Do trono ao cadafalso escrita por Evil Queen 42


Capítulo 10
Capítulo X


Notas iniciais do capítulo

Voltei ♡
Boa leitura.



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Mitsuki fez uma reverência para a Rainha que entrou em seu escritório sem aviso prévio e desacompanhada de suas aias. Sentiu uma certa preocupação, uma vez que Sarada continuava com a mesma expressão de aflição que estava há umas horas.

– Então, conseguiu o que lhe pedi? - Indagou a morena. 

– Majestade, sinto lhe informar, mas não existe registro algum do julgamento de Sakura Haruno. 

– Como não?  - Bradou.

Mitsuki estremeceu. Todos conheciam o temperamento da Rainha, que por vezes era associado ao de sua mãe por aqueles que chegaram a conhecer Sakura com vida. 

– Parece que o julgamento de vossa mãe não foi registrado. - Defendeu-se.

– Sakura era uma Rainha, então é óbvio que o julgamento dela seria registrado! 

Sarada estava perdendo a paciência e as esperanças. Agora que era Rainha, poderia ter acesso a coisas que não tinha quando era apenas Princesa; No entanto sentia que a única coisa que a aproximava de sua mãe era aquele diário, pois nem os registros de seu julgamento existiam. 

– Sim, é algo sem precedentes. - Assentiu o rapaz - Mas, de fato, tudo indica que o julgamento de Sakura não foi registrado.

– Ou os registros foram destruídos... - Murmurou. 

– Faz sentido.  - Suspirou - Mas... - Prosseguiu, atraindo a atenção da morena - Encontrei algo que pode interessar. 

– Então vá direto ao ponto. Sabe que eu não gosto quando fazem rodeios. - Disse arrogantemente, então encarou curiosa o papel que Mistuki tirava de uma gaveta.

– Veja isso, Majestade. 

Sarada pegou o papel envelhecido pelo tempo, então abriu ali mesmo e começou a ler... Ficou pálida, não sabia como reagir diante daquilo. 

Saiu da sala atordoada, sequer agradeceu a Mistuki. Sentindo-se completamente sem chão, foi até o jardim procurar por Boruto e o encontrou preparando suas flechas. 

Parou ao lado do loiro, ele estava a alguns metros do alvo e seu arco estava no chão gramado. 

No centro do alvo havia o desenho de uma serpente, brasão pessoal de Sarada. A serpente foi escolhida para representar sabedoria, prudência e julgamentos corretos - todos os atributos que um monarca regente deve ter -, mas tradicionalmente era vista como a representação do mal. Os conselheiros, por conta da ambiguidade do animal, tentaram persuadir Sarada a fim de que ela utilizasse outro brasão; No entanto, a Rainha não deu ouvidos e a figura da serpente permaneceu, e isso fez com que alguns membros mais antigos da Corte realmente achassem que Sarada era nada mais do que a filha de uma bruxa. 

Mas se tem uma coisa que Sarada aprendeu com seu pai, é que um leão não deve se importar com a opinião das ovelhas. 

– Boruto. - Ela  chamou num tom de voz baixo, então o loiro notou a presença da monarca ali. 

– O que houve? - O rapaz foi direto ao ponto, uma vez que notou a expressão no rosto da Rainha. Ficou claramente preocupado com ela, pois se mostrava cada dia mais aflita e confusa desde que pegara o diário de sua mãe. 

– Mistuki me deu isso. - Sarada entregou o papel para Boruto, então ele deixou as flechas no chão ao lado do arco para pegar o papel. 

Boruto leu tudo com calma e atenção, enquanto isso Sarada se mantinha aflita. Não sabia dizer por que resolveu mostrar aquilo para seu amigo, mas confiava nele e precisava de um ombro. 

– Isso é...

– A sentença de morte da minha mãe... assinada pelo meu pai. 

– Estranho ela não ter sido julgada pelo Rei. - Comentou, olhando nos olhos aflitos da monarca - Mas, veja bem, a execução de um nobre ou membro da realeza só pode ocorrer caso o regente autorize. Deveria saber disso, Rainha.

– Eu sei. - Assentiu - Mas ver a assinatura de meu pai na sentença de morte de minha mãe é cruel. 

– Pelo que estou vendo aqui, era dever dele fazer isso. Perdão, mas, perante o que está escrito aqui, Sasuke não poderia simplesmente perdoar Sakura. Era obrigação dele assinar a sentença. 

Sarada sentiu seu coração doer. Ser um monarca é difícil, você tem que ser justo mesmo que isso parta seu coração. Se Sakura realmente foi culpada dos crimes que cometeu, deveria ser devidamente punida mesmo que o Rei não quisesse. Essa era a lei. 

– Veja os nomes dos homens que compuseram o júri. - Disse Sarada. 

No documento estavam escritas as acusações que pesavam contra Sakura, logo em seguida vinha o veredito unânime e os nomes dos homens que a julgaram, e que obviamente a declararam culpada de todas as acusações. 

