Recomeçar escrita por Flower


Capítulo 9
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

EU VOLTEI AGORA É PRA FICARRRR, PORQUE AQUI AQUI É MEU LUGAR! Mentira, infelizmente o semestre ainda está apenas na metade e ele é o grande culpado por minha distância aqui.

E não, eu não abandonei. Não vou abandonar vocês ♥

Enfim, o capítulo único teve que ser dividido em dois por ter se tornado muito grande, então espero que não se sintam muito cansados!

Os capítulos vão ser em especial para Isabel Silva por sempre me acompanhar, e claro, pela linda recomendação, obrigada minha linda! ♥.♥ Vocês não sabem o quanto fico feliz em saber que essa história é tão bem aceita por vocês.

Quero agraceder também aos últimos comentários e às novas leitoras, eles logo vão ser respondidos! ♥

Agora, tenham uma boa leitura!



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Oliver Queen

            Eu gostaria que vocês pudessem ter a mesma sorte que estou tendo neste exato momento, olhando meu próprio reflexo diante do grande espelho do elevador em que estou junto de Felicity.

            Vocês devem estar se perguntando o porquê de meu desejo, não é?

            A resposta é simples, o porquê se resume ao sorriso que está sendo refletido nele, um dos melhores que já dei em minha vida e a responsável por essa façanha está bem do meu lado.

            Minha garota.

            Depois de passar as últimas horas ao seu lado pude ter a certeza que em nossa vida nada acontece por acaso, as situações estão todas programadas com minuciosos detalhes que nós meros mortais não temos o poder de modifica-las. E essas situações vêm com total força, derrubando tudo que está ao seu redor fazendo com que você acredite que é o fim, que o seu ponto final acaba de ser dado antes do tempo. Mas não, por mais que seja complexo entender, é essa a vontade do destino. Simplesmente nos faz sentir desacreditados para que no fim venha a maior recompensa de nossas vidas, e eu sou prova viva de que isso é real. 

            Destino? Quem foi o babaca que criou essa palavra? Deve ter sido Bill Gates, porque ela é tão inteligente... Tão malditamente acreditável.

            Estou dizendo isso pelo fato de até pouco tempo não acreditar no destino, por pensar ser apenas uma simples utopia que as pessoas fingem acreditar para por a frustração de suas escolhas erradas, porque é muito fácil culpar algo que não possa se justificar. Mas imagina se esse cara um dia resolvesse bater em nossa porta contando sobre nosso futuro. Será que acreditaríamos nele? Não vou mentir que se um cara chamado destino batesse em minha porta dizendo:

“Hey amigo, você perderá sua esposa quando ela der a luz a seu filho... Será duro, mas não precise se preocupar, pois depois de alguns anos você encontrará a pessoa que sempre esteve marcada para você. E não se sinta culpado em se jogar de cabeça nesse amor, porque Samantha irá entender que por mais rápida que tenha sido sua vinda para esse mundo ela conseguiu cumprir seu papel. Se você me permite um conselho... Tenha calma, nada é superado sem dor.”

            Depois de escutar isso eu iria encostar ele contra a parede o segurando pelo colarinho de sua blusa e o obrigaria desmentir tudo, seria sorte se este pobre homem saísse vivo depois de minha fúria. Mas em minha defesa, não é fácil receber a notícia que sua tão amada esposa irá morrer enquanto você ficará assistindo de mãos atadas mesmo que no final o indivíduo diga que irei encontrar a pessoa que estará esperando por mim.

            Mas como todos dizem, não há superação sem dor! Eu sofri muito, no entanto hoje entendo que tudo já estava premeditado, prefiro dizer essas palavras a um clichê qualquer como “escrito nas estrelas”, porque por mais que eu esteja incrivelmente apaixonado por Felicity Smoak, ainda me sobra um pouco de orgulho.

            — O que está te fazendo sorrir dessa forma em plena segunda-feira?

            Felicity pergunta, seu sorriso está tão reluzente quanto o meu.

            — Você ainda tem dúvidas?

            Ela faz um sinal negativo com sua cabeça à medida que fica na ponta dos seus saltos-alto para tocar seus lábios aos meus em um beijo casto.

            Retribuo seu carinho na mesma intensidade, até que somos avisados pelo elevador que chegamos ao andar solicitado, e então, as portas se abrem. — Que saco! Lá se vai a nossa privacidade...

            — Não seja tão rabugento Oliver, a semana só está começando!

            — Por que sempre tem razão?

            Somos interrompidos pela voz conhecida de Ray Palmer que se aproxima.

            — Isso aqui é para você parar de me subestimar!

            A mão fechada em forma de punho de Ray vem em direção a meu supercílio com toda força, fazendo-me cambalear por conta do impacto.

            — Ray, você está ficando louco? — Felicity empurra suas mãos contra o peito de Ray Palmer, o afastando.

            Estou um pouco inconsciente sobre o que aconteceu e posso sentir minha visão esquerda um pouco embaçada pelo sangue quente que escorre sobre ela.

            — Que porra é essa?

            — Meu Deus, o que está acontecendo aqui? — Caitlin surge das portas do elevador, correndo em minha direção.

