Do trono ao cadafalso escrita por Evil Queen 42


Capítulo 5
Capítulo V


Notas iniciais do capítulo

Voltei ♡



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"Há tempos não escrevo, pois aqui iria relatar nada além de grandes aborrecimentos. Mas o pior ficou no passado, receberam-me novamente na Corte e voltei ao serviço da Rainha mãe. Estou em outro quarto, agora durmo perto dos aposentos Reais, creio que o Rei tem algum propósito com isso; Porém, estou na companhia de outras damas, não estou sozinha.   

O castelo está bastante animado, aproveito mais dessa vez. Acho que pude amadurecer um pouco no tempo em que passei fora, tal como a ferida aberta deixada por minha separação de Sasori já não dói. Aproveito muito mais o que acontece por aqui. Falcoarias, caça... Ouvi dizer que Sasuke esgota vários de seus cavalos num só dia em combates e justas. Todas as noites tocamos, cantamos e dançamos. Minha voz é bastante apreciada por todos, inclusive muito elogiada pela Rainha mãe; Ela já mostra bastante a sua idade, suas damas parecem brilhar mais do que ela própria. 

Meu pai está em mais elevada posição, minha mãe passa seus dias mais serena; A mim, vigia com atenção e sem nada dizer. Obviamente que estou a cargo do meu pai e este já tem planos para mim, no entanto, também mantém-se em silêncio.

Orochimaru está cada vez mais rico e poderoso à medida que o tempo passa, graças à confiança que nosso Rei tem nele. Ele nunca me vê, nem mesmo quando passo diante de sua pessoa. Parece ter esquecido totalmente do castigo que impôs a Sasori, tal como a dor que nos causou. Mas eu recordo, ah, como recordo! Jamais irei perdoá-lo, mesmo que meu coração supere a perda. Sasori, pobre homem, continua banido da Corte e nem sei se voltará. Meu coração tornou-se mais frio e rígido desde que o perdi. Nenhum pretendente me interessa, embora tenha vários. Não quero que meu coração novamente sinta amor, pois esse sentimento causa dor e angústia. Sei que meu papel é participar desse jogo como uma peça fundamental, que conquistará o Rei a fim de obter prestígio, mas não sou obrigada a sentir algo. Sou como um bonito ornamento, um mero objeto para se comprar ou vender.  Dessa forma, não entregarei a ninguém o meu coração."

(...) 

 Sarada sentiu seus olhos se encherem de lágrimas. A cada linha que lia, sentia mais pena de sua mãe e mais ódio de todos aqueles que a usaram como um insignificante objeto. 

Era claro, pelas palavras de Sakura, que ela perdeu seu grande amor e foi obrigada pela família a se entregar para um homem que não amava.

A Rainha ouviu batidas na porta e ficou em silêncio, acreditando ser alguma de suas damas. Já tinha dispensado todas, mas sempre tem aquela mais devota e preocupada. Se ela não dissesse nada, seria como se estivesse dormindo. 

Todavia, as batidas não cessaram. A morena estava começando a ficar irritada quando ouviu uma voz bastante familiar do outro lado.

– Sarada, sou eu.

Mais do que depressa ela se levantou, sequer se deu ao trabalho de fechar ou guardar o diário, então foi até a grande porta de madeira e a abriu.

– Boruto, o que faz aqui? Deveria estar dormindo. 

– Fiquei preocupado com você. Posso saber por que estava chorando?

– O diário... - Suspirou - Cada vez que leio, mais incertezas tenho. Meu pai tinha uma noiva, sabia? 

– Noiva? - O rapaz arregalou seus grandes olhos azuis - Pensei que ele tivesse desposado a amante.

– Era um noivado sólido, para firmar uma aliança. 

– Então seu falecido pai amou muito sua mãe. 

– Mas ela não sentia o mesmo. - A morena abaixou o olhar - Foi cruelmente afastada do homem que amava, obrigada a seduzir meu pai para ganhar favores. Isso é nojento.

– Ler esse diário não está lhe fazendo bem. - O Uzumaki falou sério - Seria melhor parar.

– Não. - Retrucou - Agora estou cada vez mais perto de descobrir a verdade sobre a minha mãe. Não vou parar! 

– Olha... Me escuta...

