Era uma vez um Caterpie.

  Sim! Um Caterpie, apenas um Caterpie.

  Ele não era fraco, mas também não era o mais forte. Ele também não tinha o poder para salvar uma região inteira, nem tinha a cor dourada. Como tinha dito antes, era só um Caterpie.

   Mas Caterpie não vivia triste, na verdade, era uma das criaturas mais alegres de toda floresta. Saltitava e balançava pelas folhas verdes e conversava com seus amigos.

   Tudo é tão bonito quando se é jovem.

   Porém, seus amigos Metapod sempre comentavam sobre um invasor da floresta, Caterpie não sabia muito bem sobre o que se tratava.

    Era papo de gente grande.

    Um precioso dia, Caterpie acabou escutando a conversa dos casulos, ouviu a palavra “treinador Pokémon” e que essas tais criaturas capturavam Pokémon dentro de pequenas bolas vermelhas e brancas.

    Conversa fiada, pensava Caterpie, como é que grandes Butterfrees caberiam dentro de bolas tão minúsculas? Mais uma história pra botar ovos para dormir.

    Mas foi em uma tarde que Caterpie descobriu que os Metapod não estavam brincando, enquanto passeava pelos campos mais abertos da floresta, uma menina apareceu, uma menina segurando algo muito parecido com as bolas que eles haviam comentado.

    Uma treinadora Pokémon? Devia ficar com medo?

    Era tão inocente, tão cheia de alegria, assim como Caterpie.

    Ao invés de correr, Caterpie ficou lá parado esperando a bolinha vir.

    Mas foi rejeitado.

    “Ugh, só um Caterpie” foi esnobado completamente pela garota, que correu alegremente para uma outra direção quando viu um rechonchudo rato amarelo.

     Pikachu, como Caterpie odiava aquele Pokémon, agora tinha um motivo ainda mais forte.

     Mas Caterpie não ficou muito triste, continuou sua vida como uma lagarta feliz e decidiu pensar que ele não era para ser Pokémon daquela pirralha.

     É, ele era muito bom para ela, com certeza.

     Mesmo com esse pensamento, não parava de procurar treinadores, como seria ser um Pokémon de um desses “invasores”? Pareciam tão simpáticos.

     Continuou a tentar achar os treinadores, mas o resultado era sempre o mesmo: sempre esnobado, como se ele não fosse nada.

     Ele podia não ser o melhor, mas também não era o pior.

     Caterpie estava ficando desanimado com tanta humilhação, até que um sujeito com um longo chapéu o avistou, não deu tempo nem do pequeno raciocinar.

     Sentiu uma pancada na antena e antes que pudesse perceber, tinha sido absorvido por aquela bola estranha.

     Finalmente! Ele pensou, um treinador que não o tratou como uma lagartinha mixuruca.

     Estava tão animado, o que faria agora? Os Pokémon destes treinadores iam para um lugar maior? Mais bonito? O que acontecia com aqueles que eram levados para fora da floresta?

     A resposta era inimaginável.

     Quando Caterpie percebeu, estava fora da bola novamente. A primeira coisa que viu foi um Weedle com um treinador muito parecido com o seu, mas tinha alguma coisa engraçada naquele Weedle, ele estava... Bravo?

     “Weedle, use Tackle”

     E Caterpie se assustou, voou para trás e acabou se machucando, o que era aquilo? Não tinha aprendido a se defender ainda e os Weedle não costumavam atacar outros Pokémon assim, era tão amigo dos Weedle.

     O seu treinador gritava, gritava e gritava ainda mais alto, mas tudo que Caterpie conseguia fazer era soltar golpes desajeitados, golpes que não faziam efeito nenhum e Caterpie só acabava sendo machucado.

     Caiu no chão, completamente sem forças, o que havia acabado de acontecer?

     Caterpie não ouvia nada direito, não estava entendo nada também, antes que pudesse entender, voltou para a tal bola, com uma última palavra:

     “Fraco”

     Fraco? Era isso que ele era? Mas sempre havia sido amado por seus amigos, como alguém amado assim poderia ser fraco?

     Pensou nisso a noite inteira, a pior noite da vida dele, na verdade.

     Cheia de ansiedades e medos.

     Até que enfim saiu da Pokéball, estava tudo escuro na floresta, mas desta vez sem nenhum Pokémon para enfrentar.

     Olhou para trás e viu os olhos sérios de seu treinador.

     O que estava prestes a acontecer?

     Tudo que viu foi seu treinador destruindo a bola onde ele estava vivendo.

     O que era aquilo?

     Caterpie até tentou correr atrás do treinador, mas ele não deu chance, correu ainda mais rápido e sumiu da vista do insetinho.

     Mas por que aquilo?

     Ele não era especial? Era isso que tudo isso queria dizer?

    Caterpie foi forçado a aceitar que seu destino não era estar em uma Pokéball, seu destino era ficar na natureza para sempre, sendo mais um comum Caterpie da floresta.

    Foi para baixo de uma árvore para se proteger da chuva, o mato grande também o protegeria de Pidgeys e Pidgeottos que ousassem sair para buscar comida naquele temporal.

    Em pouco tempo, caiu no sono, sonhando com todos os treinadores Pokémon, imaginando que teria algum que cuidaria bem dele e o ensinaria a batalhar.

    Caterpie podia ser meio teimoso quando realmente queria alguma coisa.

    O dia amanheceu, Caterpie voltou a fazer tudo que fazia.

    Rastejava.

    Comia folhas.

    Observava os Pokémon.

    Cochilava.

    Comia mais folhas.

    Rastejava de novo.

    Que tédio.

   Até que aquela batalha Pokémon foi divertida.

    Mais um dia e estava comendo folhinhas em um mato, até que ouviu algum barulho diferente.

    Olhou para o lado e viu um daqueles.

    Era um treinador Pokémon.

    Um treinador com uma Pokéball na mão e com um ar confiante.

    Observou, observou e observou, porém nada fez, apenas deixou a bola vir e se deixou capturar.

    Talvez desta vez seja diferente.

    Sentiu um baque, alguém tinha pego a PokéBall.

   “Que legal! Eu capturei o meu primeiro Pokémon”

    Que animo contagiante.

    “Ai Ash, você é muito infantil”

    Era uma voz mais feminina desta vez.

   “Qual é, Misty? Foi meu primeiro Pokémon, com certeza vou cuidar dele e ele será um dos Pokémon mais fortes”

    “Ai que nojo! Pokémon tipo inseto são muito ruins”

    “Ah, que pena, eu gosto”

    Caterpie foi recheado por um sentimento de confiança.

   É, talvez desta vez dê certo.

  E foi assim que um simples Caterpie percebeu que poderia não ser tão simples assim.

  Um clarão acendeu, iria finalmente conhecer melhor seu novo treinador.