— O que eu fiz para merecer isso? Alguém sabe? Me digam!! Por que??

Sem me dar conta, estava esmurrando um portão. Só parei até minhas mãos começarem a doer. Além disso, estava encharcada. Chovia forte. Já havia escorregado no chão e caído no meio da rua. Mas algo me fazia levantar e insistir em passar vergonha: a embriagues.

Escutei alguns ruídos, mas não consegui descobrir o que exatamente eram, ou de onde vinham. Por alguns segundos parei de fazer escândalo. Eram vozes. E em seguida um estrondo. O portão! Estava sendo aberto. Cambaleando, e sem entender a situação, me afastei.

Uma mulher apareceu segurando um guarda-chuva com uma das mãos, e com a outra fazia sinais desesperados. Parecia dizer para me aproximar. Franzi a testa e fiquei sem reação, se não fosse pelos meus constantes soluços, certamente a tal mulher acharia que eu havia me tornando uma estátua. Ela então olhou para trás, disse algo e imediatamente alguém a respondeu. Cansada, respirou fundo, como se reprovasse o que anteriormente alguém lhe dissera e assim veio em minha direção.

Pegou-me pelo braço. Com a fala enrolada voltei a falar. A mulher simplesmente ignorou-me.

E aqui acabam minhas lembranças de ontem à noite.