Caçadora Pelas Circunstâncias escrita por Cris de Leão
Depois que saíram de Bethel, o grupo das caçadoras, seguiram em frente.
Durante o percurso elas tiveram que se esconder de uma gangue de motoqueiros que passava pela estrada. Depois disso, acamparam perto de uma fazenda, Nina foi logo procurar água para abastecer o acampamento.
Enquanto isso, Poseidon, não querendo ficar sem fazer nada foi procurar gravetos para a fogueira, as meninas sorriram quando viram o ex deus aparecer com os braços cheios.
— Aqui está mocinha, é o suficiente?
— É o bastante, obrigada tio – disse Caroline.
— Mais alguma coisa que eu possa fazer?
— Bem, vejamos – disse ela pensativa. – Que tal cortar alguns legumes?
— Claro – disse ele alegre pegando a faca de caça e se sentando. – O que quer que eu corte?
— Corte aquelas cebolas em pequenos pedaços para um refogado.
Poseidon não ficou com uma cara muito feliz.
— Tudo bem tio?
— É que eu tive uma experiência ruim com cebolas.
— É mesmo? Conta pra gente? – ela perguntou curiosa. – Enquanto isso corte as batatas.
— Tudo bem – disse ele deixando as cebolas de lado e pegando as batatas. – Bem, tudo começou quando eu e meus irmãos éramos pirralhos...
— Espera aí, vocês não estavam no estômago de seu pai, como pode ser isso? – interrompeu Patrícia filha de Hermes que ficou no lugar de Meg na cozinha.
— Isso foi depois que saímos de lá – disse -, nossa mãe queria que voltássemos a ser crianças, já que ela não teve a oportunidade de nos criar. Então, ela nos transformou.
As meninas assentem.
— Continuando – disse -, enquanto as meninas estavam conversando entre elas, eu, Hades e Zeus fomos explorar a ilha onde nossa mãe o criou. Ele nos mostrou as partes mais legais de lá, aí quando nos aproximamos de umas pedras, eu senti cheiro de água. Eu corri na frente e os dois me seguiram.
Lembrança on
— O que foi Poseidon? – perguntou Hades.
— Água, tem água depois dessas pedras.
— Como você sabe?
— Posso sentir o cheiro.
— Espera, esse é o lago das naiades, não podemos ir praí – disse Zeus.
— Por quê? É só um lago – disse Poseidon subindo nas pedras.
— Poseidon, desce daí, você não ouviu? – disse Hades.
Poseidon não deu ouvidos aos irmãos e continuou a subir, ele dá um impulso para cima e chega ao topo.
O lago era grande, rodeado de árvores e uma pequena queda d’água dava um lindo visual. Poseidon ficou fascinado com a visão e então viu algumas meninas brincando na água, ele ficou com vontade de mergulhar no lago. Foi então, que uma delas o viu.
— Oi garoto, quer vir brincar com a gente?
— Eu posso?
— É claro que sim, venha.
Poseidon ia descer quando uma mão fria toca seu ombro.
— O que pensa que vai fazer, vamos embora – disse Hades sério.
— Por quê? Elas só querem brincar – disse – vem com a gente.
— Não, essas garotas não são o que parece.
— Como você sabe?
— Zeus me disse.
— E você acreditou? Zeus conta muita mentira.
— Mas...
— Não esquenta irmão, eu vou brincar com as meninas, se você quiser pode vir também.
Poseidon desce até o lago e as meninas o rodeiam.
— Oh, é um garoto!
— Vamos brincar de mergulhar?
— Vamos! – gritaram todas juntas.
Elas empurram Poseidon para dentro do lago e o puxam para debaixo d’água. Hades, que ficou no mesmo lugar, esperou que o irmão voltasse à tona, mas passou um bom tempo e nada de Poseidon. Zeus chegou até ele.
— Por que estão demorando? Cadê Poseidon?
— Está lá embaixo.
— Não o estou vendo.
— As naiades o levaram para dentro do lago, estão demorando.
— Essa não, a mamãe me disse que as naiades afogam os homens. Por isso, ela nunca me deixou vir pra cá.
