Unidos pelo acaso escrita por May Prince


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!
Nos vemos lá embaixo!



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Eu devia ao menos ter depilado minhas pernas. Pensei olhando pro teto branco do consultório. Se eu estivesse fazendo isso com um homem de verdade, com certeza teria depilado. Não que elas estejam sendo o centro das atenções hoje. Suspirei aliviada ao lembrar que a parte do meu corpo que estava sendo o centro das atenções estava devidamente depilada.

O ginecologista/obstetra Thomas gostoso Merlyn, me deixou aqui sozinha, deitada na maca, de pernas pro alto, dizendo que voltava em 10 minutos.

Eu não estava contando, mas parecia ser uma eternidade.

Hoje eu tinha vindo sozinha, Curtis teve que render na Hélix, pois havia aparecido um trabalho grande.

— Voltei! - disse Thomas me tirando dos meus devaneios e abaixando a maca que até então estava no alto.

— Estou grávida, Tommy? - perguntei me levantando, ficando em pé e espremendo uma perna na outra.

— Por que você está fazendo isso? - ele perguntou apontando para as minhas e franzindo o cenho.

— Pra nada do que você enfiou sair.

— Não precisa disso - ele disse segurando o riso - Pode relaxar e ficar a vontade. Vá se trocar para conversarmos.

Assenti indo em direção ao pequeno banheiro.

Vesti meu vestido azul marinho com alças que ia até a metade da coxa, minha sapatilha branca e coloquei meus óculos.

Sai do banheiro e me sentei na cadeira de frente para Thomas. Só então percebi que ainda estava espremendo minhas pernas.

— Então, Felicity, você sabe que inseminação não é 100% confiável na primeira tentativa, certo? - ele disse com calma. Medo da minha reação talvez?

— Na verdade eu sei, mas eu sei também que deu certo. - sorri já imaginando o sexo do bebê.

— Se eu fosse você, não criaria tanta expectativa. - ele disse sério - Minha esposa precisou de três tentativas para engravidar. Agora está no 5º mês de gestação.

— Ela fez...

— Sim, meu filho é fruto de uma inseminação. Não posso ter filhos naturalmente - fez aspas enquanto dizia a última palavra - A um ano atrás eu congelei meus espermas. - sorriu aquele sorriso cafajeste - Digamos que eu era um tanto quanto...

— Cafajeste? - aí meu Deus, não acredito que falei isso em voz alta.

Ele gargalhou.

— Sim, eu era cafajeste. - concordou ainda gargalhando - Fiz uma vasectomia porque não queria responsabilidades, não queria nenhuma surpresa de "foi um descuido, Tommy" - falou com um olhar distante. Algo me diz que ele já escutou essa frase de alguém - Então congelei meu semem por insistência do meu pai, mas tinha o pensamento que nunca iria querer filhos.

— Mas aí você se apaixonou? Que doideira!

— Sim, na verdade, ela era a enfermeira que cuidou de mim no hospital antes e depois da pequena cirurgia - falou com um sorriso bobo no rosto e o olhar distante. - Pedi o número de Helena, ela me deu. Tivemos nosso primeiro encontro e ela me mudou completamente. Pedi a ela um filho, então estamos aí. Theo está a caminho - sorri com o pensamento de que talvez agora eu estivesse esperando o meu bebê. - Como está Curtis? - perguntou e começou a escrever em um papel, provavelmente alguma receita.

— Ele está bem. Me encaminhou para cá e disse que você cuidaria de mim.

— Sempre às ordens - falou e esticou a mão me entregando o papel. - Isso aí é para você entregar na recepção para a Carly, diga a ela para marcar uma consulta pra você daqui a 3 semanas para vermos o resultado.

— Mas eu não deveria esperar os sintomas, enjôos...

—   Caso de positivo, eu quero acompanhar tudo. Desde o início. - assenti concordo mesmo sem entender o motivo. Bom, quanto antes descobrirmos e termos todo o acompanhamento médico melhor, né!? Tenho certeza que você e o O... – pigarreou e olhou para um pote em cima da mesa, provavelmente o pote de onde ele tirou “meu filho” – O – 0104 farão lindos filhos juntos - Peguei o papel e me levantei ainda comprimindo as pernas - Pare de espremer as pernas, Felicity.

