Recomeço escrita por Sanjee


Capítulo 1
Capítulo Único




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  Aproximei-me rente ao seu corpo, abraçando-a. Passei a mão em seus fios loiros atualmente curtos e aspirei seu shampoo provavelmente caro, relembrando das inúmeras vezes que realizei este mesmo processo anos atrás em uma das salas de aulas aleatórias do corredor onde conseguíamos um tempo livre para nós sem que ninguém nos interrompesse.

— Ahh... Eu realmente senti sua falta, sabia? 

Ela solta uma risada abafada – Seu irmão me contou que desde aquilo você não perdeu nenhuma grande novidade de algum jogo trancafiado no início do ano em seu quarto. Desculpe... não queria que passasse por isto de forma negativa, talvez deveria ter dado uma satisfação moralmente correta em uma conversa longa invés de curtas mensagens de bom dia e ''estou bem, obrigada por se preocupar.'' – Disse com uma imitação falha por causa da vontade de rir de seu comportamento adolescente indiferente com ''desconhecidos''.

— Não precisa se desculpar, aquilo foi uma grande ajuda para eu amadurecer e enxergar que a vida não é jogos, jogos e jogos e gritar em um microfone com péssimos perdedores ou vencedores pedantes. 

— Pedantes, hein? Mais uma das palavras que foi para sua lista de coisas chiques? Eu realmente fiz bem para sua formação... falante. – Mais uma risada com um ''quê'' de dúvida, não faz tanto tempo que a ouvi por áudio. 

— De qualquer forma, estou feliz de você me receber aqui antes de qualquer pessoa, exceto sua família, claro. – Tenho certeza que ela já sabe da minha extrema felicidade desde que entrei no apartamento grande demais para uma só pessoa, estou sorrindo igual idiota e ela parece concordar com seu sorriso fodidamente sexy de canto. 

Ela me chamou com um aceno de cabeça para entrar e o fiz sem qualquer relutância. – Então, Samthy... – Fui interrompido. – Me chame de Sam, Armin, da mesma forma que me chamava antes, é estranho. Além de você pronunciar de uma forma diferente me faz querer rir por pensar que não temos intimidade, já conversamos sobre isso na ligação recente que tivemos, certo? 

— Bem, você já teria me arrastado para dentro e se jogado em cima de mim, eu só pensei que quisesse ser chamada pelo nome. 

— Pelo que me falaram é assim que funciona reencontros de antigos amantes, vamos com calma.

— Eu não queria que fôssemos com calma... – Disse baixo o suficiente para que Sam me olhasse sem saber o que eu havia dito e eu soltasse um sorriso desenvergonhado. – Não disse nada tão importante para agora, querida.

Sam suspirou sem querer saber e foi entrando para dentro de um dos cômodos com pressa – Estou terminando lavar a louça, tente achar algum lugar para sentar aí que eu já volto. – e eu finalmente entrei na sala reparando inúmeras caixas no chão e outras colocadas no sofá. Fui organizando algumas acima da outra para tentar enxergar o piso ao redor do sofá, ao menos. – Ei, quer ajuda com isso? Tenho tempo livre hoje para te ajudar até quando se cansar de mim.

Entrando na sala secando as mãos na blusa comprida de um lado, que na verdade é um pano de prato na mesma cor de sua vestimenta que é largado em cima de uma mesinha, diz – Aaanh... não, valeu. Meu irmão disse que viria aqui amanhã para me ajudar, arrumar as minhas tralhas não é o que quero fazer com você hoje.

— Oi?! Você tá indo rápida demais para quem queria ir com calma!

— Não foi isto que quis dizer, merda... – Pela primeira vez ela parece constrangida desde que cheguei, ponto para mim! – Quero conversar com você, não dá para ter uma conversa assim movendo um monte de caixa pra lá e pra cá, né. – Desviou seu olhar para as caixas.

— Ah, tá. Enfim, eu também gostaria de conversar com você, você já deve saber o assunto.

''Nós dois estávamos irritados, completamente com raiva. É por se esperar de uma discussão intensa onde nossos pensamentos reprimidos estavam sendo colocados para fora depois te tanto tempo os guardando.

