Love Story escrita por Queenie Winchester


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olás, finalmente chegou a sexta-feira. Confesso que estava bastante ansiosa para postar esse capítulo hoje, eu não esperava que tanta gente fosse gostar da história e fico feliz por isso. Gostaria de agradecer a todos os que leram, comentaram, favoritaram. A todos que estão acompanhando essa história deixo aqui um grande abraço e espero continuas agradando.



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“Se nos amássemos de novo, eu juro que te amaria direito / Eu voltaria no tempo e mudaria tudo, mas não posso fazer isso / Então se a sua porta está trancada, eu entendo”

Back to December — Taylor Swift

 

— Ollie! — Laurel exclamou sorrindo assim que abriu a porta para mim e minha família. — Vamos, entrem.

A casa do pai de Laurel era aconchegante, os móveis em tons amadeirados tinham certo luxo e requinte, mas as almofadas coloridas espalhadas pelo sofá chamavam mais a atenção.

— Capitão Lance — cumprimentei o com um aperto de mão firme. Se anos atrás eu tinha medo desse homem, hoje eu tenho um enorme respeito por tudo o que ele fez por Starling.

— Oliver — ele respondeu ao meu cumprimento. — Essa é minha esposa — ele disse enquanto uma bonita mulher loira se aproximava de nós trazendo Sara e Tommy consigo. — Donna Smoak.

Smoak? Como Felicity Smoak? Isso seria possível? Eu não deveria encará-la, mas precisava encontrar algo nela que me lembrasse Felicity. O problema é que além da cor do cabelo elas não tinham nada em comum. Talvez a preferência por cores extravagantes, talvez.

— Desculpe-me, é um prazer conhecê-la senhora Smoak — eu respondi cumprimentando-a.

— Não temos uma funcionária com esse sobrenome na QC? — Thea perguntou genuinamente pensativa, assim como eu ela estava tentando ligar os pontos. Eu realmente gostaria de saber quando foi exatamente que Felicity e Laurel se tornaram irmãs. E o porquê de nenhuma delas ter me dito isso.

— Talvez, Thea — Walter respondeu aparentemente tentando se lembrar. — São muitos funcionários.

— É uma moça do departamento de TI querido — minha mãe disse. — Felícia…

— Felicity — eu a corrigi, sabia que ela havia feito de propósito. Ela conhecia Felicity. Bem mais do que eu gostaria que conhecesse.

“— Oliver escute, você vai ser casar com Laurel, por bem ou por mal — minha mãe dizia enquanto se sentava na cadeira do antigo escritório de meu pai.

— Não pode me obrigar a isso mãe — respondi, ainda de pé.

— Tem razão, mas eu posso demitir sua namoradinha — ela disse cruzando os braços.

Então ela sabia sobre Felicity. Deus, ela sabia.

— Como é mesmo o nome dela? Felipa... Felícia... Ah Felicity! Felicity Smoak. Realmente acha que eu não conheço você? — ela me encarou de forma dura. — Sabia que não havia peça alguma no colégio da Thea. Sabia que você estava planejando se casar com aquela desqualificada. Só precisei contratá-la para te impedir de fazer essa besteira.

— Deixe Felicity fora disso! — eu gritei socando a mesa com toda minha força.

— Case-se com Laurel — ela tornou a repetir num tom extremamente calmo.

— Será que não entende? Não pode controlar minha vida! Não pode brincar com os sonhos de alguém! Não pode me obrigar a casar com Laurel!

— Laurel está esperando um filho seu, Oliver! — minha mãe gritou também. — Um filho! Ele é a continuação do seu legado! Do nosso legado! Ele tem o sangue de um Queen! Não pode abandoná-lo por conta da filha de uma garçonete qualquer.

— Quem garante que esse filho é meu?

— Oliver, é de Laurel que estamos falando. Ela é uma garota decente, de boa família, o pai dela é um exemplo para as gerações futuras, a mãe também. Ela nunca mentiria — minha mãe falava com aquele ar de superioridade, de quem sabia de tudo. — E além do mais, você sempre volta para ela, uma noite qualquer Oliver, em que você estava cansado demais, em que você não queria saber daquela sem noção. Uma noite e você escreveu seu futuro ao lado de Laurel.

— Isso é mentira. Eu nunca trairia Felicity. Nunca! Eu a amo. Aceite isso. Eu não vou me casar com Laurel por um filho que eu nem sei se é meu. ”

— Isso mesmo! — Donna exclamou animada. — É a minha garotinha. Embora ela não goste que eu a chame assim.

