Meu Eu Depois Dela escrita por LilyMPHyuuga


Capítulo 16
O Começo do Fim


Notas iniciais do capítulo

Olááá!! Quem é vivo sempre aparece, rsrs. o/
Ainda tem alguém por aí? ^^"
Leitores de meu coração, perdoem pela demora histórica! Já tem mais de ano que a fic entrou em hiatus por um milhão de motivos (eu até fiz um jornal explicando tudo) e eu disse que só voltaria a postar quando terminasse de escrever a história. Então, cá estamos, com o primeiro dos últimos OITO capítulos de Meu Eu Depois Dela (bem mais do que eu esperava)! ♥ Postarei um capítulo por semana até o final, ok? Mas sem dia certo, pra não matar ninguém (ou eu mesma) de ansiedade. ^^"
Enfim, sem mais delongas... vou deixar o resto do textão para as notas finais. ^^"

Obrigada desde já pra quem esperou todo esse tempo e também para os novos leitores! Espero que gostem do capítulo!
Boa leitura! ♥



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— Estou em casa! — ele gritou, mas se arrependeu logo em seguida.

Ainda era pouco mais de seis da manhã. Hinata poderia estar dormindo.

— Ela não é como você, com energia a duzentos por cento ao amanhecer — reclamou um sonolento Kurama, chateado por não conseguir dormir.

Naruto nem ligou. Tirou os sapatos, largou a mochila de missão na porta da sala e foi até o quarto na ponta dos pés. Hinata ainda estava deitada, mas não dormia.

— Desculpe por acordá-la. — Ele deu um sorriso culpado, coçando a nuca, envergonhado. — Não sabia da hora até chegar aqui. — Ele tirou do bolso o relógio de pulso quebrado. — Eu o perdi há...

Parou de falar ao perceber que ela o olhava, mas não o ouvia.

E então notou os olhos vermelhos.

— Hina...

Correu até ela, ajoelhando ao lado da cama e enxugando uma lágrima teimosa que corria até o travesseiro.

— Hina, o que houve?

Ela negou com a cabeça, fechando os olhos com força. Naruto soube que a noiva não conseguiria falar nada, provavelmente ainda em choque com alguma coisa. Então apenas se limitou a concordar com o pedido:

— Pode ficar um pouco aqui comigo?

O rapaz jogou-se ao lado dela no segundo seguinte, a abraçando forte e lhe dando o colo que precisava.

— Está tudo bem, Hina... vai ficar tudo bem. — Beijou demoradamente a bochecha molhada pelas lágrimas. — Eu estou aqui para você, tudo bem? Quando quiser falar...

Hinata se limitou a confirmar com a cabeça, escondendo o rosto no peito dele e permitindo-se chorar mais um pouco.

 


A Hyuuga passou o resto do dia calada, mesmo quando Naruto voltou do escritório do Hokage – para entregar rapidamente o relatório da última missão – e anunciou que trabalhariam juntos nos próximos dias.

— Kakashi-sensei disse que precisamos recuperar um documento roubado há alguns dias, e como Shino e Kiba estão em missão, ele escolheu você e meu time para acharmos o ladrão e recuperar o pergaminho.

Hinata apenas confirmou com a cabeça enquanto o ajudava a colocar os pratos na mesa para o jantar.

— Eu estranhei que ele chamasse tanta gente para a missão — Naruto continuou a falar, acreditando que o assunto poderia fazer com que a moça se animasse um pouco —, mas Shikamaru me explicou que poderia demorar dias e que eu não precisaria reclamar novamente por passar mais tempo longe de você. 

Um esboço de sorriso surgiu no rosto da futura Uzumaki. Naruto aproveitou a brecha e se aproximou dela, roubando-lhe um abraço apertado.

“Eu amo você” ele sentiu vontade de dizer, mas teve receio de confundir a mente da moça com assuntos que não deviam ter nada a ver com seu problema. Então resolveu substituir a declaração:

— Você é tão especial, Hina...

Ele afastou-se para mirar os olhos brancos, sorrindo docemente antes de tomar seus lábios em um beijo calmo e apaixonado, comovendo a jovem com tanto carinho.

— Naruto-kun, eu...

Esperou que ela dissesse o que a afligia, mas aos poucos pareceu mudar de ideia, pois negou com a cabeça e escondeu o rosto no abraço do rapaz.

— Está tudo bem... eu esperarei até que esteja pronta para me contar. — Beijou a bochecha dela demoradamente. — Mas não fique remoendo isso por muito tempo, ok? Não posso deixá-la sozinha com seus pensamentos.

