Lá estava eu de novo esta noite forçando o riso, fingindo sorrisos

O mesmo lugar velho e solitário

Paredes de falsidade

Olhares perdidos e vazios sumiram quando eu vi o seu rosto

  Tudo o que posso dizer é que foi encantador conhecê-lo  

 E ela sorria para mais um dos parceiros de negócios de seus pais e imaginava se ele podia sentir a falsidade em seu sorriso. Provavelmente não, pois ele continuava lhe lançando elogios. Ela apenas ignorou, estava acostumada com homens trinta anos mais velhos tentando flertar com ela.

 Seus olhos examinavam o perímetro enquanto tentava manter uma conversa com as pessoas presentes na mesa. Então ela elogiou o anel de noivado de Keitlin Gray, porque é isso que uma boa garota deve fazer. Ela pode sentir sua mãe lhe lançar um olhar de orgulho, e ela soube. Soube que estava fazendo direito, estava sendo a dama que sua mãe queria. E ela cerrou os dentes.

 Ela queria gritar bem alto "Vocês tem mesmo que ser tão falsos?", mas continuou pacifica.

 Ela ouvia comentários machistas, racistas e homofobicos e mordia sua língua para não dizer nada fora do decoro. Ela ficava lá, ouvindo todo tipo de fofoca mesquinha, que sabia que não passava disso. Fofoca. 

 Seu vestido a incomoda, ela não queria vesti-lo, mas ela não tinha o direito de escolher seus vestidos. Usava o vestido verde esmeralda, enquanto desejava usar o vermelho escarlate. Os pés doíam, mas ela também não tinha escolha além de usar aqueles saltos.

 E ela olha para sua irmã e se pergunta porque não pode ser como ela. Petúnia Evans parecia completamente a vontade. E ela notou, seus pais não a olhavam como se ela fosse cometer uma atrocidade e sim com orgulho. Mas isso era claro, pois Petúnia era uma Sonserina.

 E quando ela tirou seus olhos da irmã, os mesmos pararam em um garoto. E ela não mais participou da conversa sobre como as garotas devem se manter em casa para cuidar das crianças. Ele não era como todos na sala, ela pensou. Ele não sorria falsamente e nem mantinha uma conversa com as várias pessoas de sua mesa. 

 E então ela soube, era o tal James Potter. Seus pais lhe disseram para ficar longe dele.

Seus olhos sussurraram "já nos conhecemos? "

Do outro lado da sala sua silhueta

Começa a fazer sentido pra mim

A conversa brincalhona começa

Contra todas as suas observações

Rápidas como passar bilhetinhos

E foi encantador conhecê-lo

Tudo que posso dizer é que eu estava encantada em conhecê-lo

E ele deixou uma pergunta sub entendida em seu olhar "Já nos conhecemos?", mas ela apenas sacudiu a cabeça virando se para a Sra. Wood ao seu lado e elogiando seu colar. Como se ela se importasse com a esmeralda pendurada em seu pescoço.

E ela viu Sirius Black olhando sugestivamente na direção dela e do garoto, mas ela lhe deu um nada delicado chute por baixo da mesa, e aquele foi o primeiro ato voluntario da garota naquela noite. 

 Seu pai conversava com um sócio no outro lado da mesa e sua mãe havia acabado de sair para o toalete. Mesmo assim ela sabia que haviam outros olhos nela, sabia que era analisada por muitos naquela sala.

  E então ela não acreditou quando ele passou por ela e foi para a pista de dança, e acreditou menos ainda quando ela o seguiu. E ela sentiu os olhares curiosos de dezenas de pessoas. Um arrepio passou por sua espinha ao pensar no que sua mãe faria, mas aceitou as mãos do rapaz em sua cintura e rodeou os ombros dele com seus braços.

 E eles dançaram aos olhos da elite do mundo bruxo. Muitos não notaram, concentrados demais em suas conversas superficiais, os que notaram não disseram nada, estarrecidos. Ela viu Amos Diggory, e sentiu medo da reação que ele podia ter. Mas quando James Potter a puxou para mais perto, mais perto do que a etiqueta permitia, todos os pensamentos negativos se esvaíram. E era só ela, uma garota normal, e ele, um garoto normal, dançando. 

 E ele se apresentou e ela também, apesar de já saberem o nome um do outro. E eles conversaram sobre o quão idiota aquela festa, ele disse "Ela acabou de se tornar interessante" e ela ruborizou. Eles conversaram e fizeram piada sobre a festa. E eles dançaram outra música, mas ela teve que ir para sua mesa -sua mãe estava chegando e ela não poderia saber, não poderia.

 E novamente, lá estava ela com os mesmos assuntos elitistas, e agora todos a olhavam de canto, se perguntando, é claro, o que diabos ela estava fazendo com ele. Mas ela sorria e agia como se estivesse normal, pois era isso que todos esperavam dela. E uma mulher requintada deixou explicito para sua mãe que ela talvez não pertencesse a Amos Diggory, e ela fingiu não ouvir. Pois é isso que eles faziam, fingiam não ouvir.

 E ela não viu James Potter de novo naquela noite, e não teve a chance de dizer que foi encantador conhece-lo.

 E ela sabia que seria só isso, pois tinha que fazer o que esperavam. E ninguém esperava uma Evans e um Potter juntos. Então foi só isso, uma dança. Na verdade, doze danças. Uma dança para cada festa chata e sem fotógrafos em que eles iam. 

 E não, eles não ficaram juntos. Porque aquilo não fazia parte dos planos da elite.