A Escolhida escrita por kesiagarcia


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Obrigado pelos reviews!

Espero que gostem desse capítulo e bom leitura!

NÃO ESQUEÇAM DE COMENTAREM NO FINAL.



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Capítulo 2


— Carlisle?

 


Esme esperou que seu marido se erguesse na cama e a olhasse de frente. Seu marido estudou sua expressão antes de dirigir o olhar ao seu ventre ligeiramente abaulado.

 


— O que acontece?

 


— Absolutamente nada que tenha que ver com nosso filho, assim pode afastar esse olhar de preocupação de meu umbigo, muitíssimo obrigado!

 


Carlisle Murray Cullen, duque de Atholl e chefe do Clã dos Vampiros do Norte afastou o já indiferente olhar e suspirou.

 


— Esme, há momentos…

 


Esme esticou a mão e lhe acariciou a barba alourada de três dias.

 


— Momentos em que você pergunta por que me ama tão profundamente; sim, sei.

 


Carlisle não podia deixar de rir enquanto esperava que sua mulher lhe contasse o que a mantinha acordada.

 


— Estava pensando no futuro de nosso filho e… Carlisle, como vai encontrar uma companheira para toda a vida? Nossa raça está morrendo; cada século fica menor.

 


Seu marido não fez comentário algum. Esme se recostou e olhou o teto ornamentado em busca de respostas que não podia encontrar.

 


— Onde estão os Escolhidos? Quando chegarão? Necessitamo-los, Carlisle. Nosso filho os necessita. Não quero que termine como a maioria dos de nossa classe: sumidos na escuridão, sem vontade de viver.

 


James acariciou seus cachos castanhos quase avermelhados e suspirou.

 


— Talvez os Escolhidos sejam apenas uma lenda, Esme, mas você não precisa se preocupar vamos encontrar um caminho para chegar à frente, sempre o temos feito.

 


— Eles não podem ser uma lenda! O livro de história fala deles, da única linhagem humana que pode procriar com vampiros; se o encontrarmos, poderemos evoluir. Não voltaríamos a ter sede nunca mais, Carlisle, imagine isso. Imagina aos filhos de nossos filhos sem necessidade de sangue para sobreviver… tem que ser verdade. O livro de história não mente nunca, Carlisle.

 

 

 

Carlisle afastou as mantas. O chefe que levava dentro precisava afastar-se de sua emotiva esposa. Seus pés tocaram o chão. Queria pensar com lógica, como deve fazê-lo o líder de um clã.

 


Esme observou os ombros largos do homem que amava. Viu-o abaixar a cabeça e suspirar. Depois de um momento, estava de novo ao seu lado e a atraía para si, lhe acariciando o cabelo.

 


— Não tenha medo, meu amor, está tudo bem.

 


Esme assentiu com a cabeça apoiada em seu peito e disse com voz aflita:

 

— Geralmente sou tão infantil, já sabe. É a gravidez que me faz ver visões.

 

Carlisle riu entre dentes.

 

— Não temo esquecer que você está realmente feroz, carinho. Eu particularmente lembro-me de um campo de batalha na França, em que os homens se encolhiam apenas ao vê-la.

 

— E ao vê-lo — disse Esme, sorrindo.

 

Um pacífico silêncio caiu sobre eles enquanto o relógio de parede contava os segundos.

 

— E James? —perguntou Esme depois de um tempo.

 

O primeiro impulso de Carlisle foi afastar sua mulher, mas a abraçou com mais força.

 

— Vamos transformar isso em uma sessão de preocupações?

 

Esme acariciou lhe o braço com os dedos enquanto pensava em voz alta.

 

— Causou estragos no território do Clã Ocidental. Dez dos nossos foram exterminados, com o dobro de humanos. Não foram capazes de detê-lo e agora está na Inglaterra. No ritmo que vai James, alertará aos humanos de nossa existência e trará outra era de executores de vampiros! Chamam-lhe Ladrão de Sangue nos jornais; pensa-o, por tudo o que sabemos…

 

 

 

— Agora cale a boca. — Carlisle sabia que Esme tinha razão. Era o que James queria. Durante anos ele protestou contra as leis dos vampiros, aproveitando cada reunião como uma oportunidade para conseguir seguidores entre os súditos leais dos clãs. James queria vampiros para reinar sobre os humanos, e quando o proibiram, decidiu passar à ação sem contar com os chefes. Se conseguir que sua existência atraísse a atenção dos seres humanos, a guerra estalaria como ocorreu em outras ocasiões.

