Rony não estava acreditando no que estava acontecendo, mas apertou a cintura fina de Hermione e trouxe-a para mais perto, fazendo com que ela ficasse na ponta dos pés.

Hermione separou os lábios dos dois, mas manteve-se na ponta dos pés, seus narizes ainda se roçando. Os olhos dele ainda estavam fechados quando ele a ouviu dizer:

— Eu também quero ficar com você, Ron. Mas... Vamos com calma, tá? — ela sussurrou e então ele abriu os olhos.

— O quê?

— Eu preciso falar com Vítor primeiro, desfazer o noivado e...

— Você o quê? — ele perguntou novamente com um enorme sorriso nos lábios, ainda segurando a cintura dela.

— O que o quê, Ron? — agora ela estava sem entender.

— Você quer ficar comigo? Mesmo? Quer mesmo?

— Quero, Ron... — a fala dela fora interrompida por Rony que agora a suspendera por completo e a beijara apaixonadamente.

Rony torcia para que aquilo não fosse um sonho e Hermione realmente estivesse nos seus braços. Ele esperara por quase três anos por aquele momento. Aquele momento que ele vivenciara a vida inteira, mas por uma grande estupidez fora privado de vivenciá-lo por quase três longos anos.

Ele nunca esqueceria o gosto daqueles lábios, não importava quantos anos se passassem, Hermione sempre seria sua melhor lembrança. Um mistério, a equação que ele nunca desistiria de resolver. Ela era o amor de sua vida, sempre fora. E sempre seria.

— Ron, calma... Vamos com calma, lembra?

— Está bem, está bem... — ele sussurrou ainda de olhos fechados.

— Ron, calma significa que ninguém aqui precisa saber disso ainda!

— Ok.

— Ron, me põe no chão. — ela pediu e ele o fez, mas não antes de beijá-la apaixonadamente mais uma vez.

— Eu ainda não acredito que isso está acontecendo!

— Eu também não. — Hermione sussurrou. Rony havia a colocado no chão mais ainda estava abraçado a ela. — Vamos manter segredo nisso enquanto não falo com o Vítor, tá?

— Está bem.

— Me solte antes que todos estejam sabendo disso aqui.

— Só tem mais duas pessoas aqui, e não tem ninguém olhando.

— Mesmo assim...

— Ai, ai, continua a mesma mandona de sempre! — Rony a interrompera e não se importara em contrariá-la quando a beijou novamente.

(...)

Hermione estava bem nervosa. Vítor tinha pedido para que ela ficasse fora de seu escritório, uma vez que ela estava gripada e o escritório cheio de caixas empoeiradas. Mas ela queria chamá-lo para conversar logo, não aguentava mais aquela angústia em seu coração.

Desde que Rony a beijara ela estava com aquela dúvida maquinando sua mente, e assim que Vítor voltara de viagem ela achou que explodiria a qualquer momento. Estava prestes a deixar tudo para trás e tentar iniciar algo novo, ou melhor, recomeçar aquilo que vivera com Rony. E assim que o ruivo aparecera na sua mesa naquela manhã ela teve certeza de que era aquilo que devia fazer.

Nem se dera conta da tamanha saudade que sentia do beijo de Rony, muito menos de o sentir pegando-a no colo para fazê-lo. Como sempre ele caminhava na linha tênue entre o exagerado e o carinhoso, e ela amava o fato de ele ser um pouco dos dois.

Queria poder acertar tudo, poder beijá-lo o tempo que quisesse sem se sentir culpada ou uma traidora. E para tal coisa ela precisava acertar tudo com Vítor primeiro! Ele merecia uma boa explicação e também merecia alguém que o amasse por completo. Hermione o amava, disso ela não tinha dúvidas. Mas também não era nenhuma novidade de que ela nunca o amaria como amava Rony, nunca.

Mesmo que tentasse, que levasse o casamento com Vítor a frente, aquilo nunca daria certo e ela nunca seria feliz. Não quando estivesse longe de Rony, nem mesmo o trabalho, o tempo ou um oceano inteiro fora capaz de fazê-la esquecê-lo, de fazê-la amar a outro como o amava. E Vítor merecia alguém que o amasse daquela maneira: incondicionalmente. Pois ele fora um bom parceiro para ela enquanto viveram juntos como um casal, então merecia alguém que desse a ele algo que ela não seria capaz de dar nem se tentasse.
Assim que o relógio avisou-a que seu horário de almoço havia começado ela levantou-se de sua mesa e encaminhou-se para o escritório de seu ainda-noivo Vítor. Os dois saíam para almoçar no mesmo horário então ele devia estar se aprontando para ir almoçar com ela.

