—Peter... — Tony mais uma vez insistia em fazer o filho falar, e mais uma vez, depois de tantas outras, ele não respondia. Continuava encarando triste a parede a sua frente escolhendo não encarar os seus pais por vergonha. Steve suspirou segurando a sua mão para não acariciar as costas do filho, ele não merecia pelo o que fez, por mais triste que estivesse.

—Seu pai está te chamando. — Steve usou seu tom de apreensão. Peter estava ouvindo, estava entre as duas cadeiras da cozinha ouvindo tudo. Escolhia ignorar. Mas sabia que não era rebeldia, era um garoto tímido e acuado, principalmente depois de fazer uma besteira.

—E não me faça chamar de novo. — Tony foi mais duro do que antes, Steve não conseguia ser assim, mas Tony era, quando necessário — Porque você empurrou aquele menino no arbusto? — era a terceira vez que perguntava sobre algo que nunca aconteceu antes. A escola cobrava respostas dos pais — Peter... — ele chamou mais uma vez começando a perder a paciência.

—Ele me xingou... — primeiras palavras que o menino disse desde que chegou da escola, cerca de dois minutos atrás — E xingou vocês também. — o menino levantou o rosto e olhou para o Pai Tony — Ele disse que sou esquisito por ter dois pais. E que meus pais são os piores super-heróis que existe. — era de cortar o coração como aqueles olhinhos castanhos marejaram tão rápido.

—Oh, Peter... — Steve pôde sentir uma mão amassando seu coração de pai ao ouvir aquelas palavras. Peter demonstrou uma sensibilidade e um senso de empatia que não sabiam que era tão forte quanto agora.

Os dois pais se entreolharam. Agora entendiam a súbita agressão que Peter cometeu. Ele sempre, o tempo todo, fora uma criança quieta e pacifica. Foi a primeira vez que foram chamados para conversar com a diretora sobre o que aconteceu.

Eles podiam estar tendo reações internas diferentes. Steve estava mais solidário ao que Peter fez, e entendia que é algo que garotos fazem. Mas Tony achava que a violência não era a resposta, principalmente para um garoto que mal completou três anos. Mas os dois estavam orgulhos de Peter, muito orgulhosos.

—Peter... — Tony o chamou novamente, mas não estava chateado mais. Mas sabia que não podia deixar por isso mesmo. Tocou o ombro do filho, que o olhou, mas que decidiu pega-lo no colo —Sempre irá ter gente assim por aí. Você também se acha esquisito? — Tony estava educando o filho, e Steve não podia estar mais orgulhoso vendo a cena.

—Não! Não! Vocês são a minha família. Eu amo você e o papai. — o moreno não pôde evitar de sorrir com a negação forte que ele deu. Eles tinham a melhor criança possível como filho.

—E é isso o que importa. Eu só me importo com o que você pensa e com o que o papai pensa. Não de uma criança idiota e homofóbica coberta de folhas. — era o jeito de Tony, e Steve respeitava, só achava que podia tentar ser um pouco mais... Delicado. Mas fora isso, estava perfeito — Combinado? — Tony observou o rostinho coberto de lágrimas do filho em seu colo.

—Sim... — Peter balançou a cabeça concordando. Estava numa carinha fofa para parar de chorar. Os seus pais não estavam mais bravos como estavam antes. Nunca vira os pais tão bravos com ele quanto na sala da diretora. Ficaram muito desapontados.

—E mais uma coisa. — Tony o colocou de volta na cadeira para ouvir bem atentamente o que ele tinha a dizer — Dá próxima vez que esse garoto te perturbar, diga que o Homem de Ferro irá empurra-lo de novo para um arbusto com vários espinhos. — claro que Tony não estava falando sério, mas Peter tinha que acreditar que os pais o defenderiam em tudo. 