— Você é um irresponsável do caralho, ouviu Armin? Isto já aconteceu e essa é a segunda vez! E não apenas isso, você nem ao menos parece se importar com nosso relacionamento, parece que você o coloca abaixo do segundo, terceiro plano, sei lá, e eu sei que você não está passando por nenhuma dificuldade, então qual o problema?!''

Lembro-me de suas palavras ao me recostar no sofá confortável e eu realmente havia a deixado de lado naqueles últimos meses, além do problema de eu ter me tornado um repetente pelo segundo ano seguido onde eu já teria me formado e não ter feito o mínimo esforço para recuperar mesmo que Sam tenha ficado no meu pé desde o segundo bimestre. 

'' – Escuta, se tem uma coisa que eu não tenho é concentração para ouvir professores, certo? Eu simplesmente não tenho culpa se eles parecem entediantes ao meu ver falando e falando sem que alguma coisa interessante saia da boca deles.

— Eu também pareço ser entediante para você? – Ela estava em uma pose defensiva, com braços cruzados, seu quadril jogado um pouco de lado e queixo erguido, suas sobrancelhas cada vez mais franzidas.

— Você sabe que eu larguei os jogos quando eu queria passar um tempo com você, porquê você seria entediante? Eu amo você, Samy! – Falei alarmado, não estava gostando do rumo em que isso estava pegando.

— Não me chame de Samy... não agora. – Um suspiro foi solto, sua cabeça estava abaixada e sua mão apoiando a testa – Deixou de lado no início de nosso namoro, e isso faz o quê?! Um ano e meio atrás! Você agora não parece se importar com nada, até mesmo sua mãe veio perguntar se alguma coisa está acontecendo com você. Deve ao menos dar satisfação para sua família.

Tenho certeza que fiz uma cara de desgosto e incompreensão, pois Sam pareceu inconformada com isso. – Por acaso está me chamando de egoísta?''

Sim, eu sabia que não estava sendo justo com ela naquele tempo, havia deixado tudo de lado por causa de meu computador e PSP. Chegamos a conversar sobre isso e conseguimos estabilizar durante um ou dois meses, porém novamente eu voltei para o mundo virtual. Eu fui egoísta pensando apenas em minha diversão em outro mundo e isto causou a discussão recém lembrada. 

— Antes de tudo, eu quero dizer que não sou mais tããão viciado em games, tá? Eles não tem tanto grau de importância em minha vida como antes. – Sam olha para mim com uma cara engraçada – O quê?! Estou falando sério, não acredita? Confie mais em mim, Samzinha, cinco anos me fizeram ter noção das coisas, tá? – Dei uma piscadela ao mesmo tempo que apontava meu dedo indicador em sua direção como arminha, enquanto meu outro braço estava apoiado no braço do sofá.

Ela sorriu negando com a cabeça se alongando com os braços para frente e dedos cruzados – Hm... Eu acredito. Mas me diz, alguém te ajudou com isso ou passou por toooda essa mudança sozinho? Não é fácil mudarmos nosso comportamento de uma hora para outra, mas se for para melhor sempre é bom fazermos um sacrifício, mesmo que seja algo que amamos o suficiente para que nunca saia de nossas memórias. – Me olhou por cima dos ombros adotando uma expressão mas séria – Tanto coisas como pessoas, Armin. Entende do que estou falando? 

Finalmente nos viramos para frente a outro com um olhar de compreensão.

— Entendo, sim, claro! Bem... algumas pessoas me ajudaram sim, amigos, sabe que não faço amigos rápido o suficiente para que eu saia contando de minha vida pessoal sem que eu os conheça de fato. Alguns, foram passageiros e eu não abordei nenhuma vez sobre minha vida, alguns eu mantenho contato até hoje, mas de qualquer forma eles me ajudaram a enxergar mais sobre a vida real e não estar tão focado em apenas uma coisa. – Sam parece cada vez mais interessada em meu relato – Eu sempre tentei motivar pessoas quando elas estavam tristes e ajudá-las, mas estar em um relacionamento amoroso com uma pessoa que sempre esteve presente em sua vida como amiga é bem diferente pois você está lá de forma que palavras, gesto e ações são necessárias, eu não sabia se estava pronto para isso, não naquele tempo.

