Never Be Alone escrita por Miriã Melo Lima


Capítulo 2
Parte II


Notas iniciais do capítulo

Hei, voltei com final dessa historia amorzinho!!!! Enfim, espero que gostem! E não esqueçam de deixar um comentário, só assim vou saber se vocês gostaram da historia :D



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Era difícil seguir em frente. Tive que admitir para mim mesma depois de longos quatro dias alimentando a expectativa de receber uma resposta à carta que havia lhe enviado. Sentia-me extremamente perdida em minha própria vida, era como se minha casa não fosse verdadeiramente minha... Como se todas as coisas que havia construído e conquistado com tanto esforço durante longos cincos anos não valesse de nada naquele momento.

Foi como se de repente, as cores fossem abandonando o universo ao meu redor e eu passasse a enxergar tudo em preto, cinza e branco. Nada mais fazia sentindo, tudo que havia conquistado não passava de realizações fúteis comparáveis ao que poderia ter lutado para ter juntamente dele.

Insano. A palavra que conseguia descrever um pouco de como me sentia em relação à forma, como não conseguia simplesmente deter minha mente de imaginar como as coisas deveriam ser diferentes agora, se houvesse tentando um pouco mais, se não houvesse dado brechas para o destino brincar com nossos sentimentos.

Talvez, aquele sentimento estivesse relacionado ao noivado dele, a resposta da carta – que tinha certeza que não viria – ou com o fato do Natal estar se aproximando. Talvez fosse a junção de sentimentos que estivessem me deixando deprimida de maneira absoluta naquela semana.

Estava praticamente há quatro anos sem participar de um Natal n’Toca; com toda família reunida, e, sentia demasiada falta daqueles momentos compartilhados, embora esse ano, a saudade estivesse especialmente mais severa.

Sabia, mesmo me negando a admitir que aquilo também estava relacionado a esperança de encontrar Scorpius por lá, mesmo assim, fiz aquilo que minha mente alertava ser egoísta, passei tempo demais sendo relapsa com as pessoas que amava, já havia perdido uma delas, não daria chance de perder mais ninguém importante por conta do tempo e da distancia que a vida fazia  impor.

O malão há tanto tempo esquecido em baixo da cama, estava estrategicamente aberto em cima da mesma, enquanto encarava-o fixamente perguntando-me pela milésima vez, o que de fato,  esperava reencontrar em Londres.

Suspirei.

Joguei algumas mudas de roupas aleatórias lá dentro, divida entre ir ou ficar.

— Ei, Rose eu já es... — Dominique parou assustada na porta do meu quarto, enquanto rolava os olhos pela mala desarrumada ao meu lado. — Eu pensei que estava brincando quando disse que estava considerando ir esse ano. — Ela comentou muito calmamente, enxergando a batalha interna que eu tratava naquele momento.

Foi só uma ideia estupida, quer dizer, já estão todos acostumados a não me verem nessas épocas, ne? — Resmunguei duvidosa, levantando-me. — Além do mais tenho alguns casos para estudar para apresentar ao Tribunal semana que vem, depois do feriado. — Adicionei distraidamente, ouvindo minha prima e melhor amiga suspirar longamente, entrando finalmente no quarto.

— Nem em mil anos estaríamos acostumados com sua falta lá, Rosie. — Dominique sorriu, enquanto sentava em minha frente, agarrando a caixinha de musica que mantinha ao lado do meu criado mudo. — Escute Rose, sei que está chateada por não ter chegado nenhuma resposta dele, mais bem, foi um longo tempo em total silencio entre vocês, talvez, ele só esteja sem saber como reagir depois de tanto tempo e de todo acontecimento do noivado.

— Eu sei. Não estava esperando por uma resposta de qualquer maneira.

— Estava. — Dominique retrucou rapidamente. — Minta pra mim, para ele como fez na carta falando a mesma coisa, mais por mais que tente, não vai conseguir convencer a si mesma e ao seu coração que não esperava por uma reposta. De qualquer forma, acredito sinceramente que ele ainda o fará, só precisa de um pouco de tempo para isso...

Soltei um sorriso triste, sabendo que Dominique queria apenas tirar um pouco do aperto em que meu coração se encontrava.

— Acho que fará bem você estar entre os seus durante esse tempo, não acha? Vai te distrair.

Balancei a cabeça concordando relutantemente. Talvez, sucumbisse à loucura se tivesse que ficar ali durante toda noite de Natal.

