Diva escrita por Palas Silvermist


Capítulo 4
Capítulo 04 – Luminárias




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O vento frio que começou a soprar no início de novembro anunciou o prazo final para a entrega dos projetos para a Mostra Cultural Mágica. Como em toda escola que se preze, a maioria dos alunos deixou para escrevê-los na última hora.

Alex, Lice e Sirius também enfrentaram esse problema. O corpo do projeto em si, estava pronto há algum tempo, faltava apenas um pequeno detalhe: o nome da peça que seria encenada.

Alice de cara sugerira Shakespeare. Sirius de cara recusara Shakespeare.

—Eu realmente não estou afim de ficar meses escutando falas no estilo do século XVIII. – ele reclamou sentado no chão de frente para o sofá do Salão Comunal onde as duas meninas estavam

—Século XVI – corrigiu Lice

—Pior ainda.

—Então o que você sugere? – Alex perguntou

—Algo mais perto da gente, algo como Alfred Hitchcock.

—Merlin, Sirius. Hitchcock não. O cara pode ser super consagrado e tal, mas eu não suporto suspense.

Outros nomes foram citados recebendo críticas de um lado ou de outro. Até que Alex veio com um nome que os três concordaram: Agatha Christie, a famosa escritora inglesa de romances policiais. Próximo passo: escolher a obra.

—Tem um que li agora e parece servir: Mistério no Caribe.

—Ah, - fez Alice empolgada – Rach me emprestou esse ano passado. É bom. Foi o terceiro livro que li dessa autora. Nunca consigo adivinhar o final.

—É, eu também não. – Alex disse animada – Eu adorei Miss Marple.

—Já leu algum outro que ela aparece?

—Já. Os Treze Problemas.

—Eu gostei mais de Poirot…

—Ei! – Sirius interrompeu se sentindo excluído da conversa – Vocês lembram que eu ainda estou aqui, certo?

—Dá para esquecer? – Alex disse em tom de provocação

—Já ouvi falar bem da Agatha Christie, mas nunca li nada dela. Será que dava para contar a história?

—Dava.

—Acho que já contamos muita coisa, Lice.

—Como assim “muita coisa”? O que acontece depois?? – Sirius perguntou

—Você parece já ter gostado do livro o suficiente para concordar em colocá-lo no projeto. – fez Alex

—Já, já. – ele disse com pressa

—Agora pode ler o livro por si mesmo. – completou Lice

—Alguma de vocês tem o livro? – ele perguntou emburrado – Porque eu não tenho.

—Rachel deve ter no dormitório. – respondeu Alice sorrindo – Pede pra ela.

—Onde ela está? – ele perguntou se levantando

—Na biblioteca. – Alex respondeu logo antes de ele sair pelo Quadro da Mulher Gorda

—Ele saiu com essa pressa toda para pegar o livro com a Rach? – perguntou Alice

—Parece.

—Nós deveríamos receber medalhas – ela estendeu a mão – Realmente fizemos um bom trabalho.

—Realmente. – Alex também estendeu a mão para cumprimentá-la

Pouco depois, na biblioteca, Sirius passava os olhos pelas mesas e estantes à procura da amiga. Até que a encontrou sentada próxima da seção de Feitiços.

—Rach? – ele chamou baixinho sentando na cadeira ao lado da dela

—Sirius? – ela estranhou levantando os olhos do livro

—Eu sei, eu sei, eu na biblioteca. Que coisa impressionante.

Ela riu de leve em silêncio.

—Você não teria Mistério no Caribe pra me emprestar, teria?

—Teria… - ela disse devagar – Só que não está em Hogwarts. Se você puder esperar, estou para mandar uma carta para meus pais, posso pedir que eles me mandem.

—Seria ótimo.

Um segundo de silêncio entre eles.

—Você veio até a biblioteca pra me pedir um livro? – disse ela bem humorada – Tem certeza de que está se sentindo bem?

—Estou ótimo, obrigado por perguntar.

Rach sorriu e tornou a abaixar a cabeça virando a página do grosso volume que tinha na sua frente.

—O que está estudando? – ele perguntou

—Transfiguração.

—Você é boa nisso, não é?

