O clima não era um dos melhores quando andaram até seus respectivos quartos. Com um apenas "boa noite", seguiram caminhos diferentes assim que chegaram ao hotel e ficaram um pensando que o outro estava fugindo, seja lá qual fosse a razão, mesmo sabendo qual era a razão. 

Meio contraditório, mas Rony e Hermione já não se achavam as mesmas pessoas desde o começo daquela viagem. 

Com preguiça e sentindo o corpo pesado por causa do que ingerira no bar, Hermione tirou seu vestido, a maquiagem e se jogou na cama usando apenas uma blusa de pijama. O quarto estava silencioso demais e isso fez seus pensamentos retornarem ao que tinha acontecido no bar. O que iria acontecer? Ela e Rony se beijariam, ou sua carência estava a tal ponto de sair beijando quem quer que fosse? 

Balançando a cabeça e se escondendo debaixo das coberta super macias, declarou que estava apenas sentindo falta da companhia de alguém, o estar com alguém. Córmaco era sempre presente e nunca recusava quando a morena queria ficar de folga na cama. Mas, Hermione fez cara feia, ele era um traidor desgraçado e era obvio que ele nunca negaria isso. 

O medo de se apaixonar em um curto espaço de tempo de novo era assustador e o quase-beijo a fizera tomar a decisão de ter uma séria conversa com o ruivo no dia seguinte. 

No quarto do andar de baixo, Rony não estava diferente de Hermione. Deitado na cama, sentindo o vento fresco que entrava no local pela janela que dava a varanda aberta, ele estava se achando um idiota por ter quase beijado Hermione. Os dois estavam em um momento ruim em todos os sentidos e, se fosse parar para pensar mais a fundo, ainda sentia algo por Lilá. Não sabia explicar direito. Se era amor, ou mágoa, raiva ou decepção... mas alguma coisa era. 

Revirando-se na cama, chegou a rir de sua própria desgraça: abandonado a poucos meses do casamento pela noiva, que, aliás, se casou com outro e, agora, dizia para si mesmo para não começar a gosta de Hermione. Céus, a tinha conhecido a menos de um dia e nem tinham se dado bem! Achava-a irritante e com aquele nariz pequeno e arrebitado que deixava mais linda ainda... 

Barrou tais pensamentos e quando foi ver que horas eram, notou, em cima do criado mudo e junto com o seu casaco marrom, o óculos de Hermione. Riu mais uma vez e jogou o lençol para cima da cabeça. 

— Tô fodido - murmurou. 

 ***

 Sem seu habitual despertador para acordá-la as seis e meia da manhã, Hermione se assustou quando leves batidas da porta soou pelo quarto. O radio-relógio informava que eram oito e meia e se levantou, indo ver quem era. Pegou o roupão branco e quando abriu a porta, era apenas um dos funcionários do hotel trazendo uma bandeja com seu café da manhã. 

Quando ele saiu, pegou a bandeja e a levou para a cama. Tinha croissant, frutas cortadas em uma taça, pequenos sanduíches postos em forma de triângulo, um em cima do outro, suco. Achou muito e quando finalmente ia comer, alguém bateu de novo na porta. 

— Oi - era Rony e ele estava mais lindo do que nunca. De calça jeans e camisa social azul, ele cheirava a grama fresca, chuvisco e pasta de dente. 

Sentiu raiva do coração quando ele começou a acelerar. 

— Oi, Rony, bom dia - ela desejou e estranhamente o clima ficou tenso. Ficaram se fitando e a morena olhou para o seu café da manhã na cama, incerta se deveria fazer o que pensava. 

— Bom dia - o ruivo respondeu e tirou uma coisa do bolso. - Só vim te entregar seu óculos. Você esqueceu ontem quando... bem... você sabe. 

Hermione riu com a falta de tato dele e abriu mais a porta. 

— Será que podemos conversar? - fez seu melhor olhar pidão. - Pode me acompanhar no café da manhã, se quiser. 

— Opa, comida? - Rony se empertigou mais. - Ok, aceito. 

