— Jay, você sabe que isso não vai dar certo, não sabe? – Thalia questionou pela décima quinta vez, seguindo-o pela casa, enquanto o irmão ignorava as investidas da morena e arrumava a pequena bolsa que Amélia insistia em levar para o parque.

— Thalia, é apenas uma caminhada no parque! E além do mais, Annabeth e Catrina estarão lá, o que poderia dar errado?

— O Di Ângelo pode dar errado! – Bufou incrédula, encostando as costas na parede e levava as mãos para a cabeça. – Eu não acredito que você vai me fazer sair com aquele...

— Gostoso? – Uma voz a cortou, fazendo-a revirar os olhos e mirar o italiano com uma certa raiva.

— Nem nos seus sonhos.

— Olha, não sou eu que estou fazendo isso, é a Mel. – Jason argumentou, guardando a garrafinha rosa da filha dentro da bolsa e entregando-a para Thalia, que a pegou e colocou em seu braço, esperando que a pequenina aparecesse logo para ela levar sua própria bolsa.

— Você está reclamando, sério? Eu que deveria estar fazendo isso. – Nico retrucou e cruzou os braços sob o peitoral, que estava protegido por uma blusa negra.

A morena resolveu ignora-lo e passar direto por ele, indo até o quarto de Amélia e batendo de leve na porta aberta, vendo Piper terminar de fazer uma trança única do cabelo da filha, que se virou com um sorriso travesso, tendo um brilho animado nos olhos.

— Thals, cuide da minha pequenina!

— Eu acho que eu que irei cuidar dela, mamãe. – Mel tinha um sorriso convencido no rosto, se levantou e caminhou até a tia boquiaberta com a ousadia da pequena, que aproveitou para pegar sua bolsa e colocar nas costas. – Vamos tia Thalia, a Catrina está a minha espera no parque, se lembra?

— Ás vezes eu tenho vontade de amarrar você em um balão e deixar voar, sabia? – Thalia questionou para a pequena McLean, fazendo-a abrir a boca em total indignação e fecha-la logo em seguida em um bico.

A Grace seguiu em frente dando uma risada suave, sendo seguida por uma Amélia irritada, tendo os bracinhos cruzando em negação.

— Papai! Tia Thalia falou que vai me colocar para voar igual passarinho.

Jason não conseguiu segurar a surpresa que teve ao ouvir a filha dizer, começando a rir, levando uma das mãos para a boca, abafando o som.

— Céus! Thalia Grace, que tipo de ameaça é essa? Aliás, quem ameaça uma criança de seis anos?

— Ela. – Mel apontou acusadoramente para a morena, que negou em reprovação e a pegou no colo, começando a pular de um lado para o outro pela sala.

— Voa, voa, passarinho! – Começou a cantarolar as primeiras palavras que vieram em sua mente, vendo a criança sorrir e ceder aos risos também, assim como todos no recinto.

 – Vocês não valem nada, sabia? – Piper questionou, enroscando os braços envolta da cintura de Jason, vendo Amélia se agarrar a tia de um modo quase desesperado, não querendo descer.

— Eu sabia. – Thalia deu de ombros com um sorrisinho de canto. – Mas vamos logo, Amélia está mais pesada do que eu costumava lembrar.

— Crianças crescem, Grace. – Nico, que até agora não tinha se pronunciado, resmungou o óbvio, acabando com a alegria da referida, que pegou a deixa para revirar os olhos com glamour e sair porta a fora, dando um aceno para os que não iriam ao parque.

A caminhada não era tão longa, mas poderia cansar pessoas que não eram acostumadas a andar por muito tempo, que era o caso de Amélia, já que o pai dela sempre iria para os lugares de carro ou a levava no colo, mimando-a.

— Tia Thalia, me leva no colo? – Choramingou enquanto arrastava os pezinhos sobre o meio-fio da calçada, se equilibrando.

Nos lábios avermelhados da professora estava claro um sorriso de chacota.

— Amélia, aprenda a andar, você é uma criança ou um osso?