—Vou melhor em Feitiços. Que eu saiba, você e James são os melhores em Transfiguração.

—Eu sou bom em muitas coisas.

Rachel notou a voz dele diferente e levantou a cabeça. Sirius não se dirigia mais exatamente e ela, seus olhos estavam em uma garota morena que procurava algum livro atrás dela.

—A gente se vê. – ele disse se levantando e se dirigiu a tal garota.

Rachel apenas balançou a cabeça e voltou a prestar atenção ao livro de Transfiguração.

… … … … … … … … …

Cerca de quatro dias depois, quase todos os setimanistas grifinórios estavam no Salão Principal tomando café. Sirius saía de um bocejo particularmente longo, quando Alex entrou ventando.

—Sirius, eu vou te matar! – ela despejou ao chegar à mesa da Grifinória

—O que eu fiz dessa vez?

—Pode desfazer a expressão inocente. Não me comove. – disse parando ainda de pé ao lado dele – Se você quer sair com metade do castelo, ótimo, não tenho nada a ver com essa história, mas será que não dava pra fazer isso sem quebrar as regras da escola??

—Você continua não tendo nada a ver com isso. – ele respondeu displicente

—Ah, tenho. – ela continuou brava – tenho a partir do momento que sou EU que vou ter de monitorar você em detenção!

—Você? Ah, droga. Você é muito estressada, está sempre de TPM.

Rach abriu mais os olhos, Bela e Alice pararam de comer, Lily meramente continuou bebendo seu suco esperando o que viria em seguida.

Alex abaixou o rosto perto do dele e falou perigosamente mais baixo:

—Se eu estivesse sempre de TPM, teria ESTRANGULADO você na décima vez que tive de monitorá-lo em detenção!! – ela subiu o tom de voz batendo nas costas dele fazendo-o engasgar.

—Hum, cof, cof, e Bethany vai cumprir detenção comigo? – ele perguntou interessado

—Não, Remus vai monitorá-la em outro lugar.

—Por que Remus não pode me monitorar?

—Por motivos óbvios? – ela deu a volta para se sentar do outro lado da mesa

—Sirius, você se arrisca demais. – Rach comentou

—Não se preocupe, Rachel, a Alex, no fundo, me adora.

—Só se for bem lá no fundo. – fez Alice

—Ela é a irmã mais velha bravinha que eu não tive. – comentou Sirius

—E você é o irmão mais novo insuportável que eu não tenho. – Alex falou sentando ao lado de Rachel

—Assim você me deixa sem-graça. – ele provocou

—O que eu realmente não sei é como sua vassoura consegue voar tão rápido para defender os aros da Grifinória tendo de carregar você e o seu ego. Ou você arrumou um jeitinho de deixá-lo na arquibancada torcendo por você durante os jogos?

—Como você adivinhou? – fez Sirius falsamente espantado

—Física básica: a lei da gravidade não deixaria sua vassoura subir com tanto peso; e lógica: uma vez que você tivesse conseguido se dividir do seu ego, você não o deixaria simplesmente no chão esperando você voltar.

Sirius deu sua risada canina em resposta.

Mais para o canto da mesa, Peter perguntou:

—O que temos de manhã?

—Dois tempos de Poções. – Remus respondeu – Lily, quantas peças você acha que vamos receber para o atelier?

Remus não fazia, ele mesmo, qualquer tipo de arte, porém gostava muito do assunto e por isso entrara com Lily no projeto do atelier.

—Não sei. – ela respondeu – Realmente não faço idéia e você?

—Também não.

—Estou pensando em fazer as inscrições no início de Março. Só que talvez seja bom colocar convites nos quadros de avisos logo que sair a aprovação do projeto, assim quem tiver em casa algo que queira expor pode aproveitar as férias de natal para trazer.

—É uma boa idéia.

—Acho que vou fazer a mesma coisa com o sarau. – Bela falou – O que acha, Rach?

—Acho que sim.

—Vamos, já estamos em cima da hora. – Alex anunciou

Alguns andares abaixo, Lily entrou na sala das masmorras junto com Slughorn.

