Supernatural — Becoming Girl escrita por CASS


Capítulo 6
VI — Smells Like a Teen Spirit.


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal! Gostaria de agradecer muito à todos os leitores, aos comentários, às vindas de vocês aqui e no Facebook para elogiar a fic. Espero que gostem desse capítulo! ♥ É o começo da segunda parte.



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   — Já faz bastante tempo.

   — É... Faz sim.

   Karma sorria para Lúcifer, a mão que antes aniquilara Rowena baixando lentamente. As palmas tinham cessado. O sorriso do arcanjo negro era amedrontador, mas não para Karma. Ela apenas o encarava cética.

   — Senti sua falta. - Lúcifer andou até a mulher, um misto de cuidado e respeito.

   — Eu não senti a sua. — As palavras foram cortantes, ainda mais dadas com aquele sorriso falso que Karma sustentava.

   — Nossa, desse jeito você me magoa.

   — Eu nunca pretendi cuidar para que seus sentimentos não fossem feridos Lúcifer. Em outras palavras: Eu não ligo.

   A mulher começou a andar para longe dele, até o corpo de Rowena, estirado no chão do galpão. Os olhos fechados, o cabelo ruivo e encaracolado formando um tapete nas tábuas gastas, tudo contribuía para um sorriso mais verdadeiro de ambas as partes.

   — Obrigado. — disse Lúcifer.

   — Pelo quê, exatamente?

   — Por tudo, desde o começo. Sempre soube que podia contar com você. — ele parecia reverencia—la apenas com os olhos. — Desde a Criação.

   — Não deveria agradecer, deveria mostrar resultados. — Karma olhou fixamente para ele, virando—se. — Eu lhe dei o menino Winchester de bandeja há dez anos atrás, e no final ele era mais forte que você!

   "Foi um deslize", Karma continuou. "Um pequeno deslize que você cometeu, e agora lhe faz parecer um fraco perante todos. Você acha que o Céu ainda te respeita? E os Winchester? Não preciso nem falar do Cão Crowley, né? Humilhou você porque você é fraco por dentro. Você não vê defeitos e nem qualidades nos outros, apenas em si mesmo, e isso sempre lhe levou à queda!"

   — Não ouse falar assim comigo!

   Trovões cruzaram o céu nublado daquele fim de dia. Karma pareceu intrigada com o que o Arcanjo havia feito, então encarou—o novamente, de um jeito mais ameaçador.

   — Você quer voltar pra jaula?

   Lúcifer engoliu em seco.

   — Porque eu posso fazer isso em um piscar de olhos.

   As sombras já invadiam o galpão, esgueirando—se como cobras pelo chão escuro. Dentro de alguns minutos, nada seria visível.

   — Faça tudo corretamente e não vai precisar. — Karma finalizou.

   Lúcifer, na casca de Jimmy Novak, assentiu, engolindo em seco novamente. Olhou para Karma, parecia um bichinho assustado.

   Lúcifer conteve um sorriso sarcástico, arrancado pelas pontas dos dedos de Karma.

   — Eu realmente senti sua falta. — Lúcifer continuou.

   — Sempre estive com você. Nos bons e maus momentos. 

   — Eu sei.

   O homem tentou um beijo, mas a mulher deu um passo para trás e voltou a andar até o corpo de Rowena.

   — O que vai fazer para que o anjo ache que matou a bruxa? — Lúcifer perguntou, mostrando interesse.

   — Recriar uma memória falsa. — respondeu Karma, sorrindo.

   O grito de Dean Winchester ecoou pelo galpão. Ele estava no início do mesmo, longe de onde Karma e Lúcifer estavam. Karma analisou ao redor e começou a recriar a memória lentamente.

   Após os tapas que Castiel levara no rosto, depois de morder o lábio, antes de Karma chegar, o anjo conseguira empurrá—la, subir por cima dela e lhe tomar a faca que empunhava.

   Não, não havia facas.

   Lúcifer pareceu entender a lógica de Karma e lhe ofereceu sua lâmina. Ela pegou.

   — CASS! — era mais próximo agora. Ele já devia estar cruzando o local.

   Lúcifer piscou para Karma e desapareceu. A mulher já tinha os machucados arroxeando, e o sangue que escorria do lábio e do nariz já estavam secos. Forçou todos os seus poderes a lhe causarem mais dor e sangue. Castiel já recobrava a consciência, e tomou posse da mente (com as memórias restauradas) juntamente com Karma, que avançou sobre o corpo de Rowena antes de sair da luz.

