Diva escrita por Palas Silvermist


Capítulo 6
Capítulo 06 – Flocos de Neve




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Nevava forte naquela fria manhã de Dezembro. O dormitório masculino do sétimo ano da Grifinória já estava movimentado. Quatro rapazes vestiam seus uniformes, escovavam os dentes e separavam o material para aquele dia. Só um continuava dormindo apesar dos insistentes cutucões de Remus.

Frank e Peter já tinham descido para tomar café, e Sirius meramente virou de barriga para cima quando o amigo tentou acordá-lo mais uma vez. Remus bufou frustrado. Nesse momento, James saía do banheiro.

—Hum… - ele fez sugestivamente – Afaste-se, Moony.

James tirou a varinha do bolso e fez um amplo movimento murmurando:

Cavalarium sonorus.

O som alto de cornetas tocando um som de cavalaria invadiu o dormitório fazendo Sirius pular e bater a cabeça no teto da cama.

—Mas o quê…!

James agitou a varinha novamente encerrando o barulho.

—Bom dia, Padfoot. – sorriu satisfeito

—Não tinha um jeito mais gentil de me acordar, não?

—Eu tentei. – disse Remus

—São 7:30, o sol nem esquentou ainda.

—É claro que não, estamos no inverno. Tem neve lá fora, lembra? – fez Remus

—Ah, é a última semana antes das férias. – Sirius tirou o cobertor de cima dele

—Isso não vai fazer McGonagall ser mais tolerante com atrasos. Em meia hora, na sala de Transfiguração. – Remus avisou antes de sair acompanhado de James

… … … … … … … … … … … 

Perdido no limbo… descanso…

Um toque suave no ombro o fez acordar.

Estava no meio da aula de Transfiguração, e Rachel o acordara antes que a professora visse.

—Você está bem? – ela perguntou tão baixo que Sirius mal ouvira

—Estou. – ele respondeu no mesmo tom – Cheguei tarde ontem, tive um encontro…

—Não me conte, não quero saber. – ela disse delicada abaixando a cabeça para o pergaminho para anotar o que McGonagall escrevia na lousa

—Ah, Rach?

—O quê?

—Obrigado.

—De nada. – ela sorriu

… … … … … … … … … … … 

Depois do almoço, Lily passou na biblioteca para devolver um livro seguindo direto para a sala de DCAT e, por consequência, chegando cedo para a aula. Foi a primeira a entrar na classe e, para passar o tempo, tirou um pergaminho e um lápis de sua mochila. Distraída, fazia os últimos detalhes naquele desenho.

James também chegou cedo e sentou na carteira atrás dela.

—Hei. – ele cumprimentou – Quem é? – se referiu ao desenho – Parece uma bruxa com asas.

—É uma fada. – ela respondeu ainda desenhando

—Hum… fadas não são bem assim… E geralmente não são bonitas desse jeito. – ele reparou nas feições delicadas do desenho

—Mas é assim que trouxas pensam que fadas são. – ela disse como se falasse do tempo

—Sério? Você vai expor esse desenho no atelier?

—Ainda não sei.

—É que, sem querer ser chato, ninguém vai pensar que é uma fada.

Lily finalmente olhou para ele dando de ombros com seu sorriso enigmático.

—Sempre posso dizer que é uma bruxa com asas.

James inclinou a cabeça para o lado sem responder. Em seguida:

—Já tem idéia de algum quadro que vai expor?

—Talvez um. – ela meneou a cabeça – A cabana de Hagrid.

—Ficou muito bom realmente.

Ela sorriu.

—Sabe qual papel conseguiu na peça? – ela perguntou

—Ainda não sei se consegui um papel.

—Pelo que ouvi, eles estavam em dúvida sobre qual personagem você faria e não se participaria. Mas se Alex perguntar, eu não disse nada.

—Disse o quê?

—Esse é o espírito.

—Vai voltar para casa nas férias? – ele perguntou

—Vou. – ela respondeu – Nem teria muita escolha, na verdade. Minha mãe faz questão que eu esteja presente no noivado da minha irmã.