— Tá dizendo que elas afogaram Poseidon?
— Sim.
— Impossível. Somos deuses, duvido que isso aconteça.
— Somos deuses sem domínio, esqueceu?
— Então...
— Elas afogaram ele.
Os dois olham novamente em direção do lago, onde o irmão foi levado pelas naiades e não retornou.
— O que vamos fazer Zeus?
— Não sei, mas vamos levar uma bronca da mamãe.
— Já sei – disse Hades -, vamos falar com as meninas, talvez elas possam nos ajudar.
— Tudo bem, vamos.
Os dois descem das pedras até o chão e correm à procura das irmãs.
No ínterim, Hestia, Deméter e Hera jogavam conversa fora quando Zeus e Hades apareceram um tanto assustados.
— O que foi, vocês estão pálidos – perguntou Deméter.
— Onde está Poseidon? – perguntou Hestia.
— Morreu afogado – disse Hades à queima roupa.
Zeus olhou para o irmão de olhos arregalado e as três o olharam incrédulas.
— O QUÊÊÊ!
— Poxa Hades, não precisava ser tão direto – reclamou Zeus.
— Como assim morreu afogado? – perguntou Hera nervosa.
— Ele entrou no lago das naiades e elas o puxaram para baixo d’água e não voltou mais – disse Hades sério.
Se fosse Zeus a contar essa história, as meninas não acreditariam, pois o garoto gostava de contar vantagem só para fazer inveja aos irmãos, mas se tratando de Hades, que nunca mentia, era melhor levar a sério.
— Isso é impossível, ele não pode ter morrido, somos deuses, não é? – perguntou Deméter olhando para os irmãos.
— Ainda não temos domínio definido – disse Hestia. – Vamos até o lago.
Os cinco correm até o lago onde não havia sinal nem das naiades e nem de Poseidon.
— POSEIDONNN! – gritou Hestia, mas sua voz se perdeu com o barulho da queda d’água.
— Não adianta, ele não vai ouvir – disse Hera.
— Eu disse praquele imbecil não vir pra cá porque a mamãe proibiu, mas nããão, ele veio assim mesmo – disse Zeus.
— O que vamos dizer à mamãe? – perguntou Deméter.
— Vamos contar a verdade, oras – disse Hera.
De repente, eles ouvem um barulho de água vindo do lago. Os cinco se viram ao mesmo tempo e ficam perplexos com o que veem.
—-------------------------------------
Poseidon quando foi levado para o fundo do lago ficou fascinado, as meninas mostraram tudo para ele, inclusive onde elas moravam.
— Vocês moram aqui?
— Sim – disseram todas.
— Legal!
— Ei, quer aprender um truque?
— Uhum.
As naiades se concentram e sua parte inferior começou a mudar. Onde antes existiam pernas surgiu uma cauda de peixe. Depois elas começaram a nadar ao redor de Poseidon.
— Uau! Vocês me ensinam?
— É só se concentrar, pense numa cauda e então suas pernas viram uma.
— Ok.
Ele se concentra e suas pernas começam a mudar, uma cauda verde azulada aparece no lugar.
— Consegui!
— Agora você poderá nadar mais rápido – disseram.
Poseidon testa sua cauda e nada junto com as meninas. Enquanto fazia isso, ele ouve alguém lhe chamar, embora estivesse embaixo d’água ele conseguiu ouvir. Então, devagar aproximou-se da superfície e viu a silhueta de seus irmãos e irmãs na beira do lago. Foi então, que teve a ideia de surpreendê-los, nadou até o fundo do lago e impulsionando para cima a toda velocidade chega à superfície, faz uma cambalhota em pleno ar e cai novamente na água.
SPLASH!
Espirrando água pra todo o lado molhando os cinco que o olhavam estupefatos.
— E aí irmãos, gostaram da minha cauda? – ele pergunta alegre.
Deméter foi a primeira a se manifestar.
— Poseidon, seu imbecil, olha o que você fez – disse ela verde de raiva fazendo com isso brotar algumas plantas ao seu redor.