            — Isso é para ficar claro que eu não sou o babaca que você está acostumado a chamar pelos corredores dessa empresa! Acha que eu não soube que vocês me fizeram de idiota na noite daquela maldita festa?

            Ray Palmer continua esbravejando como um vira-lata enquanto é segurado por Felicity.

            — E por que isso mexe tanto com você Ray? Eu não sabia que estava destinada a ser sua aquela noite pelo simples motivo de ter aceitado ser sua acompanhante.     

            Felicity ironiza.

            Uma gargalhada escapa de meus lábios. — Você está brincando comigo? Eu só não retribuo esse belo cruzado de esquerda... Porque sabe como as mulheres são, não é? Elas odeiam violência e eu não gostaria que minha namorada entrasse em greve de sexo por eu ter sujado minhas mãos com um bostinha como você!

            — Oliver, não provoque!

            Caitlin repreende minha afronta enquanto que Felicity me dirige um olhar matador.

            — Namorada? Isso é uma piada... Você será apenas mais uma que passará pela cama desse playboy! Mais tarde entenderá que fez a escolha errada. — Ray destina sua atenção para mim. — E você Oliver, vá para o Inferno!

            Ray tira as mãos de Felicity de seu peitoral, endireita seu terno perfeitamente alinhado e se retira.

            Babaca.

            — Deixe de mimimi, apenas aceite que Felicity não quis tirar sua virgindade por piedade. — ironizo antes que ele saia por completo, ignorando-me.

            — Como você consegue namorar um cara com a boca tão suja como ele?

            Caitlin pergunta a Felicity que se aproxima de mim.

            — Ainda estou me acostumando com esse pequeno grande detalhe! — Felicity levanta minha cabeça para analisar o pequeno corte. — Caitlin, você teria uma caixa de primeiros socorros?

            Caitlin revira os olhos. — Claro que temos uma caixa de primeiros socorros... Desde que o bonitão aí resolveu ser o líder da matilha, isso deixou de ser artigo de luxo por aqui.

            — Vocês deveriam estar preocupadas comigo, eu perdi tanto sangue que precisarei de um transplante.

            Tendo chamar a atenção das duas com meu drama, que modéstia parte, deixa-me ainda mais charmoso, mas em troca recebo risadas sarcásticas.

            — Venha bonitão, preciso fazer um curativo nesse imenso corte antes que você morra por hemorragia.

            Felicity continua com sua ironia, à medida que pega a caixa de primeiros socorros da mão de Caitlin, levando-nos para dentro de minha sala.

            — Isso parece estar doendo.

Cuidadosamente Felicity passa um algodão úmido sobre o pequeno corte em meu supercílio.

            Reajo a seu movimento com um ruído. — Espero que esse babaca não me deixe com nenhuma cicatriz ou eu vou marcar a cara dele com a sola do meu Louis Vitton.

            — Você não vai fazer nada! — sua mão aperta o local do corte de propósito, fazendo-me gemer de dor.

            — Caramba Felicity, isso doeu!

            — É para você ficar quietinho e parar de gritar pelos quatro cantos.

            — O cara me acerta um belo cruzado de esquerda, arranca sangue do meu rostinho de bebê, suja minha tão passada camisa social e eu não tenho o direito de reclamar?

            — Eu vou conversar com ele, tudo bem? Pode ficar calminho aí.

            — O inferno que você vai conversar com esse cara!

            Dou um pulo da poltrona em que estou sentado em frente à Felicity, encostando-a contra beira da mesa.

            — Oliver, eu preciso esclarecer a ele que não há nenhuma possibilidade de existir algo entre nós!

            Isso não pode ser verdade, um maluco surge das profundezas do inferno, me agride e eu ainda tenho que aceitar minha garota tendo que ir conversar com ele?

            — Não admito que você vá falar com ele.

            — Você o que?

            A voz de Felicity ao perguntar não é alta, pelo contrário, é tão baixa que parece um sussurro intimidador.

            Engulo a seco. — Eu... — dou um passo para trás, passando uma de minhas mãos em meu maxilar. — Eu só quis dizer que não gostaria que você fosse falar com esse cara, mas que se for da sua vontade não poderei impedir.

            O que está acontecendo comigo?

            Um simples olhar intimidador de Felicity é capaz de fazer minhas pernas tremerem pateticamente?

            Está decretado, estou nas mãos dessa mulher como um verdadeiro bundão.

            — Melhor assim! — responde Felicity com um sorriso de lado vitorioso. — Agora se sente aí que eu preciso terminar esse curativo.

            Deixo meu corpo pesado cair novamente sobre a poltrona acatando sua ordem. — É difícil aceitar que você esteja perto de alguém que te queira tanto quanto eu.

            Ela suspira depositando um doce sorriso nos lábios.

            — Eu não fui clara o bastante quando disse que não há possibilidade alguma de existir algo entre Ray e eu?

            — Sim, você foi!

            Eu não tenho nenhuma deficiência auditiva, ouvi perfeitamente Felicity dizer que Ray Palmer não tem chances com ela. Mas por mais que eu saiba disso, não consigo esconder minha insegurança, meu medo de perder algo que eu tanto senti falta em ter novamente. Ray Palmer pode ser uma poeirinha presa de baixo de meu sapato, porém continua sendo um homem determinado e inteligente, pronto para puxar meu tapete no primeiro deslize que eu der. Por isso que tenho tanto pavor de uma aproximação entre os dois, por não confiar no caráter desse sujeito, por temer que sua lábia possa fazer com que Felicity desista de mim.