— Por falar em Felicity — Sara pronunciou — onde ela está? Você a convidou não é Laurel?

— Claro — Laurel sorriu.

— Que bom, seria muito constrangedor ela aparecer aqui de repente e ser pega de surpresa com essa festa de noivado repentina — Sara completou com um sorriso travesso. — Hey Ollie — ela veio até mim me abraçando. — Depois eu te conto a história toda — ela cochichou. — Thea, Senhora Queen, Walter — ela abraçou minha irmã e apertou a mão dos dois últimos.

— Espero que não se incomodem com a minha presença — Tommy disse. — Me sinto um intruso, mas Sara insistiu que eu viesse. Praticamente me obrigou.

— Fico feliz que ela tenha feito isso Tommy — eu disse o abraçando. — Há quanto tempo não nos vemos?

— Desde que eu assumi a Merlyn Global em Coast City e você assumiu a QC aqui em Starling, logo depois da faculdade, nós nos víamos em algumas conferências, como dois empresários — ele respondeu. — Como amigos acho que a última vez foi há dois anos, em Central City. Com Cait, Allen e o resto da turma.

O resto da turma englobava Felicity e Sara. Mas Tommy não parecia disposto a entregar isso.

— Acho que vamos mudar isso não é? — eu perguntei sorrindo. — Soube que você vai assumir a vice-presidência da sede da MG aqui em Starling. Só não traga Sara, por favor, deixe sua secretária em Coast City, pelo bem das nossas saídas.

— Hey! — Sara protestou. — Sou uma ótima secretária. Tommy não viveria sem mim.

— Detesto concordar com ela — Tommy riu. — Mas desta vez ela tem razão. Ter Sara na empresa foi a melhor coisa que me aconteceu. Além de uma ótima amiga ela é uma ótima funcionária.

— Vamos nos sentar? — Laurel disse mudando o foco da conversa.

Eu, minha mãe, Walter, Thea e Quentin a seguimos para a sala de jantar que era separada da sala de estar por uma parede. Sentamo-nos à mesa para esperar Donna e os outros. Minha mãe e Laurel falavam de algo que eu não conseguia ouvir.

Talvez por não querer ouvir. Eu estava frustrado. Havia conhecido a mãe de Felicity, da qual ela sempre falou com muita admiração e carinho, em uma situação completamente diferente do que eu havia imaginado durante anos. Eu não queria ser apresentado à Donna Smoak como noivo da sua enteada, queria ter sido apresentado a ela como seu genro, futuro marido de sua filha.

E pensar que eu achava ruim a forma como conheci o pai de Felicity há alguns anos. Comparado a isso, gritar na janela de Felicity vestido de príncipe encantado e ser escorraçado da casa dela não havia sido tão ruim.

— Desculpe — a voz de Felicity surgiu de repente do outro lado da parede. Meu corpo estremeceu. Aquilo era o fim. Definitivamente o nosso fim. — Eu estou atrasada? — eu a ouvi dizer com o mesmo tom irônico que ela usava quando eu esquecia de alguma coisa importante. — É óbvio que eu estou atrasada, eu sempre me atraso para eventos importantes para os quais eu fui convidada — ela riu sem humor e eu me permiti encarar Laurel que parecia ter visto algum fantasma. — O que é engraçado porque eu não fui convidada. Então é uma grande coincidência — eu ouvia os passos, apressados, irritados, do modo como eu só havia ouvido uma vez. E então ela chegou a sala de jantar atrás de Donna, com Sara e Tommy às suas costas. — Desculpem, pelo que quer que tenham ouvido — ela pareceu notar que havia falado alto demais. — Como vai Sr. Steele? Sra. Queen? Srta. Thea? Oli… digo, Sr. Queen?

— Felicity Smoak — Thea disse visivelmente animada. — Uma das pessoas que eu sempre quis conhecer — ela se levantou andando em direção a Felicity. — Tenho que admitir que sou sua fã. É um prazer te conhecer finalmente — ela abraçou Felicity e eu pude notar que ela havia dito algo a ela em segredo.

— O prazer é meu, senhorita Queen — Felicity manteve o tom formal. — E fico lisonjeada com o que disse. Mas não creio que mereça tal admiração. Eu sou apenas uma técnica do Departamento de TI da sua empresa.

— Você é bem mais do que isso Felicity — Thea respondeu simplesmente. — E por favor, chame-me de Thea. Dentro ou fora da QC.