—Bom dia, professor. – ela cumprimentou

—Bom dia, Lily. Mas devo dizer que o dia estaria mais bonito se estivesse na Sonserina. – ele brincou como de costume

—Ora, professor, - Lily falou em seu meio sorriso característico, que se expressava mais pelos olhos do que pelos lábios – tem alguma coisa contra as outras duas casas de Hogwarts, ou apenas contra Grifinória? – perguntou em um tom suave

—O-ho. – o homem riu e foi para sua mesa.

Durante a aula teórica, James viu um pergaminho surgir na mesa a sua frente:

Padfoot: Prongs, tem treino depois da aula hoje?

Prongs: Pads, será que custa olhar no quadro de avisos de vez em quando?

Padfoot: Pra que eu vou olhar no quadro de avisos se meu melhor amigo é o capitão de time e o cara que marca os treinos?

Prongs: Moony, não acha isso um abuso?

Moony: Sem dúvida. Pads, largue de ser folgado.

Padfoot: Wormtail?

Wormtail: Posso olhar no quadro se quiser.

Moony: Isso que eu chamo de saída diplomática...

Padfoot: Faça como quiser, Prongs, não me conte se tem treino ou não. Se tiver, não vou e Grifinória perde o jogo da semana que vem.

Prongs: Até parece. Você quer essa taça tanto quanto eu.

Padfoot: Afinal, tem treino ou não???

Prongs: TEM!

Pouco depois, a parte prática da aula começou. Slughorn queria que eles abrissem seus livros na página 215 e começassem a preparar Felix Felicis.

A pretexto de ir ao armário pegar pó de chifre de unicórnio, Rach se levantou da carteira e deixou sobre a mesa de Sirius um livro e um bilhete:

Esqueci de te entregar no café da manhã. Espero que goste.

Rachel

P.S. Muito cuidado com meu livro!

Não demorou muito e outro pergaminho foi colocado na frente do Maroto:

Prongs: Acho que a Rach errou de mesa.

Padfoot: Ela não errou.

Prongs: Ela deixou um livro com você.

Padfoot: Sim, e daí?

Prongs: Você vai ler o livro?

Padfoot: Sim, Prongs.

Prongs (estupefato): Vocês viram isso Monny, Wormtail?

Moony: Realmente incrível.

Wormtail: Impressionante.

Padfoot: Eu sou alfabetizado, caso não saibam.

Moony: E essa é provavelmente a primeira vez que vai ler um livro sem ter sido obrigado.

Padfoot: Haha, muito engraçado (ironia). Essa é a história da peça.

Moony: Isso explica muita coisa.

Prongs: Então Alice e Alex que obrigaram você a ler?

Padfoot: Não, elas só contaram uma parte da história e se recusaram a contar o final.

Moony: Tática interessante… Agora, podemos voltar à Felix Felicis?

Padfoot: Sem dúvida.

Prongs: Fazer o quê?

Wormtail: Por favor, não.

… … … … … … … … …

O primeiro jogo de Quadribol da temporada, Grifinória X Lufa-Lufa, que aconteceu em um sábado, não teve nada de extraordinário. O time amarelo e preto era bem o que os grifinórios tinham previsto e para o qual tinham se preparado.

Sirius fez umas boas defesas; os artilheiros fizeram uns bons gols; e os batedores, umas boas rebatidas. Quem teve um pouco mais de trabalho foi James com o apanhador lufo constantemente fingindo ter visto o pomo.

A partida durou quase uma hora, tendo terminado quando James pegou o pomo sobre a arquibancada da Lufa-Lufa.

No dia seguinte, tarde da noite, Lily estava mais uma vez à sua mesa favorita perto da janela. Exceto por ela, o Salão Comunal estava vazio.

A moça já pintava há algum tempo, quando ouviu passos terminando de descer a escada do dormitório masculino.

—James? – disse ela franzindo os olhos

—Lily? – ele se aproximou e sentou na cadeira em frente à dela – Acordada até essa hora?

—Que horas são? – ela perguntou

—Quase uma e meia.

—Não achei que fosse tão tarde. – disse em um tom cotidiano, sem dar qualquer indício de que fosse sair dali por causa do horário – E você, não consegue dormir?

—Acordei muito tarde hoje, agora fica difícil pegar no sono.

Lily mergulhou o pincel que estivera usando na água para lavá-lo.

