Raptada escrita por Jupiter rousse


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

nos vemos lá embaixo ;)



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A ponta mais elevada do barco na qual Atena estava era no extremo oposto da cabine que, Poseidon havia deixado claro, estava fora dos limites. A deusa conseguia vê-la com clareza dali, sobretudo agora que o sol começava a baixar indicando que tinha algumas horas apenas antes de se pôr. O mortal com faixa vermelha que Atena fez de refém por míseros minutos antes de ter sua primeira briga com Poseidon se balançava nas cordas do navio com uma agilidade impressionante, não que a deusa soubesse alguma coisa de navegar, mas ele parecia uma espécie de sentinela alto. Mantém os olhos abertos para inimigos, avalia os melhores  cursos do trajeto… Talvez, e Atena guardou essa nota mental, Rato fosse um mortal que ela deveria avaliar de perto. Se conseguisse subir no mastro mais alto, onde tinha uma cabine de observação, talvez conseguisse enxergar alguma coisa além do mar aberto. 

Desviando sua atenção para a sacada a sua frente, Atena se aproximou das bordas. O cheiro de maresia era extremamente forte e o vento gelado batia ali com tanta força que seus cabelos irritantemente não paravam de chicotear contra seu rosto. Estendeu a mão para fora e como imaginava conseguia sentir o formigamento dos encanamentos que Poseidon tinha avisado, provavelmente de proteção e ocultamento. De quem precisa se esconder? Oceano? Ora será mesmo que é possível esconder algo dentro dos domínios de Poseidon? Bom, se for, a recíproca deve ser verdadeira, Oceano também deve conseguir ocultar legiões de soldados e monstros.

Mas por que um titã atacaria um navio cheio de mortais?

 

Atena não teve a chance de ficar muito tempo sozinha, escutou passos leves indicando que alguém subia as escadas. De rabo de olho, a deusa reconheceu os cabelos castanhos meio mel de Dafne, a mortal que aparecia de supetão para conversar com ela e pouco depois, tão rápida quanto veio, ia embora. A deusa tinha que admitir que não era uma companhia tão ruim assim dado as circunstâncias, apesar de deixá-la frustrada por desviar de todas as suas perguntas pelo menos Dafne era inteligente e essa sempre era uma qualidade que Atena gostava de apreciar. 

— Imagino que esteja louca de vontade de tomar um banho - a menina colocou algumas mechas rebeldes atrás da orelha - Posso dar uma olhada nos seus curativos também… 

Ela havia se oferecido também nos últimos dias, mas Atena era orgulhosa demais. 

— Um banho seria ótimo - esperou que sua voz não soasse tão entusiasmada quanto pensava

Dafne deu um sorriso de canto como se soubesse que a deusa não aceitaria sua ajuda e acenou a cabeça para que a seguisse. 

As duas fizeram o mesmo caminho que ela e Poseidon tinham feito há pouco, o convés estava um pouco menos movimentado agora que o sol começava a baixar na linha do horizonte. Logo, Atena se viu diante do mesmo longo corredor que percorreu alguns dias antes quando acordou pela primeira vez naquele navio. Conseguiu-o observar com um pouco mais de calma agora, o barco era todo trabalhado numa variação de tonalidades de madeira, as portas pareciam esculpidas a mão com detalhes sutis, alguns quadros estavam pendurados mas nada parecia muito pessoal. Bom, isso pelo menos no corredor, Atena não teve a chance de observar muito mais visto que todas as portas estavam fechadas. Suponho que sejam os cômodos dos mortais. Dafne abriu uma delas, a esquerda, fazendo um gesto para que a deusa entrasse. 

— Fica a vontade Lady Atena - Dafne não chegou a entrar no quarto, manteve-se do lado de fora com sua mão repousada na maçaneta - deixei toalhas e vestes em cima da cama, o banheiro é naquela entrada ali, volto em mais ou menos uma hora para te mostrar onde fica o refeitório. Bom descanso. 

