— Como vocês se conheceram? – Gina perguntou enquanto fazia alguns processos do trabalho escolar.

— Fui falar com seu irmão sobre você. – Hermione respondeu com simplicidade. Gina imediatamente olhou em sua direção, bem em seus olhos, e Hermione o devolveu muito séria.

— O que? Porque? O que falaram sobre mim? – Gina parecia bastante chateada.

— Porque? Porque sou sua amiga, Gina, e me preocupo com você. Percebi que tinha algo errado entre vocês e como você não quis me dizer, decidi descobrir sozinha. Eu sei que não foi certo, mas eu tinha que saber e… bem, de qualquer forma, não deu certo, seu irmão não quis me dizer nada e nós acabamos discutindo no corredor da escola. – Hermione respondeu.

— Corredor da escola? Vocês estavam em público?

— Bom, quase… ainda não tinha ninguém naquele corredor. – Hermione replicou, os olhos dela expressaram feições preocupada. – Não está com raiva de mim, está? Eu sei que não devia me meter, me desculpe. Minha família diz que é uma mania que eu tenho.

— Tudo bem, Hermione, você só estava querendo ajudar. – Gina desviou o olhar da menina ao seu lado e ficou pensativa. – Eu vou te contar o que aconteceu.

— Serio? Você não precisa, mesmo.

— Sim…, mas não agora, nem hoje. Hermione, eu prometo que contarei a você e Luna tudo o que aconteceu entre meu irmão e eu com riqueza de detalhes…, só peço que espere eu estar pronta e peço também que não volte a falar com meu irmão, para não piorar as coisas e você não ter um inimigo em sua lista. – Gina pediu, rindo com a última frase.

— Tarde demais. – Hermione riu junto a ela. – Gina, e meu primo? Ele realmente parece interessado em você.

— Eu não posso, Hermione. Você entenderá quando eu dizer tudo. – Gina confessou tristemente.

— Está bem, só… não o dê falsas esperanças, sim? Harry não é como os outros garotos, ele é bastante sensível e pode se machucar para valer.

— Certo, Hermione, não se preocupe, deixarei claro que é só amizade. – Gina a garantiu, só não sabia como iria fazer aquilo.

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Pouco mais tarde, ainda na casa dos Weasley...

— Gina, querida, hora do jantar chame a sua amiguinha para comer conosco. – Elas ouviram Molly gritar da cozinha, Gina ficou vermelha.

— Amiguinha? – Hermione questionou, olhando divertida para Gina.

— Mamãe está empolgada porque é a primeira vez que trago alguém para cá. – Gina esclareceu bastante envergonhada. – Enfim, não precisa ficar para o jantar se não quiser.

— Mas é claro que eu quero ficar, Gina, estou morrendo de fome! – Hermione falou já se levantando. Gina também levantou feliz e não conseguiu disfarçar o sorriso.

— Gosta de lasanha? – Gina questionou sendo seguida por Hermione até a sala de jantar.

— Adoro! – Hermione respondeu com entusiasmo. A mesa já estava posta e com alguns membros da família sentados.

— Carlinhos, se importa de ceder o lugar para Hermione? Quero que ela sente ao meu lado. – Gina disse um pouco envergonhada de pedir isso ao irmão. Carlinhos, porém, sorriu animado e estendeu o lugar para Hermione sentar. Ela sorriu agradecendo e sentou-se e Gina a acompanhou sentando ao lado dela.

Quando Rony apareceu no local seus olhos se dirigiram imediatamente para Hermione, os dois trocaram olhares enraivecidos desafiando um ao outro, Gina se remexeu desconfortavelmente em sua cadeira.

— O que ela está fazendo aqui? – Rony questionou assim que se sentou.

— Ronald, tenha modos! Ela é amiga de sua irmã. – Molly o repreendeu, lhe lançando um olhar cortante.

— Amiga é? – Rony falou em um tom debochado, Hermione lhe lançou um olhar desafiador.

