Em uma tarde silenciosa de domingo, Naruto se viu, novamente, sozinho com o filho.

Hinata saiu há algumas horas para conferir, em mais uma rotineira consulta, se a gravidez ia bem. Geralmente, ela fazia questão de levar o marido, contudo, o loiro resolveu dar uma folga para a moça sabendo que sua hiperatividade só a atrapalharia — e que, no fim, também levaria um sermão de Sakura.

A televisão estava ligava em um canal infantil e uma música ecoava pela sala. Boruto, em pé, mexia o corpinho tentando dançar no ritmo da melodia, atento aos desenhos que passavam na tela de plasma. Naruto, sentado no chão com o bebê entre as pernas, batia palmas compassadas, estimulando-o a continuar.

O pequeno, agora com dois anos e três meses, não dava sossego. Passava horas à finco perambulando pela casa, explorando objetos, fazendo bagunça e implicando com qualquer criança que visse. Ele gostava de ser o centro das atenções e Naruto sentia-se receoso sobre qual seria a reação do garotinho ao ver que todo o afeto e carinho direcionados a si seriam, futuramente, divididos com um novo irmão.

No fim da tarde, pegou o pequeno Boruto no colo e direcionou-se até o banheiro, preparando um banho morno. Colocou-o na banheira de plástico azul e, enquanto ensaboava os fios tão loiros quanto os seus, Boruto decidiu que seria uma boa ideia utilizar o pai como alvo de suas brincadeiras. Posicionou as mãozinhas na água e deu um empurrão, atingindo em cheio a blusa laranja do shinobi, soltando uma gargalhada doce e espontânea ao receber um olhar severo.

— Pestinha. — murmurou, sem conseguir controlar um sorriso, descendo o olhar até a blusa molhada. — Deixa só sua mãe saber como você anda se comportando.

O aviso pareceu surtir efeito já que, no fim, ele ficou quietinho, permitindo ser ensaboado pelo mais velho.

Terminado o banho, o vestiu e o colocou sentado no cercadinho da sala. Enquanto o filho permanecia entretido com os próprios brinquedos, Naruto colocou um dos aventais floridos de Hinata e se encaminhou até a cozinha, onde preparou um mingau de aveia, apreciando o silêncio.

Horas mais tarde, no momento em que enfiava uma colher contendo uma generosa quantidade da refeição na boca do neném, Hinata atravessou a porta de entrada com um lindo sorriso estampado no rosto.

Ela nem o preparou para a notícia. Estava tão eufórica, tão afobada que resolveu soltar a bomba de uma vez:

— Teremos uma menina.

Naruto estancou no lugar, arregalando os olhos e com o queixo levemente caído, ainda processando a informação. Hinata parecia em expectativa, esperando uma resposta do marido.

Ele sentiu uma quentura gostosa no peito só em imaginar uma garotinha perambulando pela casa com penteados fofos, vestidos de babados e bochechas rosadas.

Com um nó na garganta e sem conseguir pronunciar sequer uma palavra, abraçou a esposa com força, sorrindo e transbordando felicidade.