   O galpão agora era um cômodo escuro sem quase nenhuma luz. As lanternas de Dean e Sam apareceram e iluminaram Castiel, sangrando, tremendo e com uma lâmina angelical cravada no abdômen da bruxa.

   — Cass! — Dean e Sam correram até ele.

   Castiel soltou a lâmina, caindo direto no chão, estirado, perdendo as forças devagar. Dean segurou o corpo da menina cuidadosamente, chamando seu nome. Cass havia desmaiado. Desesperado, Dean olhou para Sam, que verificava o pulso de Rowena.

   — Dean, ela está morta. — Sam disse, levantando-se devagar.

   — Já foi tarde. — resmungou o mais velho. — Liga o carro.

   Dean atirou as chaves para o irmão, que saiu correndo. A lanterna foi perdendo o brilho, até que sumiu, à medida que Sam se afastava.

   — Cass, ei. — Dean segurou o rosto machucado de Castiel nas mãos. — Acorda, por favor.

   Ainda inconsciente, o corpo da garota foi erguida pelos braços do caçador, que, respirando fundo, começou a andar depressa para a saída, a lanterna na boca iluminava o galpão escuro. As estrelas não brilhavam, nem mesmo a lua, apenas as nuvens cobriam o breu e deixavam tudo mais monótono. E Dean, segurando Castiel em seus braços, cada vez mais se arrependia pelo que havia feito. Engolindo em seco, colocou Cass deitada no banco de trás, não ligando de, pela primeira vez, de ir junto com ele. Sam pisou no acelerador, voltando à estrada, a caminho da casa de Bobby.

...

   — Cara... — Sam começou, entrando no quarto onde estavam Dean, sentado em uma cadeira, e Castiel, deitado na cama, imóvel. — Coma alguma coisa, eu fico aqui se ele acordar.

   — Eu não deveria ter feito aquilo.

   — Dean, qual é! Você estava nervoso, está tudo bem.

   — Cass quase morreu por minha culpa, Sammy! — Dean levantou-se, cara a cara com o irmão. — Se eu não tivesse sido um mala, nada disso teria acontecido!

   Sam baixou os olhos, em um silêncio curto.

   — A culpa é de todos nós, ou de ninguém. — disse ele. — Você não foi sozinho, todos nós deixamos Castiel sozinho.

   — Mesmo assim, ele matou a bruxa sozinho. — Dean sorriu. — Orgulho dele.

   — É. — Sam foi obrigado a sorrir também.

   Com um suspiro, Dean voltou a sentar-se, as mãos cruzadas entre o nariz e a boca, os braços pousados no apoio da cadeira.

   — E se não tivesse conseguido matar a Rowena? Teria morrido sozinho, por minha... nossa culpa. Queria poder dizer que sinto muito.

   — Dizer... a quem? — Castiel disse, abrindo os olhos devagar.

   Sua fala era pesada e lenta, como se fosse difícil pronunciar as palavras. Seu rosto estava inchado, assim como os lábios cortados, as bochechas e o nariz.

   — Cass! — Dean levantou-se e se aproximou, ficando ao lado dele.

   Sam também aproximou-se, um meio sorriso no rosto.

   — Veja quem acordou.

   — Cass, me perdoa. — Dean respirou fundo. — Eu fui um...

   — Imbecil? — Sam continuou.

   — É, pode ser. — Dean deu de ombros.

   Castiel sorriu, com dificuldade.

   — Foi mesmo. — fechou os olhos, apertando-os, pela dor no rosto. — Tudo bem, Dean. Você estava nervoso.

   — Eu vi você chorar.

   — Você estava nervoso. — Castiel repetiu.

   Sam deu dois tapinhas no colchão. Para eles, aquilo foi como as batidinhas nas costas, ou nos ombros, que os amigos compartilhavam sempre.

   — Não se esforce, Castiel. Você precisa melhorar. — disse o mais novo.

   — Eu continuo bonitinha? — Cass sorriu.

   — É, continua. — Dean respondeu, rindo.

   — Que bom.

   Castiel fechou os olhos, caindo no sono novamente. Era mentira. Seu rosto estava inchado e os cortes arroxeavam devagar. Os Winchester trocaram olhares sérios antes de deixarem o quarto, andando até a sala.

