Diva escrita por Palas Silvermist


Capítulo 12
Capítulo 12 - Hogsmeade




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/728860/chapter/12

O sábado começou repentinamente no dormitório feminino do sétimo ano na Torre da Grifinória. As cortinas tanto da janela quanto das camas foram abertas inundando todo o quarto de luz e causando protestos de quatro meninas.

—Lice, você não precisa da gente para ir a Hogsmeade hoje. – reclamou Alex – Você vai com o Frank, lembra? – e colocou o travesseiro em cima da cabeça

—Vocês precisam me ajudar a decidir o que eu vou usar. – Alice respondeu aflita

—Não tínhamos feito isso ontem à noite? – perguntou Bela cheia de sono e ainda piscando muito, mas já sentando

—Já, mas... será que eu vou com o azul mesmo? – fez ela indecisa

—Lice, você adora azul e o céu está completamente azul, indicando que o vestido é uma boa escolha. – fez Alex ainda deitada – O que mais você precisa?

—Tem certeza? – Lice perguntou

—É você que tem de ter certeza, não a gente. – disse Lily

—Lice, - disse Rach gentilmente – vai dar tudo certo.

Ela ficou um instante olhando para a amiga.

—Okay...

—Vem aqui para eu fazer sua maquiagem. – falou Bela pegando todo seu arsenal

—E a paz volta a reinar no dormitório. – fez Alex colocando o travesseiro sobre a cabeça outra vez.

… … … … … … … … … … 

Rachel, Lily, Alex e Bela chegaram algum tempo depois ao Três Vassouras. Alex veio reclamando dos insetos o caminho todo.

—Adoro a volta do calor. Significa a volta de pernilongos, formigas, baratas e associados.

Escolheram uma mesa próxima à janela.

—Quem vai pedir as bebidas? – perguntou Bela

—Eu vou! – Alex se ofereceu rápido e saiu em direção ao balcão, voltou em seguida perguntando – O que cada uma vai querer?

—Suco de abóbora. – disse Rach

—Cerveja amanteigada. – falou Bela

—Suco de abóbora. – completou Lily

—Certo. – fez Alex e foi falar com Madame Rosmerta

Quando a garota voltou, Bela perguntou:

—Alex, você está bem?

—Estou ótima. – a amiga respondeu em um tom mais agudo – Por que não estaria? Só porque estamos a uma semana da apresentação da peça e tem gente que não sabe sua posição em cena ainda? Ou só porque ontem montamos parte dos cenários em tamanho real para ter noção da dimensão e um deles caiu em cima do Sirius?

—Alguém se machucou?

—Não, Rach. – Alex respondeu – Ele é tão cabeça dura, que o único dano foi na peça do cenário.

—Não me digam que ela ainda está falando do cenário ontem. – Sirius apareceu entre a cadeira de Bela e a de Alex

—Se você não fosse tão teimoso, aquilo não teria acontecido.

—Eu já consertei! – ele se defendeu

—Espero que não faça a mesma coisa no sábado que vem.

—Eu não vou fazer, Alexzinha, querida.

Alex apenas olhou para ele dizendo:

—Cínico.

—Alex, relaxa. – ele a segurou pelos ombros

—Faça o favor de descer já dessa sua nuvem dourada!

—Nah, - ele fez uma careta – dourada, não. Não combina com meus olhos.

Ela se soltou dele bufando, e o rapaz deu uma risada canina.

—Até mais, meninas. – e foi se sentar com os outros Marotos

—Rach, sinceramente, você tem um péssimo gosto.

—Alex! – falou Bela

—Eu sei, Alex, eu sei. – Rach respondeu

… … … … … … … … … … 

Após andar um pouco pelas ruas do povoado, Alice e Frank passaram em frente à cerca da Casa dos Gritos.

—O que vai fazer quando acabar Hogwarts? – ela perguntou

—Vou para a Academia de Aurores.

