Demoraram exatas 27 horas para que Hermione acordasse, ele fez questão de contar. Ninguém fora permitido entrar na sua ala de privacidade além de sua elfa, Dotty. Nem mesmo Madame Pomfrey, para completa indignação da Medibruxa. Para irritação e cansaço de Hector, nenhum dos dois garotos saíram do lado de Hermione também. Ele ouviu a movimentação da enfermaria e quando as demais crianças foram liberados. Eles estavam no ataque também, pelo que Rony lhe contara.

Ele esperava alarmado a hora em que ela acordasse, seu núcleo mágico ainda fragilizado para que ele voltasse com o feitiço de mudança de aparência. Não que Harry e Rony aceitariam sem nenhuma explicação do homem mais velho. Foi por isso que ele se manteve quieto, seus olhos nunca deixando sua filha. Sua filha, ele repetiu várias vezes em sua mente.

Foi com alivio em que ele viu Hermione resmungar enquanto se mexia lentamente, ele estava a sua frente em dois segundos e seu coração se encheu de alívio mesmo quando seus olhos cinzentos o encararam. Os garotos a encheram de perguntas e ele a abraçou, evitou a abraçar apertado imaginando que ela ainda estivesse sensível.

—Olá, querida- ele sussurrou e beijou sua testa varias vezes, Hermione suspirou quando o reconheceu, ate que ela se afastou alarmada percebendo que seu pai estava em Hogwarts, ela gemeu de dor com o movimento brusco.

—Pai?

—Você é sempre tão teimosa- ele reclamou cansado e cheirou seus cabelos. Rony engasgou no fundo ao ver seus olhos pela primeira vez.

—Eu sinto muito- ela sussurrou- eu faria de novo de qualquer maneira- Ele riu quando queria chorar.

Hermione se afastou enquanto esticava a mão alarmada para o braço machucado de Rony e estava prestes a pergunta-lhe quando ela parou confusa e observou suas mãos mais pálidas do que o comum. Foi então que ela percebeu que seu cabelo parecia ligeiramente maior. A verdade que seu cabelo agora era mais fino e com ondulações ao invés dos cachos, sendo ligeiramente maior por não estar um pouco encolhido na forma dos cachos.

—Quanto tempo eu estou desacordada?- ela perguntou rindo suavemente até que suas mãos alcançaram o cabelo e ela não viu ali o usual castanho- O que?- ela perguntou alarmada e então seus olhos procuraram por Harry, calado e quieto desde que ele colocara os olhos nos seus.

—Se isso for alguma brincadeira idiota..

Hector engoliu seco.

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Hermione agradeceu aos céus pela janela da enfermaria, a sua específica, estar enfeitiçada, assim quando um Draco Malfoy passou pelo jardim, ele não pode vê-la lá em cima o encarando.

Harry falava alguma coisa, mas pelos segundos em que ela demorou a responder, ele se aproximou com as sobrancelhas franzidas e procurou pelo que ela encarava, ele suspirou quando viu o garoto Malfoy se afastar com suas malas, assim como os demais alunos, de volta para casa.

—Bem- Rony grunhiu- Você tem certeza que está bem?- o ruivo fez uma careta ao perceber a pergunta boba e suspirou cansado, antes de se aproximar, hesitar alguns segundos e beijar o topo de sua cabeça- Poderia ser pior, você sabe, você poderia ser parecida com Bellatrix Lestrange.

Hermione fez uma careta antes de sorrir para o esforço do amigo. Já fazia algumas horas desde que Hector saíra da Ala Hospitalar e para sua surpresa, boa diga-se de passagem, Ronald Weasley segurara em sua mão e lhe consolara durante alguns minutos. A saída de Rony da Ala foi acompanhada pelo olhar de seus outros dois amigos e então foi seguido por um breve silêncio.

—Pelo menos ele não precisou de um dragão dessa vez- Harry resmungou e Hermione não pode deixar de rir antes de cair em um choro incontrolável.

Harry deitou ao seu lado na cama e ao invés de ouvir as suas palavras de conforto, ela só poderia ouvir a briga ecoando na sua mente.

—Você só decidiu roubar-lhe?- ela zombou incrédula

Hector fez uma careta para o tom da garota e tentou ignorar a cara incrédula do ruivo no canto.

—Você não entende, tudo parecia claro para mim há quinze anos e- ele suspirou- parecia justo tomar um pouco do que ele me tirou.

Hermione engoliu em seco- a minha mãe- ela começou, antes de fechar os olhos e respirar fundo- a sua mulher- ela não pode continuar a frase- as suas mãos..

Hector tentou agir contra o impulso, mas ele escondeu suas mãos mal cicatrizadas no bolso, elas já estavam bem melhor do que foi há alguns anos e os medicamentos foram capazes de curar metade das queimaduras, antes que ele fugiu do hospital.

—Ela já estava morta antes do maldito incêndio- ele resmungou- eu não pude nem mesmo enterrá-la, nem ela, nem Helena-

—Helena?- Hermione perguntou alarmada, ele sabia que ela estava pensando na mitologia que ele lhe contara repetidas vezes quando criança, de que seu nome viera depois de Helena, uma das suas favoritas, uma história que uma Hermione criança amava também.

—Minha filha- ele suspirou- minha outra filha- ele fez questão de corrigir, mas o olhar quebrado de Hermione já estava gravado em sua mente.

— Eu não passo de uma vingança?- o tom de Hermione era baixo dessa vez . Para sua surpresa, o homem riu, a risada incrédula.

— Eu não acredito que você é capaz de me perguntar isso, se você fosse uma vingança, eu teria lhe entregado morta em sua porta como ele fez comigo- ele rosnou irritado com a lembrança de anos atrás, Hermione se encolheu- mas você era um bebê- ele mexera as mãos em um formato pequeno, e olhava para ali como se pudesse ver o bebe loiro, a voz desolada- eu não sei quando, mas eu só acordei um dia e então você era minha filha- ele apontou para o próprio peito- minha filha, você me conhece, eu não posso acreditar que você pode me perguntar isso!

—Eu não conheço você! Você sequestrou uma criança!- Ela gritou, o soluço que ela não foi mais capaz de segurar- Você é igual aqueles que você repudia!- ela soluçou, se apoiando na cama dessa vez, a pontada no peito mais forte dessa vez.

Em um segundo Hector estava ao seu lado, e por mais que ela tentasse se esquivar do seu toque, ele a empurrou para que deitasse na cama novamente.

—Mais tarde- ele resmungou, a sua postura não mais defensiva preocupado com seu bem estar enquanto acenou a varinha para detectar algo que ela não sabia- nós terminaremos isso mais tarde- ele repetiu, olhando fundo nos seus olhos, Hector tentou ignorar o azul acinzentado, tentando focar no fato que eles ainda tinham o mesmo formato do castanho que ele estava acostumado.

—Eu não quero falar com você- ela soluçou, embora soubesse que mentia para si mesma, ela queria perguntar-lhe tudo. Ela estava magoada, confusa e irritada que seu coração doesse mais com a possibilidade dela ser uma forma de atingir os Malfoys do que a garota preferida de Hector.

Os lábios do homem tremeram, mas ele respirou fundo, antes de ordenar a Harry que ficasse de olho na garota, os seus passos apressados foram seguidos pelos olhos de um Harry calado, um Rony chocado  e uma Hermione magoada.