—Você fala como se fosse uma coisa ruim. – ele notou

—Minha irmã e eu temos uma convivência complicada desde que eu vim para Hogwarts. E o noivo dela é um tanto… enfim. Não estou saltitando de ansiedade para esse noivado.

Ouviram vozes no corredor logo antes de Alex entrar na sala com Sirius e Alice dizendo:

—Acho que podemos liberar a lista dos papéis amanhã. Tem reunião de monitores e posso pedir para eles divulgarem.

—Acho ótimo. – concordou Alice

Lily voltou a dar atenção à sua fada/ bruxa com asas até o professor Smith entrar anunciando que aquela seria uma aula prática. Os alunos foram divididos em pares. Rachel ficou com Alice e ouviu que havia melhorado consideravelmente. Sirius também ouviu o elogio e sorriu para ela nessa hora.

… … … … … … … … … … … 

Na noite do dia seguinte, um pergaminho foi afixado nos Murais de Avisos.

Elenco de Mistério no Caribe

Miss Marple: Olívia Grant – 7º ano, Corvinal

Dr. Graham: Richard Snow – 6º ano, Lufa-Lufa

Mr. Rafiel: James Potter – 7º ano, Grifinória

Esther Walters: Bárbara McGregor – 5º ano, Corvinal

Jackson: Sirius Black – 7º ano, Grifinória

[…]

Alex chegou bem tarde de sua ronda naquele dia e encontrou o Salão Comunal com poucas pessoas. Entre elas estava James, sentado no terceiro degrau da escada do dormitório masculino esperando o sono chegar.

—Hei, James. – ela sentou ao seu lado

—Estava fazendo a ronda sozinha? – ele estranhou

—Não, com Gustavo. – ela respondeu – Já viu com que papel ficou na peça?

—Já, Mr. Rafiel.

—Quer saber porque escolhemos você? – ela perguntou simpática

—Claro. – ele respondeu com interesse

—Achamos que você tem algo de… carismático. Não é difícil pra você fazer amigos, ou causar uma boa impressão.

—Temos um argumento ruivo que refuta essa teoria. – ele disse bem humorado

—Disse que tinha facilidade, não que era infalível na primeira tentativa.

—Justo.

—Mr. Rafiel é mais do que um velho rabugento. Ele é descrito como alguém que muitas vezes é grosseiro, mas que raramente as pessoas se ofendiam, não só por ele ser rico, como também pela sua personalidade irresistível, que hipnotizava a todos, como se os fizesse sentir que ele tinha o direito de ser grosseiro se quisesse.

—Você me acha grosseiro? – ele perguntou ainda bem humorado

—Não, acho que mesmo interpretando uma grosseria você seria capaz de deixá-lo com uma personalidade irresistível.

—Obrigado, Alex.

—De nada. – ela se levantou – Boa noite, James.

—Boa noite.

… … … … … … … … … … … 

No último dia antes das férias, no fim da tarde, Alice estava sentada no chão em frente à lareira relendo Mistério no Caribe. Parava esporadicamente pensando em detalhes de cenários e roupas e anotando suas idéias em um pergaminho.

Quando recostou a cabeça no assento da poltrona atrás de si, o Quadro da Mulher Gorda se abriu e dois rapazes entraram correndo. James pulou o encosto do sofá e se sentou nele; Sirius deu a volta e se sentou ao lado do amigo. Estavam ofegantes e riam muito.

—Vocês estão com cara de que aprontaram alguma coisa. – Alice constatou o óbvio

—Como pode pensar essas coisas de nós, Lice? – perguntou Sirius

—O que vocês fizeram dessa vez? – ela perguntou bem humorada.

—Nada. – fez James – Mas se Alex perguntar, estávamos aqui o tempo todo, certo?

—Você acha que vou me indispor com a Alex? Se ela perguntar, eu não estava aqui para saber.

—Grande amiga… - comentou Sirius

—Vocês que estão tentando me jogar no fogo.

—Bom, - James se levantou – então vou procurar outro álibi.