— Obrigada! - suspirei tentando relaxar, apertar as pernas daquela maneira estava me dando cãibra - Obrigada por tudo! Espero que daqui a 3 semanas a notícia seja boa. Tchauzinho. - fui para a porta e a bati

— Anda direito, Felicity - ele gritou rindo 

Não era pra menos, eu estava andando com a perna espremida. Parecendo uma pata, e arrancando olhares e risadas por onde passava.

Mas não me importei, eu estava feliz demais pra me importar. Eu estava sentindo que daria certo. Tava sentindo que eu seria mãe dessa vez e que eu realizaria meu sonho.

Sai da clínica e fui em direção ao estacionamento, entrei no meu New Beetle branco e dei a partida.

Estava decidida a não ia para a loja. Não estava com cabeça para o trabalho e Curtis daria conta, ele sempre dava.

Parei no semáforo e observei uma mulher atravessar a rua, ela estava grávida de uns 6 meses e estava de mãos dadas para uma criança de no mínimo 10 anos. Meu Deus! Como eu queria essas sensações, carregar um filho e andar de mãos dadas com o mesmo.

Perdida em pensamentos, não vi a BMW se aproximar e atingir a traseira do meu carro.

Bateram no meu bebê!?

Meu sangue ferveu e sai do carro furiosa. Me sentia quente. Meu dia tinha começado perfeito. Para um cretino bater no meu carro.

O safado estava rindo. Lógico, pela BMW ele devia ter dinheiro.

Vi que o sinal abriu, mas não me importei. Sai do meu carro e marchei até o cretino.

— Olha aqui... - comecei gritando

— Calma, princesa, calma - falou saindo do carro - Me passa seu endereço que apareço lá hoje mesmo com outro igual a esse novinho - falou sorrindo e piscou. E que sorriso! Foco, Felicity!

O cretino era cretino, mas era um Apolo na Terra. Loiro, olhos azuis, um sorriso lindo, alto e porte atlético. Aquela jaqueta de couro preta por cima da blusa cinza dava um ar de bad boy que molhava qualquer calcinha.

Mas ele bateu no meu carro!

— Escuta aqui... Acha que só porque é um riquinho de merda você pode sair por aí batendo no carro dos outros e depois sair distribuindo dinheiro? - falei cruzando os braços

— Acho - disse como se fosse óbvio. Me segurei pra não bater naquela cara linda - Olha, gostosa, não quero problema. Me dá seus dados que eu resolvo isso. - apontou para meu carro.

— Olha, eu não quero seu dinheiro - aquilo não ia dar em nada, melhor que eu fazia era ir embora, não quero estragar meu dia. Eu estava feliz demais - Só quero que saiba que dinheiro não compra tudo. Meu dia começou muito bom,  não quero estragar com um idiota igual a você.

— A foda matinal foi boa? - sorriu safado. Fechei minha mão em punho, me segurando pra não avançar. Ele não percebeu. - Afinal, eu me chamo...

— Pouco me importa. - gritei voltando pro meu carro e deixando ele lá parado com cara de safado.

Entrei no meu carro e voltei a dirigir.

Eu que não quero mais me encontrar com esse cara, e aceitar outro carro dele significava mais contado. Ele era o tipo de cara que eu mais odiava. Não queria dar meu endereço e ele aparecer lá com toda aquela cara linda e sorriso safado... Suspirei.

Não ia passar meu endereço pra um desconhecido. Amanhã mesmo iria ao mecânico.

Olhei o relógio, 12:30, acho que vou almoçar com a Vovó Katy.

Fiz o percurso até o lugar onde morei parte da minha infância e adolescência sem mais interrupções de cretinos riquinhos. Estacionei em frente à casa da vovó, porém franzi o cenho ao notar que a varanda estava cheia de idosos e idosas sentados em cadeiras plásticas brancas com roupa de ginástica, uns bebendo água, outros passando pano no rosto.

Já estava a minha avó dando uma de professora de Zumba de novo!

Cumprimentei os idosos na varanda e entrei na casa. Parei ao ouvir vozes na cozinha e entrei na dispensa que ficava em frente para ouvir a conversa.

— Porque você não quer casar comigo, Katerine? - disse Stephen Palmer, namorado da vovó.

Stephen morava no asilo que ficava na rua da casa vovó, a maioria desses idosos eram de lá. Vovó se recusava a morar comigo, dizia que queria me dar privacidade. Mas eu sabia que ela não queria ir pra longe dele. Ela estava enrolando ele a 5 anos.

