O anjo que se apaixonou escrita por Crisântemo Lirium


Capítulo 1
Capítulo 1




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Um ser de luz desceu na Terra, alojando-se em um corpo mortal, uma jovem de longos cabelos negros e orbes castanhos, pele alva. Vestes brancas como a neve: um quimono simples, com alguns bordados feitos à mão, de flor de cerejeira.

Passou a viver entre os humanos, como uma, saciando os desejos de comer, dormir e etc., mantendo o contato com o Pai Celestial todos os dias, vivendo em uma casa abandonanda: teto de telhas negras, madeira antiga, piso empoeirado e pilares velhos. Arranjou um emprego como garçonete.

Seu nome? Rin Tokugawa, sim, havia encarnado no Japão e estava usando um vestido, com saia rodada, cheio de babados. Ia de um lado para o outro, com uma bandeja, servindo os clientes. Corava, com os olhares sobre si e também os assobios dos adolescentes que mexiam consigo.

Foi aí, que entrou um homem naquele ambiente com cheiro de óleo: cabelos prateados, terno e gravata, orbes âmbares e orelhas pontudas. Parecia cosplay, talvez até fosse, embora ela não soubesse o que era isso.

O homem sentou-se em uma cadeira perto da janela e a chamou com a mão, sentiu seu coração acelerar, não sabia o que era esse sentimento novo. Foi até ele com a respiração suspensa, com uma caneta Bic azul e um caderninho de notas em mãos.

— Pois não? Em que posso ajudá-lo? - disse a jovem, pronta para anotar o pedido.

— Um suco de laranja e um sanduíche natural, onegai. - disse o rapaz, não era só a aparência que era bela, era a voz dele também e isso a deixou amolecida, como se tivesse recebido a mais deliciosa das carícias.

— I-irei pro-provindenciar. Sumimasen. - disse a moça, retirando-se de perto daquela presença majestosa e indo até o balcão.

— Mesa seis: um suco de laranja e um sanduíche natural, onegai.

— Já está saindo, no capricho. - disse o rapaz lá da cozinha, preparando o pedido do cliente.

Anotou o pedido no caderninho que havia esquecido por causa do nervosismo e guardou o caderninho e a caneta no bolso de seu avental rosa bebê, com um bolso na frente, na parte de baixo. Em alguns minutos o pedido estava pronto e ela foi até a mesa daquele cavalheiro.

Parou diante da mesa e foi depositando o pedido dele sobre a mesa, quase derramando o suco sobre a mesa ao sentir a respiração dele em sua pele, já que seu braço estava exposto.

"O que ele está fazendo?" - pensou ela, recolhendo a bandeja e segurando-a para baixo, ia se retirar, mas foi detida pela mão dele, sendo observada por seus companheiros de trabalho.

— Fique comigo, onegai. - pediu e sentiu que aquele pedido foi sincero. Ia dar a volta para sentar-se em frente a ele, percebeu que ele negou com a cabeça o gesto dela.

— Ao meu lado. - disse ele, em poucas palavras, esforçou-se para não desmaiar e foi passando naquele espaço mínimo da cadeira para a mesa até o outro lado da mesa, no lado dele.

— Como se chama? - indagou ele, querendo saber mais sobre ela e pegou um canudinho, rasgando a embalagem de plástico que havia nele e pondo no suco, sorvendo um gole por meio do canudinho. Deixou a embalagem de plástico do canudinho de lado.

— Rin Tokugawa. - limitou-se a responder, estava completamente sem graça.

— Sesshoumaru Taisho. - disse e sorriu, era um sorriso enigmaticamente lindo e ela se perguntou se ele sorria sempre assim.

Abaixou o olhar e notou o quanto suas mãos tremiam e suavam. Não tinha estado tão perto de alguém assim.

Por outro lado, ele não demonstrou que estava a brincar com ela ou algo parecido. Estava desfrutando da companhia dela, quando deu por si, viu que ele havia dividido o sanduíche natural ao meio e estava levando o outro pedaço até sua boca.

— Não precisa, Sesshoumaru-sama. É seu desjejum. - disse, tocando delicadamente na mão dele, na tentativa de pará-lo.