— Você acha que ele estará lá com ela? — Me deixei levar pela duvida que me impedia de ir sem pensar.

— E uma hipótese. Embora, em algum momento você vá ter que encara-los, além de que, se for mesmo aceitar a proposta de emprego em Londres, esses encontros serão certezas eminentes.

— E, tem razão.

***

O comichão ao pé da barriga era típico da aparatação, ainda mais quando eram de distancias consideráveis, no entanto, levando em conta a pratica, sabia que aquela sensação de ansiedade dava-se mais ao fato de estar ali, do que de qualquer outra coisa. De repente, me ver na parte mais escondida do Jardim da Toca, conseguindo sentir o aroma dos bolinhos de canela e gengibre, de Vovó Molly e, enxergar as pessoas se movimentando em baixo da tenda bem decorada e iluminada, logo em frente à casa que abrigará os melhores momentos de toda minha infância e adolescência, depois de um considerável tempo, fazia com que todas minhas terminações nervosas entrassem em combustão. Minhas mãos tremiam em ansiedade, medo e algo que simplesmente não conseguia identificar.

Dominique soltou um breve sorriso, tomando à dianteira, dando-me um ultimo olhar de encorajamento, sumindo pela breve escuridão, até reaparecer na luminosidade onde todos meus familiares, amigos e agregados estavam.

Senti meu coração acelerar a medida que meus pés me guiavam pelo caminho que tanto conhecia, e mesmo sabendo que talvez, saísse muito mais desiludida do que já estava, caminhei decididamente para reencontrar as pessoas que realmente importavam no mundo.

E como se um imã o atraísse para mim, Ronald fora o primeiro a me vislumbrar ainda um pouco distante da movimentação e antes que qualquer um, ele se apressou em caminhar ao meu encontro e me envolver em um abraço apertado – aquele mesmo abraço que ganhava toda vez que o reencontrava na correria que minha vida era na Alemanha.

Logo depois disso o que já se podia considerar um ambiente agitado, tornou-se ainda mais animado, com todos se levando de suas cadeiras para me abraçarem cheios de sorrisos e perguntas típicas da minha família.

Sentia falta daquele aconchego, da forma como Vovó Molly perguntava-me constantemente se gostaria de mais um bolinho, ou se, gostaria que ela fizesse um chocolate quente para aquecer-me na noite fria n’toca.

— E então Rose como anda a vida na Alemanha? — Tio Harry sorriu mansamente, observando-me com demasiada atenção.

— Muito corrida, tio. Você sabe, eu não escolhi uma das melhores profissões ao que diz respeito a ter tempo para vida social. — Sorri sinceramente, porque sabia que ele conhecia-me tão bem quanto seus próprios filhos.

— Não sente falta? Digo, de ter tempo para isso?

— Claro que sim, quem não sente não é mesmo. E algo que aprendi a lhe dar durante todo esse tempo. — Tio Harry assentiu silencioso.

Antes de se juntar ao papai em uma partida de xadrez bruxo, ele estalou um beijo no topo da minha cabeça e sorriu.

— Alvo ficará feliz em lhe ver. — Avisou, acrescentando. — Não só ele, também, você sabe.

Assenti rapidamente, sentindo minhas bochechas esquentarem com a insinuação presente ali, tenho plena consciência de que tio Harry era um dos poucos adultos que tinham realmente certeza do relacionamento que tive com Scorpius no passado. Ele deu alguns passos, afastando-se muito lentamente, antes de virar-se para mim pela ultima vez naquela noite:

— Sabe Rose, tem coisas que não deveríamos aprender a lhe dar, escute seu velho tio, e não se afaste tanto assim das pessoas que ama por medo do futuro. O futuro afinal de contas de uma forma ou de outra virá, cabe a você decidir o que fará para que ele seja bom ou ruim.

A noite correu lentamente depois disso, enquanto sentia-me apenas como uma mera expectadora dela, não consegui falar muito ou envolver-me nas conversas que cada determinando grupo compartilhava, sentia como se a qualquer momento algo inesperado pudesse acontecer... E meu coração acelerava cada vez meus olhos desviavam para a entrada d’toca.

No exato momento que Alvo planou ali, exatamente no ponto em que olhava, meu coração deu um solavanco de ansiedade, porque embora houvesse passado muito tempo que não compartilhava de uma Noite de natal em família, sabia que Alvo ainda trazia  Scorpius, Zabine e mais alguns amigos para estarem conosco nesta noite.

