Gota de Chuva escrita por Ravenclau


Capítulo 1
Capítulo 1




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 Chovia. Juvia era a chuva. De seus olhos cansados lágrimas escorriam, misturando-se à precipitação que caía, suas roupas molhadas abraçavam seu corpo tensionado, enquanto pensamentos desordenados turvam sua mente, como as gotas de chuva turvam seu reflexo nas poças d’água pelas quais passava rapidamente. Ela estava cansada, derrotada, seu coração roto sangrava, ainda vivo, em seu peito. Outra vez mais fora rejeitada, mas ainda assim, um amor corrupto perdurava em sua alma.

  Estava frio. Gray era frio. Seu coração fora congelado, soterrado por camadas e camadas de gelada insensibilidade. Nem sempre fora assim, mas todos aqueles que um dia tiveram seu afeto foram retirados de sua vida, a dor da perda o haviam tornado um covarde que acreditava estar amaldiçoado.

 Seus pais caíram sob as mãos de um monstro que valorizava mais o sujo papel impresso, que chamamos dinheiro, que a vida humana. O menino que era então, encontrou na violência um escape para seu luto, até que uma gentil mulher o havia acolhido como um filho, para mais tarde sacrificar sua vida para salvá-lo durante uma briga de gangues. Seus dois irmãos adotivos o deixaram, carregados de raiva e desprezo. A culpa o corroía por dentro e levou-o a uma vida de expiação, estudou, formou-se, começou a trabalhar cuidando das frágeis mentes de pessoas que sofreram violências. Foi nesse meio que a encontrou.

 Seus olhos azuis, grandes, profundos, tristes. Seu corpo batido, violado, abusado por aquele que deveria ter sido seu guardião, seu tio José Porla. Queria salvá-la da escuridão que ele mesmo possuía, que no momento estava subjugada a sua vontade, mas o que deveria ter sido apenas um interesse profissional, transformou-se um sentimento avassalador. Ambos caíram no poço profundo da paixão, desejo e obsessão. O que diferia entre ambos, foi o fato dele ter se recusado a seguir seus instintos e mais uma camada de gelo o separou da moça que tão sofregamente pedia por seu amor. Uma sereia de voz suave, de olhos tristes e o corpo de uma súcubo, mas o que era mais tentador em toda sua figura, era sua profunda inocência infantil.

 O que mais podia ele fazer, a não ser rejeitá-la, pisar em seus sonhos e romper seu coração? Ele não podia amar. Ele não QUERIA amar.

 Naquela tarde enquanto ele pensava nela, olhando a chuva que caía na janela de seu consultório, enquanto sorvia um café para aquecer seu corpo, não muito longe dali, o vento assobiava nos ouvidos da moça, seus cabelos voavam chicoteando seu rosto, enquanto seus lábios rosados e cheios pronunciavam o nome dele, antes que seu corpo atingisse o solo e sua vida se esvaísse como uma gota de chuva.


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