Através do Tempo escrita por Biax


Capítulo 25
A Mesma Alma


Notas iniciais do capítulo

OI PESSOAS! Tudo bem?

Se preparem para uma BOMBA. DAQUELAS BEM LEGAIS HAHAH

Avisos lá em baixo :~

Boa leitura!



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Ao entrar no quarto com as fotos em mãos, Rebeca quis colocá-las em algum lugar onde pudesse vê-las todos os dias. Procurou alguns porta-retratos que estavam guardados, e achou três. Então teve que fazer uma seleção das fotos que mais gostou.

Deixou uma foto na prateleira em cima de sua escrivaninha, uma na escrivaninha e a última em seu criado mudo, ao lado do abajur.

E então ela se lembrou das coisas que ainda estavam no celeiro. Uma hora teria que pegá-las, apesar de isso parecer que realmente acabou.

Decidiu se aprontar para dormir. Escovou os dentes e colocou seu pijama. Se deitou, mas não tinha sono nenhum. Esperou pelo que pareceu ser muito tempo até seus pais irem dormir. E depois saiu de casa e foi até o celeiro. Achou a escada no escuro e subiu. Lá em cima do mezanino estava um pouco mais claro, devido a luz da lua, mas ascendeu a lamparina elétrica mesmo assim.

Estava tudo em seu lugar, como se nada tivesse acontecido. Ela até esperaria que Aloys aparecesse do nada, dando-lhe um susto. Sabia que isso era impossível, mas ainda tinha um pingo de esperança em sua mente que pudesse acontecer.

Rebeca pegou a mochila que estava próximo a cama e sentou, cruzando as pernas. A abriu e começou a tirar todas as roupas, olhando cada peça. Tinha algumas que ele nem chegou a usar. Pegou a camiseta velha de banda que antes era de seu pai. Fora a primeira roupa que ele usara.

Parando para pensar, realmente foi tudo muito rápido. Aloys apareceu, e mesmo tendo certo receio, o ajudou sem sequer questionar. Já havia confiança entre eles, só que Rebeca não tinha conhecimento sobre.

Seu olhar foi parar em um bloco de feno que estava perto da lamparina. Ali estava o coelho que Aloys havia ganhado no festival de verão.

Levantou, o pegou e voltou, se deitando, abraçando a pelúcia.

Então ela decidiu que não tiraria as coisas. Ali seria sua segunda casa. Não importava que diziam que ali era frio ou sinistro. Era a casa do Aloys e dela. Nada faria aquilo mudar.

Mas ela precisava mudar um pouco de ares. Estar ali era um pouco deprimente, apesar de ser um pouco reconfortante. Decidiu que iria para a escola no dia seguinte, então guardou todas as roupas, as dobrando direito e deixou a mochila no mesmo lugar. Pegou o coelho e voltou para casa.

Se deitou, abraçada com a pelúcia e colocou o celular para despertar.

Ela tinha certeza que tinha sonhado com Aloys, mas assim que acordou, havia esquecido de tudo. Só sabia que ele estava em seus sonhos.

Tomou café, se trocou e foi para a escola.

Maria já estava na sala quando chegou, e assim que a viu, levantou e correu até ela. A abraçou apertado, e Rebeca retribuiu. As duas se olharam com os olhos úmidos, mas se seguraram para não chorar. Mesmo sem dizer nada, elas se entenderam.

Ficaram todas as aulas juntas, mesmo os amigos de Maria as olhando de soslaio, não gostando daquilo. Maria os ignorou e ficou ao lado de Rebeca, pois sabia que ela precisava de apoio.

Depois da escola, Rebeca foi para casa. Almoçou, e depois foi para seu quarto fazer algumas lições atrasadas. Então a campainha tocou.

Suspirou e levantou, desceu as escadas e foi até a porta. A abriu e olhou para o garoto que estava ali, que olhava para trás. Ele percebeu sua presença e a encarou.

A cara de tédio de Rebeca foi substituída para uma sem nome.