— Sim, e me verá muito por aqui. Gina é uma ótima companhia e, eu gosto bastante de ser sua amiga. – Hermione replicou com um tom ligeiramente provocador.

— Eu fico muito feliz em ouvir isso, querida, será sempre bem-vinda. – Arthur se fez ouvir na ponta da mesa, mostrava com um sorriso gentil.

— Obrigada, Sr. Weasley. – Hermione agradeceu com um mesmo sorriso.

— O jantar está servido! – Molly anunciou com um grande sorriso dirigindo-se ao seu lugar perto do marido.

— Então…, você é nova aqui, certo, Hermione? – Percy iniciou uma conversa.

— Sim, meus tios, meus primos e eu nos mudamos para cá tem pouquíssimo tempo, a casa ainda está uma bagunça com toda a mudança. – Hermione prontamente o respondeu.

— Tios? Primos? Desculpe perguntar, querida, mas e seus pais? – Molly mostrou confusão. Hermione sorriu, sabia que aquela pergunta viria.

— Meus pais estão em Paris, onde eu morava antes de vir para cá. – Hermione viu que eles ainda não estavam entendo direito e continuou. – Luna, minha outra prima, e eu viermos morar aqui com nossos tios que moravam em Nova York para estudarmos em Hogwarts junto com nosso primo, o Harry.

— Espera… o tal de Harry que venho te buscar outro dia é primo dela? - Gui perguntou para Gina, que corou, principalmente quando notou o sorriso malicioso que Hermione lhe lançou.

— Sim, Harry é primo de Hermione e… – Gina olhou para Rony. – Amigo de Rony.

— Ele é seu amigo, Rony? – Molly questionou. Rony olhou para a mãe e deu um rápido olhar muito sério para Gina, para depois focar na mãe.

— Sim, mamãe, a gente se esbarrou na escola e acabamos virando amigos. – Rony replicou.

— Faça com que algum dia ele venha aqui junto com você, querida, quero conhecê-lo. – Molly pediu para Hermione, lançando um olhar esperançoso para Gina, que a repreendeu com o olhar.

— Claro, tenho certeza que Harry adoraria. – Hermione sorriu.

— Então, Hermione, conte-nos mais, como é paris? – Jorge puxou mais conversa antes que o clima tenso se instalasse, pois notou que Rony olhava de um jeito nada agradável para Hermione e Gina.

Hermione, se percebeu ou não, ela não deu sinal de nada, pois sorrindo empolgada e com saudades, ela falou de seus pais e de como era paris.

No final do jantar, o clima da conversa com Hermione ainda estava no ar.

— Ah, deixe conosco, querida. – Molly falou quando Hermione deu indício de que ajudaria a tirar a mesa. Hermione pensou em retrucar, mas o seu olhar chocou-se com o de Gina e ela negou devagar com a cabeça divertida, Hermione então cedeu.

— Acho que já está tarde, irei ligar para Harry ou meu tio virem me buscar. – Hermione falou voltando para a sala, pegou a mochila e pôs-se a guardar seu material.

— Certo, tem certeza que não quer que nenhum de meus irmãos a leve? – Gina ofereceu.

— Não precisa, Gina, sério, eu chamo alguém da minha família. – Hermione respondeu. Ela olhou para Gina e deu um sorriso malicioso. – Tenho quase certeza que será Harry.

— Dá para parar? Não vai acontecer nada entre mim e seu primo. – Gina corou.

— Aposto que não é isso que ele acha. – Hermione retrucou em resposta.

— Então terei que deixar isso bem claro.

— Se você acha que isso é o certo. - Hermione a olhou intensamente por um instante.

— Claro que sim…, não quero machucar seu primo, nem ninguém.

— Ok, não entendi nada com o que quis dizer com isso, e eu normalmente consigo entender as coisas. Como sabe que pode dar errado se você nem tentou? – Hermione questionou.

