Beautiful Mess escrita por STatic


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá olá!

Aparecendo nesse finalzinho de feriado com uma oneshot fofinha e amor!! Então, a ideia não foi minha, é um prompt do tumblr que a gêmea boa Bruna pediu para eu escrever e é um amorzinho, então obrigada!! E obrigada pelo titulo porque... você sabe. Enfim, espero que goste, more!! ♥

Boa leitura, tomara que gostem!

PS: Eu sei que estou em dívida com a nossa fic da Johanna, mas prometo que volto logo!



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Kate POV

Durante os muitos anos na polícia, com meus horários imprevisíveis e incontáveis noites insones, eu havia me acostumado a acordar cedo. Apesar de muitas pessoas afirmarem ser impossível, havia acontecido. Eu não era nenhum tipo de maluca que acordava às seis da manhã quando não havia qualquer necessidade e para fazer absolutamente nada, mas era uma raridade que eu ficasse na cama até muito tarde.

Especialmente sem nada para fazer, como constatei ao olhar para minha companhia completamente adormecida ao meu lado.

Virei-me, deitando-me de lado e observando o subir e descer rítmico de seu peito, o sono pesado. Castle havia ficado até tarde escrevendo novamente, e Deus sabe a hora que havia se deitado. Por isso, por mais que estivesse tentada a acordá-lo, resolvi deixar que dormisse um pouco mais.

Eu tinha outra companhia, de qualquer maneira.

Me levantei com cuidado, tentando mover a cama o menos possível e saí do quarto, passando pelo escritório e subindo a escada. A porta que eu procurava era a primeira e eu girei a maçaneta, entrando silenciosamente, nada surpresa com o que de fato encontrei ao olhar a pequena cama no meio do quarto. Era uma cena familiar, que se repetia com frequência.

— Olha só quem está acordada! – Fingi surpresa.

Lily, em seus gloriosos três anos de idade, estava deitada, o pequeno elefante roxo enfiado embaixo de seu rosto muito acordado. O cabelo castanho escuro estava uma bagunça adorável e se espalhava em todas as direções no travesseiro e o rostinho de sono tornava todo o retrato a coisa mais bela do mundo. Do meu, ao menos, e eu não podia impedir o sorriso de surgir, não importa o que eu fizesse.

— Eu! – ela respondeu, os olhinhos se iluminando enquanto eu me aproximava mais. Parei em frente a cama e me ajoelhei perto da sua cabeça, me abaixando até meu rosto estar pertinho do dela.

— Isso mesmo! – sorri e toquei seu nariz com a ponta do indicador e ela o enrugou ao contato. Eu tinha que me segurar para não deixar meu coração parar de bater quando ela fazia aquilo. Me abaixei e beijei seu rosto; um beijo em cada lado e um na testa, exagerando no barulho e ela riu. – Bom dia, meu amor.

— Bom dia, mamãe.

— Então, o que está fazendo? Não é meio cedo para estar acordada?

Eu perguntei isso, mas conhecia minha filha. Ela tinha o hábito de acordar tão cedo quanto eu, como se estivéssemos em um fuso horário único e era rara uma ocasião em que eu entraria em seu quarto e a encontraria adormecida. Lily sempre continuava na cama, de qualquer maneira, esperando até que Castle e eu fossemos busca-la, uma vez que não podia descer as escadas sozinhas.

Foi apenas uma vez, há algumas semanas, que eu a encontrei pronta para descer o segundo degrau e quase tive uma sincope, mas foi o suficiente para que milhares de bugigangas para segurança fossem instaladas e uma conversa muito séria com a criança de três anos sobre os perigos de descer a escada sozinha. Nós não tínhamos certeza de que ela havia entendido, mas não havia tentado repetir a façanha, então concluímos que de alguma forma, havia surtido efeito.

— Eu estava contando uma história para o Olly. – Apontou para o brinquedo que ainda segurava firmemente.

— É mesmo? – perguntei, deitando-me ao seu lado. Ela se aconchegou mais perto, o corpinho quente ao meu lado. – Posso escutar?

Ela assentiu, entusiasmada. Escutei hipnotizada enquanto ela contava sua história, aquela vozinha doce e infantil criando mundos imaginários e fantasias, embolando palavras que não tinha certeza da pronuncia e seguindo em seu ritmo incansável após eu ajuda-la.