 

Dafne não costumava ser tão sucinta ou educada, Atena estranhou sua atitude e imaginou se não estava seguindo ordens. Poseidon? Bom, ele disse que alguém me levaria até o jantar, mas não consigo imaginar tanta cordialidade… Helena talvez? Lembrou-se de quando acordou Dafne deu orientações para chamar Helena logo em seguida e havia feito um comentário sobre as duas cuidarem dos ferimentos de Atena. Talvez seja sua aprendiz… 

Balançou a cabeça quando percebeu que estava encarando, com a testa franzida, uma porta fechada. Preciso mesmo de um banho. O quarto era largo e espaçoso, não seria típico de um navio, claro, se aquela fosse uma embarcação comum. A cama era grande com lençóis brancos que pareciam recém trocados sem nenhum vinco aparente, estava cheia de travesseiros que pareciam macios só de olhar, a toalha e as vestes estavam perfeitamente dobradas na cama. Tinham preparado o quarto para mim. E Atena não conseguia pensar em uma explicação do porquê, não era uma prisioneira? No canto esquerdo uma pequena estante, com alguns livros que a deusa faria questão de olhar com cuidado mais tarde, em conjunto com uma poltrona estofada faziam o canto perfeito de leitura. A janela não era muito larga e estava coberta com cortinas brancas também, ainda assim alguns fracos raios de luz ainda entravam por ali. Próxima a porta do banheiro, do outro lado do cômodo, um espelho antigo de corpo todo com suporte e moldura de prata. Era extremamente bonito e trabalhado. 

A deusa se despiu de frente a ele, precisava ter noção de como estavam seus machucados, sobretudo sabendo que seus poderes estavam enfraquecidos. O antigo corte em sua cabeça podia ser sensível ao toque, mas já não estava mais aparente. Seu corpo esguio, mas musculoso e em forma como de toda guerreira que tinha o treinamento dela, estava cheio de hematomas antigos arroxeados, alguns já verdes. Cicatrizes se espalhavam por todo o canto também, uma particularmente grande e recente no quadril fruto de sua luta com Campe, maldita fosse. Pelo cuidado que o quarto estava arrumado, Atena apostava que fosse encontrar algumas pomadas e ervas no banheiro que pudessem ajudá-la. 

Sua felicidade foi tanta quando viu a banheira que a deusa quase se esqueceu da situação terrível que estava. Por apenas alguns minutos, decidiu silenciar as mil perguntas que atormentavam a sua cabeça e tentaria aproveitar seu momento de paz. 

(...) 

Quando entrou no refeitório barulhento Atena não sabia se ficava surpresa, por ver tantos mortais juntos comendo com normalidade, ou aliviada, por terem tentado disfarçar sua surpresa ao vê-la. As mesas de madeira eram todas retangulares com bancos presos que acomodavam de cinco a sete pessoas cada, postas lado a lado com exceção de uma, em que sentava Poseidon, Helena, Rato e mais outros dois homens que Atena não conhecia mas já havia visto no convés. Um deles parecia mais velho, com cabelos grisalhos e pele queimada de sol parecia um típico pescador, como um daqueles mortais que Atena costumava espiar em suas horas vagas. O outro, por sua vez, era alto e bastante forte, com certeza jovem e com treinamento militar. 

Os olhos do deus dos mares se repousaram sobre ela, verdes intensos e penetrantes que, Atena admitia, poderiam ser bastante intimidadores mas manteve sua cabeça erguida com os lábios contraídos em uma fina linha, ríspidos. Desviou o olhar para apenas responder o senhor mais velho que parecia ter chamado sua atenção na mesma hora em que Dafne a chamou. 

— Ouviu o que eu disse? - a mortal ergueu a sobrancelha deixando claro pela sua expressão que já sabia a resposta. 

Ora agora sim ela está petulante como me lembrava...  E sem nem mesmo dar Atena a chance de respondê-la, Dafne se pôs a falar novamente puxando-a pelo braço. As sobrancelhas da deusa subiram em tempo recorde. 