— Claro, Thea — Felicity disse sorrindo pela primeira vez.

Se havia algo com que eu vinha sonhando era esse dia. O dia em que as duas mulheres que eu mais amava em minha vida se conheceriam. Elas sabiam uma da outra, mas pelo meu ponto de vista. Eu sabia que elas tinham um carinho uma pela outra, por minha causa, mas eu queria que isso mudasse. Queria que o carinho que elas sentiam fosse por conta de uma amizade que elas adquiriam.

— Srta. Smoak — Walter imitou minha irmã e se aproximou de Felicity estendendo a mão que ela apertou prontamente.

— Não entendo porque demorou Licie — Donna disse. — Algum problema no trabalho?

— Mãe — Felicity disse carinhosa se virando para a mãe. — Não posso reclamar do meu trabalho na frente dos meus chefes — e de repente se virou para nós com uma expressão assustada que ela sempre usava quando falava demais. — Não que eu tenha o que reclamar. Trabalhar na QC tem sido uma ótima experiência. Sou muito grata por ter um emprego — ela disse tudo isso rápido. Eu adorava quando ela perdia o foco e falava mais do que devia, era engraçado, era meigo, era encantador, era Felicity. — Não que eu não pudesse arrumar um emprego em outro lugar, o que obviamente está fora de cogitação, ou pelo menos… — eu a encarei dizendo silenciosamente que ela não deveria se preocupar, seu emprego estava a salvo. Ela só não precisava saber que isso custou o nosso relacionamento. — Eu vou me calar.

— E a Tagarelicity ataca novamente — Sara riu. — Desculpe Licie, mas é engraçado.

— E um ótimo apelido — Tommy riu também. — Há quanto tempo trabalha na QC?

— Três meses — Felicity respondeu sorrindo. Eu sabia que ela estava feliz. Eu me lembrava de quando ela conseguiu o emprego, por mérito próprio inclusive.

“Eu estava sentado no sofá do apartamento de Felicity, assistindo a um canal de esportes. Por mais que não devesse, eu me sentia muito mais confortável no apartamento dela, mesmo sem ela por perto, do que em minha casa com a minha própria família. E tudo isso por culpa de dona Moira Queen.

Ouvi o barulho da porta se abrindo e encarei Felicity. Ela estava extremamente formal, num vestido preto sem mangas e sem decote que se moldava justamente ao seu corpo. O cabelo loiro estava preso em um rabo de cavalo e ela trazia os óculos suspensos em seu rosto. O batom era de um rosa chamativo que combinava com os saltos e o cinto em sua cintura. Deus ela estava sexy com aquele ar de seriedade. Se bem que ela era sexy sempre, até com suas pantufas de unicórnio.

Me levantei e fiquei parado diante dela, sem a tocar, ela ainda estava séria e seus olhos me analisavam minuciosamente. Eu não gostava quando ela fazia isso. Sua inspeção à procura de mentiras sempre me capturava.

— Está tudo bem? — prefiro optar por uma pergunta neutra. Havia aprendido com o tempo que era melhor deixá-la me acusar do que quer que fosse primeiro e me defender com maestria depois.

— Depende — ela soltou o ar de forma nada sutil. — Como é que de repente a Queen Consolidated encontrou meu currículo no meio de tantos outros e decidiu me dar a vaga que eu sempre quis ter, mas que nunca esteve desocupada?

Eu arregalei os olhos, não sabia que Felicity havia sido contratada pela QC, ócios do ofício de um vice-presidente ausente. Eu sabia que eles estavam com problemas no departamento de TI. Que haviam demitido todo o pessoal e iriam refazer a equipe. Tudo isso depois que conseguiram invadir nosso sistema e roubar alguns projetos. Por sorte não haviam sido projetos de grande importância ou aquilo seria o fim da empresa. Mas alguém tinha que arcar com os prejuízos.

— Eu não sei — respondi sincero. Sabia o que ela estava pensando, que eu havia interferido e lhe dado algum tipo de vantagem. — Eu juro. Eu não faço ideia. Me sinto até culpado por não ter lhe dito que haviam vagas para trabalhar na QC. Mas a Verdant me dá muito trabalho.

— Você está falando a verdade? — ela questionou com os olhos começando a brilhar de emoção.