—Também penso em ir para a Academia, mas não sei… Eu ainda penso um pouco em ser curandeira.

—Também quer fazer alguma coisa que ajude as pessoas?

Lice meneou a cabeça.

—Eu acho que “ajudar pessoas” não é uma decisão que se toma na hora de considerar uma profissão, é uma escolha para a vida. Você pode ajudar pessoas muito antes de ter uma profissão, e pode ajudar pessoas em qualquer profissão que escolher… O quê? – Lice perguntou ao perceber que ele sorria para ela

—É legal ouvir você falar. Dá pra perceber no tom da sua voz o quanto você acredita nisso. Não são só… palavras jogadas.

Ela sorriu desviando os olhos dele.

—Eu falo um pouco demais quando fico nervosa.

Frank apenas riu baixinho pelo nariz e segurou a mão dela.

… … … … … … … … … … 

James olhava a prateleira de novidades da Zonko’s enquanto Sirius andava pela loja reabastecendo seus estoques. Havia um objeto por perto muito parecido com uma bola de cristal e que fez a memória do rapaz ir para bem longe dali.

No terceiro ano, ele e Sirius haviam se inscrito em Adivinhação. Tinham tentado convencer Remus e Peter a se juntar a eles, porém sem sucesso: Remus preferia matérias mais objetivas, e Peter tinha medo do que podia ver nas borras de chá.

Em uma das últimas aulas do ano, a professora resolveu que a sala já estava pronta para tentar ver o futuro em bolas de cristal. James achava que com uma boa dose de imaginação até dava para ver alguma coisa nas borras de chá. Era basicamente o mesmo princípio de ver coisas nas nuvens: você meio que via o que queria. No entanto, ele observava o orbe branco há quase meia hora absolutamente sem nenhum sucesso. Até que a professora começou a passar entre as mesas para avaliar o progresso de cada um.

—Senhor Potter, vê alguma coisa?

Ele então apelou para a saída mais fácil naquelas aulas: inventar.

—Vejo… parece um rosto.

—Um rosto? Muito bom, senhor Potter. Geralmente os alunos veem apenas vultos na primeira tentativa. Consegue ver algum detalhe?

—Acho que tem… sardas…

Sirius, que dividia a mesa com ele, escondeu um riso de deboche ao notar que Lily estava na mesa ao lado.

—Mais alguma coisa? – perguntou a professora

—Os olhos… parecem verdes.

Nessa altura, ele já chamara a atenção de Lily, embora ela não demonstrasse.

—Os cabelos são ruivos. – ele continuou – Parece que a Evans está no meu futuro.

Sirius teve um suspeitíssimo acesso de tosse logo antes de Lily responder sem sequer olhar na direção deles:

—Vai sonhando, Potter.

—James acorda. Estava pensando em quem? – falou Sirius ao lado dele com uma cesta bem cheia – Como se eu precisasse da resposta. – ele acrescentou

—Já que não precisa, vamos para o caixa.

… … … … … … … … … … 

Na volta de Hogsmeade, Alice e Frank vinham conversando sobre Mistério no Caribe.

—Bom, Alex vai ficar na organização geral. – ela vinha dizendo – Você vai me ajudar com os cenários, Gustavo ficou com a iluminação, Bela vai fazer as maquiagens.

—Alex está surtando muito?

—Um pouco. – ela sorriu – Mas acho que vai dar tudo certo afinal. O principal que está faltando agora é montar toda a estrutura do palco na sexta.

—Isso vai dar algum trabalho.

—Vai. – ela concordou

Depois de adentrarem os portões de Hogwarts, Alice teve uma súbita e ideia e falou:

—Aposto que não me alcança. – e saiu correndo pelos Jardins

Frank riu levemente e saiu atrás dela. Não foi difícil alcançá-la já perto das Estufas. Ele a pegou pela cintura girando com ela e fazendo-a rir mais ainda. Quando colocou Lice no chão, ela virou-se para ele ainda rindo ofegante. Frank ficou um instante admirando seus olhos cor de mel e passou a mão por seus longos cabelos dourados. Inclinou-se até encostar seu nariz no dela...

