilo tinha aumentado meu astral.

Apesar de ele não ser corpóreo, eu queria o abraçar, e o fiz, mesmo que não desse.

Por algum momento, acreditei sentir o seu calor, acabei rindo, pois não devia passar da minha cabeça solitária pensando em ilusões.

E de repente, eu não o escutei mais.

Independente disso, após toda aquela estranha conversa, eu peguei a vela quase acabando, e antes que ela apagasse, fui andando o mais rápido o possível para sair da guilda com toda determinação do mundo.

Saí do prédio, joguei o resto de vela longe e comecei a correr igual uma doida para meu apartamento.

Por um breve momento, me virei uma última vez para ver a fachada da guilda, enquanto corria pela rua vazia e silenciosa. Lá, na porta do prédio, vi duas figuras. Uma delas, era o Zeref da minha imaginação, e ao seu lado, inesperadamente, vi a Primeira sorrindo para mim.

Sorri de volta, e me virei para continuar correndo sem cair ou tropeçar.

Depois de tudo, eu agradeço imensamente a ele, por ter iluminado meu caminho apesar de toda a escuridão que já trouxe ao mundo.

Mesmo que ainda seja mera imaginação minha!

(...)

Quando Lucy já havia voltado a seu apartamento, as duas figuras finalmente se dirigiram alguma palavra.

— Você não pode ver ela triste mesmo. – Mavis comentou sorrindo. – E sua desculpa realmente deu certo, inacreditável!

— Lidar com a solidão das pessoas vendo minha situação... é um pouco fácil, fico feliz que pelo menos que deu certo. – Suspirou com um pequeno sorriso.

— Percebo que você usou o Eclipse para saber o que ela devia fazer, não é mesmo? Aquilo jamais seria intuição, então quer dizer que estou diante do Mirai Zeref? - Teorizou a loira.

— Quem sabe sim, você mesma disse "Eu não posso a ver triste". - Sorriu de novo. - Agora tenho que ir novamente.

No mesmo momento, os dois desapareceram junto da brisa que passava por não estarem no local de verdade, como se nunca tivessem estado ali.

Enquanto Lucy corria para a estação de trem, tendo finalmente sua Noite iluminada pela maior escuridão.


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