Ele foi buscar sua vassoura.

—Para todos os efeitos, eu estava no Campo de Quadribol.

—Está um gelo lá fora. – disse Lice

—E daí? – ele deu de ombros e saiu

Chegando lá, James soltou o pomo de ouro. Dava à bolinha alguns minutos de vantagem para depois sair à sua procura.

Quando capturou o pomo pela quarta vez, por acaso olhou para a arquibancada da Grifinória e viu cabelos ruivos muito familiares. Resolveu descer até lá.

Lily tinha as mãos apoiadas na murada e olhava para o infinito. Só o percebeu quando ele pousava ao seu lado.

—James? – virou o rosto para ele – Não tinha te visto.

—Não está com frio, Lily? – ele estranhou

—Não. – disse em seu tom único.

Lily Evans era sempre uma surpresa. Podia ser fechada e não dar nenhuma informação de si, não importando o quanto lhe fossem feitas perguntas. Podia, como nesse momento, dizer qualquer coisa inesperada sobre ela sem receber nenhum questionamento. Era comum ver algo novo em seus olhos… como agora.

—Esse é um dos meus lugares preferidos em Hogwarts.

—O Campo de Quadribol? – ele se surpreendeu

—Não o campo. – ela respondeu – A arquibancada. Não é tão alta quanto as torres do castelo, mas é mais aberta – ela olhava em volta

—Nunca vi você por aqui. – ele também apoiou as mãos na murada

—Porque eu costumo vir quando não tem ninguém. – seu tom de voz, porém, demonstrava não se incomodar nenhum pouco por ter sido vista.

Um vento frio soprou. A moça não se importou com a temperatura e abriu os braços para senti-lo melhor.

—Liberdade: - ela falava com os olhos fechados, havia algo de apaixonante em sua voz – essa palavra que o sonho humano alimenta. Que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda. – ela tornou a abrir os olhos e abaixar os braços

—Versos de Lílian Evans?

—Cecília Meireles.

Alguns segundos se passaram em silêncio.

—Vim aproveitar essa sensação de liberdade antes de ficar quinze dias escutando minha irmã dizer o que posso ou não falar para o noivo dela e sua família.

—Difícil assim?

—Fazer o quê?

E então começou a nevar.

Lily olhou para o alto, seus olhos de esmeralda brilhando, seus lábios desenhando um sorriso para o céu. Ela estava tão linda… Deu uma volta em torno de si com as palmas das mãos viradas para cima. James sorriu distraído.

A neve começou a cair mais pesada.

—É melhor a gente voltar para o castelo. – ele falou

—Infelizmente. – ela concordou

E os dois seguiram para as escadas.

Na hora do jantar, Alexandra chegou à mesa da Grifinória visivelmente controlando sua irritação.

—Se eu tiver de aguentar Filch resmungando e gritando na minha orelha por meia hora de novo, eu vou dar um jeito de fazer uma coisa muito, muito má com vocês. – ela dirigiu-se aos Marotos

—Por que essa ameaça gratuita, Alex? – James perguntou com um vago ar inocente

—Gratuita? – fez ela ainda contida – Filch estava surtando! Aparentemente ele chegou à sala dele para pegar alguns dos seus inúmeros formulários, mas não pôde entrar porque havia uma poça imensa e espessa de uma lama estranha. Então ele foi até o armário de vassouras mais próximo para pegar as coisas necessárias para limpar a lama estranha. Só que quando ele foi abrir a porta do armário, a maçaneta se escondeu dentro da porta, vejam só.

Nesse ponto, ela já tinha atraído a atenção de todos os amigos sentados perto dela.

—Então, depois de xingar, chacoalhar a porta e por aí vai, ele desistiu e foi para outro armário. E olha a surpresa: a maçaneta desse também se escondeu. Assim como as de todos os armários do andar da sala dele. E ele teve de procurar um armário no andar de cima.

A essa altura, os Marotos já estavam rindo.