… … … … … … … … … … 

A pouco mais de dois meses do fim do ano letivo, com muita dor no coração, Lily teve de diminuir o tempo que passava pintando. Por isso, parou de pintar de manhã cedo. Até porque, com tanto trabalho para fazer, estava ficando bem difícil conseguir acordar antes do sol. Isso, é claro, nada tinha a ver com o fato de que era muito mais possível encontrar James no Salão Comunal tarde da noite do que logo antes de amanhecer.

Assim, no meio daquela semana que antecedia a Mostra, Lily estava mais uma vez sentada à sua mesa de sempre até que todos no Salão Comunal subissem para seus dormitórios. Todos exceto um rapaz que estudava o livro de Feitiços perto da lareira e que depois de algum tempo se levantou e sentou-se em frente a ela.

—O que é isso? – ele perguntou ao notar uma mancha que cintilava em tons de laranja e vermelho em um pergaminho

—Um teste. – ela respondeu antes de pegar um quadro em sua caixa de pintura e colocar em cima da mesa

—A cabana de Hagrid? Achei que já tivesse terminado.

—Eu tinha. Mas encontrei algo que preciso tentar.

Lily pegou sua varinha e abaixou o rosto até ficar bem perto da pintura.

Focus mimetis. – ela sussurrou

Uma gota alaranjada pingou da ponta de sua varinha sobre um pedaço da janela de Hagrid. Ela largou a varinha, pegou um pincel. James nunca tinha imaginado alguém molhar um pincel em um feitiço, e por algum motivo a ideia lhe pareceu fascinante.

Lily espalhou aquela cor cintilante pelas vidraças da casa do Guarda Caça e se levantou para ver o resultado mais de longe. Estava quase sorrindo, mas virou o quadro para o rapaz e perguntou:

—O que acha?

—Parece que a lareira de Hagrid está realmente acesa. – ele responde admirado

—Ótimo. – ela sorriu – Era exatamente o que eu queria.

James olhou para ela e não pôde desviar. Embora agora que estivesse de pé seu rosto estivesse na penumbra por sair do alcance da luz dos brotos de cardo, seus olhos brilhavam de uma maneira que apenas ela parecia capaz. Seu sorriso era franco e ao mesmo tempo mais enigmático do que ele conseguia entender naquele momento. Queria tocar o rosto dela e ter certeza de que era real, de que Remus não o acordaria a qualquer instante por ele estar atrasado para a aula da McGonagall.

Como ele tinha sido tão estúpido a ponto de fazer aquele acordo com ela? Se bem que se não tivesse feito, talvez a situação nunca tivesse mudado. Ela nunca teria deixado que ele se aproximasse. Ele nunca teria tido a chance de olhar seus quadros tão de perto e de ouvir sobre os sentimentos dela a respeito deles tão abertamente.

Precisava encontrar um jeito de mudar aquilo. Logo ele não conseguiria disfarçar o jeito de olhar para ela. E se Lily percebesse, e ela certamente perceberia, iria se afastar. E isso seria insuportável. Antes que se traísse, levantou, murmurou um “boa noite” e subiu para o dormitório.

Lily percebeu toda a mudança na expressão do rosto dele. De um sorriso ao olhar para ela, até esse sorriso ir desaparecendo conforme ele ficava perdido em pensamentos. Logo depois, quase sem explicação, ele saiu. Ela voltou a sentar tentando entender. Talvez ele apenas estivesse cansado como dissera. Talvez…

Guardou tudo o que estava em cima da mesa e pegou da sua caixa de pintura um pergaminho com um desenho inacabado. Pegou um grafite e carvão e voltou a trabalhar nele até bem tarde.

