The Long Road escrita por Bella P


Capítulo 14
Capítulo 13




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Laurel sabia que se não doesse arrancar os fios do cabelo um a um da cabeça, ela o faria. Viver praticamente as vinte e quatro horas do dia cercada por Apolo era ao mesmo tempo um pesadelo e o paraíso. Paraíso porque o deus fazia questão de lhe lançar sorrisos de tirar o fôlego cada vez que ela passava perto do barracão ou do pomar para ver como andava os preparativos para a colheita, ou surgia do nada, sempre prestativo, quando ela precisava de ajuda em alguma tarefa mais braçal da fazenda. Um pesadelo porque “Fred” já tinha conquistado inúmeras fãs. Desde a ajudante da cozinha às filhas dos fazendeiros vizinhos que faziam questão de pendurar-se na cerca divisória das terras para ver a beldade trabalhar sem camisa sob o sol de outono.

- Você está praticamente fuzilando a menina com o olhar. - Laura comentou enquanto puxava pelos arreios um garanhão de dentro da baia. Lily torceu os arreios de couro que segurava entre os dedos, ganhando um olhar curioso de sua montaria que tentava compreender o motivo da raiva de sua mestra. Ao longe, na plantação de macieira, uma das ajudantes da cozinha servia um copo d'água a Apolo com um sorriso adocicado no rosto redondo e com as bochechas vermelhas apenas por mirar o deus e estar na presença dele.

- Ela é muito nova para ele. - resmungou irritada.

- Querida. Até mesmo eu sou muito nova para ele. - Laura riu. Estava mais do que óbvio que a neta estava se corroendo de ciúmes diante da popularidade de “Fred” com as mortais que trabalhavam na fazenda e da vizinhança. O problema era que ela não via que o olimpiano somente tinha os olhos divinos voltados para ela. Os dois realmente se mereciam.

- Melhor eu ir fazer a minha ronda nas terras. - declarou, montando prontamente em seu garanhão que relinchou feliz ao sentir a meia ninfa próxima de si e com um leve bater com o calcanhar das botas nas ancas do animal o pôs a galope, disparando para fora da baia e passando como um raio pelo pomar e ignorando a cena que se apresentava no mesmo.

- Obrigado Elisa. - Apolo sorriu para a menina, lhe devolvendo o copo de água, e ela ficou ainda mais vermelha, soltando risadinhas sem graça e afastando-se do loiro.

- Você está fazendo isto de propósito, não está? - Laura aproximo-se do deus, ainda trazendo o seu cavalo pelos arreios.

- O que eu estou fazendo de propósito? - o olimpiano fez-se de inocente.

- Se Lily ainda tivesse o arco e flecha dela de Caçadora teríamos uma carnificina aqui para cada mulher que te lança um olhar mais longo. - o deus sorriu marotamente. - O senhor realmente gosta de provocar.

- Faz parte da minha natureza. - cravou a enxada que usava na terra, apoiando-se nela. - E para onde ela foi com tanta pressa?

- Se refugiar na floresta, como fazia quando era criança, para não ter que matar ninguém. - Laura deu de ombros, com uma expressão divertida no rosto e apontou para o bosque que começava ao pé de uma montanha ao longe, nas fronteiras mais distantes das terras da fazenda vizinha.

- Tão ruim assim?

- Uma mulher apaixonada não é uma mulher isenta de ciúmes. Deixe-me lhe contar um segredo... Laurel pensa que não, mas ela tem mais sangue ninfa percorrendo nas veias que humano. Por minha parte e por parte da mãe.

- Pensei que a senhora tinha deixado de ser uma ninfa.

- Deixei de ser imortal. Não deixei de ser uma ninfa. - piscou um olho para ele e Apolo surpreendeu-se. - Posso não me transformar em árvore, o que garantia a minha imortalidade, mas ainda tenho alguns poderes e digo com conhecimento de causa que ninfas são mulheres que sentem mais do que qualquer mulher. A natureza está dentro delas e quando se apaixonam, é algo intenso e extremamente profundo. Acontece que Lily não teve muitas experiências positivas com o amor, de todas as formas, e não sabe lidar muito bem com os sentimentos. Para ela tudo é muito novo. Sentir, para ela, é muito novo.