—Nada prova que fomos nós. – disse James colocando uma garfada na boca

—Foi bem arquitetado demais. Só podem ter sido vocês. Remus, isso é exemplo que se dê?

—Eu não tive nada a ver com isso. – ele respondeu honestamente

—Peter! – ela virou-se com a voz brusca

—Juro que não fiz nada! – o garoto se encolheu

—James, Sirius? – ela chamou em uma voz suave

—Inocentes até que se prove contrário. – afirmou James

As meninas também tinham um ar brincalhão.

—Tenho de admitir, - falou Bela – vocês foram criativos.

—Obrigado. – Sirius agradeceu

—Eu sabia! – fez Alex

James, sem nem levantar os olhos de seu prato, deu um tapa na cabeça de Sirius.

—Parabéns, Pads.

—Alex, só a título de curiosidade, - Sirius falou em sua maior cara de pau – o que aconteceu quando ele foi limpar a lama?

—Como se você não soubesse. – ela estreitou os olhos

—Ah, Alex, eu poderia saber? Afinal também sou monitor… - falou Remus

—Você honra mais o nome de Maroto do que de Monitor, não é, senhor Lupin? – disse Alex indignada

—Vai, Alex, agora eu também quero saber. – Lice pediu

—Ai, tá! – fez ela irritada – Tudo o que ele encostava para limpar a lama engolia e aumentava de tamanho.

Mais um round de risadas.

—Engoliu inclusive um sapato dele. – Alex completou também querendo rir.

… … … … … … … … … … … 

Quando todos estavam subindo para seus dormitórios, Rachel sentiu alguém segurá-la delicadamente pelo braço. Ela se virou e viu Sirius.

—Queria perguntar qual livro da Agatha Christie você não tem.

—Por que a pergunta?

—Porque o seu é o único presente de natal que eu ainda não comprei. E eu queria dar alguma coisa que você gostasse, mas que de preferência ainda não tivesse. – ele disse gentil

—Não precisa me dar nada. – ela respondeu sem jeito

—Você pode me dizer, ou me dar o trabalho de arrumar outro jeito de descobrir…

Ela sorriu abaixando o rosto e tornando a levantá-lo.

—Um destino ignorado.

—Um destino ignorado. – ele repetiu – Bom saber. Boa noite, Rach. – e subiu para o dormitório

… … … … … … … … … … … 

Alex, como vão as férias?

Por aqui tudo bem. Estava pensando… sobre os cenários, poderíamos pedir ajuda para a Lily. Para ela nos ajudar a pensar como ficaria a paisagem, fazer um esboço, sei lá. O que você acha?

Beijinhos, Alice

P.S. Como vai a adaptação?

… … … … … … … … … … … 

Lice, por aqui tudo ótimo.

Acho legal pedir ajuda pra Lily, ela com certeza teria boas idéias. Só espero que não esteja ocupada demais para nos ajudar.

A adaptação do livro para teatro vai bem. Já passei da metade. Depois mando pra você e o Sirius olharem e verem se querem mudar alguma coisa.

Beijos, Alex

… … … … … … … … … … … 

Lice, claro que eu adoraria ajudar!

Até convidaria vocês para virem aqui em casa para discutirmos isso, mas Petúnia surtaria. Merlin sabe que não precisamos de outro surto dela. Minha mãe já aguentou demais por causa desse noivado.

De resto as coisas vão bem.
Beijos, Lily

… … … … … … … … … … … 

Bela, acho que o acontecimento mais emocionante das minhas férias foi Lily, Alex Sirius e, por extensão, James virem aqui em casa para falarmos sobre os cenários da peça.

Lily é mesmo incrível, até os esboços rabiscados com pressa dela ficam elegantes. Ela inclusive se ofereceu para pintar pequenas telas que depois a gente aumenta com um feitiço e usa como cenário. Não é ótimo?

Beijinhos, Alice


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Notas finais do capítulo

N/A –
E aí, o que estão achando?
Se tiverem um tempinho, comentem, digam o que eu posso melhorar, o que eu certo. Vou adorar ver!
Beijos, Palas



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