Lily Castle não negava o sobrenome. Se havia uma coisa que ela havia herdado do pai além dos cabelos castanhos, havia sido o gosto pelas histórias. Uma das paredes do quarto já mostrava sinais de uma coleção impressionante de livros infantis, livros que Castle ou eu – ou ambos – liam para ela antes de dormir. Ou mesmo durante o dia, quando ela olhava para nós com aqueles olhinhos e era claro o que queria.

Ela alimentava um prazer imenso em criar histórias e eu assistia orgulhosa sua mente trabalhar. Castle era o mais entusiasmado de nós dois, constantemente se juntando a filha e criando histórias inteiras apenas em uma conversa. Era fascinante como aquilo funcionava. E hilário. A mente da garotinha e do seu pai eram muito parecidas, e eu me divertia com isso.

Quando ela concluiu a narrativa, nós fomos obrigadas a seguir com a rotina do dia. Após fazermos tudo o que era necessário ali, a peguei no colo e descemos para a cozinha, afim de preparar o café de manhã.

— Papai? – ela perguntou quando percebeu que ele não estava em nenhum lugar que pudesse ver.

— O papai preguiçoso está dormindo ainda.

— Preguiçoso. – ela deu uma risadinha.

— Ele está cansado, então vamos deixar ele dormir e então podemos acordá-lo. – Sentei-a na cadeira e me virei para a geladeira. – Primeiro, café da manhã!

Lily deu um pequeno grito em antecipação e eu ri enquanto pegava o que precisava.

— Você é mesmo filha do seu pai. Está com fome? – Olhei para ela, que assentiu energicamente. – Eu imaginei. O que quer comer?

 – Sorvete. – respondeu de imediato, como se fosse realmente uma opção possível.

— Que tal panquecas? – sugeri, erguendo as sobrancelhas.

— Com sorriso de chocolate? – ela negociou.

Pensei por um segundo. – Feito. – concordei e ela sorriu, vitoriosa.

Que ótimo. A capitã de uma delegacia inteira, vencida pela filha de três anos. Eu havia interrogado suspeitos duas vezes maiores que eu, comandava dezenas de detetives e policiais, mas não conseguia vencer uma garotinha. Bom, eu duvido que alguém me julgaria. Ela vencia qualquer um, era só mostrar aquele sorrisinho e todos estavam em suas mãos.

Voltei a minha tarefa de preparar o café da manhã. Enquanto eu cozinhava, Lily cantava baixinho na cadeira, ocasionalmente me perguntando sobre qualquer coisa que pensasse. Virei-me para o fogão, consequentemente de costas para ela, me virando de vez em quando para olhá-la.

Eu estava muito concentrada, de modo que provavelmente demorei um tempo para perceber que estava tudo silencioso demais. Sem perguntas, sem cantoria, sem conversas. Nada, apenas completo silencio e, quando se tem uma criança em casa, aquilo era perigoso. Geralmente significava encrenca.

— Lily! – chamei.

Silencio. Onde será que ela estava? Desliguei o fogo e tirei o pano do ombro, colocando-o na bancada. Saí da cozinha, procurando pela sala e novamente encontrando apenas silencio. Olhei para a escada. Apesar de agora conseguir subir os degraus, ela não subiria sem ninguém por perto, eu tinha certeza.

Continuei andando direto para o escritório, imaginando que talvez ela quisesse um dos brinquedos guardados ali. Entretanto, ao entrar, descobri que estava errada novamente. Nenhuma Lily a vista, o que só me deixava nosso quarto. Talvez ela tivesse ido ver o pai.

Suspirei. Quando é que ela havia ficado tão boa em sair de fininho? Aí estava uma coisa para ser observada. Quer dizer, eu só podia esperar que esse talento desaparecesse ou Castle e eu teríamos problemas quando ela fosse mais velha. Eu pensava ter esse talento, até que meus pais me pegaram saindo escondida a uma da manhã...

— Foram os saltos. – murmurei para mim mesma como uma idiota e revirei os olhos.