— Um...osso? – Ela franziu o cenho em uma careta fofa, fazendo a tia dar risada e se abaixar para ficar do tamanho dela.

— Exatamente, porque se for um osso, eu conheço cachorrinhos que adoram isso! – Thalia fez um gesto com a mão, imitando um cachorro e começou a latir, passeando com as mãos na barriga da criança que riu e soltou um grito agudo, começando a correr pela calçada vazia.

— Eu estou sendo perseguida! – Amélia, entre risos, jogou as mãos pequeninas para cima.

— Cachorrinhos gostam de ossos e você parece um muito apetitoso! – Prosseguiu, tomando o devido cuidado para o caso de a pequena tropeçar em alguma pedra, estando perto o suficiente para a segurar se algo acontece.

Nico, que havia ficado para trás, observava a brincadeira com um repuxar de lábios mínimo, sabendo que a Grace seria uma ótima mãe.

— Vamos, Amélia! Você não me pega! – Gritou a morena, passando a correr na frente da garotinha, olhando por cima do ombro para ter certeza que estava sendo seguida.

 – Eu pego sim! – Retrucou. – Vem tio Nico, vamos pegar a tia Thalia!

O referido negou em reprovação, começando a acelerar seus passos para seguir as duas, vendo-as pararem de correr para que Mel segurasse na mão da Grace para atravessarem a rua, para logo após correrem livre pela grama que dava início ao parque.

{...}

— Amélia, venha para cá, antes que um deles acabe te machucando. – Annabeth chamou pela pequena, vendo que Thalia e Nico estavam meio que disputando uma corrida de bicicleta, coisa que mostrava o nível de maturidade alto que ambos tinham.

— Tia Annie, eles são divertidos. – Argumentou com um sorrisinho, se aproximando da loira e sentando-se ao lado de Catrina, filha de Annabeth, para terminar o piquenique que ambas tinham começado.

— E são malucos também, mas não conte a eles o que eu disse, ok?

— Mamãe, eu queria saber andar de bicicleta igual eles. – Catrina murmurou fazendo um bico, o que levou Mel colocar a mão em seu ombro entendendo.

— Eu também, mas meu papai diz que é perigoso demais.

— Seu pai é um pouco mimado, Mel. – Annabeth se abaixou para ficar na altura das pequenas. – Algum dia eu levo vocês duas para dar uma volta, o que acham?

Enquanto o piquenique era a única preocupação da professora de História e Teoria da Arquitetura I, a morena tinha uma preocupação bem maior: vencer Nico Di Ângelo.

— Você nunca foi boa em pedalar, Grace. – Debochou o garoto, ultrapassando-a pela esquerda mais uma vez, fazendo-a o xingar baixinho e endireitar sua postura, ganhando velocidade.

— Você não pode dizer no que eu sou boa ou não. – Retrucou enraivada, cortando caminho sob a grama e saindo na frente, fazendo-o rir alto.

— É tão ruim que tem que achar atalho para me passar, agora sim, Grace: você provou o quão sedentária é!

Thalia fez questão de rolar os olhos e continuar a pedalar na pista própria para bicicleta, passando pelas meninas e soltando o guidão para dar um tchauzinho, que fora retribuído com animação, assim resolvendo frear e ficar por ali.

— Tia Thalia você estava muito rápido! – Amélia levantou seu braço, estendendo um bolinho para a morena, que sorriu e aceitou de bom grado.

— Eu só tenho que lembrar de devolver a bicicleta antes de irmos, alguém se responsabiliza? – Disse subindo os olhos azuis elétricos para Annabeth, que rolou os olhos e assentiu dando uma risada leve.

 – Vocês ainda têm essa desavença? – A loira questionou, fazendo a amiga entender ao que ela se referia, porém apenas deu de ombros como resposta. – Vocês não têm jeito mesmo, não é?

A única coisa que Thalia pode fazer, fora comer o bolinho depois de rir internamente, tomando o lugar ao lado de Amélia, e assistir o Di Ângelo continuar a pedalar envolta do parque.