Unidos pelo acaso escrita por May Prince


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/739373/chapter/6

Eu via a vida como um tremendo jogo. Jogo essa que poderia acabar a qualquer momento, - como quando você é só uma criança e está no vídeo game e sua mãe manda você desligar porque está na hora de dormir, pois tem responsabilidade com a escola no dia seguinte -  então eu precisava aproveitar a vida o máximo possível e longe de qualquer responsabilidade que me tirasse desse jogo incrível. Eu não queria assumir a presidência do hospital, eu não queria construir uma família, eu não queria filhos. Só porque Tommy sossegou e vai ser pai, Moira Queen achou que já estava na hora de eu me tornar um também, enquanto Robert Queen acredita que esteja na hora de se aposentar e deixar os negócios da família em minhas mãos.

"Você já tem 29 anos, Oliver, precisa olhar pra frente. Parece que está parado na adolescência" Era o que eu mais escutava.

Eu mal conseguia atender minhas consulta no horário. Imagina comandar um hospital.

Por sorte hoje eu tinha conseguido chegar cedo e quem estava atrasada era a paciente que precisei remarcar. Na semana que vem eu viajaria para um evento beneficente que meu pai estava me obrigando a participar, então não poderia atendê-la na data combinada. Preferi adiantar o atendimento a atrasá-lo.

Eu podia ouvir toda a discussão atrás da porta. Aquelas vozes eram familiar, uma eu consegui identificar, Layla Diggle estava insistindo para alguém entrar com ela. E a voz que negava me deixava ansioso e nervoso. Uma necessidade enorme de saber quem era... Eu sabia quem era, ou pelo menos eu queria que ela,  mas eu não podia acreditar que justo ela viria até mim. Desde que bati em seu carro aqueles olhos azuis me atormentam, e me fez fugir por todo esse mês de qualquer loira que cruzasse meu caminho. Eu vi o quanto ela era diferente, qualquer uma teria aceitado um carro novo, e por ela ser diferente eu precisava dela. Eu precisava dela na minha cama nem que fosse por uma noite. Só pra saciar essa vontade e para ver se ela saia da minha cabeça. Quando eu a vi na sala do Tommy eu fiquei completamente surpreso, seria mais fácil encontrar ela do que eu imaginava. Então eu joguei um par de cantadas na recepcionista do Tommy, e ela me passou toda a agenda dele, lá eu consegui os contatos dela e seu endereço. Felicity Smoak. O que estava acontecendo comigo? Eu estava sendo movido por uma força maior que eu desconhecia. Eu gostava de pensar que era uma força maior e não o fato que ela supostamente estava carregando meu filho.

Sai dos meus devaneios quando uma Sara eufórica entrou como o Flash na minha sala me gritando e se jogou no meu colo. Sorri sacana ao ver o motivo dos meus devaneios parado na minha porta me encarando, queria que ela soubesse que eu estava ouvindo sua reluta em entrar.

— O que você trouxe hoje, pequena? – encarei sara em meu colo e sussurrei em seu ouvido

— Eu trouxe a princesa! – Sara soltou apontando para o motivo do meu total descontrole mental

Ok Sara, eu estava me referindo a boneca na sua mão! Mas eu aceito essa princesa.

Me levantei e me posicionei em frente a princesa de Sara ao mesmo tempo que Layla entrava com o carrinho e se sentava na cadeira em frente a minha mesa.

— Você vai ficar aí parada me olhando ou vai entrar, Felicity? – falei olhando em seus olhos e levantando a sobrancelha

— Ei, o que eu perdi? – perguntou Layla, acho que ela não sabia que nos conhecíamos.

— Vem logo, tia Lissy! – Sara falou cruzando os bracinhos – E fecha a porta – apontou para a porta

Felicity entrou fazendo o que a pequena pediu.

— Não sabia que você conhecia a Layla – falei segurando a sua mão quando ela passou por mim. Eu não precisava ter segurando a sua mão, mas eu precisava desse contato, meu corpo precisava disso. – Se eu soubesse já teríamos nos encontrado antes, com certeza. - pisquei

— Eeei, o que eu perdi, gente? – Layla perguntou batendo palmas pra chamar atenção.

— Vamos jantar hoje a noite – falei sem desviar os olhos de Felicity ao mesmo tempo em que ela dizia: - Ele bateu no meu carro.

— Wow! Perdi muito! Felicity, porque não me contou que bateram no seu carro! Me conta isso direito, Oliver!