—O que é isso? – James apontou para as “luminárias” logo acima da cabeça dela

Lily largou o pincel e pegou uma delas. Apontou com a varinha dizendo:

Ocultare.

E o brilho parou.

Ela lhe estendeu o que tinha na mão dizendo:

—Brotos de cardo.

—Onde encontrou isso? – disse ele pegando o objeto azul

—Ouvi falar na Espanha, mas os encontrei na loja de ingredientes do Beco Diagonal. Depois de mergulhado na poção certa, com um encantamento é possível fazê-los emitir essa luz branca que você está vendo. – ela apontou em cima da sua cabeça – Como uma lâmpada.

—Como o quê?

—Algo que os trouxas usam para iluminar as coisas.

James estendeu a mão para devolver-lhe a planta, mas ela disse:

—Pode ficar.

—Obrigado. – disse surpreso – Como exatamente funciona?

Lily abriu sua caixa de pintura e pegou algo minúsculo. A pontando a varinha para a palma da mão, falou:

Engorgio.

E o broto de cardo rosa voltou a seu tamanho normal.

—Assim. – fez ela – Illuminare. – e o broto passou a emitir luz – Ocultare. – e o broto voltou a se apagar

James fez o mesmo com o seu.

—Viu? Não é difícil. – disse ela

A garota tornou a iluminar a que estava em sua mão. Em seguida, o fez levitar ao lado do outro que ainda pairava sobre sua cabeça.

—Que feitiço é esse?

—Um outro tipo de feitiço de levitação. – ela respondeu – Ficaria surpreso, mas existem coisas muito interessantes na biblioteca.

Ele riu de leve.

—É realmente surpreendente.

Lily pegou outro pincel e molhou em tinta azul com um tom esverdeado. Só então James prestou atenção ao que ela pintava. Estava dando retoques no mar calmo que cobria pouco mais do que a metade esquerda da paisagem. Do lado direito, um terreno plano, gramado e com pouca vegetação, interrompido bruscamente pelo mar em uma falésia.

—Bonita paisagem.

—Obrigada.

O pincel ia tocar o mar de novo, porém foi colocado de lado para que Lily pudesse virar a tela para o rapaz.

—O que isso passa pra você? – ela perguntou

—Como assim?

—Que tipo de sensação ou de pensamento passa pela sua cabeça quando vê esse lugar? – ela perguntou em seu tom único

James abaixou os olhos do rosto dela para o quadro inacabado. Ficou observando alguns instantes. Lily não tinha pressa.

—Saudade. – ele disse por fim

—Saudade?

—Já não me lembrava mais, mas conheci um lugar assim com meus pais anos atrás. As coisas pareciam tão menos complicadas na época.

Lily sorriu discretamente.

—Interessante. – disse tornando a virar o quadro para ela

—E pra você?

Ela voltou os olhos rapidamente para ele.

—O que ele traz pra você? – James completou a pergunta

Lily abaixou os olhos para a paisagem novamente e a contemplou por um momento…

—A vista panorâmica, o horizonte… imaginar o vento correndo… - ela fechou os olhos como se sentisse o sopro em seu rosto e mais uma vez os abriu – Liberdade. – disse em seu tom único com os olhos brilhando

James projetou um sorriso por um dos cantos da boca. Ainda não percebia com clareza, contudo havia algo nela que simplesmente chamava sua atenção.

—Ah, eu quase me esqueci. – ela deixou o pincel de lado de novo – Terminei semana passada e ainda não mostrei a você.

Lily tirou uma miniatura de dentro de uma caixinha. Fazendo-a voltar a seu tamanho normal, entregou a James o quadro da cabana de Hagrid.

—Ficou ótimo. – fez ele – Hagrid vai adorar ver isso.

—Espero que sim.

Ele não conseguiu reprimir um bocejo.

—Até que horas você costuma ficar aqui?

—Não tenho um horário específico. – ela respondeu

—Bom, eu acho que já vou dormir. Até amanhã.

—Até amanhã.

Lily observou o rapaz desaparecer pela escada do dormitório e voltou para seu mar calmo.


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Notas finais do capítulo

N/A – Tenho um certo prazer em fazer os Marotos encherem o Sirius... hehehe



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