E mesmo depois de mais algumas pessoas surgirem em meu campo de visão, não pude deixar de transparecer um pouco da decepção que senti ao não encontra-lo ali também.

Da mesma forma alegre e descontraída de sempre, minha família recepcionara os recém-chegados, e, antes mesmo que pudesse me preparar Alvo já estava em minha frente me puxando pra um abraço tão apertado que me sufocará por alguns segundos.

— Pimentinha. — Ele resmungou, colocando-me no chão, me fazendo revirar os olhos ao ouvi-lo me chamar do antigo apelido de adolescência. — O que está fazendo aqui? — Ele pareceu surpreso de repente, como se soubesse de algo que eu não sabia, deixando-me desconfortável no segundo seguinte. — Desculpe. — Apressou-se em dizer. — E que não esperava te encontrar aqui, agora.

— Tudo bem. Faz bastante tempo, sem duvidas. Eu só resolvi vir hoje, então não conseguir avisar com antecedência. — Justifiquei-me rapidamente.

— Senti sua falta Rose, de verdade, todos nos sentimentos. — Ele murmurou.

— Eu sei, desculpe. As coisas nunca pareciam coincidir.

— Espere, eu tenho que resolver um problema, já volto. — E antes que pudesse falar qualquer coisa, meu primo já havia evaporado das minhas vistas.

Os amigos de Departamento de Alvo estavam ali, conversando animadamente com todos, muito bem habituados com o ambiente, o que seria era um tanto irônico, já que eu, mesmo pertencendo àquela família sentia um tanto deslocada.

Até mesmo Sofia Bergatini estava ali, sorridente, descontraída e ainda mais bonita do que imaginara. O que me levava a questionar porque Scorpius não viera juntamente com sua noiva? Será que ele ainda apareceria?

A família Weasley era dotada de muitas tradições. Tínhamos uma variedade delas, algumas peculiares, outras nem tantas, no entanto, dentre todas aquelas era uma das minhas preferidas. Em todo ano, logo depois da badalada de meia noite, reuníamos todos os presentes para fazermos um amigo secreto improvisado.

Funcionava de uma forma bem simples, sorteávamos os nomes dos presentes, e tínhamos apenas alguns minutos para desenvolver um presente para o nosso amigo secreto. Era divertido, além de sempre termos que ser criativos na hora dos presentes já que o tempo era limitado. Eu fora a primeira a pegar o papelzinho com o nome do meu amigo secreto e me senti extremamente confortável ao pegar meu pai como mesmo.

Antes de finalizarmos aquela parte da brincadeira e cronometramos o tempo estimado para elaboração do presente, Scorpius apareceu meio afobado no meio do jardim. Foi difícil controlar a forma como meu coração batia dentro do peito, e, mais difícil ainda de tentar desviar o olhar dele.

Ele sentou-se ao lado de Zabine e Alvo e sorriu levemente para Sofia, quando pegou o ultimo papelzinho que tinha na mão de James, já que eles sabiam que Scorpius viria de qualquer forma.

Quando finalmente formos liberados para elaboramos o presente, tratei de respirar longamente e jogar meus anseios para escanteio e agir normalmente. Era bom rever ele, mais tinha em mente que as coisas eram muito diferentes agora.

Enquanto observava todos a minha volta se movimentar em ansiedade e confusão, continuei sentada em minha cadeira, apenas esperando o momento que compartilharíamos novamente da brincadeira. Definitivamente havia tido sorte ao pegar papai, já que havia trazido um presente para ele de qualquer forma.

 — Você não parece muito interessada na brincadeira. — Sofia surgiu inesperadamente ao meu lado, tomando o assento perto de mim. — Sofia Bergantini. — Ela sorriu.

— Rose Weasley. — Falei tentando soar calma, enquanto devolvia um sorriso amarelo em sua direção. Não me sentia nenhum pouco a vontade naquela situação.

— E pois é, você e a famosa Rose. — Ela ajustou-se em seu lugar.

— Bem, é você e a famosa Sofia. Uma das melhores investigadoras do Departamento de Aurores e noiva de Scorpius. — Arrependi-me no momento em que as palavras saíram da minha boca.

Não sabia até que ponto aquela mulher tinha conhecimento do meu envolvimento com seu futuro marido e, não tinha direito de interferir na vida dele de qualquer maneira. Entretanto, ela não pareceu se incomodar muito pelo contrario, ela soltou um sorriso com isso.