— Viemos aqui para minha afilhada e JJ terem uma consulta e não para vocês dois – apontou para nós dois – ficarem tricotando. Me da ela aqui – esticou os braços para pegar Sara de mim. Nem em sonhos ela ia pegar peso. Ela estava grávida, certo?

— Você não pode pegar peso, Felicity! – adverti fazendo ela revirar os olhos

— E você sabe do bebê? Eu perdi muito! – Layla exclamou, ignorei

— Para de ser uma mãe fofoqueira! – falou se sentando ao lado de Layla, agora sim eu daria Sara para ela. Coloquei a pequena em seu colo e fui ao armário pegar o estetoscópio.

— Nos conhecemos a vida toda e você não me contou que Oliver bateu no seu carro.

— Eu contei que um babaca bateu no meu carro, no dia da inseminação.

— Você me chamou de babaca pra Layla? – me fingi de ofendido enquanto ia analisar o JJ

— Era a melhor descrição no momento.

— E eu apostei 100 pratas com o John pra ver qual de nós dois iria apresentar vocês dois primeiro.

Realmente, John tinha me falado que tinha uma amiga para me apresentar, disse que ela era bonita... Bonita era apelido para o tamanho da beleza dela.

— Então divida esses 100 em duas partes, 50 pra mim e 50 pra princesa ai. – falei indo até Felicity para pegar Sara. Meu ato de me aproximar demais foi completamente proposital, e fiquei feliz com o resultado. Ela se demonstrou completamente nervosa quando próxima demais a mim. Peguei Sara e a examinei na maca.

— Nem em sonhos! Vou guardar pro meu afilhado porque se ela não tivesse ido fazer a inseminação, ela não teria batido no seu carro.

— Ele que bateu no meu carro.

— Que seja! Se não fosse pelo bebê, vocês não teriam se conhecido.

O bebê... Eu tentava não pensar muito nisso. Eu não estava me aproximando dela por causa do bebê, estava? Eu estava completamente encantando pela luz que ema transmitia ou pelo fato dela supostamente estar carregando um filho meu no ventre?

Eu vi que faltava um frasco meu. Eu não queria acreditar que Tommy tinha feito isso. O hospital era meu, eu transitava no setor que eu queria, então eu sempre procurava saber se nenhum médico tinha pegado os meus espermas congelados por engano. Eu queria acreditar que era tudo um enorme engano. Tommy não podia ter feito isso. Não comigo.

Passei toda consulta com esse pensamento. Fiquei sério demais, mesmo não querendo e eu vi que Felicity percebeu, pois se calou também, se despediu com apenas um pequeno aceno. Despedi-me, e sem que ela percebesse, a olhei de cima a baixo parando o olhar na sua barriga, nenhum sinal de gravidez, ela tinha acabado de completar as 4 semanas. Eu sabia que Tommy tinha marcado uma consulta com ela 3 semanas depois do procedimento para saber o resultado. Porque essa necessidade dele de saber esse resultado com antecedência? Eu não estava no meu melhor humor hoje, não depois de ontem ter visto que faltava um frasco meu na câmara de temperatura e me lembro das atitudes nervosas de Tommy quando eu disse a dias atrás que se eu fosse o pai dessa criança eu correria atrás dos meus direitos, eu não deixei aquilo passar despercebido.

Ontem eu tinha uma festa para ir na boate de um amigo, mas eu não consegui, apenas peguei meu celular e marquei um encontro com ela. Antes, quando a vi na loja, eu queria marcar esse encontro por pura luxúria, ainda ela pela luxúria, não era? Mas que eu faria? “Oi, talvez você esteja com um Queen ai dentro” Mas existia um talvez nessa frase. E se fosse outra mulher que estava grávida de mim? Porque eu cismei que ela quem deveria estar?

Meu Deus, minha mãe iria surtar!

Eu precisava conversar com a única pessoa que pode me esclarecer isso. Tommy. Precisava que aquele bastardo dissesse que “Ah! O frasco caiu e quebrou”.

Quando fiz minha última consulta por volta das 17:00, joguei meu jaleco em qualquer canto da sala e coloquei minha jaqueta, fui correndo para a sala de Tommy, sua recepcionista disse que ele tinha acabado de sair para o estacionamento. Corri como se a minha vida dependesse disso, vi Tommy entrando na sua BMW Z4 prata e pulei para dentro já que o capô estava arriado.

— Mas que diabos... Oliver, seu bastardo!

— Precisamos conversar! -  falei enquanto dele dava partida no carro

—Se fosse Helena falando isso eu ia ficar preocupado.