            — Então pare de ser um bobo. — sua mão levanta meu rosto para si, fazendo um leve carinho na superfície de minha bochecha, arrancando de mim um sorriso.

            — O que você está fazendo comigo?

            Ao me levantar novamente, coloco minhas duas mãos apoiadas nas laterais da mesa em que Felicity volta a ficar apoiada, não deixando espaço para que consiga se movimentar. Dirijo meu rosto para a curvatura de seu pescoço inalando seu cheiro conhecido, e ao mesmo tempo, sinto suas mãos macias segurarem minha nuca deixando todos os pêlos de meu corpo arrepiados com o leve roçar de suas unhas.  

            — Apenas te colocando na linha. — Felicity solta uma risada gostosa após sentir minhas brincadeiras com os lábios na pele de seu pescoço.

            — Vou sentir saudade...

            — Oliver, passamos o final de semana inteiro juntos.

            — Estou fadado a sentir falta de você a todo instante!

            As mãos de Felicity cobrem meu rosto enquanto continua com sua risada.  

            — Quem é você e o que fizeram com o Oliver Queen que conheço?

            Compartilho de sua risada. — Mas falando sério agora. Vou precisar me ausentar por alguns dias. Surgiu uma conferência em Central City e eu vou ter que voar para lá ainda hoje.

            — Eu não fiquei sabendo de nenhuma conferência agendada para a empresa... Você precisa que eu te acompanhe? — pergunta confusa.

            — Não vai ser preciso. É um cliente chato de se lidar, ele é um senhor de 90 anos que não quer largar o osso e nos deixar cuidar de seus investimentos, sozinho eu posso resolver isso.

            — Tem certeza?

            Faço um sinal positivo com a cabeça aproximando-a do rosto de Felicity que puxa as barras de meu blazer para si, cobrindo meus lábios com os seus em um beijo sem pressa, deixando com que eu sinta o gosto de seu hálito doce encobrindo toda a minha boca.

            Porra, eu poderia ficar pertinho de seu corpo o resto de minha vida.