– Não! - Bradou - Não! Me escuta você! Boruto, você cresceu perto dos seus pais, conhece sua história; Mas comigo é diferente. Eu cresci ouvindo minha mãe ser chamada de rameira pública, de bruxa, de prostituta... Mas agora posso finalmente descobrir quem ela foi, e nem você vai me impedir! 

Dito isso, Sarada bateu a porta com força sem ao menos dar chance para o loiro dizer algo. Voltou para a sua cama, fixou seus olhos na página onde parou e retomou sua leitura. 

"A Rainha mãe não estava com vontade de sair pela manhã, preferiu ficar em seus aposentos e exigiu que apenas uma de suas damas ficasse e lesse para ela, enquanto que as outras foram liberadas. 

Mais tarde, nessa manhã fria, o Rei e alguns amigos da Corte foram praticar um jogo chamado Liças, que até então era desconhecido por mim. Na competição, os adversários usam uma proteção e um elmo especiais, simulando uma luta, com duas espadas e lanças medindo cerca de dois metros. 

Assisti a competição na companhia de outras damas; Aplaudimos as proezas e por vezes soltávamos gritos de horror devido a violência. Como já era habitual em qualquer competição, Sasuke se destacava entre os demais, mas os outros homens não o deixavam vencer devido a sua posição como Rei; Ele realmente era o melhor, o que mais corajosamente combatia e o que mais inimigos derrotava.

Devo admitir, fiquei muito impressionada e meus olhos brilhavam quando viam o Rei. (...)"

Entre uma partida e outra, Sasuke foi à beira do campo, onde Sakura, trêmula, se encontrava junto às outras damas. O jovem Rei respirava com dificuldade devido ao grande esforço feito até então. Seus olhos brilhavam, ele pediu uma prenda sem pronunciar uma única palavra, apenas esboçando um singelo sorriso para a moça dos cabelos rosados que há tempos não via. As damas observaram a cena, mas ninguém ousou articular uma única palavra. 

Sakura então, com uma expressão gentil, entregou ao homem um lenço de renda, que ele logo levou ao nariz para aspirar seu doce perfume. Sorriu satisfeito e voltou para o campo para derrotar outros homens, como uma forma de honrar o belo lenço que ganhou.

Terminado o jogo, as damas se afastaram, algumas voltaram para o castelo e outras foram cortejar os belos e suados jogadores. Sakura logo sentiu que Sasuke estava atrás de si, pelo ruído de sua armadura. 

– Doce Sakura... - Falou com certo saudosismo, então a rosada sorriu. 

– Foi um belo combate, Majestade. Pode ficar com o meu lenço. 

– Ficaria com ele de qualquer maneira. - Sorriu de canto. 

– Como é atrevido! - Disse com falsa indignação e ar de riso - Vejo que não mudou. 

– Derrotei todos, então acho que mereço um troféu pelos meus esforços. - Respondeu - E você, senhorita... Parece que mudou bastante. 

Sasuke tirou a proteção de seu peito e Sakura precisou se conter para não encará-lo. Precisava admitir, assim como todas, que o Rei de Konoha era também o homem mais bonito do país. Sempre foi descrito como um belo Príncipe quando jovem, e agora era um belo Rei. 

– O tempo muda as pessoas, tal como as perdas. - Disse, olhando fundo nos olhos negros - Então, Majestade, acha que pode derrotar a mim? 

– Derrotá-la? - O Rei gargalhou fortemente. 

– Ora, não me refiro ao jogo das Liças! - Ela falou com certa impaciência em seu tom de voz. 

– Então, qual seria o desafio? - O moreno se mostrou realmente interessado, levando o seu dedo indicador até o queixo. 

– Xadrez.

– Ah, xadrez. - Assentiu - Um jogo de mulheres... - Ele riu com certo desdém - Mas um jogo em que sou tão bom como os outros. Aceito o desafio! 

– Será uma honra, Majestade! 

– Encontre-me na sala de jogos, duas horas após o almoço. 

– Estarei lá, Majestade.  

E lá ela estava. Após o almoço trocou seu vestido, colocando um de tecido tão verde quanto seus olhos; Ficava bem naquela cor, ganhava diversos elogios quando usava verde, inclusive do próprio Rei. Ousou um generoso decote, uma vez que pretendia se debruçar levemente sobre a mesa para mexer alguma peça, assim chamaria discreta e inocentemente a atenção do Rei. Deixou seus cabelos soltos, eram muito bonitos e de tonalidade incomum. Precisava usar em seu favor os tributos que tinha. 