 

James era um perigo para sua raça, mas Carlisle não permitiria que Esme ficasse nervosa com este assunto, e muito menos o quando poderia afetar seu filho. 

 

 

— Ele irá parar querida. Ontem à noite recebi um comunicado de Angela dizendo que enviou a procura por Edward.

 

Esme arqueou as sobrancelhas enquanto se erguia para olhar Carlisle no rosto.

 

— Edward está em caminho? — Fazia muito tempo que não via seu velho amigo… muito tempo. Retirou-se depois da morte de Alice e se isolou de qualquer um que se preocupasse com ele. Esme tentou com todas suas forças tira-lo da escuridão que elegeu, mas fracassou. Apesar de sua pena, Edward seguia sendo o mais forte, um executor fiel da lei dos vampiros.

 

— Sim.

 

Esme suspirou e se aconchegou no peito do Carlisle e fechou os olhos. Se Edward estava em caminho, James não poderia causar problemas durante muito mais tempo.

 

— Muito bem. Vamos dormir.

 

 

***

 

 

Edward observou o líquido espumoso de seu copo e abafou uma maldição. Não queria mistura. Queria sangue.

 

A viagem de Moscou foi longa e pesada, e pela primeira vez em sua vida tinha os nervos a flor de pele.

 

— O homem do canto logo se aproximará de nós, príncipe.

 

Edward percorreu com o olhar o recinto do pequeno botequim. As mesas eram baratas, as cadeiras apenas se tinham em pé e os ocupantes ainda estavam em pior estado. Estava em uma guarida de ladrões e ainda por cima não parecia que fora por uma boa razão.

 

Apesar de terem encontrado a última vítima de James à volta da esquina naquela manhã, na mente daqueles homens não havia nada que se relacionasse com vampiros; só pensavam em violação e assassinato.

 

Deslocou-se na cadeira frágil, de costas para o rato de esgoto que havia no canto e que esteve fantasiando sobre a faca na garganta de Edward, sem mais finalidade que entreter-se, a partir do momento em que entraram naquele buraco sombrio horas mais cedo.

 

— Quer algo? —perguntou Edward, passando por cima o comentário de Jasper.

 

—Não, príncipe — respondeu Jasper, sem afastar a vista do rato em nenhum momento. Ao Edward divertiu o aspecto protetor do vampiro. Nenhum homem, independentemente de seu tamanho, era ameaça para ele, nem sequer no debilitado estado em que se encontrava.

 

Edward tamborilava na mesa com os dedos quando seu olhar se cruzou com a de uma empregada que passava. A garota sorriu e se ajustou o espartilho de cores brilhantes para fazer seus peitos se destacam em seus ossos frágeis.

 

— Então, o que vai tomar? — perguntou, inclinando o quadril e olhando primeiro para Edward e em seguida para Jasper; apesar de sua saia levantada e sua careta indicavam que não lhe importaria que tomassem a ela, Edward não voltou a olhar seu corpo seminu.

 

 

 

— Outro — disse, assinalando seu copo. A garota assentiu com a cabeça, obviamente decepcionada, e se dirigiu para o bar sujo que havia ao fundo.

 

Jasper pigarreou e passou a mão pelo cabelo. Ambos os tinham vestido informalmente para aquela vagabundagem, mas nem com uma singela camisa e uma singela calça podiam tomá-los por outra coisa que por cavalheiros.

 

— Possivelmente devesse me ocupar dele antes que cause problemas — disse com alguma hesitação na voz.

 

Edward olhou ao jovem sentado do outro lado da mesa. Jasper foi a ele fazia quarenta anos, assegurando que queria pagar sua dívida. Edward demorou um momento em recordar que quase dois séculos antes salvou aquele moço. O cabelo de Jasper escureceu um pouco e levava barba rala, mas os olhos seguiam sendo os mesmos. O moço esteve ao seu lado após. Seu leal servente.

