Através do Tempo escrita por Biax


Capítulo 10
5.2


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoinhas :3

Boa leitura!



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Rebeca acordou e antes que se mexesse, sentiu uma dor aguda no ombro direito e no pescoço e ficou parada. Respirou fundo e moveu o rosto lentamente para o outro lado. Então entendeu por que estava com aquela dor. Ainda estava de mãos dadas com Aloys e ficou na mesma posição a noite inteira.

Devagar, deitou a mão dele sobre o colchão e virou, ficando de barriga para cima, sentando em seguida. Fez movimentos circulares com o ombro dolorido e tentou massageá-lo. A dor não sumiria tão cedo.

Encostou as costas na parede e olhou para baixo. Aloys ainda dormia profundamente, apesar da claridade do quarto.

Os pássaros cantavam alto do lado de fora. Nem parecia que tinha caído o mundo na noite anterior. E pela luz, o céu devia estar bem aberto.

Rebeca se arrastou para o final da cama e pisou na ponta do colchão de Aloys para levantar. Saiu do quarto e desceu para ir ao banheiro. Conforme descia as escadas, ouviu vozes, e rapidamente percebeu que era da TV. Seu pai devia estar assistindo. Foi ao banheiro e depois para a cozinha.

— Já acordou? — Roberto perguntou, jogado no sofá. — Caiu da cama?

— Não, se eu tivesse caído da cama, Aloys também teria acordado. — Imaginou-se caindo em cima dele e deu risada. — Coitado, ainda bem que não caí. — Sentou na cadeira da mesa, virada para a TV. — Mas o que é isso que você está vendo?

— Sei lá, estava trocando de canal e fui parar aí. — Olhou para ela. — Planos para hoje?

— Não. — Deu de ombros. — Por quê?

Voltou a ver TV. — Hoje vai ter aquele festival de verão no centro.

— Sério? É hoje?

— Sim.

— Uau. Então vamos? — Ele fez uma careta de quem não gostou da ideia. — Que foi?

— Não estou afim de sair. Tô cansado.

— Para de ser chato. Você só sai para trabalhar.

— Pois é. Quero ficar em casa um pouco. — Olhou para a filha. — Por que não vai com o seu namorado?

— Ele não é meu namorado. — Rebeca revirou os olhos.

— Ah, não? — Riu. — Ele sabe que você fica falando essas coisas mas fica de mão dada com ele de noite?

Rebeca ruborizou. — ... Eu... Não é o que você tá pensando. Ele achou que eu estava com medo dos trovões, só isso. Ele que segurou minha mão quando eu estava dormindo — explicou rapidamente.

Ele riu. — Coitado, Beca.

— Eu não fiz nada. — Levantou e foi até a geladeira, pegou seu leite e deixou em cima da mesa, junto com as outras coisas do café.

Subiu de volta para o seu quarto e trombou com Aloys na porta.

— Que susto. — Ele falou.

— Desculpa, ia te chamar para comer.

— Você sumiu. — Aloys coçou os olhos.

— Não sumi, eu estava na cozinha.

Ele a olhou, e de repente, sorriu. — Ganhei.

— Ganhou o quê? — Estranhou.

— Você dormiu primeiro.

— ... não lembro disso.

— Claro que não, você dormiu. — Riu.

— Ai, saco viu. Tá, eu dormi primeiro.

— Eu disse.

— Tá, tá. Vamos comer.

Aloys passou no banheiro e depois foi tomar café junto dela.

— Já sei o que vamos fazer hoje. — Rebeca falou.

— O quê?

— Vai ter um festival no centro, então a gente vai.

— O que é um festival?

— Hm... É tipo uma festa com várias coisas para fazer, jogos, barracas de comida, coisas assim. — Ele a olhou como se tentasse imaginar, mas não conseguisse. — Nós vamos lá, calma.

Terminaram de comer. Rebeca trocou de roupa e os dois voltaram para o quarto dela. Aloys começou a dobrar a coberta que tinha usado.

— Espero que tenha alguns brinquedos lá. — Rebeca disse dobrando sua coberta.

— Brinquedos?

— Sim. Brinquedos gigantes onde podemos subir.

— Gigantes? — perguntou impressionado — Como pode existir brinquedos gigantes?

— Você vai ver. De tarde nós vamos.

Terminaram de arrumar as camas e Rebeca ligou seu notebook para fazer algumas lições, enquanto Aloys jogava uno sozinho e perguntava algumas coisas as vezes, sobre o jogo.

Um tempo depois, almoçaram e Rebeca ajudou Aloys a escolher uma roupa para usar. Ele se vestiu e os dois saíram com o pretexto de "passar na casa do Aloys". Eles deixaram a mochila dele no celeiro e andaram até o centro.

Nem precisaram perguntar onde o festival estava, era só seguir o fluxo de pessoas. Talvez a cidade inteira estivesse lá e Rebeca nunca tinha visto aquele lugar tão cheio. Seguiram as pessoas e logo chegaram. O festival estava acontecendo em um campo bem grande, praticamente no centro do centro. Era aberto, e haviam várias barraquinhas espalhadas, e mais para o fundo, estavam os brinquedos.