— É estranho sabia, Alb e Scar falaram tanto de você que até parece que lhe conheço há anos. — Senti meu coração acelerar bruscamente quando ela usou o apelido que costumava usar com Scorpius, é uma pontada de ciúmes inevitável tomou conta de mim ao perceber que não era a única que utilizava ele. Soltei um sorriso afetado, tentando não falar besteira. — Sabe Rose, eles amam muito você... Não tem ideia da falta que faz na vida deles.

— Serio? Não é bem o que parece. — retruquei mal criada, não conseguido manter meus sentimentos sob controle. E ela riu, divertidamente. Era frustrante, por mais que ela estivesse rindo, não sentia como se ela estivesse sendo irônica, ou tivesse apenas a intenção de me provocar, na verdade ela parecia estar relaxada, com a guarda baixa.

— Às vezes nem tudo é o que parece... Não devia acreditar em todas noticias que lê nesses jornaizinhos de quinta de fofoca. — E antes que pudesse questiona-la de fato ao que ela se referia, Sofia levantou-se, se distanciando de mim.

Deixei-me pensar por algum tempo em suas palavras me perguntando se estava ficando louca. Como deveria interpretar aquilo? O que ela estava querendo dizer afinal? Quando me vi levantar para afronta-la, James avisou que o tempo havia acabado e todos voltaram a se reunir nas cadeiras próximas, formando um circulo, com meu primo no meio.

Bufei, resignada, voltando ao meu lugar.

— Bem, então vamos começar pessoal, quem vai ser o primeiro? — James sorriu animadamente, enquanto vovô Arthur se levantava.

— Antes de qualquer coisa, eu gostaria de dizer que estou imensamente feliz hoje. Finalmente, depois de tanto anos, toda minha família está reunida novamente em um Natal. — Vovô Arthur começou tranquilamente, lançando-me um breve olhar. — Minha casa, está casa, por muitos anos, fora o lar dos meus filhos, e até de alguns genros e noras. — Ele sorriu docemente para Tio Harry e mamãe naquele momento. — Depois disso e claro, ela fora inundada pela alegria de ter muitas crianças nos fins de semanas, meus queridos netos. Os vi ao longo dos anos crescerem, deixarem de precisar de apoio para caminharem sozinhos, e trocar os velhos brinquedos, por livros de Hogwrats. Presenciei com muito orgulho cada um deles crescer, tive a oportunidade de aconselhar e tentar passar um pouco do que aprendi com a vida para eles, de todos eles... Alguns estavam constantemente me preocupando... Não por ama-los mais, como já fui acusado. — Ele pausou rindo. — Mais porque alguns eram tão parecidos com os pais, que chegavam a assustar... Por isto, essa garotinha em especial, me preocupou em grande parte da minha vida. Até agora. — Vovô se calou por algum tempo. — Vocês já sabem que e uma garota e que e minha neta. — Ele adicionou descontraído. — De qualquer maneira, eu a vi crescer como todos os outros, a vi, assemelhar-se muito aos seus pais, vi o quanto era brilhante e determinada em tudo que fazia... Se ela queria, bom, ela ia lá e conseguia... Sempre logica como sua mãe, sempre confusa como seu pai... Às vezes a inteligência exagerada e a forma disciplinar que levava sua própria vida lhe impediam de enxergar as coisas mais simples da vida.   — Senti as lagrima inundarem meu rosto naquele momento, sabendo que aquelas seriam apenas as primeiras lagrima que derramaria naquela noite.  — Ela era brilhante, aluna exemplar, uma boa garota, amiga leal, e uma moça admirável. A vi chorar algumas poucas vezes em toda sua vida e, na maioria das vezes, pelo mesmo motivo; sua fixação em ser perfeita, em agradar a todos em sua volta, ela era incrivelmente capaz de abrir mão de seus próprios desejos para fazer quem ela amava feliz. Altruísta demais. Sempre disposta a servi. Ao longo dos anos, a vi poucas vezes ser egoísta com as pessoas, sempre preocupada com todos. Sempre disposta a fazer o impossível por quem ela amava. Por algum tempo tive a chance de observar o quanto aquela garotinha que vi crescer tão de perto, finalmente se permitir, observei aos poucos como ela sorria com facilidade, e como seus sentimentos não pareciam lhe assustar mais... E tive a chance de presenciar sua mãe brigar com ela pela primeira nota mediana que ela tirara na vida, e, embora todos soubessem exatamente o motivo e quem ele era, ignoraram por saber que no momento certo ela nos diria. Não aconteceu, nada aconteceu como prevíamos com ela na verdade, ela por algum tempo se manteve inalcançável para muitas pessoas, mais a vendo aqui, hoje, vejo o quanto aquela garotinha cresceu e tornou-se uma mulher forte. Tenho muito orgulho dela, de tudo que ela faz, e da forma que mesmo distante ela aprenderá a valorizar a sua família, afinal de contas, eu, ela, e todos nós sabemos que o laço mais poderoso do mundo é a família, e que aqui ela sempre terá um lar, então hoje, eu gostaria de dar as boas vindas novamente a ela, e lhe dizer que acima de qualquer coisa, ela deve-se lembrar de que às vezes, as coisas não precisam fazer sentindo, precisa apenas ser vivida, Rose.  — Levantei-me com as pernas tremulas, tentando controlar a enxurrada de lagrimas que ainda desciam pelo rosto, caminhando diretamente para os braços abertos do meu avô. Aquelas palavras havia mexido comigo de uma menira que não conseguiria nem mesmo descrevê-las. Com as mãos tremulas e as lagrimas ainda rolando pelo meu rosto, desembrulhei a pequena caixa que ele havia me entregado, sorri abertamente, quando vi o delicado colar com um pingente de rosa vermelho.