Ouviu uma pequena risada abafada, o que o tranquilizou um pouco.

Apenas um pouco.

Por dentro, sentia vontade de gritar e esmagar qualquer coisa ou qualquer um que tenha deixado o motivo de sua alegria tão cabisbaixo.

 


A saída dos ninjas foi marcada para depois do almoço do dia seguinte. O time sete já estava pronto para partir, apenas esperando a última integrante nos portões da vila.

— Aonde você disse que Hinata foi? — perguntou Sakura, estranhando o atraso da amiga.

— Falar com Hanabi — respondeu meio incerto. O atraso também o preocupava. — Hina disse que estava com saudades da irmã e que queria passar algumas horas com ela. Mas também disse que estaria aqui no horário combinado.

Uma sensação incômoda o tomava desde que Hinata recebera uma carta mais cedo pela manhã. Naruto não deixou de reparar nos olhos arregalados da moça enquanto lia, hesitando antes de tomar uma decisão: guardou o pergaminho assim que terminada a leitura, calçou as sandálias e avisou ao noivo que o encontraria nos portões.

Ele estava com um péssimo pressentimento.

— Ah! Lá vem ela! — falou aliviada a chunin de cabelos rosados.

Hinata corria na direção deles, pedindo desculpas rapidamente pelo atraso e tratando de sair logo para a missão. Mal falou com Naruto quando se aproximaram, limitando-se a acenar com a cabeça para ele e caminhar ao seu lado, silenciosa. O loiro ainda tratou de puxar assunto durante a viagem, mas somente Sakura e Sai o respondiam.

A Hyuuga continuava imersa em pensamentos.

Horas depois, a algumas centenas de metros do primeiro vilarejo que deveriam investigar, Sakura, a líder do time, pediu para montarem acampamento e planejarem o que fariam no dia seguinte se encontrassem o suspeito.

— Por que não prendê-lo assim que o encontrarmos? — sugeriu Sai.

— Porque ele é ninja também. — Sakura revirou os olhos. — Ele pode fazer um refém, pode causar pânico... e alguns civis podem se machucar numa possível confusão.

— Kakashi-sensei disse que ele é esperto — comentou Naruto. — Se um dos guardas não tivesse visto o homem fugir do Prédio do Fogo, talvez Kakashi-sensei demorasse dias para dar falta do pergaminho.

— Exatamente — continuou a mais velha. — Não podemos subestimá-lo.

— Que tal uma distração? — A voz baixa de Hinata chamou a atenção dos três. — Um de nós pode passar por um civil comum e distraí-lo enquanto os outros procuram o pergaminho.

— E se estiver com ele? — Sai perguntou.

— É um pergaminho grande — respondeu Sakura imediatamente. — Não conseguiria passar despercebido.

— E quais as chances de ele estar nesse vilarejo?

— Algumas. — Sakura deu de ombros. — Kakashi-sensei pediu para revistarmos os vilarejos mais próximos de Konoha. Se não o encontrarmos, uma equipe Anbu irá caçá-lo.

O plano foi traçado e era bem simples: uma das garotas se aproximaria do ladrão e tentaria descobrir para onde ele estaria indo ou onde estava hospedado, para depois derrubá-lo em um lugar deserto, prendê-lo e contar ao restante do time as respostas.

Só houve um pequeno problema: Sakura decidiu que Hinata seria a melhor distração, e Naruto não gostou nem um pouco disso, principalmente ao ouvir a Haruno falar:

— Seu novo uniforme será perfeito, Hinata.

Naruto teve um vislumbre das novas roupas de missão da noiva há poucos dias e tinha dado graças aos céus por Hinata ser tímida demais e ter rejeitado tudo. A morena disse que devolveria e pediria um uniforme novo, mais discreto. Foi uma surpresa, então, saber que ela o levara para aquela missão.

— Não posso negar que ele facilita meus movimentos — a Hyuuga confessou baixinho. — Trouxe para o caso de precisar lutar... não sabemos se ele está sozinho.

— Então está decidido — decretou a jovem de cabelos rosados. — Hinata usará parte do uniforme, apenas com o intuito de chamar a atenção do ladrão, e o levará para um lugar deserto, onde poderá interrogá-lo e prendê-lo.

— E por que você não faz isso? — Naruto perguntou, nervoso.

— Por motivos óbvios — Sai falou por ela. — Hinata tem mais peito.