— Faço questão. - disse ele e ela apenas abriu a boca e deu uma mordida naquele pedaço, começando a comer para não fazer desfeita. Nenhum cliente até agora havia lhe tratado, como ele estava a tratando.

Não lembrava de alguém tirar-lhe do trabalho, para conversar ou mesmo só fazer companhia. Era a primeira vez que alguém fazia isso consigo.

Ficaram assim por um tempo, trocando carinhos e carícias respeitosas, como se fossem um casal, por um tempo que ela não soube definir o quanto. Ia levantar novamente, mais uma vez foi detida por ele.

Sua paciência era grande, mas ela deu um suspiro de insatisfação, precisava voltar ao trabalho.

— Sesshoumaru-sama, eu preciso ir. Tenho muito trabalho a fazer.

— Ainda não acabou. - disse ele, prontamente e ela arqueou uma sobrancelha.

— O que não acabou, Sesshoumaru-sama?

— Preciso te dar um presente. - completou.

"Como assim um presente?" - pensou ela. Certo, isso estava ficando estranho, estranho até demais para ela. Do que ele estava falando afinal?

Seus pensamentos foram silenciados ao ser pega de surpresa por lábios quentes e macios sobre os seus, seu coração acelerou tanto, que ela pensou que ia voltar para o céu naquele instante.

Fechou os olhos e entregou-se ao beijo, mesmo não sabendo beijar, ele a ensinou com calma e as pessoas na lanchonete vibraram com aquele beijo.

Ele era um cliente assíduo daquela lanchonete, mas havia algo de errado naquele acontecimento, algo não se encaixava. O beijo terminou e ela saiu de perto dele, se perguntar nada.

Saiu correndo para a cozinha e o daiyoukai, satisfeito, pagou a conta, deixando o dinheiro contado sobre a mesa e foi até lá fora, onde cumprimentou com um bater de mão alguém parecido com ele.

Diferente dele, este ser trajava uma calça jeans, rasgada nos joelhos e camisa vermelha, de manga curta, com uma caveira estampada na frente. Tênis da Nike, meias brancas, cabelos igualmente prateados e orbes igualmente âmbares.

— Certo, você venceu. - disse o mais jovem, aborrecido com o irmão por ter ganho a aposta de conseguir um beijo de uma garçonete do Star's in the Sky.

— Você não sabe perder, Inuyasha. - disse o mais velho, pegando um pequeno bolo de dinheiro do irmão e pondo na carteira, que guardou no bolso e ambos foram embora em seguida.

O dia passou e a noite chegou, com um manto de estrelas a cintilar no céu e fazer companhia para a doce Lua.

Rin não havia esquecido aquele beijo, será que ele sentiu o mesmo que ela? Será que isso era amor?

Tomou um banho e adormeceu, em seus sonhos lá estava ele, de regata, bermuda e sandálias. Cabelos presos em um rabo de cavalo alto a cuidar das crianças.

Em seus sonhos, havia tido filhos com ele e havia se casado com ele também, tendo uma vida feliz.

Ele, havia descoberto o endereço dela e dormido na casa dela, na cama dela, ao lado. Não havia feito nada com ela, apenas adormecido ao seu lado e isso se repetiu por mais algumas vezes.

Os dias se passaram e eles ficaram próximos, começaram até a namorar, até ele descobrir que estava doente.

Não era uma gripe, nem virose, era câncer de próstata. Um mês dela ela sentiu enjôos e descobriu que estava grávida, o médico deu a notícia a ela que desmaiou dentro do consultório e foi atendida lá mesmo.

Meses se passaram. Ela fez o pré-natal, para a criança nascer saudável e contou a ele a notícia, que quase explodiu de felicidade.

Infelizmente, ele havia morrido e sua missão agora era cuidar de seu filho, que havia nascido meio anjo e meio humano, graças ao pai.

Sesshoumaru havia lhe deixado, passou a morar sozinha, com o filho Takeshi. Seu filho era muito pequeno para entender a dor que ela sentia.

A saudade era grande. Havia deixado o emprego de garçonete e agora era modelo, nada do glamour a deixava feliz, a não ser a presença de Sesshoumaru em sua vida.


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