Depois de algum tempo brincando Marie se cansou e deitou na varanda, Castle e Kate se sentaram ao lado dela. Havia cerca de três degraus e Castle sentou em um antes do que Kate havia se sentado ficando praticamente de frente a fotógrafa.

"O que foi?" - Ele disse acariciando a cabeça da cachorra que essas alturas já dormia.

"Nada."

"Está me olhando diferente."

"Você está diferente."

"É, é um pouco difícil manter a pose de escritor metido e galã o tempo todo."

"E porque faz isso?" - Kate disse surpresa.

"Marketing, publicidade, idiotice da minha editora. Chame como quiser, segundo eles uma imagem bad boy vende mais."

"Sabe, eu até gostava. Festas e mulheres, dinheiro, atenção. Mas hoje nem tanto."

"E o que te fez mudar? Alexis?"

"Hoje quando chegamos em casa você precisava ver, ela parecia um mini monstro. Estava zangada pelos autógrafos e por você ter ido embora por minha causa. Não imaginava o quanto isso constrangia ela e me senti um péssimo pai." - Mesmo com pouca claridade, Kate podia ver lágrimas se formando nos olhos do escritor.

"Ei..." - Ela alcançou a mão dele que estava sobre a cabeça da Marie e cobriu com a dela. – “Você não é um péssimo pai."

"E como sabe disso?"

"Ok, se fizer piadinha juro que faço a Marie arrancar sua mão ok?!"

"Ok! Manda." - Um pequeno sorriso se formou no rosto dele e Beckett gostou disso.

"Eu li sobre você. Fiquei intrigada com o fato da Alexis estar sozinha e depois com a mãe dela, e achei que você era um daqueles pais que dão de tudo e acham que está tudo bem. Mas não há quase nada sobre Alexis, e quando tem você sempre está na frente protegendo ela. No táxi ela falava "meu pai" com tanto orgulho que posso afirmar com certeza que você não é um péssimo pai. É idiota, lógico. Mas é um bom pai."

"E um pai que não assina mais peitos!"

"Ham?"

"Prometi a ela, sabe o que mais prometi?"

"O que?"

"Que me desculparia com você e a convidaria para ver a apresentação da primavera dela."

"Então tudo isso foi um plano seu?"

"O que? Contratar seu pai?"

"Não acredito, ele parece estar animado."

"Não!" - Ele a cortou. - "Não fazia ideia de que ele era seu pai, quando olhei seu crachá até suspeitei de um parentesco, mas pai? Diria que o destino foi irônico."

"Que bom!"

"Mas você não me respondeu ainda."

"O que?"

"O recital né?"

"Ah, sim."

"Você vai então?"

"Não!"

"Não?"

"Sim!"

"Sim?"

"Não, quer dizer..."

"Espera tô confuso. Eu disse sim você diz não, aí falo não e você sim?! Faz sentido isso?"

"Ual, agora quem tá confusa sou eu."

Os dois começaram a rir. Marie se levantou e bateu a pata na porta.

"Acho que alguém quer dormir."

"Sim! Nossa. Esqueci completamente do tempo. É melhor eu ir, já está tarde." - Ele disse ficando em pé e ajudando Kate a ficar também. - "Obrigado!"

"Pelo que?"

"Faz tempo que não converso assim com alguém. É sempre sobre Derick ou porque ele fez isso ou aquilo. Ou então envolve dinheiro."

"E quem disse que eu não vou cobrar? Olha, ficar aqui vendo você brincar com a minha cachorra e depois ouvir e conhecer o verdadeiro Richard, vai custar caro sabia."

Castle sorriu, o mesmo sorriso do dia das fotos. O mesmo que deixou Kate sem dormir, o mesmo que tem habitado os pensamentos dela.

"Ok, senhora Beckett me diga seu preço. Tenho certeza de que podemos chegar em um acordo."

"Vou pensar, te direi depois." - Ela disse sorrindo e indo em direção a porta.

Assim que abriu Marie correu em direção ao segundo andar. - "Viu? A sem vergonha se apossou do meu quarto."

"Ainda bem que Alexis não viu, ou não me daria paz pedindo um cachorrinho."

"Mas ela já não tem um?" - Beckett disse mordendo os lábios, segurando um sorriso.

Castle colocou a mão sobre o peito, fechou com força os olhos e fazendo uma expressão de dor e drama. - “Aii, essa doeu."

"Você supera!"

"Katie, aquele furacão que passou por mim foi a Marie?" - Jim perguntou.

"Foi pai, parece que a bonitinha não gostou de ficar lá fora tanto tempo."

"Culpa da sua mãe que mima ela como se fosse criança."

"Hey, eu ouvi isso!" - Johanna gritou da cozinha.

"Senhor Beckett"

"Jim, rapaz! Por favor me chame de Jim."

"Jim?! Obrigado pelo jantar, e adorei os projetos. Ainda essa semana vou pegar os documentos que pediu com a Paula.” - Castle esticou a mão para cumprimentar o advogado e recém adquirido amigo.