 

— Não há necessidade, e em breve iremos.

 

Jasper olhou a seu redor e sacudiu a cabeça com asco. Edward compreendeu aquele gesto. Os homens que se apinhavam ao redor das mesas eram, como pouco, ladrões. O homem meio calvo e com mechas imundas no crânio que sentava duas mesas mais à frente acabava de lhe dar uma surra a um velho para lhe tirar o dinheiro. O muito bastardo só encontrou umas míseras moedas no bolso do homem, mas desfrutou enormemente com à visão do sangue que haviam manchado suas mãos.

 

— O rato está a ponto de aproximar-se — advertiu Jasper sem deixar de observar ao tipo que brincava com uma faca no canto do botequim. Edward leu a mente daquele homem e sabia que com ele não tinha nem para começar.

 

 

 

Ele bebeu um gole da insípida cerveja de Jasper para apagar o gosto amargo que ele sentiu recordando o pensamento do homem, que tinha rapidamente descartado. Ele era um estuprador e assassino que estava pensando em visitar essa mesma noite, uma casa pintada de laranja, que tinha visto uma menina de cerca de cinco anos, com um belo cabelo loiro.

 

— Aqui senhor — disse a garçonete, deixando a cerveja sobre a instável mesa e ainda sorrindo, com a esperança de que os cavalheiros mudassem de idéia.

 

— Obrigado. — Edward assentiu com a cabeça e lhe deu moedas suficientes para pagar a bebida e alimentar-se durante várias semanas.

 

— OH, senhor… — disse a mulher, apenas sem fala. — Eu… eu agradeço com todo meu coração, realmente que sim!

 

Edward viu que Jasper ficava tenso e soube que a noite se voltaria ainda mais desagradável do que foi até então.

 

— O que temos aqui, Jessica? Está ofendendo a você este tipo? —O rato se aproximou da mesa e agarrou as moedas da mão da garçonete.

 

— John, por favor! —protestou Jessica fracamente.

 

Edward observou o breve diálogo com os olhos entreabertos. Aparentemente, John era um cliente regular daquele casebre e acreditava que poderia perturbar os recém-chegados sem que o proprietário pusesse senões. Edward era um homem de poucas palavras, mas queria ajudar a mulher e disse calmamente:

 

— Dê as moedas para a garota e vai-lhe.

 

John emitiu um grunhido.

 

— Acho que não. Você ofendeu nossa Jessica e você vai pagar.

 

Jasper colocou-se em pé, mas Edward o impediu. Era óbvio que John acreditava que sua estatura e seus largos braços os intimidariam. É uma pena que também tinha a cabeça de cortiça. Edward esperava não ver-se na necessidade de lhe dar uma lição.

 

 

 

— Só vou lhe dizer mais uma vez. Dê as moedas e voltar para seu canto.

 

As gargalhadas encheram o casebre quando John assinalou com a cabeça a vários cupinchas, que foram aproximando-se à mesa sorrindo, com as intenções escritas no rosto.

 

— Por favor, John, lhe deixe em paz! — gritou Jessica ao John no momento em que Edward jogava atrás sua cadeira, riscando o chão com os pés tão duro que acordou que despertou os hóspedes que dormiam no piso de acima.

 

A mente de Edward não deixava de dar voltas enquanto esperava que atacassem os rufiões. Por que se incomodava com aquela escória? Não tinha o costume de interferir em assuntos humanos. Sim, deixar ilesos a aqueles bastardos aquela noite significaria que a menina em que pensava John não viveria para ver o dia seguinte e que muitas outras pessoas resultariam feridas, mas isso não era assunto dele. Era o protetor de seu povo, os vampiros, e já era carga suficiente para ter que sentir-se responsável além das vidas de milhões de seres de outra estirpe.

 

Houve muitíssimos inocentes… tinha visto morrer a muitíssimos inocentes em sua vida; mulheres, meninos e anciões aqueles que ele não poderia salvar.

 

Mas podia salvar à menina. Por todos os infernos, vá incômodo!

 

Os homens se olharam entre si e logo centraram a atenção em Edward.

