Embriagues escrita por LucianaQuero


Capítulo 7
Criancices


Notas iniciais do capítulo

Ah, gente... Eu espero realmente que vocês gostem!
Tô meio insegura com esse capítulo

ai, ai...
Agora podem ler! haha



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— Ah... Não quero acordar desse sonho. – suspirei ainda de olhos fechados.

— Não precisa...

Michael acariciava meu rosto de leve com o colo da mão. Eu então abri os olhos, ele me olhava com uma expressão angelical.

— Não precisamos. — continuou, sorrindo belamente.

Eu abri a boca para dizer algo. Desisti. Resolvi não dizer nada, apenas viver aquele momento. Sentir seu toque em meus cabelos, seu cheiro no ar...

— Ca-ham. — pigarreou alguém — Michael, o senhor gostaria que já preparássemos tudo para as crianças?

Abri os olhos bruscamente. Era Amy.

— Sim, sim, Amy. Eu já vou ajudar, só um minuto.

— Ok.

Olhei para ele sem entender nada. Perguntei suavemente, a fim de não transparecer meu choque:

— Crianças, é? ré ré

— É! — estendeu as mãos para que eu levantasse — É muito divertido! A gente brinca, assiste um filme e toma um lanche!

— Acho melhor eu voltar pra casa então, pra não te atrapalhar...

— Quê? Não, não. Fica com a gente.

— Não sei...

— Vai ser divertido. — de novo aquela cara de cachorro pidão.

Eu lembrei então dos meus primos gêmeos Jane e Jimmy. Pequenos, fofos e umas pestes. Me faziam de gato e sapato.

— Não acho que seja uma boa ideia. Sou uma catástrofe!

— Susan, ninguém é uma catástrofe! — disse seguindo de uma risada.

Pude perceber que minha cara chegava a ser engraçada, tamanho meu temor.

— Fica vai..?

— Ok... Eu fico.

— Yeeah! Vamos! — pegou-me pela mão e me beijou de leve.

 

*

 

Tudo estava posto em seus devidos lugares. Os brinquedos ligados, os sorvetes, algodões doces, e o mais importante de tudo: as bexigas e pistolas d’água.

Olhei mais adiante, lá vinham elas. Um ônibus as traziam, e quanto mais perto chegavam, mais nervosa eu ficava.

Ao meu lado, Michael estava repleto de felicidade. Um sorriso de orelha a orelha e uma ansiedade notável.

Mais perto, antes mesmo de descerem do ônibus, já gritavam, apontavam e riam maravilhadas. Então finalmente elas desceram, e logo Michael se juntou a elas. Se não fosse pelo seu tamanho, não haveria como distingui-lo das crianças.

O que chamou minha atenção foi uma das crianças: Joel. Ele estava com a mãe e uma enfermeira. Estava preso em uma cadeira e precisava de aparelhos para respirar. Aquilo me fez engolir em seco.

Michael não deixou de brincar com ele, e conversou animadamente. Joel respondia apenas mexendo a cabeça de vagar e sorrindo.

— Crianças! Essa é minha amiga Sue, — apontou para mim — ela vai passar o dia conosco!

— Oi, Sue! — escutei um monte de vozes finas em coral.

— Oi... — sorri, sem jeito.

— Bem, bem. Chega de conversa e vamos ao que interessa!

Em menos de um minuto, estávamos brincando de guerra de bexigas d'água.

— Sue! Suue!

Olhei para o lado e vi que uma garota havia se machucado ao cair. As crianças corriam como loucas, era impossível que não escorregassem em algum momento.

— Você está bem?

— Eu acho que quebrei a minha perna!

— Oh! — assustei-me — Você consegue mexê-la?

A menina então mexeu a perna perfeitamente. Relaxei.

— Ah, relaxa, não quebrou nada!

— Quebrou sim!!

— Calma. — desengonçada, peguei a menina no colo. — Vamos falar com o Michael.