Voltei minha atenção a busca a minha filha e continuei em direção ao quarto. Quando dou meu primeiro passo, entretanto, algo me faz parar. Olho para baixo, tentando ver no que havia pisado, descobrindo com horror que era um batom. Ah, não. Não, não, não...  

Fechei os olhos por um segundo, me preparando para o que iria encontrar. Na melhor das hipóteses, toda minha maquiagem estaria espalhada pelo banheiro, na privada e bancadas. Na pior das hipóteses, ela estaria nas paredes. Batons vermelhos manchando cada centímetro que a pequena criatura que eu havia parido pudesse alcançar e tudo isso.

Finalmente abri meus olhos, dando mais um passo e com toda coragem que consegui reunir, olhei em volta. Nenhuma parede gritando por socorro. Nada mais jogado pelo chão, apenas Lily. Talvez eu tivesse deixado aquele batom cair...

Ela estava sentada de costas para a porta, bem em frente a Castle, que ainda dormia. Era uma cena linda. Sorrindo, tirei o celular do bolso e me aproximei mais, tentando não fazer barulho e tirar uma boa foto. Ao focalizar a câmera, outra coisa além da imagem principal pegou minha atenção. Minha maquiagem. Espalhada pela cama. Batons e sombras e tudo mais que fosse colorido.

Tirei o celular da frente do rosto, podendo sentir o choque ali. Pelo visto eu não havia derrubado o batom, afinal. Olhei para Lily, que ainda não havia me notado. Ela tinha uma expressão concentrada, como se estivesse realizando uma tarefa importantíssima. Ainda mais, ela tinha aquela ruguinha entre as sobrancelhas, idêntica a minha, mostrando o nível de sua concentração.

E então eu olhei para Castle. Lindo e amoroso Castle, que ainda dormia tranquilamente, totalmente inconsciente do que acontecia ao seu redor. Lindo Castle, que agora tinha suas feições realçadas por um batom muito vermelho e uma sombra azul muito escura, com bochechas muito rosadas e um grampo colocado surpreendentemente fixo em seu cabelo.

— Ai, meu Deus. – sussurrei. Ela havia mesmo feito aquilo. Colocado maquiagem – e mesmo um apetrecho no cabelo – de Castle. Quer dizer, de verdade! – Ai, meu Deus.

Incapaz de me controlar e imaginando que aquela seria uma oportunidade única, coloquei novamente o celular em frente ao meu rosto e tirei uma das melhores fotos da história da humanidade.

Respirando fundo, tentando conter a risada, guardei o celular novamente no bolso e pigarreei. Lily levantou a cabeça imediatamente, se virou e sorriu para mim com aqueles dentinhos perfeitamente brancos.

— O papai é lindo! – disse e riu uma vez como se nada tivesse acontecido.

Apertei os lábios com mais força para impedir a risada e me aproximei até estar em pé na beirada da cama.

— Você achou isso engraçado? – perguntei. Era uma pergunta retórica e eu já sabia a resposta, de qualquer maneira, mas ela respondeu mesmo assim:

— Engraçado não. Bonito! – ela explicou como se eu fosse a pessoa de três anos.

— Certo. – sacudi a cabeça. – Bem, ele gosta de ser bonitão.

Olhei novamente para o meu pobre marido. Ele ia surtar quando visse aquilo e eu ia precisar da câmera quando o momento chegasse.

Me inclinei na cama e peguei Lily no colo. Ela esticou os bracinhos e eu a levantei, segurando-a na cintura.

— Vamos, querida. Nós precisamos pegar nossas coisas e fugir do país.

— Na praia? – ela perguntou, toda inocência.

Eu ri, sabendo que ela queria dizer os Hamptons. – Perto demais.

Castle, enfim sentindo toda a movimentação começou a acordar.

— Tarde demais. – sussurro para Lily.

Observo quando ele abre os olhos e dá de cara com nós duas pairando sobre ele como assombrações e sorri, feliz. Pobrezinho.

— Bom dia! – diz, muito animado. – Que linda visão logo de manhã, minhas duas garotas preferidas.

— Bom dia, papai! – Lily responde igualmente animada.

— É... Bom dia! Dormiu bem?

— Muito bem, maravilhosamente. –  respondeu e sentou-se na cama.