Agradeci com alguns beijos em seu rosto e ele ajudou-me a colocar o colar que me dera. Depois de observar brevemente as pessoas, notei que a maioria estava tão emocionada quanto eu e vovó Arthur. Suspirei.

— Não preciso nem dizer que depois desse discurso, qualquer coisa que alguém viesse a falar aqui seria reduzida a nada. — Resmunguei, arrancando alguns sorrisinhos dos meus familiares. — Decidi de ultima hora vir para Toca neste Natal, afinal meus planos era o mesmo dos últimos quatro anos, estudar alguns casos, adiantar todo trabalho possível e almoçar com meus pais na semana do ano novo. E então, sei lá, aqui estou eu, sendo impulsiva como na maioria das decisões que já tomei na vida, assim, realmente do nada decidi fazer as malas e matar um pouco da saudade que sentia de vocês, de todos vocês. — Soltei um breve sorriso, controlando as lagrimas que ainda se acumulavam em meus olhos. — Pegar essa pessoa como amigo secreto foi uma sorte muito grande... — Pausei dramaticamente. — Até porque de qualquer forma eu já tinha um presente para ele... Posso afirmar com toda certeza do mundo que ele é uma das minhas pessoas favoritas, ele me embalou e cuidou de mim por muito tempo em minha infância, presenciou os meus primeiros passos, ajudou-me a levantar em todas as vezes que cai, e na adolescência foi uma das pessoas com maior capacidade de desvendar até mesmo aquilo que não sabia que sentia. — Sorri sinceramente. — Foi meu herói, é o meu herói. Ensinou-me a dar valor a família, a sempre buscar ser íntegra e correta e a perdoar. Foi quem me conduziu a vida, quem me presenteou com sua presença em todos os momentos importantes e me apoiou mesmo quando ele não concordava com minhas decisões, em resumo, ele foi o pai que qualquer um gostaria de ter, o melhor sem sombras de duvidas. — Ronald abraçou-me apertado, beijando meu rosto algumas vezes, antes de pegar seu presente.

Aos poucos, com discursos breves e cheios de sentimentos, as pessoas foram revelando lentamente seus amigos secretos. E durante quase todos os momentos, sentia meu coração prestes a escapar pela boca, como se de alguma forma, algo me preparasse para o que estava por vir.

Quando Scorpius caminhou até o centro do circulo, com dois pacotes nas mãos e um sorriso meio afetado no rosto, eu senti todo meu corpo tremer... Em ansiedade, expectativa e saudade. Muita... Muita saudade.

Ele foi breve em seu discurso, até porque naquela altura todos sabíamos que seu amigo secreto era Alvo. Apenas reafirmou o valor que a amizade do meu primo significava para ele e entregou-lhe um dos pacotes. E quando imaginei que todos voltariam a dividir-se em suas próprias conversas paralelas, e até despedindo-se para irem para suas casas, Scorpius pigarreou como se estivesse nervoso e Alvo deu um tapinha em suas costas antes de voltar a sentar-se em seu lugar.