Mesmo envergonhada da cabeça aos pés, Sakura confirmou com a cabeça e deu as costas, encerrando o assunto e resolvendo montar sua barraca. Hinata fez o mesmo, tão vermelha quanto a amiga. Naruto teve vontade de socar o companheiro de time por reparar nos seios de sua futura esposa, mas deixou que ele se distanciasse, resolvendo ajudar sua namorada na montagem.

— Eu ficarei por perto quando você o abordar — falou para Hinata. — Para evitar que se aproxime demais.

— Eu posso dar conta sozinha, Naruto-kun.

— Sei que pode. Não é em você que não confio, e sim no ladrão. Aquelas roupas são muito apertadas — resmungou.

— Vo-Você as viu?

— Sim... mas foi sem querer! — disse rapidamente. — Eu vi quando você experimentou pela primeira vez, mas preferi não falar nada e ir para a sala, para não te deixar envergonhada.

— C-Certo...

“Não adiantou nada” ele concluiu. Hinata não falou mais pelo resto da noite e ainda decidiu dormir cedo. Naruto a seguiu, mas depois de uns bons minutos, indeciso se deveria conversar com ela ou deixar para fazer isso após a missão.

O coração falou mais alto.

Ele sempre falava mais alto quando se tratava de Hinata, afinal.

Entrou na barraca devagar, encontrando a jovem fingindo dormir, como imaginava que ela faria. Deitou ao lado dela e a puxou sem cerimônias para seus braços, sorrindo de leve com o gritinho de susto.

— Não fique quieta assim, por favor — sussurrou. — Sei que há algo errado, mas você sabe que pode falar comigo. — Soltou um suspiro. — Hina... estou preocupado com você.

Hinata se encolheu quando ele a abraçou mais forte. Ela não disse nada, no entanto, aceitando o aconchego.

Naruto adormeceu sem saber que ela chorava.

 


Quando despertou no dia seguinte, Hinata não estava mais na barraca. Mesmo sabendo que a moça sempre levantava cedo, estranhou ao olhar o relógio novo no pulso e ver que era pouco mais de cinco da manhã. Saiu dali e ficou surpreso por não encontrar nem a mochila lilás por perto. Hesitou, mas caminhou até a barraca da amiga.

— Sakura-chan. — Mexeu levemente no tecido. — Sakura-chan!

— O quê? — respondeu mal-humorada.

— Você viu a Hina?

— Não, Naruto! Eu estava dormindo!

Ela mostrou sua careta emburrada ao abrir parte do zíper.

— Hinata pode ter ido tomar um banho, procurado um riacho... está muito cedo, Naruto. Volte a dormir

E fechou o zíper, sem esperar resposta.

Ele não conseguiria dormir, sabia disso. Então preferiu esperar em frente à apagada fogueira.

Quinze minutos se passaram. Depois trinta. E então uma hora. Duas...

Sakura saiu da barraca, enfim. Não demorou e Sai também saiu da sua, ambos encontrando o loiro à beira do pânico.

— Duas horas, Sakura-chan... tem mais de duas horas que Hina sumiu! Não há riacho algum por perto, eu conferi com o modo Sennin. Há apenas o vilarejo, a quase cem metros daqui! — Ele levantou de supetão, olhando a líder seriamente. — Vamos procurá-la. Agora.

A garota nem ousou contrariar. A demora também a assustou.

— Vou pegar minha bolsa e...

— Não precisa. — Os três olharam para o lado imediatamente, para a dona da voz que adentrava a clareira. Era Hinata. — Já estou aqui. E eu o encontrei.

— O quê? — Sakura falou surpresa.

— Você foi atrás do bandido, Hina? — Naruto se aproximou, assustado. — Sozinha? De madrugada?

— Sim, eu... — Ela hesitou ao reparar o rosto decepcionado de Sakura. — Desculpe, eu estava sem sono. E foi bem mais rápido eu procurá-lo sozinha.

— Somos um time, Hinata. — A amargura no tom de voz da mais velha era perceptível. — E se tivesse acontecido alguma coisa com você? Poderíamos levar horas para encontrá-la!

A Hyuuga baixou o rosto, envergonhada.

— Desculpe. Não vai mais acontecer.

Sakura deu as costas sem responder, entrando de volta na barraca e passando a organizar suas coisas de volta na mochila. Sai percebeu o clima pesado, decidindo fazer o mesmo.

Naruto sentiu algo doer no peito.