 

A lei do Clã estabelecia que nenhum humano podia ser ferido a menos que atacasse a um vampiro. Ele dedicou sua vida a defender a lei do Clã, assim Edward esperou. Um, dois, três, quatro… passaram os segundos; aos dez segundos estariam em cima dele e começaria a lição.

 

— Você leve a Jessica daqui.

 

Jasper assentiu com a cabeça. Nunca discutiu uma ordem de Edward, mas era óbvio que não tinha nenhuma graça deixá-lo só na briga que vinha.

 

— Bom, bom, o que temos aqui?

 

 

Edward viu o pequeno calvo mover-se para ele com expressão de desprezo. Era três, um número decepcionante. O feio malfeitor que estava perdendo o cabelo, um magricela com o nariz torcido à esquerda e o animal que se chamava John. Ele gostaria de fazer um pouco de exercício, mas não era provável que aquele lamentável grupo lhe permitisse mover-se a consciência.

 

— Seja um bom menino e esvaziem-se os bolsos. — O feio ensinou uma faca oxidada enquanto se aproximava. Edward se limitou a olhá-lo e a franzir o sobrecenho. O aroma do entusiasmo daqueles sujeitos lhe dava náuseas, mas o aroma de seu sangue lhe abria o apetite.

 

— Então apressa — disse com simplicidade, olhando fixamente a faca. O feio se sentiu ofendido por sua atitude e investiu por um lado. Os clientes correram para a porta enquanto Edward esquivava com facilidade o ataque, saltava de lado e enviava o homem voando sobre várias mesas até o outro extremo do local.

 

 

A seguir carregou o do nariz torcido, com a faca levantada. Edward levantou uma mão e segurou o homem pelo pulso, rompendo lhe vários ossos. John retrocedeu um passo quando seu cupincha caiu a terra, gritando de dor.

 

Edward olhou para onde estavam os dois homens caídos e perseguiu o terceiro, que tinha posto-se a correr para a porta. Apanhou John pelo pescoço no momento no que o último cliente saía do edifício. O rufião girou sobre seus calcanhares com a faca para frente e arranhou seu peito. Dando um grunhido, Edward o atirou no chão e lhe deu tal pisão na perna que ouviu estalar os ossos.

 

— Agora, até as meninas correrão mais depressa que você — disse, acariciando-se com um dedo o corte da camisa. A ferida deixou de sangrar um segundo depois de que lhe arranhasse a faca, mas a camisa necessitava um cerzido. Melhor ainda, queimá-la-ia.

 

 

 

John estava imóvel, desacordado por causa da dor. Edward não sentia nenhuma satisfação por aquele alarde de violência; mas bem se sentia vagamente enjoado.

 

Afastou-se do corpo encolhido e saiu do casebre. Jasper estava apoiado na parede, com as pernas e os braços cruzados.

 

— Você lidou com a mulher?

 

Jasper assentiu com a cabeça.

 

— Não terá que voltar a trabalhar, a menos que queira.

 

— Bem. — Edward começou a caminhar sem dizer uma palavra.

 

***

 

 

Embora um humano demorasse pelo menos sua boa meia hora, os dois vampiros só levaram uns minutos para chegar à residência de três pavimentos em Park Lañe.

 

— Notifica ao chefe do Clã do Norte nossa chegada — disse Edward, entrando em seu estúdio e fechando a porta. Estava escuro. Uma só vela ardia sobre a mesa que havia no centro da habitação. O pó que se acumulou nas grossas cortinas formou desenhos negros sobre o tecido verde e o papel de parede cor Borgonha estava desgastado nas bordas; fazia mais de uma década que não punha os pés naquela casa.

 

— Príncipe — disse Jasper, entrando na habitação.

 

— Sim?

 

— Acaba de chegar um mensageiro do duque com uma missiva.

 

Edward pegou a carta.

 

— Obrigado, Jasper. Agora vá descansar.

 

Jasper assentiu e desapareceu pelo corredor, enquanto Edward terminava de ler.

 

Pelo visto, a noite estava apenas começando.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Esta ai mas um cap. Espero que tenha gostado.

Esperando novos reviews aqui para poder continuar a posta.

bj*