— Levanta esse capô, Thomas. Se não vou te tacar para fora desse carro. – falei trincando os dentes

— Hey, grandão, calminha! – falou fazendo o que pedi – Comeu quem e não gostou?

— Tommy... – suspirei – O que você fez?

— Oliver, faça sentido, por favor? – franziu o cenho

— Você vai ser pai...

— Não me diga! – fingiu falsa surpresa e riu olhando pra mim, soltei uma risada também.

—  Tommy...

— Solta logo o que ta no seu coração, Ollie – falou parando no sinal e me olhando terno. Tommy não fazia ideia do que estava se passando na minha cabeça.

— Felicity. – olhei em seus olhos e vi o seu semblante te calmo para tenso

— O que... – suspirou – O que tem ela?

— Vou me encontrar com ela hoje, mais tarde

— A deixe em paz Oliver – deu a partida quando o sinal abriu

— Para onde estamos indo?

— Não sei. Mas deixa-a em paz

— Por quê? – cruzei os braços

Porque eu tava prolongando tanto essa conversa? Talvez eu estivesse com medo da resposta.

— Ela é muita pra você. E esta grávida... – suspirou – Vamos mudar de assunto? – sorriu amarelo – Viu o jogo ontem?

— Não teve jogo ontem, Tommy – levantei uma sobrancelha – Gravidez não é empecilho de nada.

— Oliver, você pode ter a mulher que você quiser. Deixe-a em paz! Felicity é diferente. Não magoe-a

— Não quero um relacionamento. E justamente por eu poder ter quem eu quiser... Eu quero ela.

— Para de ser mesquinho, Oliver.

— Quero ela por que ela grávida de mim. – soltei, eu precisava saber

Tommy freou o carro bruscamente. Me segurei no painel do carro.

— Como...? – me olhou espantado

— Como eu sei?

— Não... – negou meneando com a cabeça -  Como você pode ter certeza que é ela?

— Então você não nega o que você fez? – falei saindo do carro e batendo a porta. Tommy fez o mesmo vindo em meu encalço. Eu estava me sentindo claustrofóbico lá dentro.

— Oliver, me escuta, cara

— Eu vou ser pai! Você é um bastardo de merda que fecundou alguém com um esperma meu sem a minha autorização. – esbravejei andando pela calçada e arrancando olhares assustados de quem passava.

— Oliver, você nunca ia saber. A ideia da inseminação é o doador não saber da existência de um suposto filho. Eu nem sabia que ia dar certo de primeira...

— Eu não sou a porra de um doador. – parei bruscamente fazendo uma mulher que estava atrás cambalear e recebi uma cara feia – Desculpe – pedi quando ela passou por mim  

— Cara, se acalma – falou Tommy colocando a mão no meu ombro para que eu parasse de andar.

— Não – gritei - Só congelei aquelas merdas por insistência da minha mãe. Eu não quero ser pai. Você disse que deu certo de primeira... – passei as duas mãos no rosto – Foi ela não foi?

— Oliver, ninguém está pedindo para você assumir uma paternidade. Ninguém precisa saber.

— Como eu vou viver sabendo que eu tenho um filho por ai? Porque você fez isso?

— Vamos entrar aqui – ele apontou para uma lanchonete que estava a nossa frente

Assenti mesmo não querendo e entrei. Escolhemos uma mesa afastada dos olhares curiosos. Afinal, eu e Tommy tínhamos uma certa fama pela cidade.

— Desembucha – falei assim que sentamos

— Não quer nem um milkshakezinho? – apontou para a garçonete que se aproximava com um sorriso ousado no rosto. Em outro momento eu teria ido com ela até o banheiro mais próximo. Mas eu não estava com cabeça pra isso agora. Levantei e fiz um sinal para ela não se aproximar, seu sorriso murchou, mas ela deu meia volta.

— Quero murrar a tua cara!

— Ok! Sem agressividade! – sorriu. O desgraçado ainda sorria! – O que você quer saber mesmo?

— Fala logo, Thomas!

Ele me olhou por um tempo, provavelmente avaliando a minha expressão, quando viu que eu não tava pra brincadeira ele suspirou e começo:

— Quando Helena e eu descobrimos que a inseminação tinha dado certo, sua mãe me procurou...

— Eu sabia que tinha dedo dela! – bati na mesa

— Eu posso continuar, Oliver? – levantou as sobrancelhas me olhando, me calei e assenti – Ela disse que estava cansada das discussões que você tinha com seu pai. Que era sempre o mesmo assunto e que estava decepcionada com você por ter quase 30 anos e não querer nada com a vida. Não me entenda mal, eu concordei com ela. E...