—Tony... — agora foi a vez de Steve apreende-lo. Não era um bom exemplo para uma criança. Ele acreditava que o melhor caminho era pedir desculpas e garantir que aquilo nunca irá acontecer novamente. Mas sabia que alguma hora iria. Então teve uma ideia que sabia que Tony iria topar na hora.

—O que foi dessa vez? — Tony era apreendido várias vezes ao dia, até mais que Peter.

—Eu tive uma ideia para esse garoto nunca mais perturbar o Peter...

—

—Pai! Olha! É aquele garoto que tem dois pais! — o garoto avisou apontando para Peter com euforia, mas também sendo bastante sarcástico, algo que ele aprendeu com o pai. O pai se aproximou e viu o menino chegando no pátio sozinho. Já podia sentir o sentimento de desaprovação inundar a sua mente.

—Ele está sozinho porque os pais dele não têm bolas para aparecer em público. Estão ocupados demais explodindo um prédio por aí. — o pai respondeu ao garoto, que concordou imediatamente — Não educam o próprio filho e empurra o dos outros. — falou o homem ao lembrar da agressão de três dias atrás.

—Ele é tão esquisito... — o menino comentou zombeteiro. O pai riu e bateu em seu ombro praticamente se vendo com a mesma idade. E empurrou para irem para a barraca de comida, mas várias crianças correram na direção contrária, esbarrando nos dois.

—O que está acontecendo? — o pai perguntou estranhando tudo aquilo ouvindo a barulheira que só crianças sabem fazer.

Então viu os pais do menino distribuírem doces e brinquedos a todas as crianças do pátio. Foi um susto porque não esperava que fossem ter a coragem de vir depois do que aconteceu.

—Estão dando o MaxSteel novo! — e viu o seu filho correr até as crianças para conseguir o boneco recém lançado. Ele entendia, se tratava de crianças recebendo brinquedos de dois vingadores, mas não pode evitar de sentir um pouco de raiva.

—

Tony estava gostando de fazer isso, principalmente depois de ver que Peter era o que mais estava gostando disso. Tinha tanto dele nele. E também percebeu que tudo aquilo fora graças a ideia genial de Steve. Podia jurar que não iria ter ideia melhor do que aquela.

Mas foi tudo bem planejado. Sabiam o que o menino queria pois tudo o que o menino tinha, tinha o personagem Max Steel na frente. Sabia que o garoto iria querer o novo boneco. Aproveitaram da festa que a escola daria para o Dia dos Pais. E para isso, comprou dúzias dele. Para que o menino não veja os pais de Peter da forma que o pai dele o faz ver. Ou esperava.

Steve e Tony distribuíam brinquedos de todos os tipos, não distinguindo brinquedos de meninas e meninos. Se a menina quisesse o lava-jato da Hot Wheels, ela iria ter. Se o menino quisesse o jogo de chá, ele iria ganhar. Simples. E por isso, ao ver o menino se aproximar para pedir pelo brinquedo, fez questão de entregar pessoalmente.

—Sabemos o que você fez com o Peter. — Steve tentou ser o mais gentil possível, para não assusta-lo — Saiba que Peter ficou bastante chateado, triste com o que você disse. Irei entregar só se você pedir desculpas. Você faz isso por mim? — segurava a caixa do boneco nas mãos e observava o menino atentamente. Ele assentiu com a cabeça.

—Desculpa, Peter. Por ter te chamado de esquisito. Seus pais são legais. Eu queria ter dois pais. — Steve e Tony se entreolharam, ambos segurando a risada. Peter assentiu com a cabeça aceitando as desculpas —Pai! Eu posso ter dois pais?! — e ele gritou alto o suficiente para que o pai escutasse, por consequência, todos os pais, crianças e funcionários escutaram também.

O pai, completamente envergonhado, tentou tirar por menos, mas o menino insistiu, e correu até ele com o mais novo brinquedo em mãos. Aquilo fora melhor do que Tony e Steve imaginaram que seria.