— Não posso dizer que sei o que é, sempre estive preparada para tudo e pronta para resolver qualquer situação, assim que fui criada. Mas entendo que nem todos estão preparados para tal relacionamento, o que nos resta é entender isso. Acontece que não fui compreensiva e usei todo meu vocabulário de palavrões durante isso. Você mereceu, novamente, não vou pedir desculpas por isso, de qualquer forma.

‘’ – Sim, estou. Aprenda a receber críticas e como fazer delas algo essencial para sua vida. Especialmente opiniões contrárias, isso te faz crescer especialmente como pessoa. – Dito isso, Sam sai da sala indo em direção à porta. 

 – O que está fazendo? – Perguntei estranhando ela agir como se fosse sair de sua própria casa – Ainda não terminamos de conversar, você não po...

— Estou abrindo a porta para que você saia daqui, vaza. Tenho mais o que fazer ao invés de perder meu tempo com alguém que aperta a mesma tecla para justificar ações erradas. Vai logo, sai, sai. – Gesticulou com uma das mãos. 

— Bem interessante sua forma de me expulsar daqui. – Fui em direção à porta, porém antes de pisar fora de sua casa eu me virei – Sabe... Talvez eu não tenha que encontrar com você outro dia se não tivermos que nos encontrar. 

Ela me olhou de uma forma desesperada, antes de fechar sua expressão para logo torná-la imparcial. – Caralho... Se você soubesse o quanto eu não queria escutar isso, mas não posso... Não podemos mais prolongar isso. – Negou com sua cabeça.

— Então estamos terminando, espero que não exista nenhum ressentimento nisso, certo? – Me aproximei com intenção de colocar minha mão em seu ombro antes dela estapeá-lo. Seus olhos azuis estavam ficando vermelhos. – Hm... Não arrependo de te conhecer. 

— Muito menos eu. Agora, tente não ser um babaca desgraçado e pense no que eu disse. – E fechou a porta em minha cara antes d’eu puder respondê-la.’’

— Já disse que não é necessário. E se quer saber, estou pronto para recomeçar com você desde o começo – fui para perto – só me resta saber se você também pensa da mesma forma. – Estou realmente ansioso de uma forma que não estive com nenhuma pessoa que tentei ter um relacionamento depois dela. 

Sam me olhou surpresa e logo depois arqueou uma das sobrancelha, puta sobrancelha bem feita, bixo. – Como sabe que não estou em um relacionamento? Ou que eu queira reatar algo com você? 

— Oh... Que rude. – Dei uma risada – Não se faça de difícil, vou ficar deprimido. Você não teria se soltado tanto perto de mim se estivesse namorando, além de que você estaria usando um anel de compromisso, sei que você gosta dessas coisas. 

— Ah, que pena... Não dá nem pra tentar tirar uma com sua cara. – Arrastando sua franja para trás, minha provável futura namorada me olha antes de se sentar em meu colo. – Acho que já pode voltar a me chamar de Samy... – E com isso sela nossos lábios. 

Tudo estava indo deliciosamente bem até que nós dois caímos do sofá em direção ao chão de forma que nossas testas batessem de uma forma nada agradável. – Meu Deus! Se tivéssemos caído no chão do meu quarto eu não estaria reclamando.

— Ah, é? Por quê? – Passei meu nariz em seu pescoço sentindo seu cheiro suave.

— O colchão não está na cama para que dê para ‘’escorregar’’. – Ela realmente está rindo de mim! – Eu ainda não tenho uma cama para falar a verdade... Aliás, é essa segunda porta do corredor, tá? – Então finalmente voltamos a nos beijar enquanto eu circundava sua cintura com meus braços tentando levantá-la até que Samy quebra nosso beijo para reclamar de minha estratégia romântica. – É melhor irmos andando até o quarto.


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Notas finais do capítulo

e então? kajsakj
novamente, não estava seguro de postar então criei uma conta recentemente apenas para isso.
Aliás, Armin repetente é algo meu, okok? Sem spoiler
críticas boas e construtivas >>>> pedradas
xero



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