— Felicity — eu disse me aproximando dela e acariciando seu rosto devagar. — Eu jamais mentiria para você. Se você conseguiu a vaga, foi porque você é incrível. Uma excelente profissional, a mais capacitada eu diria. E eu não poderia estar mais orgulhoso de você.

Senti Felicity se jogar em meus braços e me abraçar fortemente. Retribui o abraço com a mesma intensidade.

— Eu estou tão feliz! — ela exclamou contra meu pescoço e eu ri.

— Devemos comemorar — eu disse ainda a abraçando. — Que tal chamarmos Barry e Caitlin para um programa de casais. Faz tempo que não saímos juntos e Central City fica apenas a uma viagem de trem daqui.

— Okay, me convenceu — Felicity se soltou de mim. — Vai ser ótimo! Eu estou tão animada Oliver.

— Quando é que você vai me chamar de Ollie como todo mundo? — eu perguntei fingindo uma irritação. Por mais que gostasse do apelido, preferia ouvi-la dizer o meu nome.

— Já conversamos sobre isso — ela respondeu séria.

— Eu estou brincando Felicity — eu disse. — Eu amo quando você diz o meu nome.

— E eu amo você, Oliver. ”

— Já que todos já se conhecem — Laurel disse chamando nossa atenção — podemos jantar? Tive um dia pesado na promotoria.

— Bem, eu vou para casa — Felicity disse para o meu desgosto. — Não quero atrapalhar o jantar em família.

— Você é da família também Licie — Sara disse visivelmente desesperada, parecia que ela fazia mais questão da presença de Felicity do que de qualquer outra pessoa.

— Sara, hoje não okay? — Felicity se dirigiu até Quentin e lhe deu um abraço de despedida.

— Fique querida — ele disse assim que a soltou. — Por favor, eu insisto.

— Você quase não vem nos ver minha filha — Donna disse entristecida.

— Mãe… — Felicity iria começar a falar algo quando Thea e interrompeu.

— Felicity, fique — ela disse em um tom autoritário. — Não é um pedido. Eu posso demiti-la sabia?

— Isso é um golpe baixo — Felicity reclamou e eu tinha certeza de que ela estava me comparando com Thea. Eu sabia ser bem baixo quando queria algo, principalmente com ela.

— Acredite em mim Licie — Tommy disse chamando-a como Sara. — Quando um Queen põe algo na cabeça é difícil tirar, principalmente essa Queen.

“Thea me olhava como se eu fosse seu objeto de estudo. Os olhos esverdeados me analisavam minuciosamente e eu só gostaria de entender o que eu havia feito de errado para merecer passar por toda aquela situação, no mínimo, desconfortável.

— Ollie, eu realmente não consigo entender como você consegue brincar com esse tipo de coisa — ela dizia visivelmente irritada, enquanto balançava a cabeça em reprovação.

Se fosse em qualquer outra ocasião eu teria lhe dado uma resposta bem-humorada e começado a rir, mas não desta vez. Desta vez eu falava a verdade, pela primeira vez eu estava sendo sincero com alguma coisa, com alguém.

— Thea, eu estou falando sério — eu afirmei em tom calmo. — Vou pedir Felicity em casamento — eu a encarei firmemente — e preciso de sua ajuda.

— Okay — ela finalmente pareceu ceder e deixou escapar um singelo sorriso. — Mas vamos deixar algumas coisas claras por aqui: eu serei sua madrinha e irei conhecer a futura senhora Queen antes de todos.

— Você sabe que Tommy e Sara já a conhecem, não é? — eu fiz questão de lembrá-la que nós havíamos estudado juntos. — Além de Barry e Caitlin.

— Ollie — ela me repreendeu por estar fugindo do assunto. — Estou falando sério. Eu acobertei seus encontros com a senhorita Smoak desde que vocês começaram a sair! Eu minto para mamãe e para a Laurel quase todos os dias! Eu sempre te aviso quando a Dona Moira resolve te fazer visita surpresa em Central City! Nada mais justo do que eu a conhecer logo, afinal Ollie, já faz dois anos que vocês estão juntos, oficialmente falando. Você vai pedi-la em casamento!

— Quem você vai pedir em casamento, Oliver? — Walter, meu padrasto, perguntou de repente se aproximando com a minha mãe.

— Espero que seja Laurel — minha mãe disse. — Aquela menina é um amor, você sabe o quanto eu sofri quando você me disse que vocês não estavam mais juntos...

— Mãe — eu a repreendi, cansado desse mesmo assunto.