            Mas o dever sempre nos chama.

~~~

            Não gosto de mentiras, nunca me senti confortável em conta-las. Por incrível que pareça mesmo que eu tenha passado pelas mãos de muitas mulheres, sempre procurei ser o mais verdadeiro possível, eu preferia que me xingassem de cafajeste a mentiroso. E agora tendo que mentir para a mulher que amo faz com que eu me sinta desleal, mas nessa altura do campeonato em que eu quero cada vez mais fazer parte da vida de Felicity, contar a ela que estou indo procurar por sua mãe para tentar convencê-la a lhe dar um perdão, poderia estragar tudo. Talvez, ela não interprete isso como uma prova de amor e sim como uma invasão a sua intimidade tão precocemente. Sendo assim, eu preciso fazer com que isso aconteça por de baixo dos panos, sem que ela saiba que estou por trás disso.

            Saio de minha sala cautelosamente chegando até a mesa central de Caitlin, olho para os dois lados e em um sussurro chamo sua atenção.

            — Caitlin, preciso que confirme a Felicity que estou em uma conferência em Central City caso ela te faça algumas perguntas!

            — Oh, Oliver! Eu pensei que estivesse realmente apaixonado pela loirinha.

            — O que te faz pensar que não estou? — pergunto incrédulo.

            — Sempre que me pede esses favores é para te camuflar das suas fugidinhas. Qual é a da vez? Uma modelo está se hospedando por uns dias em Central City e você não pode perder a oportunidade de um desfile particular?

            Tampo rapidamente sua boca com uma de minhas mãos. — Você está louca? Se alguém escuta isso e conta para Felicity minhas bolas se tornarão enfeites para o Natal! Isso não é sobre outra mulher.

            — Seria engraçado se realmente isso acontecesse... — Caitlin parece pensar alto, mas logo volta de seu devaneio. — Mas se não é sobre outra mulher, por que precisa mentir?

            — Eu preciso que você procure por uma mulher chamada Donna Smoak, ela é a mãe de Felicity. Não sei muito sobre ela, apenas que mora no interior dos Estados Unidos em uma cidadezinha chamada Mississipi, é casada com um homem conhecido como Gonzalez e juntos eles têm um bar.

            — Qual o seu interesse?

            — Eu te explico depois, só preciso que encontre essa mulher o mais rápido possível, ainda hoje preciso voar para lá.

            — Oliver, desde quando sou detetive?

            Seu tom é displicente.

            — Vocês mulheres vivem em redes sociais stalkeando as inimigas...

            — E vocês homens são completos ignorantes. Enfim, não tem como eu achar essa mulher para você tão rápido assim, posso te dar as informações ainda essa semana. — ela volta a me ignorar olhando em seu notebook algo que parece ser mais interessante do que eu em sua frente.

            É uma brincadeira? Parece que eu perdi mesmo o total respeito por todas as mulheres ao meu redor.

            — Dê o seu jeito. Você tem aquele seu amigo Barry Allen, ele trabalha na polícia, com certeza tem acesso às informações das pessoas! Ou jogue seu charme para o Capitão Lance... Sei lá, pergunte ao gênio da lâmpada, mas me dê um resultado!

            — Você é nojento, Oliver!

            — É... Eu sou. Mas também sou seu chefe, então faça o que estou mandando e depois chame Tommy em minha sala.

            Uma gargalhada surge dos lábios de Caitlin. — Você não pode estar falando sério. Para completar ainda quer que eu chame esse idiota? Chame você mesmo!

            — Você é minha secretária, não tem escolha. Consiga as informações sobre Donna, mande alguém buscar a mala reserva que deixo na lavanderia para viagens e chame Tommy a minha sala.

            — Quer que eu enfie uma vassoura no meio do seu...

            Interrompo-a antes que termine a frase. — Olha a boca, mocinha...

            — Eu te odeio.

            — Não, você me ama.

            Não contenho a risada ao observar fumacinhas saindo pelas orelhas de Caitlin e então volto novamente para minha sala. Em questão de alguns minutos Tommy aparece pela porta.

            — O que fez a Caitlin? Essa mulher está uma diaba. — Tommy pergunta se sentando na poltrona a minha frente.

            — Não fiz nada, deve ser a TPM.

            Deixo de revisar algumas pastas sobre minha mesa e destino a atenção para Tommy.

            — Então, por que me chamou?

            — Preciso que me acompanhe em uma viagem, fique tranquilo, não durará mais que dois dias. — dou de ombros.

            — É a trabalho?

            — Não necessariamente... — sou interrompido por Tommy que levanta se debruçando sobre a mesa.

            — Mentira? Vamos voltar aos velhos tempos e fazer viagens escondidas para Las Vegas? Homem... Era exatamente isso que estava precisando! Poker e garotas de programa. — seus olhos chegam a brilharem somente por suas suposições.

            — Não seja idiota! Preciso ajudar Felicity a voltar a falar com sua mãe... E você vai me ajudar.

            Eu não estou ficando louco, pelo menos, ainda não estou completamente. Chamar Tommy para ir de encontro á Donna Smoak comigo é uma carta que tenho na manga, porque além de servir como um álibi caso Felicity desconfie de algo, ele também passa por problemas familiares com seu pai, isso o torna um pouco sensível em situações como essas, por mais difícil que pareça, Tommy é o amigo mais vulnerável que tenho, ele apenas se esconde em uma carcaça de adolescente fútil que não tem nenhuma responsabilidade e que seu joguinho preferido e desacatar seu pai.

            Tommy Merlyn é muito mais do que um rebelde sem causa. E agora eu preciso de alguém exatamente como ele em meu plano, alguém que eu possa confiar e também me divertir um pouco, já que eu vou ter que passar longos dias longe de Felicity e meu filho.

            — Como assim? — Tommy pergunta confuso.

            — Eu te explico no caminho, mas agora eu preciso que você me diga se está dentro ou não.

            — Se eu estou dentro? É claro que estou.

            Uma risada divertida é exposta por Tommy que em questão de segundos some como fumaça assim que Caitlin abre a porta com passos pesados caminhando em direção a nós.

            — Aqui está o endereço da mulher que você pediu! Mas acredito que o tempo não é o seu melhor amigo, chefinho. Uma frente fria acaba de cercar o aeroporto de Starling City e todos os voos estão cancelados no momento.

            Caitlin parece evitar propositalmente a presença de Tommy ao meu lado que finge não se importar.

            — O que você está querendo dizer com isso? — pergunto intrincado.

            — Que todos os voos foram cancelados devido à chuva e ás névoas que circundam o aeroporto. Logo, vocês não poderão viajar para Mississipi nem tão cedo! — Caitlin pisca para mim.

            É impressão minha ou ela está feliz em me dar essa notícia? Talvez esteja me dando o troco pelas coisas que a disse mais cedo... Mulheres, por que sempre tão vingativas?

            Tommy se manifesta. — Se esse é o problema, está resolvido. Mississipi fica apenas algumas horas de Starling City, podemos ir no meu Mustang.

            — Oliver, você precisa dedetizar essa sala, estou ouvindo zumbidos de insetos por aqui! — Caitlin ironiza, fazendo com que Tommy revire seus olhos.

            — Tommas Merlyn, por mais que você não pareça inteligente... Você está menos burro hoje! Sua ideia é maravilhosa.

            Solto uma risada ao olhar a reação frustrada de minha secretária, minha vontade neste momento é reagir como William de apenas três anos mostrando minha língua acompanhada de meu dedo do meio.

            — Eu deveria me sentir agradecido ou humilhado pelo que acaba de dizer? — Tommy pergunta.

            — Humilhado e burro mesmo! — Caitlin pensa alto, não se dando conta de que seu comentário foi alto o suficiente para que Tommy e eu o ouça.

            — Caitlin, não precisamos agir assim um com o outro. Não somos mais crianças, devemos conversar sobre o que aconteceu! — Tommy levanta, aproximando-se de minha secretária, que dá um passo para trás.

            — Não acredito que vou dizer isso, mas foi a segunda coisa sensata que disse hoje. — dirijo meu olhar para Caitlin. — Tommy tem razão, vocês precisam deixar o orgulho de lado e conversarem como dois adultos.

            — Não, não precisamos! — Ela empurra o peitoral de Tommy com seu dedo indicador, afastando-o. — Oliver, você vai precisar de mais alguma coisa?

            Levanto rapidamente de minha poltrona, caminhando até Caitlin. — É... Mande flores e uns bombons a Felicity, ela me parece gostar do recheio de licor de frutas vermelhas. Não vou poder me despedir!

            — Quer que eu dê um beijo nela também? — debocha.

            — Não vai ser preciso! — aproximo meus lábios do pé de seu ouvido. — Sabe aquele Spar de estética que você adora? Passe o final de semana lá, faça algumas compras também. E me mande a conta.

            — Você está tentando fazer as pazes? — Caitlin pergunta duvidosa.

            — Estou!

            — Só se os dois dias forem na suíte máster. — ela cruza os braços.

            Reviro os olhos. — Eu te dou as mãos e você quer as pernas?

            — Se os dois dias não forem na suíte, nada feito.

            Aperto meus olhos em direção a Caitlin, bufando. — Tudo bem. Os dois dias na suíte máster, está bom para você?

            — Eu tenho o melhor chefe do mundo! — ela dá pulinhos e estende o dedinho mindinho em direção a mim. — Por hora estamos bem.

            Sempre cruzamos os dedinhos mindinhos quando fazemos as pazes. Parece infantil de nossa parte, mas é algo que retrata bem a nossa amizade, como se Caitlin fosse muito mais do que uma simples secretária. Por mais que eu faça a vida dela um inferno durante a minha rotina por aqui, considero-a como uma irmã.

            É divertido.

            — Que seja feita a sua vontade.

            Após cruzarmos os dedos mindinhos, despeço-me de Caitlin que sai da sala como se a presença de Tommy realmente fosse insignificante.

            — Até quando ela vai continuar me tratando assim? — Tommy pergunta.

            — Dê um tempo a ela... Pode parecer que não, mas ela se importa.

            — Ela é uma ótima atriz.

            — Apenas dê espaço.

            Tommy suspira fazendo um sinal positivo com a cabeça. — Estamos preparados então?

            — Nascemos preparados.