“Por que tudo na minha vida dá errado”. Gina respondeu-a em pensamento. Hermione esperou por uma resposta, que não veio.

— Vou ligar para me buscarem. – Hermione decidiu não insistir por agora e se dirigiu para o lado de fora da casa.

— Eu irei terminar de arrumar aqui e já te acompanho. – Gina falou, Hermione acenou com a cabeça.

Ao chegar do lado de fora ela ligou para o telefone da casa em que estava morando.

— Alô? – Ouviu a voz de sua tia no outro lado da ligação.

— Oi, sou eu tia Lilian, já terminei o trabalho e jantei com eles, pode mandar o tio James ou Harry vir me buscar? Não quero voltar de ônibus.

— Claro, querida, irei mandar seu tio. – Lilian parou de falar e conversava com uma voz ao fundo, Lilian falou algo para essa tal voz e em seguida voltou a falar com Hermione. – Quer dizer, Harry irá busca-la.

— Ele pediu para vir não foi? – Hermione falou com um sorrisinho, sua tia deu uma pequena risada antes de responde-la.

— Pedir? O seu primo pegou a chave da moto e praticamente correu para a garagem antes de eu terminar o pedido ao seu tio. – Lilian falou e foi a vez de Hermione rir.

— Ele está gostando da menina com quem está fazendo o trabalho, ou ele está mesmo ansioso para vê-la? – Lilian questionou.

— Acho que só um pouquinho dos dois. – Hermione respondeu.

— Quem é a garota? – Lilian indagou curiosa.

— Não se preocupe, dona Lilian, ela é legal.

— Se você diz, quem duvida de Hermione Granger? Vejo você mais tarde, querida. – Lilian se despediu.

— Te vejo mais tarde, tia. – Hermione desligou com um sorriso saudoso.

— Porque não estou surpreso que é o Harry que vai vir busca-la? – Ela escutou uma voz atrás dela e virou-se.

— É um efeito que o Harry nos dá. – Hermione falou olhando nos olhos de Rony Weasley.

— Ele se mete demais não acha? – Rony disse de forma casual.

— Está sendo educado comigo? – Hermione cruzou os braços e cerrou os olhos para ele.

— Desculpe por aquilo, eu não devia...

— Quase deixar uma mancha roxa no meu braço e um galo na minha cabeça? – Hermione o cortou.

— Desculpe.

— Nunca pensei que Ronald Weasley fosse de pedir desculpas por alguma coisa, ao menos que… - Hermione se aproximou mais dele e cruzou os braços. – Está querendo alguma coisa de mim, Weasley?

— Porque acha que eu quero algo? – Rony questionou e Hermione arqueou uma sobrancelha.

— Sou Hermione Granger, uma das novatas esquisitas da escola, é sempre suspeito que um… bom, aluno “superior” venha falar educadamente comigo… Então, o que quer?

— Não estamos na escola. – Rony disse ignorando a pergunta dela.

— Acho que isso não faz diferença. – Hermione falou mantendo-se na defensiva.

— Você disse que queria ajudar a Gina…, ela precisa de ajuda? – Rony perguntou depois de uns segundos em silêncio.

— Claro que precisa, não percebe que ela está sempre triste e muitas vezes calada? – Hermione se desarmou um pouco.

— Gina é tímida, sempre foi. – Rony falou como se fosse uma explicação.

— Eu sei, todo mundo percebe. Mas, o que as pessoas gostam de ignorar, e eu não, é que Gina é solitária, triste e abatida… e não existe ninguém para socorrê-la, ou pelo menos não existia.

— E ela lhe pediu ajuda?

— As pessoas as vezes pedem socorro silenciosamente. – Hermione respondeu.

Não deu tempo de Rony falar mais nada pois Gina apareceu na porta da frente para fazer companhia a Hermione do lado de fora enquanto ela esperava pela carona para casa. Gina olhou de Rony para Hermione completamente estática, Rony pressentiu a presença da irmã ali e, mal olhando para ela, ele voltou para dentro.