— Há quanto tempo não dorme, Hinata?

Não se surpreendeu com os olhos arregalados da moça, demonstrando que pensava o mesmo que ele: a última vez que ela ficara tanto tempo sem dormir, tinha a consciência pesada por planejar abandonar o noivo logo após o casamento.

— O que está tramando, Hinata?

A ausência do apelido a fez fechar os olhos, provavelmente contendo as lágrimas. Naruto tomou uma decisão:

— Nós iremos seguir as instruções de Sakura-chan e capturar o bandido o mais rápido possível. E assim que conseguirmos, nós iremos conversar. — Respirou fundo. — E você vai me contar tudo que está escondendo.

Passou por ela sem dizer mais nada, desmontando a barraca e se preparando para a missão.

 


O loiro estava vestido como um civil, fingindo beber um líquido tão amargo quanto o que tomou num prostíbulo, poucos meses atrás. Estava sozinho à mesa, mas Sakura e Sai simulavam um casal apaixonado a poucos metros de distância, também de olho no sujeito que conversava animadamente com o atendente do bar.

Naruto quase quebrou o copo em sua mão quando Hinata entrou no estabelecimento, todas as curvas à mostra e um sorriso galante. Ela percorreu o olhar pelo salão e encontrou sua vítima, andando decidida até o bandido.

Céus, se tivesse uma arma, o Uzumaki certamente teria matado o homem somente com o primeiro olhar descarado que deu no corpo de Hinata!

Não conseguiu ouvir o que eles conversavam, mas ver os dois com sorrisinhos cúmplices estava tirando-o do sério. Sakura, percebendo sua ira, puxou a mão de Sai e sentou numa mesa ao lado, falando baixo e discretamente:

— Contenha-se. Hinata está fazendo bem o trabalho dela.

— Queria ver se você aguentaria Sasuke se oferecendo para outra mulher na sua frente — rebateu.

Sakura o olhou, chocada, mas não respondeu. Naruto se arrependeu de suas palavras, mas não pediria desculpas por enquanto. Estava muito ocupado vigiando o homem que começava a se aproximar demais de sua noiva.

Para seu alívio, no entanto, Hinata afastou o homem um pouco, dizendo poucas palavras e se afastando na direção do banheiro. Era o primeiro sinal: Sakura a seguiria e descobriria para o restante do time se a Hyuuga conseguira informações valiosas.

Pouco menos de cinco minutos depois, Hinata voltou para a companhia do homem no bar, Sakura aparecendo depois, passando pela amiga como se não a conhecesse. A líder do time sentou ao lado de Sai e, tomando um gole do seu suco, falou calmamente:

— Ele está hospedado no prédio do fim da rua, mas Hinata não descobriu o quarto. Pedi para que ela o levasse até lá, para que nós os seguíssemos.

Naruto quase quebrou o copo de novo.

— Você pediu o quê?!

Quase falara alto demais. As pessoas nas mesas mais próximas perceberam sua voz, mas por sorte os dois no bar não notaram nada. Naruto não pôde mais ficar ali. Deixou algumas notas em cima da mesa e saiu a passos pesados. Escondeu-se no primeiro beco escuro que encontrou, sentindo vontade de socar qualquer coisa que estivesse disponível. E, como se não pudesse piorar, teve que ver o bandido passar na rua de braços dados com Hinata, falando provocativamente para ela rir. Seus olhos se encontraram por breves segundos, e os perolados se arregalaram, num pedido rápido e silencioso por socorro, para depois sumir novamente.

— Controle-se. — Sai surgiu e o segurou a tempo. — Você está em missão, Naruto.

— E Hinata é a minha noiva, droga! Como vocês esperam que eu...?

— Sendo um ninja! Que esconde suas emoções pelo sucesso da missão. Se não é capaz de fazer isso, volte para Konoha. Agora.

— Estou perdendo-os de vista — Sakura falou do fim do beco. Naruto nem tinha percebido a amiga ali. — Cuidem logo com isso.

Naruto nem hesitou. Passou pelo time e caminhou rapidamente pela rua, a tempo de ver Hinata e o bandido entrarem numa pousada ao fim da rua. O loiro correu, com Sakura e Sai em seu encalço. Chegaram a ver os dois subindo as escadas, e dessa vez o time 7 teve que se conter. Sakura identificou-se rapidamente na recepção como ninja de Konoha e seguiu os dois a passos lentos, mantendo distância para não serem vistos, mas perto o suficiente para ouvirem as vozes.