… … … … … … … … … … 

Na quinta-feira, após uma reunião de monitores que acabou mais cedo do que o previsto, Alex e Gustavo foram para uma sala de aula vazia terminar de montar algumas peças para os cenários. Os dois sentaram no chão, e Alex segurava dois pedaços de madeira próximos para que Gustavo passasse um barbante por eles e os amarrasse. Ele puxou o barbante enquanto ela soltava mais um de seus típicos comentários.

—Você se acha muito esperta, não, Alex? – disse ele parando o que fazia

—Por que disse isso agora? – ela estranhou

—Porque… - ele terminou de puxar o barbante com algum esforço e dar um nó – eu acho que tem coisas bem na frente dos seus olhos que você não vê.

—É? Como o quê? – ela o desafiou

Ele se ajoelhou para se aproximar dela, segurou seu rosto e a beijou, voltando a sentar em seguida. Alex o olhou surpresa por um momento.

—Como você não me matou, talvez eu possa ter esperança.

Ela ainda demorou um segundo para responder:

—Só você para me deixar sem fala.

Gustavo riu.

—Vou receber isso como um elogio.

—É um elogio.

—Então, - disse ele dando mais uma volta com o barbante nos pedaços de madeira – senhorita Carrey, ainda está um pouco longe, mas você me acompanharia no baile de formatura? – ele pediu com um meio sorriso

—Certamente, senhor Chase. – ela respondeu com o mesmo meio sorriso

A conversa não se estendeu muito nesse assunto, pois logo chegaram Alice, Frank e Sirius.

—Lily disse que também vinha ajudar. – Lice avisou

—Ótimo. – respondeu Alex

Nem dez minutos depois, a ruiva chegou trazendo mais alguém.

—Trouxe mais ajuda. – anunciou ela

Rach brecou na porta ao ver Sirius, achava que ele teria treino de Quadribol naquela hora. Lily percebeu e discretamente a empurrou para dentro. Para o alívio de Alex, o trabalho ficou pronto uma hora antes do que ela imaginava.

De volta ao dormitório, Alex comentou como se acabasse de perceber o que tinha acontecido:

—Eu tenho um par para o baile de formatura.

—Oh, Gustavo já convidou você para ir com ele? – Alice perguntou

—Como sabe que é ele?

—Porque vocês estavam sozinhos antes de a gente chegar, e porque eu reparei no jeito que ele fala com você.

—Ele tem um jeito para falar comigo?

—Tem.

—Como eu não reparei?

—Você é muito viva para algumas coisas, Alex, mas talvez não para todas.

Lily notou que Rach ficou ainda mais quieta depois da notícia. Quando as outras duas voltaram a descer para o Salão Comunal, ela perguntou:

—Rach, tudo bem? Parece que ficou chateada depois do que a Alex falou.

—O quê? Não. Eu fiquei feliz por ela. – ela se apressou em responder – Sou eu. – disse desanimada – Tinha me esquecido desse detalhe do baile de formatura.

—O quê?

—Um par, Lily. Onde eu vou encontrar um par? Vou ter de alugar um… importar um…

—Rach, - disse Lily carinhosa – você é inteligente, é bonita, é doce. É claro que alguém vai te convidar.

—Eu não quero que alguém me convide.

—Nem se esse alguém fosse Sirius? – ela ponderou

—Não. Gosto do Sirius… Não da versão marketing que ele exibe por aí, e sim da versão mais amiga que ele mostra quando está com os Marotos ou com a gente. Não queria que ninguém mais me convidasse por causa dele, mas também não gostaria que ele me convidasse por conhecê-lo. Ele é uma pessoa dividida em duas e eu só gosto de uma metade.

Lily sorriu.

—Bom, - disse a ruiva por fim – tem uns dois meses para o baile ainda, muitas coisas podem acontecer.

E com esse comentário ela também desceu para o Salão Comunal.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ois!
O que acharam do novo feitiço que Lily encontrou para pintar?
Até o próximo capítulo!
Beijos, Palas



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Diva" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.