~~~

            Já comentei com vocês que odeio chuva?

            Sim, eu odeio.

            O ano tem 365 dias, mas parece que a chuva escolhe os melhores dias para nos presentearmos com sua presença. Seja em um dia de sol em que você tenha feito planos de ir à praia com a família, seja aquele dia que você só precisa de uma manhã ensolarada e nuvens passeando pelo lindo azul do céu, não importa, ela sempre vai estar lá para atormentar a sua vida. E você se pergunta, por que não em outro momento? E a resposta vem como uma grande trovoada: PORQUE ELA NÃO SE IMPORTA.

            E nesse exato instante ela está mostrando que realmente não se importa.

            — Não acredito!

            Exclama Tommy, apertando seu pé no acelerador que ruge, mas não nos tira da inércia.

            — Não está acontecendo o que eu estou pensando que está acontecendo, não é?

            Pelo meu sexto sentido, o carro acaba de atolar em uma enorme poça de lama, e claro, isso é muito preocupante.

            — Parece que estamos presos em um bolsão de lama. O que faremos? Eu não posso deixar que o motor do meu bebê seja ensopado por puro barro!

            — Tommy, não precise dar um de seus ataques. Temos tudo sobre controle, é só você ir lá fora e empurrar o carro quando eu acelerar. — dou de ombros.

            — Eu não vou sair de baixo dessa chuva enquanto você faz o trabalho leve, aliás, você é bem mais forte do que eu.

            O sacana tenta me empurrar o trabalho sujo, literalmente sujo.

            — Merlyn, você é um maricas!

            — Estou apenas expondo os fatos. — murmura franzindo o cenho.

            — Já vi que realmente sobrou para mim. — reviro os olhos à medida que observo a chuva rala cair sobre a estrada além da névoa que encobre todo o redor da estrada. — É o seguinte, tem que ser rápido! Eu vou contar até três, e no três você acelera, entendeu?

            — Claro que entendi, eu sou bom nisso.

            Respiro fundo com sua resposta e rapidamente saio do carro, podendo sentir a brisa fria bater contra meu corpo quente que se arrepia de imediato. As gotas frígidas da chuva caem sobre minha roupa, molhando-a levemente.

            — Que merda! — exclamo assim que meus sapatos são cobertos pela lama. Mas tento me conter assim que dou a volta no carro colocando a base de minhas mãos sobre a traseira. Projeto meu corpo para um impulso, preparando-me para empurrá-lo. — Um... Dois... — antes que eu chegue ao três Tommy acelera com o carro jogando toda a lama sobre meu corpo. — Não acredito!

            Tommy abaixa a janela a sua esquerda, colocando sua cabeça para fora. — Céus! Você está lama pura.

            — Você é retardado? Eu disse que era para acelerar somente no três! — passo o olho por sobre meu corpo avaliando o estrago.

            — Desculpe, eu sou ansioso.