— Pelo menos ele não se afogou – disse Zeus aliviado.
— Como ele conseguiu essa cauda? – perguntou Hera admirada.
— Ei, vocês querem nadar?
— Não, sai daí antes que a mamãe descubra o que você fez – disse Deméter ainda zangada por ele tê-la molhado.
— Ah, mas tá tão bom aqui – disse ele.
— Já chega Poseidon, nós achávamos que você tinha se afogado – disse Hades. – Saia daí, por favor.
Poseidon suspirou.
— Está bem, eu vou sair – ele disse voltando para o fundo do lago onde as naiades brincavam. – Ei, como eu faço pra ter minhas pernas de volta?
— Do mesmo jeito que conseguiu a cauda – disse uma delas.
— Entendi – ele disse se concentrando e a cauda desaparece dando lugar as pernas. – Tchau meninas.
— Tchau! – disseram.
Ele nada até a superfície e sai do lago, seus irmãos o esperavam.
Quando voltam para casa, a mãe olhando para os filhos ensopados perguntou:
— Por que estão molhados?
Todos apontam para Poseidon.
Reia suspirou.
Desde que os filhos foram libertados da “prisão” de Cronos que eles ficaram curiosos com o mundo aqui fora e às vezes aprontavam, principalmente Poseidon que era o mais entusiasmado.
— Poseidon, por que molhou seus irmãos?
— Foi sem querer mãe, eu queria mostrar minha cauda pra eles.
— Cauda?
— É, a minha cauda de peixe.
— Espere um pouco aí, por acaso você entrou no lago das naiades? – ela perguntou com as mãos na cintura.
— S...sim – disse ele hesitante.
— ZEUS!
— Eu disse pra ele não ir pra lá, mas ele foi assim mesmo – disse o garoto se defendendo.
— É verdade mãe – confirmou Hades.
— E vocês três?
— Nós fomos pra lá porque os meninos disseram que Poseidon tinha morrido afogado. Por isso, corremos pra lá – disse Deméter -, mas esse idiota apareceu de repente e nos molhou.
— Tudo bem, vão trocar de roupa, menos você Poseidon – disse ela séria.
Enquanto os outros saíam, Reia olhou para o filho que estava de cabeça baixa. Uma cauda de peixe – pensou. Isso só podia significar uma coisa.
— Escute filho, por que você entrou no lago?
— Eu senti vontade, era como se a água me chamasse e as meninas do lago me ensinaram a fazer a cauda.
— O que você sentiu quando entrou na água?
— Eu me senti feliz – disse ele sorrindo. – Eu consegui respirar embaixo d’água!
— Fico feliz que não tenha se afogado, mas você quebrou uma regra. Por isso vou ter que te dá um castigo.
— O...o que a senhora vai fazer? – perguntou engolindo em seco.
— Venha comigo.
Poseidon seguiu a mãe, apreensivo.
— Tome – disse ela lhe entregando uma faca e duas cebolas grandes -, corte em pedaços pequenos.
O menino levantou os olhos para a mãe numa pergunta muda.
— Esse é o seu castigo. Agora, senta e corta as cebolas.
Poseidon deu de ombros e começou a descascá-las e depois foi cortando em rodelas pra depois cortá-la em pedaços pequenos como foi mandado. Ao fazer isso, seus olhos começaram a arder, ele piscava e lágrimas se formavam, mas ele não parava de cortar. Quando terminou, seus olhos estavam vermelhos e lacrimosos.
— Já acabei mãe – disse ele fungando.
— Muito bem, agora venha lavar as mãos – ela põe uma vasilha com água para ele lavar as mãos e olhos que ardiam – agora vá mudar de roupa e chame seus irmãos para almoçar.
Lembrança off
Quando Poseidon termina seu relato ele dá um sorriso nostálgico.
— Aqueles foram bons tempos.
— Então é por isso que não quer cortar as cebolas? – pergunta Caroline.
— Essa não foi a única vez que eu cortei cebolas – disse ele entregando as batatas. – Aqui está.
— Obrigada, deixe o resto com a gente – disse a menina.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Até o próximo.