— Você vai adorar as coisas que irei lhe mostrar, gracinha.

— É mesmo? — Hinata fingia surpresa, rindo baixinho. — Eu também tenho algumas coisas para lhe mostrar.

— Estou ansioso.

— E eu quero vomitar — Sai falou de repente. — Hinata é uma excelente atriz. Acho que vou pegar algumas dicas com ela.

Sakura mandou que ele se calasse. Quando chegaram ao último andar, a jovem de cabelos rosados tomou a frente, impedindo os companheiros de seguirem o corredor para espiar o casal da escada, apenas para descobrir o quarto. Ela os esperou entrar para dar a ordem:

— Vamos esperar alguns segundos. Vou fingir que sou camareira e bater na porta. Quando ele deixar, Naruto entra pela porta comigo, enquanto Sai entra pela janela. Entendido?

Os dois confirmaram, seguindo a garota até a porta do quarto necessário. Sakura bateu de leve.

— Serviço de quarto.

— Podem entrar!

Naruto abriu a porta com tudo, estancando dois passos depois. Sakura engoliu o grito de susto.

— Ah, o herói da guerra! — o homem falou sarcástico. — Estou honrado.

Ele segurava Hinata pelo pescoço, enquanto a outra mão segurava uma kunai apontada para o coração da morena.

— Vocês acharam mesmo que três crianças iriam me enganar? — Ele ria. — Adorei o plano... essa daqui é realmente um pedaço de mal caminho — falou sedutor no ouvido de Hinata, fazendo-a fechar os olhos em pavor. — Mas ainda é uma criança. Não toco em crianças, por mais belas que sejam.

— Estou tão aliviado — Naruto ironizou.

— Pois devia. Poucos resistiriam à tentação que é essa mulher.

— Afaste-se dela!

O homem riu ainda mais.

— Ela é sua, Uzumaki? Que sorte... — Ele lambeu o rosto da Hyuuga. — Eu o invejo.

— Largue...

O homem se virou abruptamente, aparando a tempo o braço de Sai, que estava prestes a nocauteá-lo.

— Oh! Quatro crianças. Contei errado... qual de vocês sabe esconder o chackra?

Sakura aproveitou a brecha e tentou atacá-lo também, mas ele se defendeu ao soltar Hinata, que correu na direção de Naruto. O homem ficou de lado, olhando de Sai para Sakura, sorrindo como um maníaco, uma kunai em cada mão.

— Vocês nunca vão recuperar o pergaminho. Ele é meu... — Então olhou para Naruto. — Pode descarregar sua raiva em mim por ter tocado em sua mulher. Vocês podem me mutilar... mas eu nunca vou dizer onde escondi o pergaminho!

Uma luzinha acendeu na cabeça de Naruto.

Descarregar a raiva...

— Hina... — falou baixo. — Acerte um tenketsu dele.

— O quê?

A lembrança dolorida de Hinata o acertando na barriga enquanto descarregava a frustração de não ter Hanabi ao seu lado, longos meses atrás, ainda estava vívida em sua mente.

— Um tenketsu. Como o que você me acertou uma vez, lembra? Deixe-o desacordado por algumas horas, para que possamos procurar o pergaminho.

Hinata se surpreendeu por um momento, acatando a ideia. Saiu das costas de Sakura e se posicionou. O homem abriu o sorriso ao ver a morena.

— Oh, um Byakugan... estou me sentindo mais especial!

— Por pouco tempo.

O tom sério da Hyuuga, enquanto ela fazia alguns selos, fez sumir a empolgação do nukenin. Ele mal conseguiu ver os movimentos da garota, que deu a volta nele e o atacou pelas costas, arrancando um ofego antes que tombasse no chão, desacordado.

Nenhum dos quatro se deu ao trabalho de tirá-lo do chão, passando a revistar o quarto em busca do pergaminho. Porém, como esperado, o pergaminho não estava lá.

— Certo... — Sakura chamou a atenção deles após refletir um pouco. — Vou colocá-lo num genjutsu e tentar descobrir onde ele escondeu o pergaminho.

Naruto jogou o homem de qualquer jeito em uma cadeira, forçando os olhos do bandido a se abrirem para que Sakura fizesse o jutsu. Demorou quase uma hora, entre convulsões e gritos do homem, para que a mais velha enfim saísse de sua posição e soltasse um suspiro.

— Não está nem aqui no vilarejo — falou irritada. — O desgraçado escondeu em uma cabana abandonada, a alguns quilômetros daqui.

