Através do Tempo escrita por Biax


Capítulo 2
1.2


Notas iniciais do capítulo

E aí, povo? O que acharam até agora? Pensando de onde diabos esse garoto saiu? shaush



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Rebeca deixou o rapaz drogado no celeiro e andou de volta para casa. Entrou pela porta da cozinha, nos fundos, e viu seus pais terminando de comer e conversando. Tentou fingir que estava normal. Para ela, isso parecia impossível, mas pelo jeito estava agindo como sempre.

— Ei, já tirou muitas fotos? — Seu pai, Roberto, perguntou sorridente. — Está funcionando direitinho?

— Sim, sim. Está funcionando. Obrigada. — Sorriu, encostando na pia. — Mãe, é hoje que você vai no mercado?

— Sim, por quê?

— ... meu shampoo está acabando. — Pensou rápido.

— Tudo bem. Quando formos você escolhe...

— Se importa se eu ficar em casa? — Cortou sua mãe. — Eu... tenho muita lição hoje. E um trabalho para entregar amanhã.

— Ah... tudo bem. Então anota a marca que você usa, eu sempre esqueço.

— Tá...

Rebeca correu para eu quarto, no segundo andar. Rasgou um pedaço de folha de caderno e anotou o que queria. Voltou para baixo e deu o papel para sua mãe. Seu pai estava saindo, e sua mãe o seguiu.

— Cuida da louça para mim? — perguntou antes de sair.

— Claro.

— Ok, obrigada. — Deu um beijo na filha. — Qualquer coisa me liga.

— Tudo bem. Se cuidem.

Rebeca ficou olhando da janela da sala até o carro sair de vista. Assim que saiu, correu para cima e foi até o quarto de seus pais. Procurou onde sua mãe tinha deixado a sacola de roupas para doação, e logo a achou. Devia ter uns cinco quilos de roupas ali.

Desceu com a sacola e a deixou em cima da mesa junto com sua câmera, e depois correu para o celeiro. Entrou e viu o garoto dormindo.

— Ei. — O cutucou no braço. — Acorda.

Ele abriu os olhos e observou o lugar, tentando reconhecer, e olhou para Rebeca. — Tive um pesadelo horrível.

— Qual?

— Sonhei que as pessoas tinham te pego junto de Margareth.

— Quem é Margareth?

Ele suspirou. — Eu realmente preciso me recuperar para te ajudar.

— Vem, meus pais já saíram.

Rebeca ajudou o garoto a se levantar, e os dois andaram devagar para a casa.

— Me diz, se você perdeu a memória como enfeitiçou um pobre casal para que eles pensassem que você é filha deles?

— Você misturou o quê? Cocaína, LSD, crack, cogumelos...?

— Hmm... Faz tempo que você não faz cogumelos, não é? — questionou, pensativo.

Se aquilo fosse um filme, provavelmente Rebeca olharia para a câmera com cara de "é sério isso?". — Fica quietinho, vai.

— Desde quando tem uma casa desse tamanho ali?

— Não sei, quando eu cheguei ela já estava aí — ironizou.

— Hmm...

Rebeca abriu a porta e entraram. — Você quer tomar banho ou comer primeiro?

— Quero tomar banho... Mas temos que encher a tina.

— Para quê?

— Para tomar banho.

Ela então ajudou o garoto a ir até o banheiro, próximo das escadas. Os dois entraram, e Rebeca deixou o garoto sentado no vaso sanitário, enquanto ele olhava tudo atentamente. Ela abriu as torneiras da banheira, que ficava debaixo do chuveiro.

— Mas o que é isso?! — Ele perguntou surpreso. — Que feitiço é esse? Como você fez isso?

— Fiz o quê? — Ela questionou estranhando.

— Isso! — Apontou para a água que saia da torneira.