            — Eu prometo que vou quebrar a sua cara assim que entrar nesse carro!

            — Preciso chamar meus advogados? — Tommy ensaia uma brincadeira.

            — Pelo amor de Deus, apenas acelere quando eu disser!

            — Sim senhor! — volta a brincar.

            Se eu estava estressado pelo tempo ruim? Agora eu estou muito mais, porque além de molhado estou completamente coberto por lama, pareço um porco de chiqueiro e o cheiro não está muito distante.

            Ao conseguirmos desatolar o carro, bato com força a porta do mesmo ao entrar, e logo posso ouvir as reclamações de Tommy ecoarem em meus ouvidos fazendo meu sangue borbulhar como um vulcão em erupção.

            — Você pode ficar em silêncio pelo menos alguns segundos? — pergunto tentando amenizar meu estresse pelos últimos acontecimentos.

            — Só estou dizendo que esse estofado é couro legítimo... E você está acabando com ele por conta dessa sujeira!

            — Adivinha quem é o culpado disso?

            Antes que Tommy possa responder, sinto o celular vibrar dentro do bolso interno de meu paletó e como se fosse meu antídoto, ler o nome de Felicity no visor traz de volta meu bom humor, como se nada desastroso tivesse acontecido há minutos.

            — Já está sentindo minha falta? — um sorriso bobo surge de meus lábios ao atender.

            — Onde você está? — a voz de Felicity não me parece nem um pouco calma o que faz a base dos meus pés formigarem.

            — A caminho de Central City...

            — Não seja patético, Oliver! Curtis acaba de agendar uma reunião com o senhor Albert, e você não vai imaginar, é o mesmo homem que você diz ter marcado uma conferência em Central City.

            Agora sua voz é gritante, e eu poderia apostar que seu rosto está vermelho como a personificação da fúria.

            — Querida...

            O que eu vou fazer? Isso só pode ser uma onda de azar.

            — Não ouse me chamar de ‘querida’, eu quero a verdade Oliver! Ou...

            Ok, ok! Não há...

            Com a agilidade de uma onça Tommy arranca o celular de minha mão, desligando-o. E eu não posso evitar que meus olhos saltem e minha boca abra em um grande ‘O’.

            — Você quer acabar com a minha vida?

            Tento roubar o celular de volta das mãos de Tommy que o enfia dentro de suas calças, fazendo com que eu queira vomitar.

            — Claro que não. Só estou tentando salvar o plano...

            — Me devolva a merda desse celular ou eu não vou responder por mim!

            Meu coração está acelerado, minha boca está seca e com um gosto amargo apenas em pensar na reação de Felicity ao ter a ligação finalizada em sua cara. De um lado Tommy pode ter certa razão, eu não conseguiria negar nada a Felicity e tudo iria por água a baixo. Mas por outro lado, deixar a mulher que amo pensando que estou escondendo algo dela, mentindo para ela, consegue ser ainda pior.

            Eu só gostaria de correr para seus braços e explicar tudo, mesmo que nesse momento ela esteja tramando a forma mais fria de me assassinar.

            Tommy tira os olhos da direção por breves segundos. — Homem, fique calmo! Eu conheço as mulheres.

            Balanço a cabeça em negativa. — Você não conhece Felicity. Ela deve estar pensando o pior de mim... Foi difícil ganhar sua confiança e perde-la assim tão banalmente me deixa desesperado.

            — Oliver, estamos indo a Mississipi com um objetivo nobre... Não podemos estragar tudo por conta da íra de Felicity. Vai por mim, daqui a alguns dias ela vai te agradecer mamando suas bolas.

            Por mais que eu esteja angustiado pela maneira como Felicity encarou minha mentira e como deve ter ficado frustrada com a finalização grotesca feita por Tommy, talvez ele possa estar certo. Eu tenho que respirar um pouco e colocar meus pensamentos em ordem, por hora, dar um tempo parece ser a melhor solução.

            — Parece que no momento eu não tenho escolhas! — dou de ombros tentando superar meu desapontamento.  — E ao menos você poderia tirar meu celular de suas bolas?

            Uma gargalhada salta de Tommy. — Qual foi cara? Elas estão quentinhas.

            — Você é insuportável!

            — Cale a boca, tente dormir um pouco... Estamos chegando ao Hotel mais próximo do centro de Mississipi, precisamos descansar um pouco.