Laurel e eu namorávamos há alguns anos, quando estudávamos no Starling College, nosso namoro nunca foi dos mais românticos e tão pouco dos mais felizes. Mas para minha mãe ele era perfeito, Laurel era perfeita. E por isso dona Moira Queen nunca superou o fato de eu ter decidido ir para a faculdade de Central City ao invés de ficar em Starling, perto de Laurel para tentar consertar o nosso relacionamento que havia terminado.

— Ollie não vai pedir ninguém em casamento — Thea disse em minha defesa. — Ainda mais Laurel — ela rolou os olhos em desprezo. — Ele só estava me ajudando a passar umas falas para uma apresentação da escola. Walter interpretou a situação de forma errada.

— Tem certeza disso Thea? — minha mãe ainda tentou se apegar em alguma esperança.

— Sim, mãe — Thea respondeu veementemente. — Certeza absoluta.

Vi minha mãe balançar a cabeça em afirmação e seguir com Walter para a sala de jantar, onde nosso almoço nos esperava. Esperei até que eles sumissem do meu campo de visão para agradecer Thea, que foi mais rápida:

— Me agradeça se casando com Felicity — ela disse sorrindo e completou rindo: — depois que me apresentar para ela, logicamente. ”

— Então, Oliver, como vão as coisas na QC? eu ouvia Quentin me perguntar de forma interessada, mas minha mente se sentia ocupada demais tentando controlar meus olhos que insistiam em vagar pelo rosto de Felicity, que estava visivelmente desconfortável com a situação.

— Vão muito bem — respondi tranquilamente, já sabendo que aquela resposta não seria suficiente. — Em breve vamos inaugurar o prédio de ciências aplicadas, estamos cogitando uma parceria com a Palmer Technologies que irá beneficiar as duas empresas e a cidade de uma forma geral.

— Oh minha Felicity recebeu uma proposta do bonitão da Palmer Technologies — Donna disse chamando a atenção de todos. — Qual o nome dele mesmo querida? — ela se dirigiu à Felicity que não havia dito uma palavra sequer desde que fora obrigada a ficar para o jantar.

— Ray — ela respondeu simplesmente. — Ray Palmer.

— Logicamente você recusou, não é? — Thea, que estava sentada ao lado dela perguntou. — Um dos cérebros mais geniais da QC não pode simplesmente nos trocar. Afinal, não é todo dia que você tem a primeira aluna do MIT trabalhando na sua empresa.

Felicity a encarou surpresa e confusa. Provavelmente tentando entender como Thea saberia tanto sobre suas façanhas estudantis.

Mas Felicity não era à única pessoa que estava admirada com o conhecimento de Thea. Laurel olhava para minha irmã com o mesmo olhar de quando eu terminei nosso relacionamento, ela estava incrédula. Em contrapartida, minha mãe e Walter estavam felizes por saber que Thea se interessava pelos negócios da família. Mal sabiam eles que eu era a fonte de toda informação que Thea recebia a respeito de Felicity.

— Na verdade eu não tive tempo para responder à proposta — Felicity admitiu suavemente, prendendo minha atenção. Então ela iria me deixar de vez?

— Ouviu isso Ollie? — Thea disse preocupada. — Ela vai nos abandonar. Não tem jeito, acho que terei que ter uma conversa com o senhor Palmer — completou em tom de conspiração, rindo em seguida, acompanhada por todos da mesa, dando o assunto por encerrado.

— E então, Laurel — minha mãe começou a dizer — já começou a pensar nos padrinhos?

Diferentemente de Felicity, Thea não conseguiu disfarçar seu espanto e desagrado com a pergunta depois que engasgou com o vinho.

— Padrinhos? Assim tão cedo? — ela disse ainda com os olhos repletos de lágrimas e a voz meio rouca.

— Um casamento é algo grandioso, Thea, até que tudo esteja pronto levará semanas — Laurel disse usando o tom maternal que irritava Thea.

— Eu sei — Thea estava se esforçando para não ser grossa. — Mas vocês acabaram de ficar noivos, desse jeito vão começar a pensar que vocês vão se casar porque você está grávida.

Desta vez quem engasgou foi Quentin. Provavelmente surpreso com a hipótese. Se ele soubesse que Thea tinha razão. Que Laurel havia me chantageado dizendo que se eu não me casasse com ela nunca iria saber da criança. Que minha mãe decidiu por mim e que por isso vamos subir ao altar. Talvez se ele soubesse eu não precisaria estar passando por isso agora.