— Eu posso notar. Você está especialmente bonito essa manhã. – observei e Lily sacudiu a cabeça, concordando.

— Você acha que o papai está bonito, Lily? – Castle pergunta e eu preciso esconder o rosto nos cabelos dela. Oh, Castle.

Mesmo com o rosto escondido, ainda pude ouvir sua resposta. – Sim, eu te fiz!

Dessa vez a risada foi incontrolável e ambos, Castle e Lily, olharam para mim. Eu não disse nada, apenas dei de ombros e esperei.

Castle deu uma risada. – Eu acho que foi o contrário, querida.

Nenhuma de nós responde e observo enquanto Castle olha ao seu redor pela primeira vez. Eu posso notar quando ele finalmente vê a maquiagem espalhada bem perto dele e faz a conexão com a conversa com a filha, provavelmente chegando a conclusão de que eu não havia deixado aquelas coisas ali. Seus olhos imediatamente encontram os meus e ele sussurra:

— Não.

— Sim. – respondo com pesar.

— Não! – ele repete, seu rosto se contorcendo em pavor.

— Eu sei, me desculpe. – dou outra risada.

Castle joga as cobertas para o lado e pula da cama, quase se enroscando e caindo o que apenas levou Lily a uma onda de risadas que eu tentei não acompanhar. Ele correu até o banheiro, soltando um gritinho de surpresa ao se olhar no espelho. Nós duas rimos ainda mais com o som.

— Eu sinto tanto! – gritei em sua direção.

Ele volta ao quarto lentamente, parecendo atordoado com o que acabara de ver.

— Como ela... O que... Como? – ele se embaralha nas perguntas.

— Eu me distraí! Ela é muito boa em escapulir, talvez devêssemos manter o olho nisso nos próximos anos.

— Definitivamente. – ele concorda e então chega pertinho, falando com Lily. De alguma maneira, ele ainda tinha a maquiagem no rosto. – Isso não é legal.

— Mas...

— Você não pode usar as pessoas de boneca enquanto elas dormem. E nem mexer nas coisas da mamãe. E nem escalar os móveis para mexer nas coisas da mamãe.

— Me desculpe. – ela diz, os lábios formando um beicinho.

— E nem sair sem me falar. – eu completei.

— Me desculpe. – repetiu e então tentou explicar. – A mamãe estava demorando muito para terminar as panquecas!

— Ei! – reclamo e é a vez de Castle rir. – Ou elas são rápidas ou elas são boas.

— Tudo bem. – Castle diz. – Mas sem fazer isso novamente, sem subir em lugares ou vai se machucar e nós não queremos isso, queremos?

— Não. – ela concorda.

— Tudo bem. – ele se inclina e beija o rosto dela e então limpa com o dedo indicador a marca de batom que deixou. – Eu fiquei mesmo bonitão... Talvez uma sombra menos escura fosse melhor, mas podemos trabalhar nisso.

Sorri e joguei meu braço livre ao redor de seu pescoço, trazendo-o para perto e beijando seus lábios.

— Eu fico feliz que tenha gostado, porque eu tenho fotos. – digo quando nos afastamos.

— Você... – ele começa, chocado.

— Mas desde que já sofreu o suficiente por hoje – o interrompo. – se concordar em ser o encarregado pelo café da manhã de agora em diante, eu vou considerar guarda-las só pra mim. Você sabe, já que eu demoro uma eternidade!

Olhei para Lily enquanto falava isso e ela jogou os bracinhos ao redor do meu pescoço. Simples assim e ela havia ganho novamente.

Castle ri. – Esperta. Feito! Mas começando amanhã, porque eu preciso... – apontou para o rosto e fez uma careta.

— Você seria uma mulher bonita. – digo enquanto ele se vira para voltar para o banheiro.

Castle para na porta e se vira para nós, a expressão convencida que eu conhecia tanto.

— Eu sei! Esses lábios... – me mandou um beijo e desapareceu para dentro do banheiro.

Eu ri, revirando os olhos enquanto e me voltando para Lily, que observava nossa interação com olhos interessados. – Vamos lá. – Caminhei novamente para a cozinha. – Talvez amanhã eu te ensine a pintar as unhas!


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Notas finais do capítulo

Me contem o que acharam?
Beijão!