A morena deu passagem a ele e quando fechou a porta, o ruivo a estendeu o óculos, fazendo com que suas mãos se tocassem e atrapalhassem-se com a entrega. Riram e ele a seguiu até a cama. Enquanto Hermione escalava a cama e se acomodava em meio aos travesseiro, Rony ficou sentado no canto. 

— Você não vai ficar ai, né? - ela se queixou. - A bandeja está aqui. 

Rony rolou os olhos e, ficando de frente a Hermione com as enormes pernas dobradas, se serviu de suco e pegou um sanduíche. Comeram em silêncio e a mulher notou o quanto ele estava hesitante em falar algo. 

— Você sabe que a gente tem que conversar - a morena murmurou. - O que fizemos ontem foi... precipitado. 

— E te peço desculpas por isso - Rony falou no mesmo tom.

— A culpa não foi só sua - ela deu de ombros.

— E muito menos sua - o ruivo ergueu a cabeça. - Sejamos honesto. Estávamos bêbados e você tinha acabado de falar o que o seu ex tinha feito. Eu tinha me queixado pela Lilá e simplesmente aconteceu!

— É, mas não era para ter acontecido - Hermione contradisse e saiu da cama, andando de um lado para o outro. Rony escutou com atenção. - Eu estou decepcionada com Córmaco, você está frustado com a Lilá. Nessa parte, estamos ferrados pra caralho e só queríamos uma distração. 

Ela olhou para o ruivo que piscava, com um sorriso de deboche no canto da boca. 

— Uau! - ele bateu palmas. - Bela performance, senhorita. E sim, concordo plenamente. 

A morena sorriu, aliviada e estendeu uma mão a Rony. 

— Amigos? 

— Amigos - ele apertou a mão pequena da advogada. 

— Ótimo! - Hermione foi para o closet e saiu de lá minutos depois de jeans escuro, uma blusa de mangas branca e de botas curtas sem salto. 

—  Então... - ele murmurou sem entender. - Acho que eu já vou indo. 

— Não se mexa! - gritou Hermione assustando-o. Rony ficou estático no mesmo lugar. 

— O quê? O que foi? - ficou apavorado. 

— Você vai comigo em uma visita ao museu de Nova York - ela saltitou a sua frente sorrindo. 

— Você é maluca! - Rony respirou fundo. 

— Não sou, não! 

Riram e quando Hermione pegou uma pequena bolça, saíram do quarto e pegaram um táxi. O Museu Americano de História Natural ficava bem longe do hotel e foram tagarelando todo o caminho e Rony revirava os olhos toda vez que a advogada falava algo que ele não sabia sobre o museu. Falavam besteiras, tentando esquecer do acontecido no bar e não estavam tendo sucesso. 

Como ainda era cedo e o museu só abria as dez da manhã, ficaram andando pela fonte que tinha em frente ao local e observando os pombos pousarem e voarem rápido quando alguma criança corria entre eles. Nesses momentos, gargalhavam e até chegaram a fazer tal travessura também, sentindo-se outra vez crianças inocentes e que não tinham nenhum problema. 

O museu era fantástico e depois da visita, estenderam o passeio para o cinema, o que rendeu boas gargalhadas a Hermione: o filme escolhido era de terror. O sangue usado e as criaturas fantasmagóricas eram tão ruins que não sabia se chorava ou se ria mais ainda pôr ter pagado dez dólares. Já Rony, se assustava e pulava da poltrona toda vez alguém gritava "Bú!", ou algo parecido. 

As saídas ficaram mais frequentes, as vezes um surgia na porta do quarto um do outro, ou marcavam de almoçarem juntos. 

Não sabiam e nem queria admitir, mas um sentimento novo ficava mais forte a cada vez que sorriam e, depois da primeira semana juntos, ao de voltarem de um jantar e caminhando cada um para os seus quartos, os dois pegaram os celulares. 

Hermione ligara para a mãe falando que prolongaria suas férias. 

E Rony ligava para a irmã dizendo que surgira um evento em Nova York que participaria. 

Estavam dispostos a passar o maior tempo possível um com o outro.