— Qualquer coisa você pode falar com o diretor, sabe disso.

— É, eu sei. Mas eu sou profissional, Alya. Não posso me negar a fazer essa cena do beijo apenas porque me sinto desconfortável. – encarou a rua movimentada pela janela da cafeteria. Sabia que talvez “desconfortável” não fosse a palavra exata.

— Parece que é sua primeira cena de beijo. – a morena riu.

— Pois é. Não posso parecer nervosa. – disse para mais para si mesma.

— E porque exatamente você está nervosa? Por acaso está gostando do Agreste? – Alya sorriu sugestiva e Marinette arregalou os olhos.

— O quê? Claro que não!

— Negou muito rápido. – a garota rolou os olhos e tomou um gole do café.

— Eu só est...

— Ai. Meu. Deus. Marinette e Alya?! Eu sou muito fã de vocês! – uma garota com aparentemente quinze anos, parou ao lado da mesa onde as duas estavam sentadas – Será que eu poderia tirar uma foto com vocês?

— Claro. – sorriram. A garota rapidamente pegou o celular e tirou uma foto com Alya e depois com Marinette. – Qual é o seu nome? – a azulada perguntou.

— Me chamo Alexia. Preciso dizer que estou muito ansiosa para ver vocês em Miraculous!

— Que nome lindo! – Alexia sorriu – Bem, estamos fazendo o possível para o filme ser bom e agradar os fãs. – a garota abriu um sorriso maior ainda e uma mulher que parecia ser a mãe dela, a chamava na porta do estabelecimento.

— Agora eu preciso ir, mas foi muito legal encontrar vocês.

— Igualmente, Alexia. – antes de sair, parou como se tivesse esquecido de algo.

— Ah, Marinette... Você e o Adrien são muito lindos juntos! – dito isso, a garota saiu correndo e acenando. A azulada repetiu o gesto, porém meio estática pelas palavras de Alexia.

— Confesso que o Agreste pode ser um babaca que está em fase de crescimento de caráter, mas tenho que concordar com a garota. – deu de ombros.

— O-O q-quê? – Marinette quase engasgou com a própria saliva.

— Ah, vocês só ficam bonitos juntos. Nada demais. – a azulada suspirou.

— Seria loucura demais eu admitir que talvez, mas só talvez não ache essa ideia tão absurda? – foi a vez de Alya quase se engasgar.

— Jura? Não achei que fosse admitir tão cedo. Você não é assim, o que aconteceu com a minha amiga? – colocou a mão na testa de Marinette – Por acaso está febril?

— Para com isso! – deu um tapa na mão da amiga e as duas riram – O Adrien também não era gentil, então acho que posso dizer que as pessoas mudam.

— Talvez você tenha razão mesmo.

— É, talvez eu tenha.

***

Adrien bufou novamente e encarou seu reflexo no espelho, em seguida leu novamente o roteiro e respirou fundo. Qual é?! Ele era um ator, tinha que fazer certo!

— Porque é tão difícil parecer natural? – se concentrou tentando entrar no personagem e encarou seu reflexo novamente – Marinette, eu preciso... Preciso de você.

— Que lindo! – Nino entrou batendo palmas, fazendo com que o garoto saltasse assustado.

— Caramba Nino! Quer me matar do coração?! – o moreno começou a rir.

— Desculpa, mas você estava de costas e tão concentrado que eu não podia perder essa oportunidade.

— Vou te perdoar só porque está no contrato. – brincou enquanto Nino se aproximava e verificava a o roteiro.

— Está ensaiando a cena do beijo, hein?! – fez uma careta sugestiva.

— Sim e estou muito frustrado por não conseguir parecer natural.

— Ué, mas não é sua primeira cena de beijo. Está assim só por se tratar da Marinette, não é? – Adrien parou um pouco para pensar no que sentia sobre a azulada.

No começo das filmagens a presença da mesma não fazia tanta diferença, mesmo que ela fosse a protagonista. Mas depois a garota tinha chamado sua atenção e quando tentou se aproximar dela, tomou quase que um fora. Sorte sua que tinha Nino, que abriu seus olhos quanto ao seu comportamento e fez com que ele tivesse vontade de mudar.

Logo depois ele e Marinette ficaram mais próximos, com isso o trabalho dos dois melhorou muito pela química dos atores estar nitidamente melhorada também. Porém o loiro sabia que não era só isso. A atriz chamava sua atenção de outro jeito, não era mais apenas curiosidade.

— Talvez.

***

— Está nervosa?

— Um pouco, mas vamos lá. – enquanto Marinette, já trajada de Ladybug, caminhava ao lado de Alya até o local onde seria filmada a cena do beijo, aproveitou para refletir sobre o que sentia em relação à situação que se encontrava.

Oras, era só uma cena de beijo como todas as outras que já fez. Mas porque ela estava tão nervosa?

Tudo bem que Adrien era bonito e parecia realmente estar se esforçando para ser mais legal e menos detestável, logo deixando Marinette mais confortável perto dele. Mas ela não podia estar desenvolvendo o famoso sentimento por ele, não é? Eles mal se conheciam.

Mas Marinette não podia negar que estava interessada em conhecer Adrien.

— Não acredito que tive que vir logo hoje! – ouviu Chloé resmungar com Sabrina, provavelmente indignada com o fato de ter que presenciar a cena de beijo mais aguardada por todos.

— Certo, então vamos fazer isso. – o diretor esfregou as mãos animado, fazendo com que a equipe risse da sua empolgação. – Primeiro fiquem nos seus lugares.

Marinette e Adrien caminharam meio nervosos e pararam em suas posições. Ambos estavam com seus trajes de heróis, porém sem a máscara. Seria assim que o beijo iria acontecer.

O diretor deu as coordenadas para a equipe de efeitos especiais e em seguida a água começou a cair, simulando a chuva e molhando Marinette e Adrien. Assim que o diretor autorizou o início da filmagem os dois correram um para o outro e trombaram quando pararam.

— Você está bem? – Chat Noir falou com um tom preocupado.

— Eu... Eu estou... Só que eu... – Ladybug baixou a cabeça e logo sentiu os braços de Adrien ao redor de si.

— Não se preocupe, eu estou aqui com você. – Marinette levantou a cabeça lentamente e os olhares se encontraram. A azulada deu um leve suspiro e desviou o olhar.

— Eu não sou a heroína que Paris precisa. Eu sou fraca, ninguém precisa de mim. – Adrien segurou o queixo dela, a fazendo olhar para si lentamente.

Os corações de ambos estavam disparados, não só dos personagens mas sim dos atores também.

— Marinette, eu preciso... Preciso de você. – as respirações estavam cada vez mais próximas e foi questão de segundos para que os lábios se encontrassem de uma maneira calma e angelical.

Nenhum dos dois sabia ao certo descrever a sensação ou sentimento que tiveram quando os lábios se tocaram. Talvez essa fosse a grande vantagem de tudo, eles não precisavam descrever nada, só sentir.

Os dois atores nem se preocuparam com a equipe na volta ou com o que acontecia. Apenas estavam envolvidos no momento sem pensar que o beijo poderia ter fim.

— E... Corta!