- Estou percebendo.

- Então vá devagar. E pelos deuses, evite provocar a minha neta. Uma ninfa irritada é pior do que a fúria do senhor Hades subindo a terra. - advertiu e um arrepio passou pela espinha do deus. Esse ditado era conhecido, sobre o inferno não conhecer fúria igual ao de uma mulher contrariada. E se Laura estava dizendo que com uma ninfa era pior, era melhor ele maneirar nas coisas a partir de agora.

- Se a senhora não se importa... Eu vou procurar a ninfa perdida. - a sra. Graham apenas fez um gesto de dispensa com a mão e deu as costas para ele. Apolo prontamente desapareceu.

Ao mesmo tempo, Lily disparava pelo campo sobre o seu cavalo, chegando em poucos minutos na orla da floresta que ficava perto da fazenda e desmontando do animal. Com um grunhido insatisfeito, começou a perambular de um lado para o outro, resmungando sob a respiração e sob o olhar atento das íris castanhas de Cheap.

- Eu vou te convencer que estou apaixonado por você. - disse em um tom de zombaria, o que fez o cavalo, seu único expectador, inclinar a cabeça para o lado em confusão. - E ao mesmo tempo irei cantar todas as mulheres que aparecerem no meu caminho. Como eu fui burra! - começou a dar soquinhos com o punho fechado sobre a cabeça. - Burra, burra, burra!

- Falar sozinha é o primeiro sinal de loucura.

- Ah por Zeus! - jogou as mãos para o céu, virando-se sobre os saltos para mirar Apolo parado ao lado de Cheap e acariciando a crina castanha do animal. - O que quer?

- Vim garantir que você não vai colocar fogo na floresta do jeito que anda soltando chamas pelas orelhas.

- Olha como estou rolando de rir. - o mirou seriamente.

- Está com ciúmes. - atestou.

- Está delirando. Finalmente a idade está te alcançando e está ficando gagá? Sabia que essa coisa de posar como adolescente era só fachada. - o deus gargalhou.

- Você me diverte.

- Que bom que sirvo para ser a otária da sua corte. - respondeu com azedume.

- Não... não quero que você seja a otária da minha corte. - retrucou em um tom baixo e rouco, afastando-se do cavalo e aproximando-se dela com uma postura de predador. - Quero que seja a rainha da minha corte. - sussurrou ao pé do ouvido da jovem. O corpo todo de Laurel congelou e ela não conseguiu mover um músculo ou abrir a boca para respondê-lo. - O que me diz?

- O que... - conseguiu balbuciar depois de um tempo. - o que você quer dizer com isto? - Apolo recuou um passo, a mirando diretamente nos olhos esverdeados.

- Que agora, finalmente, eu entendi.

- Entendeu o quê?

- Porque não consigo ver o seu futuro.

- Ainda não consegue ver o meu futuro? Pensei que fosse porque eu era uma Caçadora, ou uma ninfa.

- Não faria diferença. Posso ver o futuro de todos os deuses, mortais... menos o meu.

- E? - o coração dela pulou no peito. Apolo a olhava com tanta seriedade, sem nenhum brilho maroto no rosto sempre jovial, a luz do sol que era filtrada pelas folhas das árvores salpicava no rosto dele o deixando mais belo que o normal e a fazendo se sentir como... uma adolescente apaixonada. Era o que ela era. Uma tola apaixonada. Com as mãos trêmulas e suadas, o coração palpitando e a respiração falha ao ver na sua frente o garoto que gostava e sem saber como reagir na presença dele.

- Seu futuro está interligado ao meu... Logo não posso vê-lo. Com ou sem interferência dos deuses, nos encontraríamos do mesmo modo. O Destino garantiria isso.