— Thea — minha mãe a repreendeu. — Você sabe muito bem que esse não é o motivo. Oliver e Laurel passaram muito tempo separados é normal que queiram agilizar as coisas.

— Claro — Thea lhe sorriu cinicamente. — Só estou dizendo que será isso que os sites de fofoca irão dizer. Mas Ollie já superou coisas piores, não é Tommy?

— Com certeza — Tommy riu ao lado de Thea, ambos compartilhando do mesmo sentimento: o de me fazer desistir desse casamento. — Vou sentir falta dos tempos da faculdade, Ollie. E sei que você também vai — ele me alfinetou se referindo à época em que eu tinha Felicity e tudo parecia correr bem.

— Não é como se eu fosse morrer, Tommy Merlyn — respondi rindo.

— Não, não é — Sara disse. — É pior. Poxa Ollie! Você vai casar! Quem vai dar a super festa da Tequila agora?

— Quem ouve você falando isso pensa até que é contra o nosso casamento, Sara — Laurel disse para a irmã.

— Laurel, irmãzinha, eu não sou contra vocês se casarem, sou contra o Ollie nos abandonar por causa disso — Sara respondeu sem rodeios.

Antes que Laurel pudesse responder de forma nada educada Donna interveio na discussão:

— Pelo visto, Oliver, você é bem disputado — ela brincou me encarando com um olhar divertido. — As meninas do Quentin vão acabar saindo no tapa por sua causa. Pobre da sua mãe, não é? Imagino que você deve ter sido um adolescente difícil.

— Impossível — Tommy a corrigiu rindo. — Ollie destruía os corações por onde passava nos tempos do Starling College.

— Isso é verdade — Sara emendou. — Não havia uma garota que não sonhasse com Oliver Queen, O Rei.

— Era bem difícil andar pelos corredores do colégio com ele — Tommy se fingiu de vítima.

— Você tinha sua fama, Merlyn — Felicity se pronunciou. — Não se faça de desentendido — ela o encarou sorrindo.

— Eu? Eu era um santo senhorita Smoak — Tommy riu ao usar o modo de tratamento dos tempos de colégio. — Oliver é quem me arrastou para esse mundo de festas e bebedeiras.

Felicity gargalhou, acompanhada por Sara e eu que bem sabíamos que Tommy era mil vezes pior do que eu quando se tratava de festas e bebedeiras.

— Não vejo qual a graça — ele tentou fingir que estava sério. — Sou moço de família, para casar.

Nesse momento, todos na mesa riram, Thomas Merlyn era para casar?

— Não sabia que vocês se conheciam há tanto tempo assim — Walter interrompeu o momento.

— Todos frequentamos o Starling College — Laurel respondeu. — Na época papai já era casado com Donna.

— Há mais de cinco anos só para lembrar — Sara comentou provocativa.

Nunca irei entender o porquê desse clima tenso entre as duas. Laurel e Sara eram bem diferentes, mas isso não justificava o tom sarcástico com o qual Sara geralmente se dirigia a irmã.

— Então vocês têm muitas memórias juntos — Walter continuou.

— Não necessariamente — Felicity disse sem querer.

Estava aí uma das coisas que havia me encantado nela: Felicity não sabia mentir. Por mais que se esforçasse, ela sempre soltava mais do que devia, principalmente quando bebia, e pelas minhas contas, ela, Thea, Tommy e Sara já haviam bebido muito mais do que todos os presentes na mesa.

— Laurel era popular demais — Sara comentou rindo olhando para irmã e depois para minha mãe e Walter. — Ela era a típica líder de torcida, igual aos filmes. Licie e eu fazíamos parte do outro grupinho. Ainda mantém contato com a Snow? — dirigiu seu olhar para Felicity.

— Cait está trabalhando para Harrison Wells — Felicity comentou com orgulho. — Cait fez um pequeno estágio no Star Labs durante a faculdade e eu trabalhei lá depois que sai do MIT. Dr. Wells nos queria trabalhando lá, mas não era exatamente a minha área.

— Senhorita Smoak é muito concorrida — Thea brincou abraçando Felicity. — Quando eu crescer quero ser como você.

— Com todo o respeito, mas a minha Felicity é única — Donna disse toda orgulhosa.

— Nós sabemos, Donna — Tommy disse.

— Okay, sem melação Tommy — Thea riu da careta que ele fez. — Terminem de contar como essa amizade — Thea disse fazendo um círculo diante de nós — surgiu.

