Boggart escrita por Honora


Capítulo 1
Capítulo Único




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Seus lábios ressecados e cortados tremiam descontroladamente, enquanto os dedos dos pés acariciavam a madeira gélida. Os olhos opacos já vidravam a parede de cores mórbidas há um minuto e vinte e quatro segundos.

A varinha jogada no canto do quarto e o baú a sua frente, contendo uma surpresa que Remus definitivamente não havia imaginado.

Sua mente vagava por pensamentos que mal conseguia acompanhar, assim como seu coração batia desfreado, tão rápido que temeu passar mal. As pernas tão bambas que não havia força suficiente para levantar do chão rústico; o rosto tão pálido que por um momento Remus teve receio de que fosse véspera de lua-cheia, mas ele sabia o verdadeiro motivo por trás de seu espanto.

— Está tudo bem?  — Tonks escorou-se no parapeito, a voz parecia curiosa.

Abriu a boca para respondê-la, mas nenhum som emitia. Tentou encará-la, mas seu rosto apenas conseguiu virar lentamente para a esquerda, e seus olhos fixaram-se nos pés femininos.

— Remus, está se sentindo mal? — ela correu até ele, agachou-se e o sacudiu.

Pôde então encará-la; ela tinha olhos arregalados e sobrancelhas arqueadas, os lábios entreabertos e a expressão visivelmente preocupada. O rosto estava límpido e era tão mais bonito quando os raios solares ultrapassavam as brechas da janela coberta batendo diretamente em sua face alerta.

— Estou bem, foi apenas um bicho-papão — murmurou, incerto.

Observou as expressões de Tonks mudarem drasticamente; de preocupada para soturna, e Remus sentiu-se mal por ela. Não era como se tivesse o direito de compartilhar de seu sofrimento com ela, mas Tonks roubava sua dor mesmo que não permitisse, e ele a detestava falsamente por isso.

— Depois de tantos anos lidando com eles, não sei como ainda me deixo afetar — levantou-se do chão, com a ajuda das mãos fortes de Nymphadora.

— Nossos medos sempre nos vencem uma vez ou outra, não é? Não deve ser fácil enfrenta-lo uma vez a cada mês, mas você faz com coragem espantosa, sabe — sorriu gentilmente, caminhando para fora do quarto de meia-luz.  — Vem, o almoço já está pronto, você precisa comer algo.

Lupin assentiu, juntou sua varinha e caminhou rapidamente, parando em frente a mulher de cabelos coloridos. Segurou carinhosamente o seu rosto e juntou seus lábios aos dela, demorando-se no toque carinhoso.

Quando afastou-se, foi recebido por olhos surpresos e por uma expressão incrédula. Remus sorriu, como há anos não se permitia fazer.

— É melhor descermos — murmurou, descendo as escadas.

O formato de seu medo ainda estava fresco em sua memória; as nuvens carregadas davam espaço para a lua cheia, assim como a neblina passeava pelo corpo machucado e cadavérico de Nymphadora Tonks. E apesar de enfrentar o bicho-papão com rapidez, o baque o deixara estático por minutos; seu medo havia mudado, era ainda mais profundo e sombrio.

Mas foi somente quando Remus Lupin havia enfrentado o bicho-papão que percebeu amar Nymphadora como nunca se permitiu fazer em toda sua vida.


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Notas finais do capítulo

Não consigo parar de pensar nesse casal, HELP ME!!!



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