— Estou começando a achar que não são drogas, mas problemas mentais sérios. — Voltou sua atenção a torneira, verificando a temperatura da água. — Escuta. — Levantou e ficou na frente dele. — Não mexa em nada. Eu já venho. Tá?

— Tudo bem.

Rebeca saiu do banheiro, foi até a lavanderia, pegou uma toalha limpa e foi até a sacola de roupas em cima da mesa. Tirou as roupas e viu as que poderiam ficar bem nele. Pegou uma calça jeans desbotada e uma camiseta preta de banda — que seu pai gostava, mas não servia mais nele — e voltou para o banheiro.

Assim que entrou, parou na porta, estranhando. O garoto estava no chão, encostado na parede, olhando assustado para o vaso sanitário.

— O que foi?

— I-isso ia me atacar! — Apontou para o vaso. — Eu não fiz nada. Ele fez um barulho estranho e tremeu em baixo de mim!

— Você deve ter dado descarga sem querer. — Deixou as roupas e a toalha em cima da tampa do aparelho e fechou a torneira da banheira. — Pronto, pode tomar seu banho. Tem sabonete e shampoo ali na prateleira.

— O que são essas coisas? – Ele levantou.

Suspirou. — Sabonete você lava o corpo, e o shampoo os cabelos. — Começou a sair do banheiro.

— Espera! — Pegou o braço dela. — Não me deixa sozinho com essa coisa.

— Eu não posso ficar aqui enquanto você toma banho.

— Como não? Já tomamos banho juntos.

— Não, isso é impossível. — Sentiu seu rosto esquentando.

— Claro que é. Tomamos banho juntos desde quando éramos crianças. Por favor.

Ok, não é tão ruim quanto imaginei, então.

— Tá, tá. — Virou de costas para ele. — Mas não quero te ver pelado. Tira a roupa e entra na banheira.

O garoto tirou as roupas sujas e entrou na banheira. Rebeca sentou no chão, e só depois se virou. Pelo pouco que conseguia ver da água, ela já estava marronzinha.

— Meu Deus, você estava mesmo muito sujo.

— Sim. E eu caí bem em cima do lago.

— Tem lago aqui perto?

— Sim, logo depois da floresta. — Afundou mais na água, encostando a cabeça na beirada e fechando os olhos. — Isso é maravilhoso.

— Não vai usar o sabonete?

A olhou. — O quê?

— Essa barrinha rosa aí do seu lado.

Ele olhou para o lado. O sabonete ficava em um suporte da própria banheira. O pegou e olhou para a garota.

— Molha ele, esfrega nas mãos e passa pelo corpo.

Ele fez como explicado, e o sabonete começou a fazer espuma. Ele parecia surpreso, então começou a passá-lo pelo corpo. — Isso limpa muito bem.

— É para isso que ele existe.

Depois que terminou, deixou a barra no lugar de antes. — E agora?

— Shampoo. Aquele vidro ali em cima.

Ele olhou para cima e começou a levantar.

— Não! — Rebeca tapou os olhos. — Fica aí, deixa que eu pego.

Assim que ele voltou ao lugar, Rebeca levantou, pegou a embalagem, sem olhar para baixo, e a abriu.

— Me dá sua mão. — Sentiu a mão dele, a segurou e colocou um pouco do shampoo em sua palma. Deixou o vidro na prateleira e voltou ao seu lugar no chão.

— Faço igual o sabonete? — Ele perguntou.

— Sim. Esfrega nas mãos e esfrega no cabelo.

Então ele o fez, e parecia muito feliz com toda a espuma que o shampoo fazia.

— Essa água já está muito suja. Você vai ter que terminar no chuveiro.

— No quê?

— Aquela coisa ali em cima cheio de furinhos.

Ele olhou para cima. — Estranho.

Rebeca levantou e viu que a água nem deixava mais nada a mostra. Levantou e encostou na torneira do chuveiro.