"Que isso meu rapaz, gostei muito dos projetos e como já disse, pode esperar total sigilo e discrição da minha parte."

Kate que não estava entendendo nada, ficou curiosa. Que projetos e porque discrição? Com certeza ela iria fazer seu pai lhe contar.

"Obrigado! Agradeça dona Johanna por mim, e não esqueça de elogiar o jantar.”

"Claro! Você acompanha ele ate a porta filha?"

"Sim, de lá já vou também. Você espera só um segundo Castle? Vou só dar um beijo na minha mãe."

"Claro!"

Kate rapidamente foi até a cozinha e em segundos voltou, beijou seu pai também se despedindo.

"Nos vemos ainda esse mês filha?" - Jim disse sorrindo.

"Quando drama Sr. Beckett! Claro que sim, final de semana volto aqui."

"Boa noite filha, Castle!"

"Boa noite Sr.. Jim."

Rick saiu deixando Kate falando algo com seu pai, quando parou no meio da calçada e colocou as mãos sobre a cabeça. Beckett que vinha logo atrás achou estranho e perguntou. - "Aconteceu algo?"

"Meu carro!"

"O que tem?"

"Sumiu!"

"Mentira! Onde ele estava? Não me lembro de ter visto nenhum carro aqui na frente quando cheguei.

"Eu deixei do outro lado. Na frente da casa verde."

"Tá explicado." - Kate fez uma careta.

"O que? Não tem nenhuma placa proibindo."

"É a casa dos Millers. São advogados também, e de alguma forma acham que eles e meus pais estão numa espécie de competição. Provavelmente seu carro foi rebocado. Sinto muito!"

"Ótimo, vizinhos idiotas. Merecem uma boa lição." - Castle disse tirando o telefone do bolso. Sentiu pena de ligar para seu motorista, já passava das dez e não gostava de incomodar Benjamin tarde seus serviços eram na parte do dia."

"O que está fazendo?" - Kate segurou o braço do escritor, o braço que ele segurava o telefone.

"Vou ligar para meu motorista."

"Para de bobeira, meu carro tá ai. Posso te dar uma carona."

"Bom, você é bem mais atraente que Benjamin." - E lá estava o velho e chato Castle.

"Ou posso te deixar aqui."

"Ok, ok! Sem piadinhas." - Olhando a "falsa" cara de brava da fotógrafa. - “Prometo!"

"Juro que te jogo para fora do carro ouviu." - Ela apertou o alarme, destravando as portas.

"Vai ficar aí parado?"

Castle rapidamente deu a volta e entrou no carro. Durante o caminho eles pouco falaram, conversaram sobre Alexis, sobre fotografias, até mesmo sobre o último livro dele. A tenção sobre eles era grande, e mesmo que ambos tentassem disfarçar, havia uma intensa troca de olhar a cada semáforo fechado, a cada troca de olhar uma faísca. Kate que sempre fora pé no chão, séria e controlada, estava usando todo seu alto controle para não parar o carro e continuar com aquilo que a Marie havia interrompido mais cedo. Rick não parecia diferente. Estava nervoso, passava constantemente as mãos sobre as pernas e fingia olhar pela janela, como se a paisagem das ruas vazias e escuras fossem a coisa mais interessante do mundo.

"Bom, chegamos.” - Kate disse parando o carro em frente ao prédio.

"É, chegamos." - Ele não parecia feliz com isso. - "Nos vemos em breve?"

"Claro! Ainda me deve esqueceu?"

"Lógico que não, foi minha melhor sessão de terapia! Obrigado de novo Kate, foi uma ótima noite!"

"Verdade, até que foi divertido!"

"Boa noite Kate!"
"Boa noite Castle!" - Ele já estava abrindo a porta, quando se virou bruscamente, passou uma mão pelos cabelos dela e segurando sua nuca a trouxe para um caloroso beijo. Ele acariciou com o polegar sua bochecha e ainda bem próximos disse. - "Sinto falta da Marie." - E os dois sorriram.

"É, eu também!" - Kate disse mordendo o lábio inferior.

"Posso te ligar?"

"Só se não for para brincar. Não sou esse tipo de mulher."

"Não esperava que fosse! Quer que eu te siga e acompanhe até sua casa?"

"Seu carro foi rebocado esqueceu?"

"Eu tenho outro."

"Porque não teria não é?! Não precisa, posso me cuidar."

"Eu sei, só queria ver onde você mora. " - Ele ganhou um tapa no braço assim que disse.

"Agressiva!! " - Ele piscou para ela. - "Gosto disso!"

"Continue assim e nunca saberá onde é! "

Ele se aproximou e novamente acariciou a lateral do rosto dela, deu um rápido selinho. - “Por favor não suma."

"Veremos Castle. Depende muito de você!"

Ele saiu do carro, fechou a porta e se abaixou na janela. - "Sou um bom garoto! Dirija com cuidado, ficaria feliz se me mandasse uma mensagem quando chegasse em casa."

"Eu não tenho seu…." - Ele jogou um cartão no banco do passageiro. – “Agora tem!"

"Boa noite Castle!"

"Até mais Kate!"