— Aconteceu alguma coisa? – Gina perguntou cautelosa.

— Não, não aconteceu nada, apenas que… seu irmão foi educado comigo. – Hermione falou, Gina franziu o cenho.

— Ele foi? Mas, vocês não se estranharam? Ele não costuma mudar de ideia tão rápido. – Gina demonstrou confusão.

— Suspeitei de que fosse assim… Gostei da sua família.

— É eles são ótimos – Gina sorriu.

— Percebi que você só tem um relacionamento ruim com Ronald. – Hermione comentou. Gina se remexeu incomodada. – Não se preocupe, só iremos falar desse assunto quando você quiser.

Gina apenas acenou com a cabeça.

— Olá, meninas! – Harry parou em frente a elas, ele levantou o visor do capacete e deu uma piscadela para elas.

— Porque eu não estou surpresa? – Gina disse com um sorriso divertido.

—  Como você está, Gi? – Harry puxou conversa.

— Estou ótima.

— Odeio estragar o começo de conversa de vocês, mas já está tarde, eu quero ir para casa. Trouxe meu capacete? – Hermione perguntou para Harry.

— Claro, nunca esqueço de sua segurança, priminha. – Harry falou estendendo um capacete vermelho para ela.

— Nossa que primo prestativo eu tenho. – Hermione disse pegando o capacete.

— O melhor deles. – Harry respondeu enquanto ela subia na garupa da moto e colocava o capacete.

—  Vejo vocês amanhã na escola. – Gina disse sorrindo divertida para eles.

— Até amanhã na escola, Gina. – Hermione respondeu.

— Até amanhã, Gi. – Harry despediu-se e abaixou o visor do capacete e deu aceleração na moto e partiu. Gina apenas voltou a entrar quando eles viraram a esquina.

— Adorei a sua amiga, Gina. – Molly falara com grande empolgação. Foi a primeira coisa que Gina ouviu quando entrou. – Não hesite em trazê-la novamente… se quiser traga-a todos os dias.

— Mãe, não exagere.

— Ora, eu só estou empolgada com sua nova amizade e por ela ser uma ótima menina. – Molly replicou.

— Mamãe tem toda razão, Hermione me pareceu uma ótima pessoa. – Carlinhos entrou na conversa.

— Vocês estão fazendo comentários como se eu tivesse apresentado um namorado. – Gina observou achando engraçado.

— E por falar nisso, quando irá trazer o tal de Harry? – Molly questionou para Rony, que estava no sofá da sala e só agora Gina o percebera.

— Como assim? Pensei que estivéssemos falando da amiga de Gina. – Rony retrucou em resposta.

— Ronald…? – Molly insistiu para que ele respondesse.

— Qualquer dia desses, mãe. – Rony disse dando de ombros.

— E você? Irá trazê-lo, não, Gina? – Molly perguntou esperançosa.

— Se depender de mim, nunca, mamãe. – Gina à respondeu.

— Mas, pensei que ele fosse seu amigo. – Molly mostrou confusão.

— Sim e também é amigo de Rony. – Gina disse com simplicidade. – Amole o saco dele quanto a isso, não o meu.

— E só por ser amigo dele, deixou de ser seu também? – Molly prosseguiu com as perguntas.

— Não. Por isso que deixou de ser o que ele nunca foi, ou seja, meu namorado como a senhora gosta de insinuar.

— Eu não gosto de insinuar nada. – Molly disse se fazendo de inocente.

— Claro que não! – Gina falou sarcasticamente. – Mãe, eu não estou dizendo que ele deixou de ser meu amigo, só estou dizendo que não vamos deixar de ser, só isso. Se quiser que Harry nos visite, peça a Rony para convida-lo, ele é mais amigo dele que eu.

— Está bem. – Molly pôs fim no assunto, não entendo a atitude dos filhos.