— Querido, eu quero me casar com você, mas eu não quero agora. - eu estava me sentindo uma Maria fofoqueira escondida ouvindo a conversa alheia

— Vai querer casar quando eu morrer? Porque não falta muito! - bufou "meu vovô".

Ele era apaixonado por ela, isso ninguém pode negar. Minha avó era linda, cabelos ondulados  channel brancos e olhos azuis escuro que demonstrava todo amor que ela também sentia por ele.

Resolvi me pronunciar.

— Ninguém vai morrer aqui! - falei entrando na cozinha

— Lissy, manda sua avó se casar comigo.

— Ninguém manda em mim, Palmer. Já transamos sempre e você tá sempre dormindo aqui, danadinho.                                  

— Vovó, me respeita! - exclamei rindo.

Minha avó secou as mãos em um avental rosa que estava usando por cima da roupa de ginástica. Ela estava lavando louça.

— Vem aqui dar um beijo na sua vovó.

Fui ao encontro de seus braços esticados e lhe dei um beijo na testa. Vovó tinha cheiro de lar, cheiro de mãe.

— Dona Katy, para de enrolar o Stephen. - falei me encostando na bancada e abraçando o coroa.

— Obrigada, Lissy, ao menos você está do meu lado. - falou beijando minha bochecha

— Conta sempre - pisquei pra ele

— Parem de complô contra mim. Venham para fora, vou servir o almoço para os velhotes. Me ajuda a por a mesa, querida. - vovó falou pegando uma bandeja de lasanha de berinjela e levando para a varanda.

Assenti e a ajudei com as outras coisas.

O almoço foi tranquilo. Vovó contou a todos sobre a inseminação e recebi diversos "Boa Sorte".

— Felicity, você devia conhecer meu sobrinho neto, Ray, ele chegou na cidade ontem. - começou Stephen enquanto tiramos a mesa do almoço.

— Isso, empurre macho pra minha neta, ela precisa. - vovó ainda estava sentada na cadeira em que almoçou tomando um café. -  Precisa transar

— Vovó!

— Venha no asilo amanhã! Ele vira me visitar. Sua avó já falou de você para ele por telefone. Acho que ele se interessou.

Por Deus! Eu estava grávida, eu acho. Eu não ia ficar arrumando namorados.

— Só se a vovó aceitar casar. - sorri tentando desconversar.

— Então nem venha aqui, querida - Vovó falou sorrindo e piscando para Stephen. Velhinha turrona!

À tarde com a vovó e Stephen foi agradável. Ela deu mais aulas de Zumba depois do almoço e eu fiquei lá vendo TV na sala.

Quando os idosos e Stephen foram embora, vovó me embalou no seu colo e ficamos jogando conversa fora.

Ela ficou revoltada por eu não ter aceitado o pedido do playboy que bateu no meu carro. Ela disse que eu deveria ter dado meu endereço, era uma oportunidade de um sexo selvagem. Falou que eu precisava dessas aventuras na minha vida antes de ter um bebê.

Minha avó não tinha jeito.

Por volta das 19:00 eu cheguei no meu apartamento, tomei um banho e coloquei meu melhor pijama nerd do Star Wars, pedi um hambúrguer no Big Belly Burguer, devorei tudo e cai na cama com um sorriso no rosto.

Deus, se eu tivesse grávida devia parar de comer essas porcarias.

Rezei para que a inseminação desse certo. Eu já tinha até escolhido o nome do meu bebê. Eu precisava que isso desse certo. Eu tinha essa necessidade. Com esses pensamentos eu peguei no sono.


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Notas finais do capítulo

Aaaaaaa, gente!
Amei cada comentário.
Eu ia postar esse capítulo ontem a noite, porém a internet não estava carregando de jeito nenhum.
Vim para o trabalho e carregou, Graças a Deus!

Bom... é isso!
Já da pra imaginar o que o Tommy fez não é? kkkkkk

Vamos combinar uma data de postagem? Toda segunda-feira. Pode ser? Bom que tenho o final de semana para dar os últimos "retoques" nos capítulos. Se eu postar antes, maravilha! Mas se eu precisar adiar por algum motivo, eu aviso a vocês.

Beijos e comenteeeeem!!!!