Michael ficou acalmando a menina por um tempo, até que chegou Amy para fazer um curativo na sua perna. Assim feito, ela saiu correndo como se nada tivesse acontecido. Mike piscou para mim, e voltou a brincar.


*

A guerra de bexigas acabara. O time do Michael ganhou e o meu perdeu. O bobo ficou tirando sarro da minha cara minutos seguidos.

Eu já estava começando a me irritar, e acho que ele percebeu. Disfarçou a risada e propôs que fossemos juntos aos brinquedos. Assim fizemos. Passamos pelo carrossel, pelos trenzinhos, outro brinquedo, até que chegamos a um que me preocupou...

— Yeah, roda gigante!

Parei bruscamente.

— Vamos, Sue!  — outra menina me puxava.

— Não, depois eu vou. — menti.

— A Sue tá com me-do. A Sue tá com me-do! — as crianças puseram-se em coro. Michael era uma delas.

Revirei os olhos e suspirei. Impus uma condição:

— Só se o Michael for comigo.

— Uhu!

— Aê, vamos!!

Sentamos juntos. Ele continuava conversando e rindo com as crianças, enquanto eu curtia o meu momento tortura. A roda começou a subir e eu agarrei o braço de Michael.

— Relaxa, Sue.

A roda subia cada vez mais e de vez em quando parava no meio do caminho. Isso só me deixava mais agoniada. Estávamos quase no topo quando...

— PAROU! — gritei — Parou! Parou, não acredito!

As crianças riam de mim, mas eu não me importava, apenas espremia os olhos e não os abria de jeito nenhum enquanto chacoalhava as pernas. O vagão em que estávamos começou a balançar e isso só fez com que eu me assustasse mais. Parei com as pernas e apertei o braço de Michael, muito forte.

— Susan, relaxa! Meu braço está doendo! — eu apertava cada vez mais forte — Respira fundo!

— Não olha pra baixo. Não olha pra baixo. Não olha pra baixo.

Michael segurou minha mão com força.

— Respira, abre os olhos, vai.

Confiei nele. Abri um olho de cada vez. Me deparei então com uma vista maravilhosa. Dava para ver Neverland inteiro.

— Viu? Não tem nada demais. — me abraçou e me beijou na bochecha.

— Você está errado. Tem tudo demais... É lindo!

Sorrimos juntos e demos risadas do meu próprio medo. A roda gigante não era mais o terror que sempre atormentou minha curta vida. Era algo muito legal, até.

Os trancos do brinquedo ainda me deixavam agoniada, mas assim que descemos, fomos assistir o que Michael chamava de "filme surpresa". Todos se encaminharam para o cinema particular. Eu podia ver a mágica nos olhos das crianças. A maioria alí nunca tinha entrado em um cinema de verdade!

Antes de me acomodar junto às crianças, observei a enfermeira, a mãe de Joel e Michael acomodando o menino. Antes de entrar me perguntava onde o garoto ficaria. Estava então diante da resposta.

Além de todos os assentos comuns, havia uma cama muito colorida e bonita atrás de uma parede de vidro. Se olhasse de longe sequer percebia-se o fato de ser uma cama de hospital.

Aquela cena não tinha preço. O menino Joel sorria, mas mais do que isso, eu não via apenas um menino deitado numa cama. Seus olhinhos mostravam um Joel livre, correndo por Neverland.

Michael estava alí, ao seu lado. E ficaria lá até o fim do filme.

Senti um nó na garganta e uma lágrima escorrer pelo meu rosto.

— Sue? — enxuguei o rosto e sorri — Que filme a gente vai assistir?

— É surpresa!

— Você sabe sim.

— Eu também não sei... — fui sincera — Que filme você acha que é?

— Gremlins!

— Gremlins!? Eu acho que não.

Eu e o garotinho nos sentamos e pouco tempo depois apareceu no telão: "Peter Pan".


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