— Claro que concordou. Helena colocou rédeas em você!

— Eu posso continuar, Oliver? – assenti fazendo um gesto com a mão para que ele continuasse - E então ela pediu para eu conversar com você. Para você assumir o lugar do seu pai, para você parar de passar as noites em casa diferentes, de mulheres diferentes – bufei, ele estava exagerando – E então eu tive a ideia de fazer você criar a responsabilidade na marra. Na época eu achei que com um filho você poderia mudar seus pensamentos assim como mudei os meus. – Tommy mudou os pensamentos porque havia sido fisgado, estava apaixonado. Não foi o bebê que fez ele mudar, foi o amor de Helena. Mas eu não queria entrar nesse detalhe – Sua mãe concordou com a minha ideia maluca, então começamos a procurar a mulher ideal para carregar um Queen, mas acredite todos os tipos de mulheres vieram até mim nos últimos meses, mas todas eram casadas. Então conversei com a sua mãe e disse que não ia mais continuar essa procura absurda.

— Ainda bem que percebe que era um absurdo

— Eu posso continuar, Oliver? – ele já estava me irritando falando isso toda hora.

— Desembucha

— Obrigado! – forçou um sorriso – Como eu havia dito, continuar essa procura era um absurdo, então a quase dois meses atrás um ex colega de faculdade me ligou. Ele disse que uma amiga solteira tinha um sonho de se tornar mãe, porém não tinha achado o cara certo. Ele me contou sobre ela, então percebi que tinha achado a mão perfeita para o pequeno Queen. – sorriu e eu bufei - Combinei de ele induzir a ela de escolher as características do pai iguais as suas. Ele disse que talvez fosse uma oportunidade dela achar alguém.  Eu só não esperava que fosse da certo de primeira, eu tinha em mente mudar o doador caso ela voltasse em mim e víssemos que deu negativo com o seu semem. – apoio a mão no queixo – Eu não contei para sua mãe que tinha encontrado uma mulher, Moira não sabe que será avó. Porque eu conheço Felicty e quis preservar ela. Eu dei em cima dela uma vez, e ela me deu um fora – sorriu com a lembrança - Eu sabia o caráter dela, sabia que ela não era uma interesseira qualquer. E eu sei que se você procurar ela agora, disser isso tudo, ela vai te chutar. Ela não vai ligar pelo fato de estar carregando o herdeiro de um império. Ela só quer amar o bebê dela. Ela só quer ser mãe sem ninguém ditando o que deve ser feito ou não. Deixe-os em paz, Oliver. Não insista nessa aproximação. Não magoe Felicity. Ela não sabe de nada. – terminou com um suspiro

Levantei da mesa um pouco tonto com toda essa história. Eu não podia acreditar que ele arrumou um filho pra mim e ainda me pede para ficar longe. Longe do meu filho. Mas eu não queria um filho. Então porque a ideia de ficar longe me assustava?

— Tommy vem aqui! – chamei e ele prontamente se levantou – Isso aqui é por você ser um idiota, seu bastardo!

— O que..? – cortei sua frase lhe dando o meu melhor gancho de direita. Ele merecia isso.

Todos da lanchonete se assustaram, principalmente Tommy. Que caiu no chão e ficou me olhando com a mão no lugar onde foi socado.

Dei as costas e sai da lanchonete, não estávamos tão longe assim do hospital. Eu podia voltar andando e pegar a minha moto. Eu precisava absorver isso tudo que acabei de escutar e nada melhor que uma caminhada para espairecer.

Quando cheguei no hospital peguei minha moto e fui em direção a minha casa, prolongando o caminho e pesando em como ia ser daqui pra frente.

Eu precisava contar isso para Felicity. Ela precisava saber que não tinha riscos, que eu não ia interferir nas decisões dela e que eu poderia ficar distante certo? Eu não queria esse filho mas eu não posso deixar de lado um filho meu, um herdeiro Queen. Definitivamente eu precisava conversar com ela.

 Peguei meu celular e mandei a mensagem:

Oliver Q.: Espero que já esteja se produzindo para mim ;)

Eu não podia abordar ela com o assunto. Eu tinha de ser descontraído.

Ela ia me chutar, eu sei que ia. Mas eu não podia descartar o fato de que era um pedaço de mim ali dentro também. E eu estava decidido a me manter longe.

Espero que eu saiba o que estou fazendo!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então?