— Eu vou subir, estou cansada, Hermione e eu trabalhamos muito com o trabalho de biologia. – Gina estava realmente exausta, porém, o que mais queria era sair dali e pensar em alguma maneira para dizer a Harry com clareza que nada aconteceria entre eles.

Porém, como dizer isso se ela queria o contrário? Se ela queria, desejava loucamente, saber como seria a sensação de seus lábios tocando os de Harry?

E com os pensamentos a mil, ela subiu para seu quarto e não demorou muito para adormecer.

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No dia seguinte...

Gina não costumava se atrasar, na verdade, nunca se atrasou na vida, então, podia ser por isso que ela estava desesperada como estava naquele momento.

Havia dormido demais, seu alarme não havia tocado, ou ela não o havia escutado, sua mãe devia ter esquecido de acorda-la e agora ela havia perdido a hora. Agora estava correndo de um lado para o outro de sua casa enquanto se arrumava.

— Isso não pode estar acontecendo, isso não pode estar acontecendo, isso não pode esta aconte... – Gina quase esbarrou com alguma coisa.

— Uou! Cuidado por onde anda, maninha. – Fred falou desviando dela em tempo para que eles não colidissem e acabasse derramando suco e café um no outro.

— Desculpe Fred, eu estou super atrasada, eu tenho que fazer tudo às pressas. – Gina respondeu sem parar de se organizar tomando o suco que estava em mãos às pressas.

— Ok, ligeirinha, não precisa se desesperar isso vai acabar te fazendo mal. Senta, respira e come o seu café da manhã direito. – Fred falou enquanto continuava o seu caminho para a mesa em que comiam.

— Você está parecendo a mamãe. – Gina disse com um sorriso divertido enquanto pegava a mochila e colocava uma das alças em um dos ombros. – Por falar nisso, onde ela está? Ela não me acordou.

— Na casa da vizinha, parece que o filhinho da dona Helô irá fazer aniversario, mamãe está ajudando com a comida. – Fred respondeu comendo seu café tranquilo. – Gina, senta e come, você não está tão atrasada assim.

— Estou atrasada dez minutos, Fred, eu considero isso como super atrasada, já que eu ainda estou em casa. – Gina retrucou.

— Ok, pegue o resto do que precisa e vamos, eu vou te levar para a escola, mais depois não faça a mamãe receber uma ligação da escola informando que a filha dela desmaiou de fome. – Fred falou levantando-se.

— Sério? Ah, muito obrigada, maninho, muito, muito obrigada! Eu ainda não tinha ideia de como eu iria para a escola. – Gina agradeceu completamente aliviada.

— Estava nessa pressa toda e não pensou em como iria para a escola? – Fred questionou enquanto ela corria para as escadas.

— Uma coisa de cada vez, Fred! – Gina gritou do andar de cima, ele negou com a cabeça lentamente com um sorriso divertido no rosto.

Não demorou quase nada e eles já estavam dentro do carro dos gêmeos indo rumo a Hogwarts enquanto Gina pedia desesperadamente para o irmão ir mais rápido. Claro que ele contra argumentou divertidamente os resmungos que ela soltava.

Quando chegaram, ela praticamente voou para fora do carro.

— Muito obrigada, Fred! – Gina agradeceu outra vez se curvando sobre a janela do carro do irmão.

— De nada, maninha, só uma coisinha antes de você ir. – Fred falou quando ela estava quase correndo para o portão, ela virou-se para o irmão agoniada para entrar no colégio. – Desculpe, mas seus cabelos estão parecendo uma floresta ruiva.

Gina encolheu os ombros exasperada e suspirou.

— Eu não os penteei, não deu tempo. – Gina explicou enquanto rapidamente fazia um coque no alto da cabeça. – Melhor agora?

— Bom, melhor do que nada. – Fred disse fazendo uma careta, e Gina revirou os olhos, sabia que ele estava implicando por brincadeira.