Hermione respirou fundo várias vezes enquanto segurava a maçaneta da porta, e quando decidiu abri-la o fez vacilante, mas o que viu assim que direcionou seus olhos para dentro do escritório a fez perder os sentidos por alguns segundos.

— QUE MERDA É ESSA?

Com o grito que ela deu, Vítor e Lilá acabaram assustando-se e acabaram por derrubarem muitas coisas que estavam em cima da mesa do búlgaro.
Lilá estava sentada em cima da mesa enquanto Vítor estava em pé entre as pernas dela beijando-a.

— Amor?! — Vítor soltara completamente assustado.

— QUE MERDA É ESSA, VÍTOR? — ela repetiu.

— Calma, eu posso explicar tudo! Foi ela! — ele disse apontando para Lilá que já se punha de pé e estava recompondo-se — Ela veio até aqui e me agarrou!

— Eu vim até aqui e te agarrei? Seja homem pelo menos pra isso, seu idiota! — Lilá esbravejara.

— O que você estava fazendo com ela, Vítor? Não me diga que... Há quanto tempo isso acontece pelas minhas costas? — agora as primeiras lágrimas de Hermione já rolavam por seu rosto.

— Amor... — ele tentara se aproximar, mas ela o afastara.

— NÃO ENCOSTA EM MIM!

— Amor, me escute... — ele tentou se aproximar novamente.

— NÃO ENCOSTA EM MIM! NÃO ME CHAME DE AMOR! Vocês dois... Ah, meu Deus! — ela colocara as mãos na cabeça completamente desorientada.

— Conte logo tudo pra ela! — Lilá dissera já perdendo o controle também, ela estava quase chorando.

— Tudo? Não tem nada pra contar, garota! — fora ríspido com a loira e voltara sua atenção para Hermione novamente — Amor vem aqui. Senta e vamos conversar...

— CRETINO! — Hermione dissera após dar um belo tapa no rosto de Vítor.

Ela saíra da sala com os olhos embaçados devido às lágrimas que inundavam seus olhos. Ela não conseguia pensar no que fazer, no que pensar ou como agir.

Corria em direção aos elevadores e acabara por esbarrar em Luna e Astória que estavam chegando no jornal, pois entrariam mais tarde naquele dia. Elas ainda tentaram fazer com que Hermione parasse ao notarem sua expressão transtornada, mas ela não hesitou, pois sabia que Vítor estava atrás dela e ela não queria mais olhar para a cara dele naquele momento.

E ela se sentindo culpada por ter beijado Rony! Agora tudo fazia sentido! As inúmeras vezes que Vítor se recusara a ficar com ela alegando ter "outros compromissos", os ciúmes excessivo que Lilá tinha dela, e até mesmo às vezes em que ela os vira juntos e achara que a loira estava dando em cima de seu noivo... Há quanto tempo tudo aquilo estava acontecendo sem seu conhecimento?

Queria poder sumir. Sumir.

(...)

— Hermione! Hermione! — Vítor gritara, mas não fora capaz de alcançá-la antes das portas do elevador fecharem-se.

— Vítor! O que é que está acontecendo? — Astória perguntara ao aproximar-se dele junto com Luna.

— Por que a Mione saiu correndo desse jeito? Vocês brigaram? — Luna perguntou.

— Meninas, a Mione e eu... — Vítor começara, mas Rony o interrompera.

— Você é um canalha mesmo, não é? — o ruivo dissera o empurrando com força.

Rony que trabalhava na seção de esportes pode acompanhar tudo de camarote. Desde o momento em que Lilá adentrara a sala do búlgaro até as gritarias que surgiram quando Hermione aparecera. Não era necessário ser muito esperto pra juntar um mais e um obter dois como resposta, então assim que ele deduzira tudo ele correra atrás de Hermione pelo jornal, mas acabou encontrando apenas um Vítor frustrado na porta do elevador.

— Weasley! Ficou maluco? — ele perguntou.

— Não se faça de sonso! Só não arrebento tua cara porque tenho algo mais importante pra fazer! — ele dissera e fora correndo pegar as escadas para alcançar Hermione, mas sua tentativa fora falha. Quando ele chegou ao térreo, sua morena já tinha partido.