— Me dê a localização — Sai falou de pronto. — Vou mais rápido com um pássaro.

— Boa ideia. Enquanto isso, ficaremos aqui e arrumaremos nossa partida.

Hinata levantou do lado de Naruto depressa, correndo para a amiga e falando algo em seu ouvido.

— Ah... ok. Mudança de planos. Ficaremos aqui pela noite.

— O quê? — Foi a vez do Uzumaki se manifestar. — Por quê? Poderemos chegar em Konoha ainda hoje se corrermos!

— Questões femininas, Naruto! Pare de reclamar e vá reservar dois quartos para nós.

Mesmo bufando, o loiro obedeceu. Se Hinata achava que escaparia dele essa noite só por não voltarem para casa, estava muito enganada... Naruto estava decidido a arrancar de vez seus segredos.

 


Era pouco mais de oito horas da noite quando ele bateu na porta do quarto das meninas – insistência de Sakura, que não queria dividir o quarto com Sai. Hinata a abriu logo, sorrindo ao vê-lo e abrindo passagem para que entrasse. A moça sentou em uma cama, incentivando-o a fazer o mesmo. Ele não o fez, no entanto, preferindo ficar de costas para a namorada, apreciando a paisagem pela janela.

— Não faça isso, Naruto — Kurama o alertou, ao qual foi prontamente ignorado.

— Estou surpreso, devo dizer — falou de uma vez, o sarcasmo pouco disfarçado. — Eu não conhecia esse seu lado... desinibido.

Não se virou para vê-la, mas esperava que ao menos estivesse envergonhada.

— Não conseguiríamos distrair o homem de outra forma. — O tom dela não mostrava vergonha, e sim chateação. — Sakura disse que ele é um festeiro, um fanfarrão. Esperto, mas que cede facilmente às mulheres. Não podíamos deixar de usar esse ponto fraco.

— Não estou falando daquele sujeito, estou falando de você! — interrompeu, enfim se voltando para ela. — Desde quando se sente tão à vontade falando daquele jeito com outros homens?

Hinata deixou cair o queixo, em choque.

— Está me ofendendo!

— Eu também me senti ofendido vendo minha noiva se oferecendo para outro cara!

— Eu não estava! — Ela se levantou depressa, aproximando-se dele, indignada. — Eu estava fingindo! Pelo bem da missão!

— Você costuma fazer muito isso em suas missões?

Naruto não viu o tapa chegar. Esperou o rosto parar de arder para olhá-la de novo. Hinata tinha os olhos marejados, mas ele nunca a vira irritada daquele jeito.

— Me respeite! — falou mais baixo, mas ameaçadoramente. — Como ninja e como mulher.

Minha mulher — ele rebateu no mesmo tom.

— Não ouse falar como o meu pai! Eu não sou sua propriedade!

— Não é minha propriedade, mas me deve respeito também!

— Eu já disse que estava fingindo! Como se atreve a dizer que eu estava me atirando para cima daquele homem?! Por acaso não me conhece?

— Sinceramente, Hinata? Acho que não! Você vive guardando segredos! Como posso saber quando está fingindo ou não?

Os lábios dela tremeram, e ela se afastou, magoada.

— Saia daqui.

— Não, nós iremos conversar sobre seus segredos agora.

— Saia... agora.

— Hinata...

— Agora, Naruto! — gritou, atirando um travesseiro contra ele. O coração do rapaz falhou uma batida ao ver as lágrimas correndo no rosto dela.

A moça ficou de costas novamente, esperando que ele saísse. O garoto hesitou, mas atendeu ao pedido, ouvindo um soluço antes de enfim fechar a porta atrás de si. Tomou um susto ao ver a líder do time ao lado da porta, apoiada na parede com as costas, o olhar fixo no chão.

— Desculpe, eu não pude deixar de ouvir. Não é como se vocês estivessem falando baixo, de qualquer forma.

— Sakura-chan, eu...

— Cale-se — cortou, ainda sem olhá-lo. — Você tem sido um idiota o dia inteiro, mas se superou agora... dizer que Hinata estava se oferecendo, que estava te desrespeitando... — Naruto tremeu quando ela finalmente o olhou. — Não faz ideia do nojo que eu estou sentindo de você agora.

Sakura o empurrou para longe da porta, para que pudesse entrar no quarto. Porém, antes de girar a maçaneta, resolveu dar a última cartada:

— Se eu fosse Hinata, eu não o perdoaria.