— Eu e Oliver sempre fomos amigos, depois conhecemos Laurel e Sara na Star School. — Tommy contou. — Quantos anos tínhamos?

— 12 — Sara respondeu. — E eu usava uma franja ridícula.

— Temos que concordar com você Sara — Tommy riu. — Era ridícula mesmo.

— Como a Sara tinha dito, papai e Donna já eram casados há cinco anos, mas nós não conhecíamos a Felicity ainda — Laurel contou.

— Felicity morava com o pai, no Massachusetts — Donna contou.

— Longa história — Felicity disse diante do olhar curioso de Thea.

— Felicity veio morar com a gente no primeiro ano do High School, — Sara continuou —  eu e Laurel tínhamos 15 anos, ela 14.

— Mas eu só fui conhecer Tommy e Oliver no último ano do Starling College — Felicity contou. — Graças à Sara, que fazia parte do corpo discente junto com eles.

— Agradeça à Caitlin — Sara disse. — Se ela não tivesse preferido me apoiar na “candidatura” e tivesse se candidatado, nós nunca seríamos tão amigos.

— Foi um ótimo último ano — eu afirmei sorrindo para ela e vi suas bochechas começarem a ganhar cor, eu adorava vê-la envergonhada.

“Estava tudo pronto, as velas sobre a mesa posta, as pétalas de rosa espalhadas pelo chão faziam uma trilha até o centro do salão onde o globo de luzes estava pendurado. Eu sabia que Felicity iria ficar surpresa por estar ali e que iria reclamar da quantidade de dinheiro que eu certamente gastei para alugar o local onde dançamos juntos pela primeira vez.

Eu sabia que esse lugar não trazia apenas lembranças boas para ela, mas eu jamais esqueci daquela noite, no baile onde eu a vi parada na varanda triste depois de ter sido humilhada pelo idiota do Cooper.

Lembro-me da vontade que eu tive de ir até ele e tirar satisfação. Eu iria arrumar uma bela briga se Sara não tivesse me impedido e me dito onde ela estava. Eu queria vê-la, saber se ela estava bem.

E quando eu a vi, dentro daquele vestido azul claro senti algo que nunca havia sentido antes. Eu a achava bonita, e admirava sua inteligência e carisma, além do seu enorme altruísmo. Mas o que senti naquele momento foi bem mais que admiração. Foi um forte desejo de tê-la em todos os sentidos.

Ter sua atenção, seu carinho, sua dedicação, seus lábios, seu corpo. Eu queria Felicity Smoak mais do que queria qualquer outra coisa em minha vida. Ainda podia recordar das palavras que havia sussurrado em seu ouvido minutos antes de Laurel estragar tudo com seu show.

“Eu quero experimentar algo novo Felicity, quero experimentar algo novo com você. Promete que vai pensar nisso, que vai pensar em me ver de novo depois dessa noite. Porque, honestamente, essa vai ser a única coisa em que eu vou pensar. ”, eu sabia que ela não cederia tão facilmente, mas precisava tentar.

Dois anos depois eu repeti a proposta e ela disse sim. Disse que queria sair comigo, que queria ser a minha namorada. Agora eu torcia para que ela aceitasse ser a minha mulher.

Chequei meu bolso mais uma vez, a caixinha preta estava lá. Dentro dela estava o anel de ouro com uma pequena pedra de diamante, o que provavelmente a faria surtar. Mas Felicity valia todo o investimento.

Senti meu celular vibrar, era Barry, avisando que ele tinha conseguido trazer Felicity até o local. Fui para o centro do salão e apaguei as luzes, deixando que apenas as velas iluminassem o local.

Era dezembro, e a neve caía do lado de fora da mansão. Felicity provavelmente estaria usando seu sobretudo bege, ele era o seu favorito. A temperatura dentro da casa não era mais quente que a de fora, mas eu estava suando. Estava nervoso. E ouvir a voz doce dela ao abrir a porta da frente não ajudou a acalmar meu coração.

— Olá? — ela disse entrando parcialmente no local. — Alguém aí? — ela se colocou para dentro da sala completamente.

Demorou um pouco para que ela me enxergasse de onde estava. Mas quando o fez, conseguiu ver tudo o que estava ao seu redor e isso a deixou momentaneamente paralisada.

— Oliver? — ela me chamou num fio de voz. — O que é isso?

— Complete a jornada e ganhe o prêmio — eu respondi usando uma de nossas piadas internas.