Sasuke não apareceu como de costume,  com o ar imponente e vaidoso, coberto por jóias e os mais caros tecidos. Estava calmo, tranquilo, usando trajes simples, lançando delicados sorrisos. Usava peças de roupas de tecido claro, de linho, sua cabeça estava descoberta. Os cabelos negros ligeiramente úmidos denunciavam que o Rei acabara de tomar banho, e não havia nele qualquer resquício de seus exercícios matinais. 

Sem dúvidas, um belo homem. 

Sentaram-se confortavelmente junto ao tabuleiro e após trocarem poucas palavras, puseram-se a jogar. 

Tinham táticas ousadas, surpreendendo um ao outro. Prosseguiram em silêncio, os dois. Ela comeu-lhe o cavalo, entretanto ele ficou com seu bispo; Tanto Sasuke quanto Sakura já haviam perdido vários peões. A Haruno hesitou, fingiu estar confusa, logo disfarçou com lances ousados. Concentrado, Sasuke foi movendo as peças para cercar a Rainha de Sakura; A moça então suspirou baixo e mordeu o lábio inferior, demonstrando insegurança para o Rei, fazendo-o se sentir ainda mais confiante de que ganharia. 

Sasuke estava tão convencido de que Sakura hesitava, tamanha era sua confiança, que não se apercebeu dos seus artifícios e ficou imóvel quando ouviu um "cheque-mate". 

Aquilo realmente não podia ser verdade! 

– Cheque-mate! - Sakura falou mais alto, com mais empolgação, querendo fazer com que o Rei a olhasse nos olhos; No entanto, Sasuke mantinha seus olhos escuros sobre o tabuleiro, questionando motivo de sua derrota. 

– Não pode ser... - Murmurou incrédulo. 

– Mas é. - Sorriu - Venci.

– Droga! - Ele berrou, batendo na mesa de madeira com tanta força que tanto ela quanto o tabuleiro e as peças foram de encontro ao chão. 

– O Rei se comporta como uma criança mimada. 

– O que você disse?  - Uniu as sobrancelhas, encarando a Haruno. 

– É só um jogo. - Deu de ombros. 

– És apenas uma mulher! 

– Uma mulher que o derrotou. - Gargalhou, o que não colaborou com o humor do Rei já estava irado por ter perdido para uma mulher, mesmo que fosse num jogo que ele julgava ser voltado para mulheres - Preciso de uma recompensa por minha vitória, não acha? 

Sasuke se acalmou um pouco, curioso sobre o que Sakura iria lhe pedir. 

– Recompensa? - Indagou com um ar risonho, fingindo ainda estar com raiva - Merece uma morte lenta e dolorosa, merece ter sua cabeça separada de seu corpo por traição ao Rei!

– Ora, Majestade! - Sakura não conteve a risada, falando com certo espanto.

– Muito bem, então... O que deseja? - Indagou petulante.

– Um beijo do derrotado. 

No olhar do monarca surgiu um brilho perigoso, estava quase excedendo os limites de sua curta paciência. Mas o pedido de Sakura o fez acalmar-se totalmente. Levantou-se e aproximou-se de Sakura para abraçá-la, mas a moça segurou em seus braços e o impediu.

– Sakura... - Pronunciou seu nome com um tom de voz confuso, então Sakura sorriu de canto, levantando-se. 

– Sasuke... - Ousou referir-se ao monarca de forma mais íntima - Eu ganhei, lembra? Eu o beijo. 

O coração de Sasuke bateu mais forte quando Sakura aproximou-se de si, procurando seus lábios com delicadeza e usando a língua para provar a doçura mais íntima de sua boca. Sasuke a tomou em seus braços, puxando-a para mais perto de si; Sakura conseguiu se soltar com um pouco de dificuldade e encarou com um singelo sorriso o moreno que se mostrava sem fôlego, mas feliz. Ela não estava de forma diferente. Havia gostado de beijá-lo, precisava admitir isso para si mesma.

– A vencedora! - Ele disse com entusiasmo, fazendo uma reverência para a mulher - Doce Sakura... 

Com tantas palavras atrevidas e inteligentes artifícios, Sakura não se sentia a vendedora, mas uma pobre menina que atacava a si mesma.

(...) 