– O que tem eles? - Boruto indagou confuso.

– Um deles é Sasori. - Disse com dor no coração - Minha mãe era apaixonada por ele, Boruto. Este homem, que um dia foi o grande amor da vida de Sakura, ajudou a mandá-la para a morte. 

Até onde Sarada havia lido no diário, Sasori foi banido da Corte. No entanto, em algum momento antes da morte de Sakura ele retornou... e foi um dos cruéis homens que a declararam culpada pelos crimes dos quais havia sido acusada. 

– Isso é triste. - O loiro abaixou o olhar - Imagino o quanto ela deve ter sofrido. 

– Mitsuki disse que não há registros do julgamento. - Falou amargamente - Ou foram destruídos, ou o julgamento de uma Rainha sequer foi registrado. 

Teria Sasuke destruído os registros, ou teria ordenado que nada fosse registrado? De qualquer forma, isso só fazia Sarada crer mais ainda que tudo havia sido estrategicamente armado para que Sakura perdesse a coroa. Mas ela era uma mulher, uma mera consorte, que tipo de ameaça poderia significar? 

– Por que foi atrás disso agora? - Questionou o Uzumaki. 

– Eu quero ver com meus próprios olhos, Boruto! - Exclamou - Quero saber quais foram as provas contra ela, se é que havia alguma. Quero saber quem testemunhou em sua defesa e quem a acusou. Quero saber o que Sakura disse para se defender, ou se realmente se declarou culpada. Eu preciso saber, Boruto! 

– Infelizmente isso não é mais possível. 

– De qualquer forma, sei que meu pai estava por trás disso tudo. Mesmo que minha mãe tenha sido julgada por outro homem, meu pai estava por trás! - Disse com raiva, sentindo seu sangue ferver nas veias - No fim, ele não amava minha mãe. Ele assinou a sentença dela, ele autorizou sua morte! 

– Por favor, seja racional. - O loiro massageou as têmporas - Sei que estamos falando de sua mãe, mas veja a sentença. Sakura era uma consorte, mas tal crime não tem perdão! Se houvesse clemência, que tipo de Rei Sasuke seria? 

– O tipo de Rei que põe a humanidade a cima da coroa. Se ele a mandasse para o exterior em segredo, certamente que ninguém saberia. Mas precisava mandar executá-la a sangue frio? - Sarada sentiu seus olhos arderem, eram as lágrimas teimosas que insistiam em sair - Como um ser humano pode enfrentar uma morte tão horrorosa? 

Boruto ficou em silêncio, não havia o que ser dito. Sarada estava colocando seus sentimentos além de qualquer outra coisa. Sakura era sua mãe, mas foi uma criminosa e Sasuke tinha o dever de puni-la como tal. O dever de um Rei é punir criminosos, sejam eles quem forem. 

O loiro mais uma vez encarou a sentença de Sakura. Com certeza devia ser triste para Sarada ver tantas acusações sobre sua mãe, algumas causavam repúdio. 

– Estranho... - Ele comentou em tom baixo, mas ainda assim audível. 

– O que? - Sarada indagou curiosa.

– As datas... - Ele mostrou o papel para a Rainha - A sentença não foi assinada no mesmo dia. Sasuke levou dias para enfim assiná-la. 

– Mas... - Sarada uniu as sobrancelhas, pegou o papel e olhou a assinatura de seu pai, cuja data estava registrada logo abaixo com letras bem pequenas que passaram despercebidas por ela anteriormente - Sim, é verdade. Mas, por quê? Quando um monarca regente julga um acusado da nobreza ou realeza, a sentença é assinada por ele imediatamente. Meu pai não esteve no julgamento de minha mãe, mas com certeza esse papel foi parar nas mãos dele no mesmo dia... Então por que ele demorou quase uma semana para assinar? 

– Talvez tivesse algum interesse nesse adiamento? 

– E qual seria, torturar minha mãe na prisão? - Indagou irritada, mas logo sua expressão foi ficando cabisbaixa. Não podia descartar essa hipótese. 

Deixando Boruto para trás, sem dar qualquer satisfação, a Uchiha virou as costas e saiu. Boruto a conhecia bem o suficiente para saber que precisava de espaço, que não adiantaria ir atrás dela ou tentar consolá-la. Isso só viria a piorar tudo. 

Sarada seguiu para seu quarto, trancou a porta e pôs-se a chorar. 

Encarou aquele papel novamente, lendo as palavras escritas nele. Sentiu ódio, repúdio, tristeza... Por que precisou acabar daquela forma? Sarada realmente não sabia responder.

Pegou o diário no local onde o havia escondido, sentou sobre sua espaçosa cama e voltou a ler de onde havia parado...