— Não olhe pra mim assim - começou a se explicar - eu apenas disse para você se sentar onde se sentisse confortável, mas eu duvido que exista realmente essa possibilidade pra você nessas circunstâncias então estou te levando para sentar comigo e ponto final. 

Bom, apesar de sua arrogância, a garota estava longe de estar errada e, apesar de desconfiada e com todos os seus sentidos em alerta, deixou que a guiasse. Dafne a levou para uma das mesas de canto e Atena agradeceu mentalmente por não precisar se sentar no meio do refeitório, não que isso fosse impedir os olhares curiosos que queimavam em suas costas… A única outra pessoa sentada na mesa era um garotinho bem mais novo de cabelos loiros e lisinhos que abriu um sorriso iluminado quando a deusa se sentou. 

— Fico feliz de ver que você está bem sabe? Das últimas vezes que te vi você tava dormindo, você é bonita até dormindo - as bochechas da deusa ficaram rubras e ela se amaldiçoou por isso - Meu nome é Elliot, prazer te conhecer Atena.

Ora que pequeno humano mais agradável. 

— É bom te conhecer também Elliot - a deusa se permitiu dar um leve sorriso e percebeu que Dafne a olhou surpresa - Sinto muito que tenhamos nos conhecido, an… nessa circunstâncias.

O menino pareceu radiante pela resposta, sacudiu os ombros. De relance, a mesa do anfitrião parecia acalorada, conversavam baixo, mas a deusa conseguia ver bocas se movendo rápido e olhares um pouco inquietos.

— Tudo bem, a guerra é horrível, mas não é sua culpa. 

Atena ficou surpresa com a resposta e se repreendeu mentalmente pelo descuido em não manter seu rosto inexpressivo. Dafne lançou um olhar de advertência para o menino que se encolheu alguns centímetros no banco, mas antes que a deusa pudesse abrir a boca, Dafne mudou o assunto. 

— Elliot por que não conta a Lady Atena como a comida funciona por aqui, hum? 

Foi o suficiente para que seu rostinho infantil se enchesse de um brilho como se fosse compartilhar seu brinquedo favorito. 

— É muito fácil, olhe! Você só tem que imaginar uma comida, qualquer comida no mundo e ela vai aparecer no seu prato, puff! é como magia!

(...) 

Poseidon 

O deus tinha um péssimo hábito. Por mais que conseguisse manter seu rosto sereno e calmo ou quem sabe frio e sem expressão sua perna balançando de cima para baixo era um impulso que dificilmente conseguia refrear. Tinha muita energia, ó sim, uma constante pilha de nervos e agora não era diferente. 

— Se acalme pelos deuses - Helena revirou os olhos para ele - falou mil vezes para que todos aqui agissem com normalidade e é você que não consegue se controlar?

— Ele se esqueceu como é ter outros deuses por perto - Perseu riu debochando, sua voz grossa e rouca combinava perfeitamente com seu senso de humor - está preocupado se dois egos inflados vão caber no mesmo espaço. 

 

Poseidon o fuzilou com o olhar, Perseu com fome era sempre um tanto intragável com suas ironias. 

— Ora qualquer espaço que é grande o suficiente para acomodar seu mal humor pode lidar com o meu ego, sem problemas. 

 

Gerald balançou a cabeça deixando alguns cabelos grisalhos caírem em seu rosto. 

— Rapazes, não na hora da refeição… - o tom de reprovação pesava como os anos de experiência escondidos nas pequenas rugas de seu rosto, virando-se para Perseu completou - Dê uma chance a ela, nem ao menos a conheceu.

— Argh, é uma filha de Zeus - Poseidon interveio como se não houvesse acabado de ser insultado também - O que você pode esperar?

— Devo assumir que você é igual a Cronos então? - a serenidade de Gerald nunca deixou de tirar Poseidon do sério, muito menos sua sensatez. 

