Nazaré andava pelo pequeno quintal da casa. Procurava algo com os olhos, no meio do verde escuro da grama. Quando percebeu que só os olhos não eram suficientes, mexeu as plantas com as mãos. Um brilho surgiu entre o verde, e logo ela avançou para pegá-lo. Era um pedaço de espelho. Ela o largou de volta, com uma grande decepção.

— Não deve estar mais aqui... – suspirou. – Faz sentido. Quando joguei, nunca mais quis vê-lo na minha frente...

Quando virava-se para voltar à sua casa, percebeu outra coisa brilhante. Olhou com uma preguiça para ver o que era. Não era o que procurava.

Suspirou mais uma vez com seu azar e continuou sua pequeníssima jornada para voltar pra casa. Então sentiu algo duro na sola do seu sapato. Ela levantou o pé, e o objeto caiu no chão. Ao ver aquele brilho dourado do seu anel de casamento, avançou quase que violentamente para pegá-lo. Segurou aquilo como se fosse um bilhete de loteria premiado, a última gota d’água num deserto. Olhou para o objeto, todo sujo de terra, todo arranhado, todo maltratado. Não se assemelhava nem um pouquinho ao anel que comprara quando se casou com Adilson. Mas era o mesmo.