Todo o calor de seu corpo sumiu no mesmo segundo e ela olhou, atônita, para o garoto, sentindo seu coração acelerar. Seus olhos se arregalaram e ela perdeu o controle de sua boca, que abriu um pouco.

O garoto estranhou sua careta. — Oi — disse, abrindo um sorriso discreto.

Rebeca não conseguia desviar o olhar do rosto dele, não conseguindo acreditar.

O garoto ficou sem graça e olhou para trás. — Vó? — chamou, parecendo receoso.

Fazendo um esforço, Rebeca viu que o carro de Cecília estava estacionado na frente da casa.

Ela não estava entendendo mais nada.

Então Cecília saiu do carro, fechou a porta e foi até eles, sorrindo, mas no momento em que viu a cara de Rebeca, seu sorriso sumiu.

Rebeca a encarou, ficando cada vez mais confusa.

— Beca? — Cecília falou. — Você está bem?

Sem saber o que falar, olhou novamente para o garoto e sentiu seus olhos se enchendo de água. Começou a chorar de uma forma descontrolada e entrou, não sabendo para onde ia. Bateu a canela na mesinha de centro e se sentou desengonçadamente no sofá, com as mãos cobrindo a boca.

— Você disse que ela ia ficar surpresa e não desolada. — O garoto comentou baixo.

— Beca? — Cecília sentou do seu lado e colocou as mãos no ombro dela. — O que foi?

Rebeca não conseguia parar de chorar. As lágrimas vinham como cachoeiras e não conseguia falar nada. Olhou novamente para o garoto, que estava parado próximo da porta, parecendo desconfortável, ainda não acreditando.

Por que o Aloys está ali? Isso é impossível. Por quê...?!

— Beca, respira. — Cecília falou. — Olhe pra mim. — Segurou o rosto dela e a fez a olhar. — Se controle, respire fundo... Não estou entendendo por que você está chorando tanto.

Ela levantou, querendo explodir. — O ALOYS ESTÁ MORTO, CECÍLIA. MORTO! — exclamou quase gritando, sentindo-se em pânico, tremendo. — ELE MORREU, ENTENDEU? ELE DESAPARECEU NA MINHA FRENTE. ENTÃO, POR QUÊ? — Apontou para o garoto, encarando Cecília.

Ela ficou chocada. — Como assim, Beca? Ele...

— Sim, ele morreu! — Virou-se, ficando de costas para os dois. — ... segunda — completou baixo. — Ele sumiu aos poucos... na minha frente. Ele... ele simplesmente... sumiu.

Automaticamente, Rebeca segurou o pingente de crucifixo e o apertou. Se virou de novo.

— Agora, alguém me explica por que ele está parado ali?! Eu estou ficando louca de vez?

O garoto e Cecília trocaram olhares. Ele parecia totalmente perdido.

Rebeca respirou fundo várias vezes, tentando se controlar, não conseguindo deixar de observá-lo.

Era idêntico ao Aloys. Não, não era idêntico. Era ele. A única diferença era seu cabelo, que estava mais curto.

— Ceci, eu estou vendo coisa? Me diz que estou. Alguém vai ter que me internar.

Ela levantou, puxando Rebeca de volta para o sofá.

— Beca... você não está vendo coisa. Ele é mesmo idêntico ao Aloys, mas não é ele. — Fez sinal para ele se aproximar e deu um tapinha na mesa de centro, dizendo para ele se sentar ali.

Ele se aproximou e sentou, ainda parecendo receoso com Rebeca.

As sobrancelhas, os cílios, o desenho da boca... era tudo de Aloys.

— Ele é meu sobrinho-neto. — Cecília continuou. — Ele veio morar comigo. Eu não o via desde que era criança.

— Mas qual o sentido disso? — Olhou para Cecília. — Por que eles são... iguais?

— ... ele é o Aloys... dessa vida.

— Ceci... — sussurrou, sem acreditar.

— Assim como o Aloys era da vida de Amice, digamos que ele é o "seu" Aloys. Dessa vida. A propósito, o nome dele é Gabriel.

