A Lenda dos Dragões escrita por Hakiny
No casarão da colina, já beirava o meio dia e Karin estava impaciente.
— Olá! — Jean entrava na casa com um sorriso amarelo.
— Ela estava ofendendo até mesmo os seus antepassados! — Chow apontava para Karin com uma expressão de medo no rosto.
— Como pode fazer uma princesa esperar tanto tempo? Não te ensinaram modos na tribo dos lobos? — A garota demonstrava toda a revolta da qual Chow havia mencionado.
— Bom, o mais perto de uma princesa que temos em nossa tribo é o alfa e ele normalmente é o primeiro em tudo, logo esperar a alcatéia não é nem raro. — Jean explicava com certa timidez.
— Onde está o Nicholas? — Chow direcionava o assunto ao que realmente era importante.
— Bom… Ele foi atrás do dragão de fogo. — O lobo confessava com temor, afinal já havia passado tempo o suficiente com Karin, para prever suas atitudes.
— O QUE? — A garota reagia como previsto — Ele desconhece o termo “trabalho de equipe”?
— Na verdade, sim. O Nicholas é do tipo solitário e…
— Tudo bem. — Karin interrompeu a fala de Jean.
— Tudo bem?
— Tudo bem? — Os dois garotos falavam em coro.
— É, isso é um traço da personalidade dele, precisamos aprender a respeitar. Obviamente isso não dá passe livre para ele ser um babaca. — A princesa dava de ombros.
Jean e Chow estavam perplexos, aquele com certeza não era o tipo de atitude que eles esperavam. O que eles não sabiam, é que saber sobre a história da duquesa, havia mexido com o coração de Karin e de certa forma mudado um pouco seu julgamento do pirata.
— Então já que estamos de acordo, é melhor irmos para a cidade do porto atrás dele. Se ele realmente vai atrás do dragão de fogo, não sabemos os perigos que ele pode enfrentar, talvez precise de ajuda. — Chow decidiu pelo grupo.
Após se despedirem do duque seguiram viagem.
— Jean… — Karin se aproximou do garoto — Como soube que o Nicholas havia ido ver o Hao?
— Bom… — O lobo engasgou — Soube por um familiar que ele visitou ante de partir.
Apesar do nítido nervosismo de Jean, Karin soube que ele não estava mentindo.
No centro da cidade do porto, Tereza e sua família estavam de frente para o Teatro mais importante da região. Todos muito bem trajados, Caleb havia pensado em cada detalhe, inclusive nas roupas. Sophia estava radiante e não escondia a sua empolgação. Sem mais delongas, a família entrou no local.
Por dentro, era ainda mais bonito do que por fora. Cadeiras forradas com veludo vermelho, carpete tão negro que se olhassem com muita atenção, teriam a sensação de estar flutuando.
— Ali são os nossos lugares! — Caleb apontou para um conjunto de cadeiras na parte mais alta do teatro.
Após se sentarem, Sophia debruçou sobre a bancada, por alguns segundos, Caleb teve medo que a garota pulasse no palco, mas depois se acalmou e apenas se alegrou com o entusiasmo da filha. Tereza por outro lado estava distraída, os fatos daquele dia a tinham deixado extremamente perturbada, nem queria estar ali naquele lugar. Ela não sabia bem onde queria estar, apenas queria estar segura.
— Você está fantástica.
A frase vinda de Caleb, pôs fim aos pensamentos de Tereza.
— Esse vestido pesa mais que a armadura que eu costumava usar. — A mulher tentou esconder sua timidez.
— Você fica linda de ambas as formas. — Caleb garantiu que Sophia não estivesse ouvindo — E sem nada também.
— Audacioso… — Tereza sorriu com malícia.
— Silêncio vocês! A apresentação vai começar! — Sophia repreendia os pais.
Tereza e Caleb tiveram uma pequena crise de risos, mas logo depois de calaram.
— O que é aquilo? — Sophia, mais uma vez se debruçava na bancada.
Tereza e Caleb se aproximaram da garota e olharam para onde ela apontava.
No palco, uma mancha vermelha se espalhava, vindo de trás da cortina, antes que tivessem a chance de identificarem o que se tratava, as luzes se apagaram.
— Senhoras, senhores… e dragões!
A voz que ressoou pelo salão fez Tereza tremer. Um feixe de luz apresentou a imagem de um homem no meio do palco, o mesmo homem que Tereza havia visto naquela manhã e de quem ela vem se escondendo há anos.
— É ele… — Tereza engasgava. — É ele, Caleb!
— O que? Como assim? No palco? — Caleb estava confuso.
— Sim… — Instintivamente a mulher se agarrou a sua filha.
— O que foi, mamãe? — A garota estava assustada.
— Tereza… — O homem no palco cantarolava — Onde está você Tereza?
Houve rebuliço na platéia, mas até então, entendiam que aquilo fazia parte do show.
— Precisamos sair daqui! — Caleb segurou firme a mão de sua esposa.
Um estrondo fez com que todos se assustassem.
— Todas as saídas estão bloqueadas, com rochas que pesam toneladas — O estranho apresentador dizia com um sorriso cínico em seu rosto — Todos aqui presentes irão morrer se a Tereza não aparecer para mim!
Ao terminar a sua fala, o homem arrastou a cortina do teatro e revelou um amontoado de corpos no palco.
O pânico se instalou no local, gritos e o som de tropeços haviam tomado conta do local.
— Eu preciso ir lá… — Tereza se soltou da mão de Caleb e olhou firmemente para o palco ensanguentado.
— Não, você precisa proteger a sua família! — Caleb estava visivelmente alterado.
— É o que eu estou fazendo… — A mulher se agachou até Sophia e beijou-lhe o rosto. — Nunca se esqueça das histórias que lhe contei! O fogo corre em suas veias e você deverá purificar o mal do mundo.
— Você vai morrer? — Sophia encarava os olhos de sua mãe com coragem.
— Irei mais para junto de nossos antepassados. — A mãe zelosa sorriu com traquilidade.
Caleb se manteve calado, completamente tomado por apatia perante a situação.
Tereza se aproximou do homem e o abraçou — Nem no mundo celestial, eu poderia ter melhor vida do que a que tive com você. — A mulher sussurrou no ouvido de seu marido.
— Eu amo vocês… sejam fortes! — Tereza sorriu para ambos e saltou para a parte debaixo do auditório.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Deixem um comentário se gostarem do capitulo