 


Naruto não conseguiu dormir à noite, remoendo as palavras grosseiras que proferiu contra Hinata e a última frase da amiga de cabelos rosados. Ele sempre falava sem pensar... então Hinata iria perdoá-lo... um dia... certo?

Quando a líder os chamou para partirem, nem olhou para o loiro, ainda chateada. Correu à frente dos demais, o ânimo no chão e sem vontade de conversar. Sai seguia atrás dela, com o bandido e o pergaminho presos num tigre de tinta.

E Hinata, logo atrás, também aparentava não ter pregado o olho, mesmo com a postura firme e decidida. Suas olheiras a entregavam, no entanto.

Passava do meio-dia quando colocaram os pés em Konoha. Sakura liberou a amiga para descansar, enquanto ela e os meninos iriam reportar a missão para Kakashi. Hinata nem discutiu. Somente assentiu e andou na direção oposta ao grupo. Eram quase duas da tarde quando Naruto enfim saiu do Prédio do Fogo e passou a caminhar para casa. Teve uma parada no meio do caminho, que o fez tomar uma decisão: ajoelharia e passaria o resto da vida, se fosse preciso, pedindo perdão à mulher que amava.

Pôs a mão sobre o peito ao pensar nisso. Sim, ainda a amava... desesperada e profundamente! Queria passar o resto da vida ao lado de Hinata, encantado com sua beleza e apaixonado por sua gentileza. E por sua inocência...

Kurama o alertara tantas vezes no dia anterior para conter sua raiva, para pensar antes de falar... por que não o ouvira? A raposa parecia entender de relacionamentos melhor do que ele, afinal, já passara por isso outras duas vezes. Kurama deveria conhecer os sentimentos de uma mulher.

Mas não importava agora, pensou Naruto. Ele voltaria para casa, abraçaria Hinata e não a soltaria enquanto não a convencesse de que estava arrependido e que confiava nela, tanto como ninja quanto como mulher e futura esposa dele.

Ao abrir a porta do apartamento, porém, quase perdeu a coragem. A Hyuuga o aguardava no sofá, o olhar perdido na fotografia do criado-mudo, em que o casal tinha os narizes colados em um quase beijo.

— Hina...

Ela deu um pulo no lugar, saindo de seus pensamentos com o susto. Olhou para ele e depois para o que estava em sua mão. Comprimiu os lábios e desviou o olhar, ainda magoada. Naruto se aproximou mesmo assim, sentando ao seu lado e oferecendo a única flor.

— Aceite como uma oferta de paz. Eu não quero brigar.

Hinata hesitou, mas aceitou o lírio branco, passando a fitá-lo ao invés da fotografia. Naruto respirou fundo, mas decidiu começar:

— Hina, eu...

— Você não sabe... — ela cortou, a voz embargada e rouca contendo o choro. — Você não sabe como é... ser uma mulher nesse mundo. Não faz ideia de como é ser visto como um pedaço de carne, que serve somente para o prazer, em vez de ser respeitado. Eu passei a minha vida toda usando roupas largas não somente porque meu pai me obrigava a não mostrar minha pele, mas também porque eu morria de medo de encontrar homens como aquele que enfrentamos ontem... homens que apenas olhariam para o meu corpo, em vez de querer me conhecer como pessoa. — Ela engoliu em seco. — No começo do ano, meu pai achou que eu tinha me entregado a você. Que eu tinha... perdido minha virgindade. Ele sabia de meus sentimentos por você, então deduziu erroneamente que nós teríamos nos aproveitado disso e... Enfim. Ele me chamou de coisas horríveis... como se não me conhecesse, como se não tivesse me criado. Como se eu tivesse me atirado para cima de você.

Hinata o olhou, por fim. Ambos tinham os olhos marejados, mas Naruto poderia apostar que o coração dela estava mais partido que o seu.

Ele agira exatamente como o pai de Hinata e ela não poderia evitar de compará-los agora.

— Eu nunca... nunca pensei em me entregar a um homem que não fosse você. E isso também só me passou pela cabeça quando começamos a namorar.

— Hina, me desculpe...