   — Então, idjotas, como está o anjo?

   — Está bem, Bobby. — disse Sam. — Recuperando-se.

   — Hm. Bom. Temos trabalho. — ele ergueu o jornal. — Sete mortes no sul do Missouri. Todas de um jeito diferente do outro.

   — Morte por asfixia. — começou Sam. — Anna O’Shelley. Vinte e três anos, publicitária. Morte por degolamento. Quentin Silverstone. Trinta e um anos, carteiro. Uriah Dantmore, vinte e sete anos, trabalhava numa cooperativa de cargas. Ely Even, dezenove anos, estudante. Lauren Stewart, vinte e um anos, professora de balé.

   Dean pegou uma cerveja, enquanto Sam continuava lendo.

   — Emily Alley, vinte anos, ginasta. Quirrell Ford, trinta e seis anos, professor de física. Ursula Iansen, quarenta e três anos, babá. Elizabeth O’Donnelly e Natalie Ushire, ambas com vinte e cinco anos, vizinhas. Uma trabalhava numa empresa de advocacia, e a outra em uma escola de arte. Não temos muita coisa.

   — Só os nomes. — Bobby resmungou. — Não é muita coisa.

   — Vamos falar com a família. — Sam pegou o casaco. — Dean, você vem?

   — Dessa vez não, Sammy.

   Bobby e Sam saíram no carro do mais velho, enquanto Dean retornou ao quarto onde estava dormindo Castiel, ainda com remorso por ver o rosto do amigo(a) assim.

...

   Dean olhou para os lados. Quase havia caído da cadeira em um cochilo. Nossa, aquilo foi constrangedor, mas não mais do que perceber Castiel observando-o quase cair. As duas mãos estavam apoiadas no colchão, e a garota o observava firmemente.

   — Hey, Cass. — Dean passou as mãos pelo rosto. — Como se sente?

   — Parece que voltei à vida.

   — Sei exatamente como se sente. — riu o mais velho.

   Castiel apenas deu um pequeno sorriso.

   — Ei, Cass. — repetiu. — Pode contar o que aconteceu lá?

   — Sim.

   Silêncio. Silêncio constrangedor. Silêncio desnecessário, e até mesmo assustador. Castiel piscava lentamente os olhos, que já não estavam mais tão inchados.

   — Ah, você quer que eu conte agora?

   — É. — respondeu Dean.

   — Tudo bem. Hã, deixe-me ver... — Castiel pensou. — Assim que vocês saíram, Rowena entrou aqui.

   — Rowena entrou aqui?!

   — É. — Cass respirou fundo. — Ela perguntou se eu estava chorando e eu perguntei se ela estava dando pra alguém, porque tinha um chupão roxo no pescoço dela e...

   — Okay, Cass, partes importantes.

   — Certo. Eu senti uma pancada na cabeça, acordei no galpão. Lúcifer estava lá, me olhando e...

   — Lúcifer estava lá?!

   — Dean, se você continuar me interrompendo, como acha que vou terminar de contar?

   Dean ia falar algo, mas fechou a boca, engoliu em seco e assentiu.

   — Ele disse que, mesmo sem poderes, eu sou útil, ou algo assim. Devo me preocupar? Foi o mesmo que disse Crowley.

   — Preocupante, é. — disse Dean. — Coerente, nem tanto.

   — É. — disse Castiel. — Ele perguntou o porquê de estarem todos sem poderes, e eu disse que não sabia. Ele gritou, me deu um tapa, e saiu. Depois a Rowena começou a me socar, a corda arrebentou e eu parti pra cima dela.

   — E a faca?

   Silêncio. Processando a resposta, Castiel sentiu um solavanco sair de seu cérebro.

   — Estava com ela, mas ela não me esfaqueou. Acho que era um tipo de ameaça. Eu usei contra ela.

   Os olhos de Dean analisavam Castiel, assentindo sem parar. Por fim, engoliu em seco novamente e levantou-se.

   — Tudo bem, parabéns por ter matado a vadia.

   — Eu sei que você queria fazer isso. — respondeu Castiel.

   — Quem não queria? — sorriu. — Parabéns, carinha.

   Ambos sorriam.

   — Você me perdoa mesmo?

   — É claro, Dean. Afinal, somos uma família, não somos?

   Dean sorriu ainda mais, acariciando o cabelo de Castiel.

   — É, Cass. Somos sim.


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