Ninguém parecia muito surpreso por ele ainda continuar ali, segurando uma caixinha preta de veludo.

— Bem... — Ele começou lentamente, com a voz rouca, fazendo com que meu coração batesse contra meu peito com toda força que possuía, deixando-me momentaneamente sem ar. — Eu imaginei esse momento algumas vezes na vida, e em todas elas, conseguia visualizar a mesma garota. — Ele sorriu sincero, enquanto fixava seus olhos no chão. — Claramente em todas as vezes que imaginei, não conseguia me visualizar exatamente nessa situação, em uma noite como essas... Em primeiro lugar eu gostaria de dizer que esta garota; esta bendita garota é maluca! — Alvo riu alto, enquanto apertava as mãos de Sofia entre as suas. Senti meu mundo girar lentamente, conforme percebia que Scorpius estava prestes a fazer um pedido oficial para ela. Ali, bem no meio da noite de natal d’Toca. — Ela é intensa, inteligente, complicada, confusa, altruísta, confusa, linda, estupidamente linda, mandona, eu já disse confusa? Pois bem, ela é, definitivamente, demasiadamente confusa. Porque vejam só, ela me prometerá que em algum momento da nossas vidas, quando estivéssemos preparados para um relacionamento serio ela voltaria para mim. Ela prometeu. — Os olhos de Scorpius se encontraram com os meus, no meio de todos os outros e senti um enjoo subindo pela minha garganta. — E eu disse que esperaria independente do tempo que passasse, porque definitivamente eu a amava demais. Mais do que seria supostamente saudável. Não foi fácil passar tanto tempo longe, ainda mais, sabendo que as coisas pareciam cada vez mais enroladas e, ela cada vez mais divida. E tudo bem, porque quando eu aceitei esperar por ela, eu aceitei o pacote completo, incluído seus medos e anseios, e sua personalidade conflitante. — Ele pausou pensativo, enquanto eu tentava entender o que diabos estava acontecendo ali. Mal podia respirar. — Eu sou louco por essa garota, então vocês devem imaginar a minha surpresa, decepção e frustração, quando no inicio da semana eu recebo uma carta, uma maldita carta, onde ela dizia tudo que gostaria de ouvir durante todos esses anos, porque ela viu uma maldita matéria, falsa por sinal, já que Sofia e Alvo compartilham desse relacionamento estranho deles, em que não precisa realmente se assumir para estarem satisfeito consigo mesmo, dizendo que estava noivo da garota de um dos meus melhores amigos. — Perdi todo o folego, escondendo meu rosto em minhas mãos tremulas, sentindo um peso enorme sair das minhas costas automaticamente ao processar aquelas informações. Eu era uma maldita estupida, burra.  — E então, eu decidi que já estava na hora de confrontá-la de uma vez por todas, então podem imaginar o tamanho da minha surpresa quando Alvo me liga informando que a garota que fui buscar estava aqui, onde ela sempre deveria estar de qualquer maneira. — Funguei, tentando controlar as lagrimas que corriam soltas pelo meu rosto naquele momento. — E aqui vai a sua resposta, bem eu me importo, me importo ao ponto de largar tudo e ir de encontro a você, com o anel de noivado da minha família, pronto a te fazer entender que não existe e nem nunca existiu outra mulher que eu desejasse ao meu lado além de você, então, Rose, o que me diz? — Scorpius resmungou, parando em minha frente, estendo suas mãos para mim, fazendo-me levantar para encara-lo nos olhos. — Casa comigo?

E antes que conseguisse formular qualquer resposta coerente, joguei meus braços em volta do seu pescoço e beijei-o em um misto de saudade, desespero e felicidade. Ouvi ao fundo as palmas e os risos dos meus familiares, mais não me importei com aquilo, não naquele momento, enquanto os braços de Scorpius me envolviam com força e sua testa colava-se a minha, enquanto ele sorria feliz.

— Isso é um sim? — Ele perguntou baixinho, ainda selando meus lábios com carinho.

— Sim, isso é mil vezes sim, Scar. Eu amo tanto você.

— Merlin, eu também amo você Rose, você nem imagina o quanto. E eu prometo que enquanto eu respirar, você nunca estará sozinha. 

 

Pegue um pedaço do meu coração
E torne-o seu próprio, 
então, quando estivermos separados, 
você nunca vai estar sozinha, 
Você nunca vai estar sozinha (...)


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