            Arfo deixando meu corpo deslizar pelo banco carona do carro, cobrindo meu rosto com uma toalha de cheiro mais agradável que o meu no momento, tentando deixar que meus pensamentos sejam vencidos pelo cansaço, assim consigo me render a um sono profundo.

~~~

            Tommy me acorda sem nenhum cuidado, dando-me um breve susto ao avisar que chegamos ao hotel mais próximo ao centro de Mississipi. A chuva lá fora ainda continua, mas com menos intensidade.

            À medida que alcançamos a entrada do pequeno hotel, as pessoas cobrem suas narinas assim que cruzo por elas e eu não posso negar que elas estejam fazendo o certo, meu cheiro só não é pior do que os próprios porcos de um chiqueiro, o meu único medo é que isso se impregne em minha pele e não queira sair nem por um milagre.

            A recepcionista me olha da cabeça aos pés e por mais que eu esteja completamente sujo, ela não perde a oportunidade de lançar um sorriso arrebatador, me encabulando um pouco, mas a respondo com um sorriso de soslaio tentando ignorar a forma com que estou sendo comido com os próprios olhos. Por fim, Tommy faz as reservas em duas suítes e juntos vamos caminhando em direção as escadas do hotel até que sou travado pela voz de meu amigo.

            — De maneira alguma eu vou subir cinco lances de escadas! Estou com minhas pernas anestesiadas de tanto dirigir.

            Ele puxa meu braço nos direcionando para o único elevador do local.

            — Você sabe que não tenho boas recordações com elevadores, vamos pelas escadas que é muito mais seguro. — dou dois passos para trás, parando em frente ao lance de escadas à frente.

            — E eu sou o maricas aqui? Por Deus Oliver, vamos poupar o pouco de energia que ainda temos. Nas Indústrias Queen são cinquenta lances de escada e eu não vejo você subi-los.

            — Não queira virar o jogo, são cinquenta lances de escada... Não tem como comparar.

            — Cara... Vamos mesmo ficar discutindo se iremos de elevador ou escadas? Se quiser que vá você de escadas, eu vou de elevador!

            Balanço a cabeça inconformado. — Se eu não estivesse tão cansado... Iria de escadas!

            Tommy voltar a rir de minha confusão. — Se iríamos de elevador, por que tanta enrolação? Não canse minha paciência.

            — Cale a boca e passe o celular, preciso saber como está... William!

            Claro que eu preciso saber como anda William que está na casa de meus pais por alguns dias até que eu volte, mas no momento minha maior preocupação é com Felicity.

            Nos encaminhamos até o elevador que já se encontra ocupado por duas pessoas, um rapaz de estatura tão alta quanto eu e Tommy e um senhor que me parece um vovô de quadrinhos asiáticos.

            — Só vou entregar o celular porque sei que o moleque deve estar sentindo sua falta.

            Merlyn olha para os dois lados e sem que as pessoas ao meu redor reparem, pega o celular ainda dentro de suas calças, e eu não posso deixar de expor meu semblante enojado.

            Só gostaria de poder vomitar minhas vísceras nesse exato momento por ter que pegar nesse celular revirado pelas bolas de Tommy.

            — Você é asqueroso.

            O elevador fecha as portas se preparando para nos levar até o andar solicitado. 

            — E você é uma mulherzinha!

            Com o celular em mãos, disco rapidamente o número de Felicity que está mais gravado em minha mente do que meu próprio nome, e para minha surpresa ela atende na segunda chamada.

            — Felicity!

            Minha voz está ansiosa para apurar o terreno.

            — Cara... — Tommy murmura desapontado em meu lado.

            Felicity me responde. — Você vai me contar ou não onde está de verdade?

            Você precisa confiar em mim... — um silêncio perpetua por alguns segundos. Esses segundos são mais do que necessários para que eu possa arranjar uma desculpa acreditável o bastante para que Felicity abaixe um pouco sua guarda. — Tommy se meteu em uma roubada com uma mulher. Estou apenas tentando ajudá-lo.

            O que te faz pensar que vou acreditar nessa mentira? — sua voz agora não é de uma pessoa que está brava como um cão que protege seu quintal, pelo contrário, está tão calma que se eu pudesse vê-la apostaria em uma feição decepcionada.

            — Porque não é uma mentira. Por favor, só tente acreditar.

            Uma risada forçada salta de sua boca. — Eu disse que não aguentaria ser enganada por você, lembra?

            Meu amor...

            E, então, agora é a sua vez de finalizar a ligação antes que eu possa terminar minha frase.

            Ao meu lado um sorriso sai dos lábios do rapaz que nos acompanha no elevador, como se estivesse assistindo minha derrocada com Felicity de camarote.

            — Posso saber do que está rindo? — pergunto grosseiramente.

            — Não precise se irritar, é que eu não pude deixar de prestar atenção na sua conversa... Mulheres com esse nome são sempre temperamentais.

            — Felicity Smoak não é igual a nenhuma outra mulher.

            O rapaz solta uma gargalhada ainda maior ao escutar o sobrenome de Felicity. — Smoak? Essa realmente não é igual a nenhuma outra mulher!

            Tommy se intromete. — Espera ai, você conhece a nossa Felicity?

            O rapaz volta a responder. — Claro que conheço, digamos que chegamos quase a nos casar... Como esse mundo é pequeno.

            Nesse instante as luzes do elevador começam a piscar concomitantemente, fazendo com que um grande apagão nos cerque antes que eu consiga respondê-lo. E eu não vou mentir, possivelmente meus pensamentos desorganizados tenham puxado toda a eletricidade da cidade, um dos motivos responsáveis pela queda de energia dentro do elevador. As sinapses de meu cérebro parecem brincar de ciranda cirandinha.