Perseu, dessa vez, riu ainda mais alto. Ele e Poseidon eram insuportáveis quando começavam com suas implicâncias. 

— A falta de figura paterna realmente faz com que você escute os mais velhos, hum Poseidon? 

 

O deus tremeu de raiva, as vezes eu deveria afogar esses mortais para eles lembrarem o seu lugar. 

— Se chama respeito, seu mortalzinho petulante, acho que você está precisando aprender a tê-lo.

— Rapazes… Não na mesa - Gerald advertiu de novo. 

— Você fala isso como se não fosse assim em todas as refeições - Rato rolou os olhos e deu de ombros soltando um arroto após beber sua cerveja. 

— Só porque você não tem modos a mesa Rato, não quer dizer que todos precisam se comportar como… - Helena se interrompeu ao ver que Atena tinha aparecido na porta com Dafne ao seu encalço, desviou o olhar para baixo rapidamente quando sentiu os olhos cinzas em si - Hãn hãn, ela chegou. 

Poseidon gostaria de ser mais discreto, mas foi inevitável que olhos curiosos se voltassem para ela. Estava nervoso, nem de longe era o cenário que planejava estar e mal podia enumerar a quantidade de coisas que poderiam dar errado. Mas novamente, foi deixado sem escolhas e sentiu o gosto amargo, com o qual estava tão familiarizado, em sua boca. Odiava não ter escolhas e estava cada vez mais cansado disso. O chute certeiro de Helena em suas pernas bastou para que o deus desviasse o olhar e prestasse atenção neles, para de encarar, a ruiva parecia fuzilá-lo com os olhos. Helena tinha essa irritante mania de estar sempre certa. Tinha que agir com normalidade. 

Não prestou muita atenção na conversa que mantiveram a mesa. Seu olhar passou a maior parte do tempo perdido pelo refeitório que parecia como qualquer outro dia. Barulhento, aconchegante, cheio. Com exceção, é claro, da mesa dela.  Como sempre, Dafne matinha sua pose de adolescente entediada, mas Poseidon conseguia perceber que ela estava atenta a conversa. Elliot, tagarela como sempre e,carismático, era a melhor distração que alguém poderia ter ali, ainda assim o deus dos mares quase conseguia ver as engrenagens na cabeça de Atena girando e era extremamente peculiar a maneira que nada passava despercebido pelos seus olhos tempestuosos. 

 


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Notas finais do capítulo

Quantas dúvidas na cabeça da nossa deusa han? Espero ter deixado vocês beeeeem curiosos e com a cabeça a mil hahahaha Tem algumas coisas que eu queria comentar aqui.

Bom, primeiro que eu acho simplesmente incrível essa relação entre Poseidon- membros da tripulação, ela é beeem importante para história e já aviso que isso vai aparecer bastante. Também vão surgir questões em como a Atena vai entrar nessa dinâmica toda entre eles e esses personagens secundários vão estar sempre aparecendo, então espero que gostem deles porque eu tenho muito carinho por cada um e suas personalidades bem diferentes hahahaha. mas não vou falar mais porque se não minha boquinha, ou melhor meus dedos (?) vão lançar spoilers.

Segundo, essas partes mais imersas nos pensamentos da Atena e do Poseidon são muitoooo importantes pra ver como eles dois se percebem e pra vocês irem juntando pecinhas do quebra cabeça... Muitas pistas vão estar perdidas por ai porque essa fanfic tem a pretensão - risos porque eu não tenho ideia se sou capaz de fazer isso - de ter um "quê" de mistério bem forte. enfim, fiquem atentos amoresssss. eu acho simplesmente adoravel ver como eles pensam, mas voces podem me achar loka ne...

Terceiro e não menos importante, GOSTARAM???????? Prometo que amanha vou responder com muito carinhos os reviews de voces, obrigada mil vezes por eles *-* me deixam muito feliz e motivada.

ate o próximo :)

Beijinhosssss



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