— Agora eu não vou poder ficar com você. Tá vendo isso? – Apontou para a torneira, e o garoto acenou. — Você vai girar ele e vai sair água dali de cima, e você termina de se limpar. Tá?

— Certo.

— E ah, aí no chão da banheira, tem uma tampinha. Antes de você ligar o chuveiro, tira essa tampa que a água suja vai embora. E depois você se seca com a toalha. — Pegou o tecido e o mostrou. — E põem essas roupas.

— Tudo bem.

— Vou ficar atrás da porta, se você precisar é só chamar.

— Certo.

Rebeca saiu do banheiro, fechando a porta e encostando nela. Escutou o barulho da água saindo pelo ralo, e logo o chuveiro ligando.

— Isso é incrível! — O garoto riu.

Ela riu.

Meu Deus, tem um maluco na minha casa e eu que o trouxe aqui. O que eu estou fazendo?

Passou dez minutos e ele ainda estava com o chuveiro ligado.

— Ei, será que dá para sair logo? — Deu uns toques na porta.

— Perdão! — Ele falou alto, e desligou o chuveiro.

Ai, eu esqueci de dar uma cueca para ele! Acho que meu pai comprou algumas novas esses dias...

Rebeca correu para o quarto dos pais e olhou na gaveta do guarda roupa. Devia ter umas dez cuecas ainda com etiqueta. Seu pai nem ia perceber que estava faltando uma. Pegou uma preta e correu para baixo. Tirou a etiqueta, abriu a porta sem olhar lá dentro e estendeu o braço com a roupa.

— O que é isso? — Ele perguntou.

— Uma cueca. Você veste isso por baixo da calça. — Balançou a mão. — Pega.

Assim que ele a pegou, tirou o braço, voltando a fechar a porta. Voltou a cozinha e começou a juntar a louça suja e a colocá-la na pia. Olhou as panelas de comida, e viu que ainda estavam quentes. Começou a lavar a louça, terminou e a deixou escorrendo. Pegou um prato limpo e talheres e deixou em cima da mesa.

Assim que olhou para cima, viu o garoto andando até a mesa com as roupas sujas e a toalha na mão. Parecia outra pessoa.

— O que eu faço com as minhas roupas? — questionou, parecendo um pouco perdido.

— Dá aqui. Vou colocar para lavar.

Entregou as roupas para ela, e ela foi até a lavanderia e as deixou dentro da máquina. Voltou para a cozinha.

— Que diferença faz um banho, hein? — Ela brincou.

— Sim. Me sinto mais leve.

— Senta aqui. — Apontou para a cadeira. — Você come de tudo?

— Creio que sim.

Ele sentou, e Rebeca colocou as panelas na mesa. — Pode pegar o que quiser.

— Obrigado. — Olhou as panelas e começou a pegar um pouco de tudo, e começou a comer sem nem perguntar o que era cada coisa, mas olhava curioso para os talheres. — Você que fez? Não parece que foi.

— Não foi eu. — Sentiu-se um pouco ofendida. — Foi minha mãe.

— Dê meus cumprimentos a sua "mãe". — Deu uma risadinha. — Ela cozinha muito bem.

— Pode deixar. — Sentou-se na cadeira da frente. — Qual o seu nome mesmo?

— Aloys.

Esquisito. — E já que você me conhece, qual o meu nome?

— Amice, é claro.

— Meu nome é Rebeca.

— Não, seu nome é Amice. De onde tirou esse nome estranho?

— Meu nome não é estranho, o seu é estranho. Meu nome é Rebeca. Se quiser me chamar de Beca também pode.

— Hmm... Preciso achar aquele livro logo. — Negou com um gesto de cabeça.

Rebeca revirou os olhos.


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Notas finais do capítulo

Pronto, descobrimos que o nome dele é Aloys. Estão felizes? Kkkk
Alguém consegue palpitar de onde ele veio só com as poucas "dicas" que têm?

Obrigada por ler e até o próximo!