— Tchau, Fred, até mais tarde. – Gina virou-se deixando-o ali antes de ouvir a resposta do irmão.

O portão ainda estava aberto, então ela conseguiu passar sem muita dificuldade, o corredor não estava cheio como ela estava acostumada, mas mesmo assim as poucas pessoas que ali estavam olharam para ela confusos com o atraso, para em seguida começarem a rir, Gina ficou um pouco confusa se era por conta do seu visual ou por conta de estar atrasada pela primeira vez na vida.

Quando já havia passado em seu armário, se dirigiu para sua sala, parou em frente a porta respirou fundo três vezes, pois sabia que todos olhariam para ela, pois o atrasado sempre era o centro das atenções. Rapidamente, antes que desmaiasse, ela bateu na porta e a professora Minerva abriu a porta e olhou para ela com as sobrancelhas arqueadas em surpresa, que logo se transformou em um rosto severo. Gina prendeu o gemido de frustação que quis soltar.

— Srta. Weasley...

— Me desculpe, Professora, eu perdi a hora. – Gina não conseguiu evitar interrompe-la.

— É o que sempre dizem, senhorita, já para o seu lugar. – Minerva mandou.

Gina deu um passo para dentro e olhou para os lados a procura de um lugar, ela avistou Hermione e Luna, elas sorriram para ela, Gina viu que os lugares perto delas estavam todos ocupados então teria que procurar por outro. Ela quase gemeu novamente quando viu que o único lugar vago que tinha era perto de seu irmão Ronald, que, consequentemente, era perto de sua turma e de Harry. Ronald pareceu perceber isso pois fechou a cara no mesmo momento.

— Srta. Weasley, estamos esperando, eu tenho que continuar a aula. – Minerva a apressou.

— Sim, claro, professora. – Gina disse e quase correu para o outro lado da sala. Ela se aproximou da banca e sentou-se fazendo de tudo para não olhar para ninguém, principalmente seu irmão.

Tirando o fato de estar na cadeira atrás a de seu irmão, Gina achou a aula perfeitamente boa, as primeiras passaram rápido e quando tocou o sinal ela fez algo que nunca fez, praticamente correu para fora da sala. Ela foi de imediato para o refeitório, sem parar para colocar o material que não iria precisar no armário, levando-os consigo, deixou-os na mesa que iria sentar e foi para a fila com sua bandeja. Pegou a comida do dia e voltou para a mesa, não demorou muito e Hermione e Luna se juntaram a ela.

— O que houve para você ter se atrasado? – Hermione rapidamente começou a conversa.

Gina olhou para elas enquanto mastigava sua refeição, analisava se contava ou não a verdade. Apesar de achar elas suas amigas e super legais, Gina tinha medo que elas zoassem com sua cara. Por fim, decidiu arriscar, era melhor saber se elas tinham isso em comum com os outros logo do que mais adiante.

— Dormi mal pensando em como falaria para o primo de vocês que a gente não pode ter nada. – Gina desembuchou. Hermione e Luna se entreolharam.

— Que tal ir direto ao ponto com ele? – Luna sugeriu.

— Direto ao ponto? – Gina questionou.

— É só falar para o Harry que não vai rolar, simples. Ele vai entender. – Hermione também a aconselhou.

— Tem certeza? – Gina perguntou receosa.

— Claro que sim, conhecemos nosso primo. – Luna a assegurou.

— Ok…, se vocês dizem.

Para deixar Gina menos nervosa, Hermione e Luna começaram a falar de outros assuntos. Inclusive, combinaram de saírem juntas depois da aula, fazendo com que Gina ficasse ansiosa pela primeira vez pelo fim de mais um dia de aula, já que ela nunca teve a oportunidade de sair com amigas, de ter o famoso “dia de menina”.