"Meu casamento se aproxima, mas sinto ódio no lugar de felicidade. Não é por causa de algumas damas de Mikoto que fazem comentários maldosos, sugerindo que o Rei já me possui de corpo e alma... para essas só dou o meu infinito desprezo, pois as conheço muito bem e sei que jamais conseguiriam afastar por anos um homem cheio de desejos. Tais mulheres vulgares jamais chegarão perto do que estou para me tornar. 

Na verdade quem me preocupa é Shion, a prima de Sasuke. Ela espalha boatos de que comprei o Rei com sortilégios, ainda diz que possuo em meu corpo deformidades que me associam a uma bruxa. Pobre Shion, o Rei já conheceu meu corpo mesmo que não tenha me possuído por completo, então ele sabe que sou perfeita e tenho boa saúde. É fato que Sasuke se apaixonou por mim e nada do que aquela venenosa serpente diga conseguirá alterar isso, mas temo que tais fofocas sejam responsáveis pela antipatia crescente que alguns Cortesãos têm por mim. 

Shion está equivocada se me toma por uma tola, pois enfrentará minha fúria quando eu for coroada. Sasuke ficou ciente do que está causando a língua ferina de sua querida prima e se mostra insatisfeito, todavia se recusa a livrar-se dela e cortar o mal pela raiz. Tentei persuadir o Rei a usar Shion como uma carta de baralho; Ela é prima do Rei, pode conseguir um casamento vantajoso com algum Príncipe estrangeiro, então Sasuke a mandaria para fora de Konoha, consequentemente para longe de mim. Contudo, Sasuke simplesmente se recusa! Diz que Shion ainda é jovem demais e que Mikoto é apegada a ela; Como Sasuke não tem muito tempo livre para ficar com a mãe, a antiga consorte de Konoha aproveita da companhia de sua sobrinha para não se sentir tão distante de seus entes queridos. Por este fato, por um instante desejei a morte de minha antiga senhora, pois deste modo não haveria mais impedimentos para que Sasuke novamente recusasse se livrar de Shion (...)".

Sakura estava furiosa, andava a passos apressados pelos corredores do grande castelo rumo aos aposentos de Shion. 

Estava ciente de certas palavras más ditas por Shion, e decidiu ir contra o que Sasuke disse, sobre ignorar tais palavras porque Shion não passava de uma garota imatura; Ao contrário disso, Sakura foi procurar pela adolescente a fim de colocá-la em seu devido lugar. 

Entrou sem ser anunciada, o cômodo estava ocupado por Shion e suas aias. A moça dos cabelos loiros, que bordava sentada numa poltrona perto da janela, se mostrou claramente insatisfeita quando Sakura entrou em seu campo de visão. 

– Lady Sakura... A que devo a honra? - O tom da adolescente indicava o sarcasmo, e ela nem ao menos se deu ao trabalho de levantar para cumprimentar a futura Rainha. 

– Quero que esteja ciente, Shion, de que me aborrece com as palavras que lança aos quatro ventos. - Disse seriamente, olhando nos olhos da moça de expressão debochada no rosto - Seu comportamento não agrada a mim, tampouco ao Rei. Quero deixar claro que não conseguirá o favor da Rainha tão facilmente. 

– Rainha? - Shion fez-se de desentendida - A única Rainha que vive aqui é minha tia, Mikoto. 

– Por enquanto. - Sakura respondeu - Sabe que logo me casarei com seu primo, o Rei.

– Por que leva tão a sério promessas de um homem que já teve incontáveis mulheres em sua cama? - Indagou, colocando nas mãos de uma de suas aias o tecido quase completamente bordado para então colocar-se de pé - Ilude-se, Lady Sakura. 

– Meu casamento está mais próximo do que você imagina, Shion. - Falou arrogantemente a Haruno, dando em seguida três passos para frente, mantendo seu olhar ameaçador sobre a prima de seu futuro marido - Quando eu for Rainha, farei com que todos aqueles que me difamaram engulam suas palavras. 

– Isso é uma ameaça?  - Estreitou os olhos. 

– Não. - Sorriu de canto, sentindo-se vitoriosa - Apenas um aviso. 

– Certo... - Shion riu com deboche - Lembrarei. 

– Fique com seu desdém por enquanto, Shion, mas eu logo serei sua Rainha...

– Minha Rainha? - A adolescente cortou a fala de Sakura, então se pôs a rir de forma que irritou profundamente a rosada - Prefiro ser enforcada antes de ter que lhe reconhecer como minha soberana. - Falou séria, olhando para Sakura com um ar de superioridade. 

– Se é o que deseja, então podemos fazer com que aconteça. - As palavras de Sakura soaram como uma ameaça e Shion precisou disfarçar seu nervosismo. 

Shion sabia que Sasuke não permitiria tal atrocidade, mas estava convencida de que Sakura praticava feitiçaria, portanto temia que ela fizesse algo contra algum membro da família Real. 

– Tente. - Retrucou.

– Não me provoque, Shion... As consequências serão desastrosas para você. Esteja ciente de que logo tudo irá mudar. 


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Notas finais do capítulo

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Bjs ♡