- O Destino.

- Sabe que a única coisa que os deuses não controlam é o Destino.

- Está querendo me dizer que estamos pré-destinados. - queria rir diante disto, pois era clichê e ridículo, mas não tinha coragem.

- Por que não? Por que considera tão difícil coisas boas acontecerem na sua vida?

- Porque... - pausou, repensando tudo o que aprendera em sua jornada. Sua avó abandonara a imortalidade por amor ao seu avô. Sua mãe, apesar de não ter ficado com o seu pai o amou intensamente e aproveitou cada segundo. Só porque seu pai e sua madrasta não souberam ser felizes e usaram a ela como válvula de escape para as suas frustrações e fracassos, não significava que ela deveria cometer os mesmos erros. A sua missão era descobrir o que ela realmente queria. E ela queria aquilo.

Queria ter Apolo ao seu lado, todos os dias, e ser egoísta o suficiente para chamá-lo de seu. Dizer que apesar de seus fracassos passados, conseguira ser vencedora no futuro. Queria realizar o desejo de sua mãe... Queria ser feliz.

- Não é. Eu realmente sou uma idiota, não sou? - falou com um meio sorriso e o deus deu de ombros.

- Bem, se você está dizendo, quem sou eu para discordar?

- Oras seu... - ergueu a mão pronta para bater nele, mas antes que o punho dela descesse contra o seu peito, Apolos fechou os dedos em torno do pulso delicado, a puxando contra si. Laurel tropeçou nos próprios pés e chocou-se contra o corpo do olimpiano, tendo a sua cintura prontamente envolvida pelo braço forte do deus. Piscou os olhos surpresa pelo gesto rápido dele e o coração falhou ao ver o famoso sorriso direcionado para si.

- Você realmente sente prazer em me contrariar. - provocou, selando os lábios da jovem com os seus, calando qualquer protesto e arrancando um baixo gemido de prazer, envolvendo mais o corpo esguio com o seu braço e o apertando contra o seu, sentindo as curvas moldarem-se contra os seus músculos e o calor e o aroma gostoso da pele dela chegar a sua.

- Convencido. - murmurou a morena de volta quando o beijo foi encerrado.

- Ainda não me respondeu.

- Sobre?

- Ser a minha rainha.

- Está falando sério? - ele assentiu, a soltando e recuando um passo. Laurel quase teve um derrame ao ver o deus apoiar-se em um joelho no chão e estender uma mão para ela. Seu queixo prontamente caiu ao presenciar a cena.

- Laurel Graham – era praticamente surreal a cena e se seu cérebro não tivesse congelado no momento, ela o mandaria ordenar a sua mão beliscá-la. - Quer casar comigo?

- Ah...

- Não vai dizer não, vai? Olha o mico que você vai me fazer pagar na frente de todo o Olimpo.

- O quê?

- Acha o quê? Que uma história dessas passaria despercebida pelos outros deuses? Somos a maior audiência da TV Hefesto nos últimos meses.

- Minha vida virou um reality show do Olimpo?! - gritou ultrajada.

- Afrodite já está planejando as bodas. Por favor Lily, facilita. - na verdade Laurel queria era espancar até a morte aquele deus babaca. O problema era que amava aquele deus babaca.

- Tem mais alguma coisa sobre a sua família alcoviteira que eu vou precisar saber antes de nos casarmos, Apolo? - exigiu em um tom mandão e o olimpiano retesou os ombros como se tivesse levado uma chicotada.

- Não... acho.

- Espero. - logo ele abriu um largo sorriso vitorioso.

- Isso quer dizer que aceita o meu pedido? - Lily rolou os olhos e deu um tapão na cabeça do loiro.

- Cabeçudo. - disse em tom afetuoso, dando um beijo na testa dele e Apolo ergueu-se em um pulo.

- Maravilha! - ergueu a mão e um gesto de “parem tudo”. - Isto está me trazendo um haicai a mente.

- Apolo!

 


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