Na verdade, Hermione e Luna também estavam bastante empolgadas para passar o tempo no lugar que viviam quando crianças com a companhia de Gina, que morava ali desde que havia nascido e sabia onde tudo se localizava e o que havia mudado desde que elas se mudaram.

Quando o intervalo terminou e, elas já haviam passado em seus armários para a troca de materiais, elas voltaram para a classe e tiveram o resto das aulas do dia. Dessa vez elas conseguiram sentar perto uma da outra e tiveram aulas melhores que as anteriores.

As aulas acabaram aquele dia e a empolgação entre as três aumentou.

— Eu irei deixar meu material no armário. – Gina avisou as outras duas.

— Iremos fazer o mesmo. – Luna disse em resposta.

— Nos encontramos em frente ao portão do colégio? – Gina perguntou e Luna sorriu.

— Não, no estacionamento. Nós iremos no meu carro, ele chegou ontem de dia. – Luna disse quase dando pulinhos, o que contagiou Gina e Hermione fazendo com que sorrissem.

— Que bom, pois eu não tinha ideia de como iriamos andar pela cidade toda. – Gina respondeu quase que igualmente animada.

— Então até daqui a pouco. – Hermione falou com um pequeno sorriso.

Gina estava tão feliz que não havia percebido que as pessoas continuaram olhando para ela, sempre à procura de algum defeito que pudessem zoar. O sorriso de Gina murchou um pouco quando viu quem estava ao lado de seu armário. Lilá Brown.

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Do outro lado do corredor...

— Céus! O que diabos...? – Hermione falou após fechar a porta de seu armário, podendo notar no armário ao lado, Ronald Weasley encostado, olhando para ela com um sorriso superior e uma sobrancelha arqueada em deboche.

— Apenas lhe dando um pouco do próprio veneno, Granger. – Rony falou. Hermione revirou os olhos e lhe dirigiu um sorriso irônico.

— O que raios está fazendo aqui? – Hermione o questionou.

— Disse que queria ajudar a minha irmã. – Rony disse fazendo rodeios.

— E quero. E você deixou bem claro que não queria me ajudar com isso. – Hermione replicou com certa agressividade.

— Eu já pedi desculpas pelo que fiz, ok? Você quer que eu peça de novo? - Rony disse ficando desconfortável com o rumo da conversa.

Hermione estava cansada daquilo então decidiu ir logo ao ponto.

— Ronald… o que está fazendo aqui? – Hermione repetiu a pergunta suspirando cansada.

— Eu queria ajudar a minha irmã. – Rony admitiu. Hermione ficou surpresa, tanto, que arregalou os olhos e entreabriu a boca, fazendo com que Rony risse. - Sua cara está engraçada.

Hermione saiu do torpor da surpresa com a risada dele e também soltou uma pelo o nariz, logo depois franziu o cenho levemente.

— Quer mesmo ajuda-la? – Ela questionou muito séria. Rony olhou para ela por um momento confuso. “Ela não estava ofendida por ter rido dela? Lilá e suas amigas sempre ficam”. Ele pensou e percebeu que ela esperava uma resposta, então tratou de responde-la.

— Sim, eu quero.

— Ok. – Hermione falou um sorriso se formando. – Depois eu entro em contato com você, agora eu tenho que ir pois tenho compromisso… ah pode informar a sua família que Gina irá sair conosco?

— Conosco? – Rony repetiu em mais confusão.

— Sim, eu e Luna. – Hermione esclareceu.

— Está bem… espera, o que? – Rony afirmou, mas algo lhe ocorreu. “Gina iria sair?”

— Entro em contato com você depois, Ronald. – Hermione repetiu e saiu, o deixando para trás ainda assimilando que Gina iria sair com… suas amigas? E o que ela quis dizer com entrar em contato? Ela não tinha seu telefone ou qualquer outra coisa.

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Do outro lado do corredor...

Gina quase deu meia volta, mas não tinha outro jeito, tinha que guardar os materiais… e Lilá acabara de vê-la, porque isso sempre acontecia quando ela queria fugir?