Sua mãe não amava seu pai? Era somente isso que Sarada perguntava. Seria Sakura capaz de amar um homem que a impediu de se casar com quem amava, que a perseguia como um caçador persegue sua caça, querendo mais do que tudo tê-la para satisfazer suas vontades e nada mais? 

– Ela devia se sentir um objeto dentro desse castelo... - Sarada sussurrou para si mesma - Obrigada a seduzir meu pai, fingir interesse por ele, e resistir pelo tempo que conseguisse. 

Sentiu mais uma lágrima descer. A vida foi muito injusta com sua mãe, que nem na morte encontrou descanso, pois sua figura póstuma era de um verdadeiro monstro. 

Ela secou as lágrimas e decidiu ler mais uma página antes de dormir. 

"Sua Majestade ainda me persegue, mas resisto. Ele diz ser um homem louco de amor, e assim parece... Cada dia aparenta estar mais encantado pela minha pessoa, me desejando mais e mais. Sasuke pede por minha companhia diariamente, fala-me sobre sua família, sobre seu falecido irmão e sobre a educação que pretende dar aos futuros filhos que herdarão sua coroa. 

Não sei por que surgiu tão desesperada paixão. Sasuke, um Rei, converteu-se em meu escravo. Suspira ao me ver, geme como se estivesse doente de amor, diz que está encantado por mim e implora noite e dia para que eu seja sua. É como se eu o tivesse enfeitiçado. Traz-me flores, jóias, tecidos caros, broches, escreve poemas e canções em minha honra; É como se não existisse outra mulher no mundo. 

Tal sentimento não me é estranho. Não era assim meu amor por Sasori? Se sim, o Rei me ama de todo o seu coração; O que farei? Não o amo, tampouco desejo cortar o mesmo caminho de suas amantes que foram usadas e depois largadas. Todavia, o grande problema está em minha família. Se recuso o Rei, se provoco mais uma vez a sua ira, o que será da posição que meu pai tanto se esforçou para obter? Minha família e eu teremos que nos exilar no campo? O que será de nós? 

Entretanto, se eu lhe declarar um amor maior do que um súdito deve ter por seu Rei, vou me transformar em sua amante, isso me causa repúdio! O beijo que lhe dei após o jogo de xadrez só piorou tudo, pois, ao invés de acalmá-lo, somente fez aumentar seu fogo e lhe deu esperanças. Preciso arrumar um jeito de controlá-lo para que nenhuma desgraça caia sobre a minha cabeça. 

Oh, se eu pudesse pensar... Aqui não há lugar para uma solitária reflexão, tampouco um momento para meditação. Estou rodeada de damas tagarelas e tenho minhas obrigações para com a Rainha mãe. Claro, há também o Rei perseguindo-me noite e dia... Preciso arranjar uma maneira."

(...)

– Chega! - Sarada suspirou - Preciso dormir... Preciso de um tempo para processar tudo que li.

Dando mais uma folheada nas páginas envelhecidas do diário, Sarada encontrou um papel dobrado. Fora dobrado tantas vezes que estava bem pequeno, o papel estava tão amarelado quanto as folhas do diário de sua mãe. 

Curiosa para saber o que tinha naquele papel que jazia entre as folhas do diário, Sarada o abriu rapidamente e não ficou tão surpresa ao ver que se tratava de uma carta escrita por seu pai. Reconheceria aquela assinatura em qualquer lugar. 

"Minha amada e amiga...

Eu e meu coração nos colocamos em suas mãos. Não sei ao certo se fracassei ou se de fato encontrei um lugar em seu coração e em sua afeição, o que me impede de chamá-la de minha amada.

Mas se lhe agradar cumprir tal papel, entregando-se de corpo e alma para mim como uma verdadeira e leal amada, eu, que lhe tenho sido e sempre serei leal servidor, prometo que não somente o título lhe será concedido, mas também que lhe terei como minha única amada e hei de banir todas as outras de minha mente, servindo exclusivamente a você. 

Caso não lhe agrade responder por escrito, faça-me saber de algum lugar onde eu possa obter a resposta de sua boca, lugar onde hei de buscá-la com todo o meu coração. Nada mais digo, por medo de aborrecê-la.   

Escrito pela mão daquela que gostaria de ser sempre seu...

Sasuke Uchiha." 


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Notas finais do capítulo

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Bjs ♡