            Consigo reunir algumas palavras soltas em minha mente. — Vocês o que?

            E novamente somos interrompidos pelo elevador que parece despencar para o andar anterior, nos jogando contra as paredes. Mas eu não consigo pensar em outra coisa a não ser nas imagens que são montadas em minha cabeça desse cara que mais parece um adolescente junto de minha Felicity.

            Tommy grita ao meu lado. — Não acredito que vou morrer da mesma forma que o carinha de premonição!

            O rapaz responde ao comentário.  — Temos que ficar calmos, a eletricidade deve ter caído lá fora por conta da tempestade, mas tenho um loft nesse hotel, eles têm um gerador!

            — Não é possível — paro de pensar nas imagens horripilantes arquitetas pela minha consciência, voltando à realidade. — Eu disse que era para irmos de escada!

            — Como poderia imaginar que iria acabar a luz? — Tommy responde tentando amenizar sua culpa.

            — Não precisa entrar em pânico, o gerador logo será ligado! — o rapaz que já denomino como um perfeito idiota volta a dar seus palpites insignificantes.

            — É que ele tem claustrofobia! — Tommy responde por mim.

            — Eu sou claustrofóbico!

            E somente em me imaginar preso por quatro paredes em uma área minúscula já é o necessário para que meu coração comece a palpitar e minha respiração fique rápida e superficial.

            Logo, a luz do ambiente volta deixando com que eu enxergue novamente Tommy ao meu lado, o senhor asiático que responde como se estivesse agradecendo ao seu Deus e o idiota que agora encaro como um sério candidato a inimigo. Mas até mesmo alegria de rico dura pouco, e agora as luzes ficam vermelhas e uma sirene parece ser ligada.

            — Que merda é essa? — pergunta Tommy.

            Meu corpo involuntariamente escorrega pela parede do elevador, e eu estou seriamente incomodado. O suor pelo nervosismo escorre pelo meu maxilar, e meus pulmões começam a exigir mais oxigênio.

            O rapaz corre em minha direção. — Respire nisso, puxe o ar e o solte no mesmo ritmo. — ele me entrega um saco plástico e apressadamente faço o que mandou. — Você vai ficar bem, fiz um curso de bombeiro durante a academia de policiais.

            É sério o que estou ouvindo aqui? O ex-noivo de Felicity além de está me vendo nesse estado ainda fez um curso de bombeiro? Para completar o idiota parece trabalhar como policial?

                — ヘルプ. — grita o senhor asiático.

            — Você fala a minha língua? — pergunta Tommy ao senhor fazendo gestos, que parece não entender.

            — すべてが大丈夫です。— responde o idiota, tranquilizando o senhor.

            — Você fala japonês? — minha voz sai com pouca força.

            Estou patético, eu sei.

                — Meus pais sempre tiveram preferência ao exótico e em vez de me colocarem em um curso para aprender a língua latina, me colocaram para estudar aponês. — responde.

            — Só me falta dizer que salva criancinhas da África nos tempos vagos, super herói! — ironizo dentre algumas tossidas.

            — Não... Mas já ajudei alguns refugiados do Haiti.

            É definitivo, esse cara é um daqueles homens perfeitos que são confundidos com o Ken humano.

            Não, por favor, Felicity não pode ter sido sua Barbie.

            As luzes voltam a estabilizar, como um passe de mágica, as vermelhas de emergência deixam de piscar e a sirene para de soar freneticamente.

            — Parece que está tudo voltando ao normal! — Tommy respira em alívio. — Parceiro, pode deixar que daqui em diante eu cuido do meu amigo. — suas mãos envolvem meus braços tentando erguer meu corpo pesado.

            O elevador dá um tranco voltando a funcionar. — Graças às forças superiores! — sussurro ao me levantar com certo esforço.

            Se não bastasse estar repleto de lama, com o cheiro semelhante a de um porco e quase perdendo a mulher que amo, acabo de descobrir que Felicity namorava um cara que alcança a perfeição.

            As portas do elevador se abrem no andar solicitado e assim que me preparo para com o auxílio de Tommy, a voz do Ken humano volta a nos dar o ar de sua graça. — Se a sua Felicity for a mesma que a minha, diga a ela que o Billy mandou um abraço.

            — O inferno que irei dizer uma asneira dessas!

            Estou tão sugado pelo susto que o elevador nos deu, que não consigo impor a voz, ou seja, nada do que disse foi escutado pelo Ken humano.

            Mas minha vontade é reunir o pouco de forças que me sobraram e fazer com que esse cara tire de sua boca o pronome ‘minha’ que ousou usar.

            — Oliver, é melhor irmos... — Tommy sussurra em meu ouvido.

            Antes que eu possa manda-lo ir a outros lugares não muito convidativos, sou arrancado com dificuldade por Tommy para fora do elevador, encaminhando-nos até nossas suítes.

            — Eu só preciso de vodka!

            Esse é o meu último pedido, porque depois de passar pelos sufocos de hoje, somente o álcool para ocupar minha cabeça com algo que não seja Felicity, o ex-namoradinho perfeito que tive a má sorte de conhecer, e claro, ao que eu realmente vim fazer aqui nessa cidade, convencer Donna Smoak a voltar a falar com sua filha.


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Notas finais do capítulo

AHUSHUAHUSHUAHUSHUAH Gente, eu não sei se sei escrever comédia, mas tentei algo que fosse um pouco engraçado.

Mostrando um outro lado de Oliver.

Espero que tenham gostado e claro estou nos comentários esperando por vocês. ♥



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