Os dias se passaram de uma forma muito rápida e o crescimento de minha amizade com Jacob, era impressionante de se ver. Ele era o irmão que eu sempre quis ter, porém nunca pude nem sonhar com a hipótese. O sabor de seu beijo quente ainda estava em minha boca, por isso eu a estava mordendo de dois em dois minutos.

Todo o pessoal da casa, evitava falar comigo só por causa de uma brincadeirinha que fiz com Carlie, sem a menor maldade:

                            Flashback on:

Eu estava esparramada no sofá, com a baba escorrendo na almofada preferida de Esme, mas ninguém disse nada que me incentivasse a parar e me sentar, então entendi que não se importavam. Estava mais que cheia de ouvir falar nesses Volturis de merda, que todos temem. Fala sério! São só alguns velhos, vestidos em longos mantos negros, com cara de tédio, que nos odeiam por sermos um clã grande. Agora mesmo, estava tentando me desligar deles, que eram o foco do assunto que rolava na imensa sala.

Bella: Não podemos permitir que eles toquem minhas filhas. – se lamentou.

Nessie: Pára, quem ia querer ter a Carlie por perto? Depois de um dia inteiro ao lado dela, os mesmos iam acabar por matando uns aos outros. – respondi fria.

Carlie: Não vejo porque eles iam querer à você. . . Tenho um dom incrível, que Aro, cobiça com fervor. Já você, não faz nada de legal.

Nessie: Meu dom é minha paciência para não lhe meter a mão na fuça. – voltei minha atenção para a TV.

Jacob: Vocês se amam, não é? – ele riu.

Nessie: Claro, claro. – resmunguei. – Está ciente de quem ama, mata, não é? – Edward bufou.

Carlie: Vamos lá então, supervampira! – ela olhou no fundo dos meus olhos, como se tentasse ver por trás deles – Se acha que seu dom medíocre de levitar é muito, force-o e quebre meu dedo.

A inútil fechou seu punho, deixando só o dedo mindinho erguido, para que eu o quebrasse. É claro que eu podia quebrá-lo e faria sem ter nenhum tipo de remorso, enquanto ela chorava, mas eu estava com minha ergofobia ativada, ou seja, tinha uma espécie de medo – ou preguiça – de fazer qualquer esforço físico. Mas sua provocação era MUITO tentadora. Tudo bem, eu não ia quebrar, só ia dar um gelo nela. Me levantei calmamente e me ajoelhei perto de onde ela estava.

Carlie: Vai, quebra meu dedo! – ela mal terminou de responder, e eu já tinha puxado seu dedo com toda a minha força, para trás. Deu para ouvir perfeitamente o barulho do osso sendo quebrado. – Filha da puta! – ela se lançou sobre mim, enquanto eu tinha um sorriso nos lábios.

Eu ansiava por aquilo! No entanto, assim que nos atracamos – ou melhor, ela me atracou -, eu não precisei usar nem metade da minha força para me proteger dela, que era fraca. Eu não a machucaria, pois sabia que isso só ia aborrecer mais os caretas de casa, mas já estava começando a me dar nos nervos, mesmo eu não demonstrando isso. Emmett, conseguiu me tirar de cima dela, antes que eu fizesse alguma besteira. Fui puxada pela orelha, arrastada por Bella, até meu quarto.

Nessie: Tudo bem, acho que exagerei um pouquinho...

Ela fechou a porta e passou a chave nela, me trancando. O incrível era que, mesmo já tendo passados por situações parecidas, não era exatamente isso que eu esperava. Fiquei admirando a porta por exatos 28 minutos, até me cansar e ir dormir.

                         Flashback Of:

Esses não eram os únicos motivos para minha total e eminente desgraça na mansão Cullen. A esta altura, eu já concretizara o meu trabalho com o vestido de Rosalie, que ficara ferrada e o queimou. Mais isso era apenas o começo, a guerra estava por vir e eu já tinha as armas debaixo dos braços.

Eu estava convicta de que, não precisava falar com ninguém – exceto Emmett e Jacob, que ao contrário dos outros lobos, ficou em casa – que não fosse realmente necessário. Esse povão só sabe querer me reprimir, e isso é uma coisa que não admito nem pra mim mesma, em nenhuma circunstancia.

Porém, nada disso estava mais me preocupando. Segundo meus cálculos, minha ex-namorada, Chelsea, estava vindo pra cá hoje e isso não era um problema pra mim, mas podia ser pra ela. Ofegante, me agarrei a primeira e ultima idéia boa que passou em minha mente para conseguir me relacionar com ela outra vez: A ajuda miraculosa de Jake.

O cara era firmeza, e tenho certeza que estaria disposto a me fazer alguns favores, que não seriam fáceis pra mim também, mas que eu poderia trocar por coisas favoráveis para o mesmo, se ele quisesse. Eu só esperava não me decepcionar com ele como me decepcionei com a maioria das pessoas que conheci. Talvez este fosse meu maior defeito: acreditar/confiar nas pessoas que não mereciam isso de mim.

Seria difícil tocar no assunto, mas eu precisava fazê-los entender pelo menos uma ultima vez antes de desistir e seguir com o plano B.

Nessie: Então... teria como vocês serem gentis com a Chelsea? Ela chega hoje... – falei calminha.

Edward: É claro que não. Não tenho uma filha lésbica, não vou aceitar isso, Nessie.

Nessie: Sabe que não está me deixando escolhas... – falei olhando para minha mão, na intenção de esconder minha nítida decepção por ele não compreender meus sentimentos.