— O que aconteceu com seu cabelo Weasley? Foi atingida por um raio? – Lilá questionou quando Gina chegou em seu próprio armário. Ignorando-a, Gina costumava fazer isso quando não estava querendo estragar o seu dia mais do que já era estragado, ela abriu seu armário e começou a colocar tudo que não iria precisar dentro do armário e colocava na bolsa apenas o necessário para fazer os exercícios para o próximo dia de aula.

— Além de feia ficou muda? Nossa, Ginevra, a cada dia você só piora. – Lilá continuou tentando irrita-la.

Gina, calada e serena, por dentro se segurava para não voar em cima dela por tê-la chamado de Ginevra, continuou o que fazia.

— Vai mesmo me ignorar? Tenha um pouco mais de respeito por sua cunhada.

Aquilo fora a gota d’agua, mas Gina conseguiu se segurar… um pouco.

— Respeito quem me respeita. O que não é o seu caso, Lilá. – Gina falou fechando e trancando seu armário. Ela viu a loira ficar irritada e saiu dali antes que ela explodisse. Conseguiu apenas chegar ao meio do corredor quando foi abordada por um Harry sorridente.

— Estar tão ansiosa assim para ir para casa? – Ele falou cordialmente.

Para afasta-lo, Gina queria responde-lo com um comentário sarcástico, que lhe tirasse o maldito sorriso bonito que estava impedindo-a de fazê-lo, então ela fez ao contrário:

— Na verdade, eu tenho um compromisso e não queria me atrasar.

Porém teve o mesmo efeito que teria o comentário que havia pensado. O sorriso no rosto de Harry murchou com a sua resposta.

— Compromisso? Onde? Claro que você só responde se quiser. – Harry falou colocando as mãos nos bolsos da calça que usava.

— Não tem problema, irei passear pela cidade. – Gina o respondeu. Ela se inclinou na direção dele e o olhou nos olhos, não devia, mas ela estava gostando do efeito que a situação estava causando a ele. – Com suas primas.

Harry não conseguiu disfarçar o alivio e foi tarde demais quando percebeu, ele ficou sem graça passando a mão, repetidas vezes, pelo cabelo, o bagunçando ainda mais, o que, na opinião de Gina, o deixou uma graça. Gina iria mudar de assunto, porém algo lhe incomodava, como se alguém tivesse lhe encarando mais ela não estava encarando essa pessoa. Gina virou para trás um pouco e o que viu lhe trouxe lembranças nada agradáveis. Lilá olhava para ela e Harry com muita atenção, atenção demais. Quando Lilá viu que Gina percebeu que estava sendo observada, ela lançou um sorriso pequeno muito maldoso e se afastou a passos lentos, ainda olhando para eles.

— Gi?

Gina voltou a atenção para ele, tinha que ser agora, rápido e direto.

— Harry eu gostaria que não me chamasse assim. – Gina falou e cada palavra que saía da boca lhe doía.

— Porque? Tem algum problema? – Harry indagou confuso.

— Harry, pelo o jeito que me trata e por aquele dia no parque, eu acho que quer ser mais que meu amigo.

Harry ficou sério e um pouco sem graça novamente.

— Continue. – Ele pediu passando a mão pelo cabelo novamente.

— Não quero ser mais do que sua amiga. – Gina falou de uma vez só.

Harry olhou inexpressivo para ela por dois segundos antes de responder.

— Tudo bem. Amigos? – Harry perguntou estendendo a mão para ela.

— Amigos. – Gina respondeu confusa e aliviada com o comportamento dele, apertando a mão dele de volta.

— Até mais, Gina. – Harry despediu-se enfatizando o nome dela. – Eu tenho que ir, bom passeio.

— Até mais, Harry. – Gina respondeu, porém ele já não estava mais ali.

Gina estava sentindo algo estranho. Havia mesmo feito o certo?