Felicity andou calmamente por entre as pétalas no chão, eu podia ver que ela tremia levemente e quando ela se aproximou de mim, Caitlin majestosamente fez com que uma única luz refletisse no globo que iluminou o salão.

Eu tinha os melhores amigos.

— Oliver — ela sussurrou olhando ao redor. — O que isso significa?

— Há quatro anos e oito meses atrás, eu fui nomeado o seu príncipe no baile da “Corte dos Sonhos” — eu comecei, eu era bom com datas, sabia de cor todos os nossos dias importantes, por isso sabia que deveria começar por esse dia. — Infelizmente não ocorreu como Sara e eu havíamos planejado. Eu não fui até a sua porta pedir permissão ao seu pai para te acompanhar ao baile, não lhe entreguei uma rosa em uma caixa, não pude dizer o quão linda você estava naquele vestido azul. Mas felizmente eu pude ser o cara com quem você teve sua primeira dança, eu pude ter você nos braços por toda aquela música, que se não me engano era “I Need a Woman”, totalmente fora do contexto do baile.

— Oliver — ela me repreendeu sorrindo, embora deixasse as lágrimas rolarem por sua face delicada, eu sabia que aquela era a nossa música.

— Naquela noite Felicity, por míseros minutos eu fui o cara mais sortudo daquele baile. Honestamente, nem o título de Rei do baile eu quis receber, e você sabe porquê — eu a encarei, eu havia desistido do título para ir atrás dela e nunca me arrependi. — Você foi a melhor coisa que me aconteceu Felicity Smoak. E citando aqui um trecho da nossa música: “quando chega a meia-noite e eu estou na minha cama sozinho, você é tudo que eu quero, você é tudo que eu preciso”. Naquela noite eu te disse algo que eu irei repetir hoje e espero dessa vez, obter a minha resposta — eu me agachei diante dela que sorriu ainda mais e retirei a caixa com o anel do bolso exibindo a joia para ela. — Eu quero experimentar algo novo Felicity Smoak, quero experimentar algo novo com você. Por isso, gostaria de saber se você me daria a honra de chamá-la de minha noiva, e daqui a pouco tempo de minha esposa, a mãe dos meus filhos.

— Oliver — ela sorriu em meio às lágrimas e se agachou diante de mim. — Eu não sei o que dizer. Eu... eu não esperava por isso. Eu... eu aceito Oliver. Eu quero ser sua esposa, eu quero que você seja meu marido. Eu amo você.

— Eu amo você também Felicity — respondi colocando o anel em seu dedo. — Prometo que farei de tudo para que você seja feliz. ”

E depois de tudo o que nós passamos juntos, depois de todas as promessas trocadas aqui estava eu enterrando de vez nossa história. Minha mãe me olhou de forma significativa, e eu entendi o que ela queria. Queria o grande espetáculo da noite. Eu daria a ela.

Levantei-me de minha cadeira calmamente e chamei a atenção de todos que estavam à mesa. Thea me encarava desesperada como se implorasse para que eu não fizesse isso. Mas não tinha outra saída. Eu teria que fazê-lo, pelo bem de Felicity.

— Primeiramente eu gostaria de agradecer a presença de todos — comecei de forma calma. — Essa é uma noite importante e fico feliz de dividi-la com vocês — eu mentia descaradamente, eu não estava feliz ali. E encontrar os olhos de Felicity me encarando como se esperasse que eu desmentisse toda essa história só me fez ficar ainda pior. — Quentin, eu gostaria de saber se você me daria a honra de ter sua filha, Laurel, como minha esposa.

Laurel sorria de orelha a orelha, Tommy e Sara fingiam um sorriso, Thea demonstrava sua descrença e seu desprezo pela situação e Felicity não possuía reação.

— Oliver — Quentin disse visivelmente emocionado. — Nada me faria mais feliz do que o casamento de vocês.

— Um brinde aos noivos — minha mãe incitou alegremente.

Thea e Felicity não participaram do brinde. Não podia culpá-las, eu mesmo não queria participar. Mas agora estava feito, eu só queria voltar àquela noite fria de dezembro, na qual eu me senti o homem mais feliz e mais amado do mundo.


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Notas finais do capítulo

Mais uma vez agradeço por lerem até aqui, como vocês perceberam o capítulo de hoje foi narrado pelo Oliver, vai ser sempre assim, intercalado. Espero que tenham gostado, e nos vemos na próxima sexta!!
Bom feriado!



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