Edward: Escute – agora, ele também foi calmo, paciente comigo -, tudo o que quero é sua felicidade. . . Mas não assim. . . Alice, nunca a viu com uma mulher ao invés de um homem.

Alice: Aliás, quem é Chelsea? Não é aquela Volturi, né?

Nessie: Não, ela não é uma Volturi e nem nunca foi. Poderíamos manter o foco na coisa importante da conversa? – a nanica revirou os olhos. – Eu quero muito vê-la e vou fazer isso, escondido de vocês se não deixarem que ela venha aqui. Não podem me impedir de sair desta casa. Não pra sempre. . . Eu nem entendo o motivo de me manterem tanto tempo aqui, como uma prisioneira. Fui bem feliz com as Amazonas!

Jacob: Não fala assim, docinho... – choramingou pra mim. – Queremos seu bem, acima de tudo. É que você ainda é muito jovem para entender tudo.

Eu não gostava de rebater com ele, mas se outra pessoa tivesse dito as palavras que ele disse, provavelmente eu teria atirado meu tênis na cara dela. Muito irônico e falso, dizer que querem meu bem quando me tratam como se eu fosse uma indigente.

Edward: Só tentamos manter você em rédeas curtas por causa de suas ações. – se explicou.

Nessie: SAIA DA MINHA MENTE. Que saco! Será que você poderia fazer algo para me ajudar? – perguntei a Bella.

Bella: Claro, filha. – um sorriso brotou em sua boca.

Nessie: Bloqueie meus pensamentos por pelo menos umas horas. Juro que vou dar um tiro em minha cabeça se ele não parar de entrar na minha cabeça e ficar respondendo perguntas que eu não faria em voz alta.

A primeira reação dela foi arregalar os olhos dourados, depois assentiu e pela expressão do leitor de mentes, ele já não podia mais ver nada.

Eu tinha experimentado ser gentil e pedir com sutileza, mas não obtive resultado. Minha única porta de escape agora era Jacob. Uma idéia foi crescendo em minha mente, até eu concluir exatamente o que devia fazer para ter Chelsea por perto.

Agora que Edward não podia ler meus pensamentos, pensei em pedir a Jake, que se passasse por meu namorado. Se ele me levasse para encontros, eu poderia me encontrar com Chelsea escondido, sem nenhuma interferência. Tenho certeza que, manter Bella me bloqueando seria fácil, mas como eu pediria a ela que bloqueasse Jacob?

É claro que ele também devia ser bloqueado, pois se não, Edward ia ler seus pensamentos e meu plano não adiantaria de nada. Mas pedir a ela que nos bloqueasse, já era pedir demais e era óbvio que levantaria suspeitas. O mais adequado a fazer então, era enganar a todos, inclusive o próprio Jacob. Não que isso me agradasse, era péssimo – literalmente. Mas que outra escolha eu tinha? Assim como qualquer outra pessoa, ajo sem pensar quando estou apaixonada. E eu faria tudo para ver aquela garota outra vez. Me levantei e fui em direção a porta.

Bella: Aonde vai?

Nessie: Caçar – grunhi. Se fosse a Carlie, não teria problemas e ela nem perguntaria, mas eu não. Tudo o que faço é errado, é restrito.

Jacob: Você está mesmo com sede, ou só quer sair um pouco dessa casa? – perguntou com um sorriso malicioso.

Nessie: Só quero sair. – eu sorri.

Jacob: Então vamos pra La Push! – perfeito. Assenti pra ele, e sem pedir permissão de ninguém, nós fomos de mãos dadas até seu carro.

Sua mão quente, parecia ter sido feita para se encaixar na minha. Não me satisfazia ter de enganá-lo, mas o que mais eu poderia fazer? Edward, descobriria se lesse na mente dele e me pegaria blefando. Talvez fosse difícil conquistá-lo, porém eu não tinha alternativas a não ser tentar e dar o melhor de mim. Despertei meu lado pervertido – que eu quase nunca ativava – e mordi o lábio, para ver se ele pelo menos se sentiria atraído. Funcionou! Sua boca se abriu em um pequeno O, e seus olhos não saíram de minha boca. Acho que hoje seria um dia extremamente divertido.

Assim que entramos no carro, senti que precisava avançar e ver até onde eu podia ir, então antes que ele pudesse ligar o carro, segurei em seu braço e olhei em seus olhos.

Nessie: Na verdade, eu só queria ficar sozinha com você, Jacob. – ele sorriu. – Não conte pra ninguém, está bem?

Antes que ele pudesse abrir a boca para responder, minha boca já estava devorando a sua de forma desesperada e arrebatadora. Uma intensa corrente elétrica atravessou todo o meu corpo, me fazendo tremer como nunca imaginei ser capaz antes. Ele correspondeu á altura, pressionando seu corpo contra o meu. Bom sinal isso.

Eu não conseguia pensar em mais nada a não ser no cara que eu estava praticamente engolindo. Desculpe-me por isso, Jake. Você faria o mesmo se fosse eu!

Nessie: Vamos? – perguntei com a maior cara de pau.

Jacob: Você começou, agora agüenta! – e assim, colou seus lábios quentes nos meus frios outra vez. Não pude deixar de conter um risinho baixo de... felicidade. Mesmo sendo lésbica, era bem legal me sentir desejada.

Nessie: Abaixa. O. Fogo. – falei devagar.

Depois disso, Jake, deixou uma mão no volante, enquanto sua outra mão, estava entrelaçada na minha, me dando tudo e mais um pouco do que eu poderia esperar dele ou de qualquer outra pessoa no mundo.