Os olhos de Rebeca brilharam.

— O que são aquelas coisas ali no fundo? — Aloys perguntou.

— São os brinquedos. — Ela o olhou. — Vamos lá.

Primeiro, foram até uma barraca com a placa de "caixa" para pegar as fichas. Haviam de vários preços. Felizes da vida — apesar de Aloys não estar entendendo muito, estava animado pela animação de Rebeca —, andaram até os brinquedos.

Carrossel, bate-bate, barco viking, e mesmo tendo medo de altura, Rebeca quis ir.

Aloys se divertiu como uma criança. Talvez até mais. Então foram mais de uma vez em quase todos os brinquedos e só não foram nos infantis porque não deixavam. Depois de muito tempo, fizeram uma pausa para comer. Rebeca comprou um cachorro-quente para Aloys, e comprou alguns pães recheados para ela.

Depois de pegar, os dois foram até um banquinho de madeira na sombra.

— Isso é muito bom. — Aloys disse de boca cheia, apontando para seu lanche.

— Não fala de boca cheia, seu mal-educado. — Rebeca riu. — O meu também está muito bom. Quer?

Aloys engoliu a comida e balançou a cabeça. Rebeca ofereceu e ele deu uma mordida.

— Bom, né?

— Sim, muito bom. — Aloys olhou ao redor, mas fixou seu olhar em algo. — O que é aquilo...? — Apontou.

Rebeca olhou. Ele apontava para a roda gigante. — É uma roda gigante.

— Que é uma roda gigante eu estou vendo. — Sorriu.

Fez bico para ele. — Ela gira. Tá vendo aquelas coisinhas que ficam penduradas nela? São cabines onde as pessoas entram.

— Mas como elas chegam até lá em cima?

Ela coçou a testa. — Depois você vai ver. — Terminou de comer. — Mas agora temos que esperar um tempo até voltar a ir para os brinquedos. Podemos ir nas barracas de jogos... — Levantou, pegando a embalagem das mãos de Aloys e a jogou fora junto com seu pote. — Vem!

Voltaram a ativa e foram para as barracas de jogos, até ganharam dois bichos de pelúcia em uma delas. Ela ganhou um gatinho e ele um coelho.

Como Rebeca queria deixar a roda gigante por último, voltaram para os outros brinquedos. Quando o sol começou a se pôr, foram para a fila da roda gigante, que estava meio grande. Vinte minutos depois, conseguiram entrar em uma cabine, e Aloys entendeu como as pessoas chegavam lá em cima.

Ele sentiu um pouco de medo quando a cabine tremeu e começou a subir, mas logo esqueceu e admirou a paisagem. O céu estava ficando escuro aos poucos, e eles olhavam admirados a luz ir embora devagar.

— Sabe, eu até sinto falta da nossa casa... — Aloys falou. — Mas aqui é muito mais bonito. Eu até... — A olhou. — Penso em ficar aqui. A única coisa de importante que eu tinha era você, mas você está aqui comigo, então não tenho nada que me prenda lá.

Rebeca deu um pequeno sorriso. — Então quer dizer que você não quer mais ir atrás do livro?

Isso significava que se ele não fosse atrás do livro, ele não teria como voltar para aquele lugar, mas se ele fosse, eu ficaria aqui, certo?

— Não, eu ainda quero. Ainda quero descobrir o que aconteceu, como viemos parar aqui e como você perdeu sua memória.

— Mas não quer voltar — afirmou.

— Creio que não.

— Por quê?

— Porque tudo aqui é mais fácil. Eu sei que você não se lembra, mas as coisas eram difíceis para nós. Era difícil conseguir comida, água limpa ou roupas quentes quando o frio apertava. Nós trabalhávamos muito. — Observou o horizonte. — Sem falar que ninguém fede aqui. — Deu risada e Rebeca o acompanhou. — Aqui é muito melhor. Mas ainda assim, quero saber de tudo o que aconteceu, e quero que você recupere sua memória.

— E se eu não a recuperar?

— Não se preocupe. — Sorriu levemente para ela. — Eu estarei aqui para te falar tudo o que precisar. Mesmo que for preciso ficar o dia inteiro te contando tudo o que fazíamos, eu vou te contar.

— Não estou preocupada comigo. Só não quero que você desmaie caso eu não me lembre. — Riu.

— Não vou desmaiar. Eu sou forte. Por nós dois.

Rebeca o olhou, pensando em como ele era fofo falando daquele jeito. — Isso eu já percebi.

Enquanto o céu ia escurecendo, ficaram em silêncio. Talvez sentindo uma conexão invisível se fortalecendo entre eles.


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Notas finais do capítulo

Perceberam que a Rebeca está cada vez mais paciente? Alguém quer chutar o nome disso? shaushuash

Obrigada por estarem acompanhando. Até o próximo!



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