— Muito prazer. — Ele disse.

Ela olhou desconfiada para ele. Até a voz era igual.

— Mas Ceci, nós vimos... ele não teve outras vidas.

— Na verdade, teve sim... Não sei exatamente o que aconteceu no momento em que ele veio parar aqui, mas é provável que a alma dele estivesse... digamos... pela metade.

— Pela metade?

— No momento em que ele veio, uma parte da alma de Gabriel foi para o Aloys, uma parte antiga. A parte que tinha as memórias daquela vida. Então ele só tinha as memórias que viveu até aquele momento... O restante ficou com meu neto. Por isso não vimos nada além daquela vida.

Rebeca não sabia o que falar.

— Eu não tinha contato com ele. A última vez que nos vimos, pelo que me lembro, ele devia ter cinco anos. Ele estava morando fora com seus pais... Eu sei que você percebeu, se lembra quando toquei Aloys e falei que vi coisas que não faziam sentido?

— Sim...

— Eu vi alguns momentos em que eu brinquei com Gabriel, quando ele era criança. A minha alma reconheceu a alma de Aloys, mesmo ele não tendo aquelas memórias. Eu revivi as minhas, quando tive contato com a alma dele.

— Uau...

— Bom... Gabriel ficou muito doente, passou em vários médicos, mas nenhum conseguiu saber exatamente o que ele tinha. Cada um disse uma coisa diferente. Então minha sobrinha decidiu que talvez ajudasse se ele morasse no interior. Como ela não tinha como se mudar, entrou em contato comigo e conversamos. Fiquei sabendo de tudo e aceitei dele vir morar comigo.

— O que quer dizer com isso?

— Beca, eu vi mais ou menos que, quando ele começou a ficar ruim, foi quando Aloys chegou aqui...

— ... então essa história de alma repartida faz sentido?

— Sim. Você disse que o Aloys se foi na segunda, certo?

— Sim... eu até te liguei quando ele estava mal... mas você não atendeu o celular.

— Sinto muito, meu celular pifou... — Olhou para o chão. — Nesse dia, eu tinha ido buscar ele no terminal...

Ela ia falar mais, mas parou. Rebeca a olhou, incentivando que ela continuasse.

— ... eu imagino, que se ele ficou ruim quando Aloys chegou, seria natural que o Aloys ficasse ruim também quando Gabriel estivesse por perto. Afinal, uma alma foi repartida em duas. Em algum momento, essas partes iriam querer se juntar de novo.

—... está dizendo que por ele ter vindo, a alma que estava com Aloys queria voltar com a outra parte? — perguntou, chocada.

— Imagino que sim, não há outra explicação.

— Por que Aloys tinha que morrer? — Rebeca levantou. — Isso não é justo.

— Ele não morreu. Ele apenas voltou para onde tinha que estar.

— Não, ele morreu. Ele morreu na minha frente.

— Beca, ele voltaria uma hora ou outra. Não poderíamos saber quanto tempo demoraria. Uma alma não aguenta ficar tanto tempo partida.

— Aloys morreu porque ele veio pra cá. — Apontou para Gabriel. — Ele poderia estar aqui, comigo!

— Beca...

— Não, Ceci. Não! Ele não é o meu Aloys. — Sentiu as lágrimas voltando.

Cecília levantou e abraçou Rebeca. — Vamos te deixar pensar nisso. — Deu um beijo na testa dela. — Está bem?

Rebeca apenas afirmou. Deram um último abraço apertado, e Cecília se virou para ir.

Ela não quis olhar para Gabriel, então subiu as escadas e foi para seu quarto.    


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Notas finais do capítulo

Olha só... Aloys está... digo, Gabriel está de volta xD

Esperavam por essa? Preciso saber o que vocês estavam esperando kkk

Sobre o aviso:

Estamos chegando ao fim da história (sim, eu sei ;-;), então teremos mais dois capítulos, ok? Tempo suficiente para vocês se prepararem (ou será que não?).

É isso. Espero que vocês tenham gostado dessa reviravolta!

Até sexta! o/



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