— Você faz alguma ideia do porquê eu pedir à Sakura para passarmos a noite naquela pousada? — Ela elevou a voz apenas um pouco para interrompê-lo. Naruto negou, incapaz de dizer que pensara que a namorada estava apenas fugindo dele. — Ela, como mulher também, e ciente do trabalho que me passou, nem precisou perguntar... mas ela sabia, Naruto, que eu precisava de um banho. Um longo banho, para tentar esquecer que outro homem me tocou, que me olhava como um pedaço de carne! Eu precisava me livrar de qualquer resquício dele de mim, até mesmo das digitais! Por Deus, Naruto, eu quase chorei de alívio quando ele disse que me considerava uma criança, quando me prendeu pelo pescoço e ficou esperando o ataque de vocês! Porque é mil vezes melhor ser uma refém do que ter aquele olhar em cima de mim!

— Hina...

— Pare! — cortou pela última vez. — Pare de me chamar assim! Você perdeu todo o direito!

Ela desviou o rosto por um momento, mirando a flor branca e respirando fundo. Fungou antes de voltar a falar:

— Eu não tinha a intenção de lhe contar, mas como você insinuou que tenho segredos demais, eu mudei de ideia. — Ela o olhou firme. — Eu me consultei com Tsunade-sama há alguns dias. Ela mandou me chamar para contar o resultado dos últimos exames. — Naruto arregalou os olhos em expectativa. — E ela me disse, com todas as letras, que estou definitivamente infértil. Que não existe tratamento para o meu caso e que não poderei ter filhos.

O coração de Naruto falhou uma batida.

— O que nos faz voltar para o acordo com os Hyuuga. — Hinata se pôs de pé, controlando melhor a respiração e falando sem hesitar. — Como não posso ter filhos, não teria como manter o casamento de fachada com você.

“Teria?” ele pensou. “Casamento de fachada?”.

— Tive que pensar em um novo plano: partirei na madrugada de meu aniversário, antes que qualquer Hyuuga descubra sobre meu caso. Evitarei a liderança do clã e um casamento que estava destinado ao fracasso. Precisarei de sua ajuda apenas para cancelar os preparativos da cerimônia. Como existem contratos envolvidos, precisarei de sua assinatura para cancelar tudo e pagar algumas multas. Não se preocupe com o dinheiro. Eu consegui juntar o suficiente para pagar tudo.

Quando o par de olhos se encontraram, Hinata sentiu um calafrio.

— Não pode estar falando sério... — Naruto enxugou as lágrimas que escorriam pelo rosto. — Não pode realmente querer acabar com nosso noivado por causa de uma discussão.

— Não é pela briga, Naruto. É por tudo. — Ela controlou bem a voz embargada. — Não posso ter filhos. Não posso permitir que fique casado comigo quando espera formar uma família um dia. E... — Hesitou. — Não posso ficar com um homem que não confia em mim... que me julga como se não me conhecesse.

— Hinata, por favor... — Ele se levantou também, segurando as mãos pequenas entre as suas e as beijando desesperadamente. — Não faça isso. Você sabe de meus sentimentos e eu sei dos seus. Não acabe com o que construímos juntos, por favor. Não se precipite desse jeito.

— Não estou sendo precipitada. — Ela puxou as mãos de volta, se afastando a uma distância segura. Sua voz chorosa a denunciava, porém. — Eu tive tempo suficiente para pensar. Eu ir embora é a melhor solução. Para nós dois.

— Não é para mim!

— Mas será. — A morena enxugou o rosto e respirou fundo uma última vez. — Confie em mim, ao menos uma vez. Você verá que é a melhor solução.

Dito isso, deixou o pequeno lírio sobre a mesinha de centro, assim como seu anel de noivado, passando pelo rapaz e saindo do apartamento.

 


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Notas finais do capítulo

Então... é isso, pessoas. Espero que tenham gostado do retorno da história com um drama logo de cara, rsrs. ^^"
Eu estou meio desacostumada a postar, então se eu esqueci alguma coisa, por favor, podem falar à vontade. xD
Mas vamos aos agradecimentos! o/
Obrigada aos 162 que estão acompanhando e aos 53 favoritos! ♥ Obrigada também a Cristina sousa, ACnaruhina, Pandinha, Bia hime naruhina sasusaku, Luciana Neves, Asuna Dragneel, Auditore, Luana de Mello e Carla de jesus Tavares, pelos comentários de carinho, apoio, incentivo e críticas! E também a Asuna Dragneel, Luana Martins e Cecy Jarske por terem comentado em outros capítulos! Obrigada de verdade, seus lindos! ♥

Agora sim, acho que é só, rsrs.
Obrigada a quem esperou e a quem chegou até aqui!
Um abração apertado em cada um! Até semana que vem! =* ♥



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