Rony não conseguira descansar sua mente um segundo sequer, então resolvera ir ao bar para beber um pouco e esquecer tudo o que rondava seus pensamentos. Mas não havia jeito, tudo sempre voltava para ela. Sempre ela. A única capaz de bagunçar sua mente a ponto de deixá-lo daquela maneira: extremamente confuso.

Chegava a ser engraçada a maneira como ela sempre conseguia deixá-lo daquele jeito. Ela tinha o dom de fazer com que ele se sentisse perdido, sempre tivera. Mas, antigamente, apesar de suas perdições ele sempre soube que ela era seu caminho de volta. Mas os tempos mudaram, ele mudou e ela mudou também, e agora o caminho que estava era trilhado até o desconhecido. E ele se sentia incapaz de lidar com aquilo que não era parte de seu conhecimento.

Bebia enquanto observava as pessoas dançando. Estava distraído em seus próprios pensamentos que nem percebeu uma loira se aproximando.

— Inglês ruivo!

— Loirinha americana! — ele disse e cumprimentou Lilá que surgira ao seu lado.

— O que faz aqui bebendo sozinho?

— Acho que estou colocando no sentido literal o "afogando as mágoas"!

— Que coincidência, estou fazendo a mesma coisa. — ela disse e sentou-se no banco ao lado do ruivo.

— Parece que a vida não está uma droga só pra mim, não é?

— Não, não é só pra você. Mas, qual é sua mágoa?

— Já se arrependeu amargamente de algo que fez?

— Infelizmente já. Minha mágoa tem a ver exatamente com isso também.

— Às vezes eu só queria poder voltar no tempo e fazer tudo de uma forma diferente. Recomeçar, ter a minha vida de volta.

— Está falando da sua vinda à Nova Iorque?

— Não, não nesse sentido... Quero dizer que perdi tudo que eu tinha conquistado de mais valioso na minha vida. Por uma grande bobagem, por egoísmo!

— Do que está falando então?

— Estou falando de uma pessoa, Lilá. Eu sinto tanta falta dela! Eu tentei, realmente tentei deixá-la pra trás. Mas não dá! O que mais eu preciso fazer pra esquecê-la?

— Está falando com a pessoa errada sobre isso! Acredite, não é fácil. Também estou tentando esquecer uma pessoa.

— Por quê?

— Porque ele é um idiota.

— E por que ele é um idiota?

— Não tem explicação! Ele simplesmente é um babaca e pronto. E além de tudo, ele não me pertence... Isso faz dele um idiota maior ainda!

— Minha mágoa também não me pertence. Pelo menos não mais... Ela pertence a outro.

— E ele pertence à outra.

— O que a gente pode fazer pra deixar essas mágoas pra trás, ein?

— Costumam me dizer pra tentar me envolver com outras pessoas...

— Como se eu já não tivesse tentado! Mas parece que sempre a busco em outro lugar, sabe? Mas parece que eu...

— Nunca encontro! — ela o completou — Eu entendo perfeitamente. Mas ele é único no mundo, não tenho dúvida disso... Mas é tão idiota! Na verdade eu é que sou idiota por gostar dele. Por ficar com ele...

— Você fica com ele?

— Sim.

— Mas acabou de dizer que ele pertence à outra.

— Você também gosta de uma mulher que pertence a outro!

— Mas eu não fico com ela!

— E daí?

— E que isso é errado, Lilá. Não só com ela, mas com você também.

— A culpa não é minha que ele me dá oportunidade!

— E vale à pena aproveitar a oportunidade de um cara como esse? Se ele não é fiel a ela, dificilmente será a você. Quem faz uma vez, faz duas.

— E é por isso que eu sou uma idiota por gostar dele! Eu tento esquecê-lo, e mesmo com todas essas coisas eu não consigo! Eu o amo!

— Pois é... Não dá pra esquecer alguém que você realmente ama de verdade. Não quando essa pessoa é o amor da sua vida.

— Que bela dupla nós somos, ein Weasley?

— Uma dupla de iludidos.

— Dois grandessíssimos idiotas!

— Acho que nem idiota pode definir, Lilá.

— Que situação horrível, né? — ela disse e riu fracamente.

— Quer ir pra outro lugar? — Rony sugeriu tomado por um repentino segundo de loucura.

(...)

Eles abriram a porta do apartamento de Lilá com certa dificuldade, já que os beijos fervorosos que trocavam os impediam de tal coisa.

Assim que adentraram o local, fecharam a porta e Lilá pressionou o ruivo contra ela. Já não tinham mais fôlego e pareciam não se importar de pararem os beijos para absorverem um pouco de ar.

A loira passou a desabotoar a camisa do ruivo que a ajudou a tirar por completo a peça e passou a tirar a dela também.

— Lilá calma! — ele disse para a loira que o impedia de tirar a camiseta dela, pois tentava abrir o cinto dele.

— Tudo bem, tudo bem! — ela disse parando e erguendo seus braços para que ele puxasse sua camiseta e assim ele o fez — Vem, vamos lá pra dentro! — então ela o puxou para mais um beijo e guiando-o entre uns amassos eles caminharam até o quarto dela.

Rony não conseguira deixar de compará-la com Hermione um segundo sequer naquela noite. Achava errado fazer aquilo, mas tinha certeza que a loira estava fazendo o mesmo que ele e o comparava com o outro. Fora um momento de pura superficialidade e Rony percebera aquilo assim que acabou.

Enquanto ainda estavam ofegantes eles ficaram longos minutos apenas encarando-se, até Lilá virar-se de costas para ele e adormecer. E mais uma vez ele a comparara com Hermione naquela noite. Sua morena se recusava a dormir na mesma cama que ele e não ter seu peito como travesseiro. Se fosse ela naquela cama ao invés de Lilá, naquele momento ela estaria encolhida contra seu peito pedindo carinho. Fazendo com que ele acaricia-se seus cabelos até que ela dormisse.

Ele ficou muitos minutos deitado na cama fitando Lilá dormir, e enquanto isso mil coisas se passaram por sua cabeça. Chegava a incomodá-lo a maneira como Hermione o dominava, nem mesmo após de ter sentido prazer com outra garota linda como Lilá ele conseguia tirá-la da cabeça. E naquele momento ele teve certeza de que devia esclarecer tudo com Hermione. Pedir uma nova chance a ela e pedir para que ela o perdoasse.

Ele precisava tentar, eles precisavam. Queria um recomeço e sabia que tudo só dependia dele, ele precisava deixar seu orgulho de lado. E por ela ele faria aquilo.

Levantou-se da cama e vestiu-se. Cobriu Lilá e deixou um bilhete para ela, uma vez que não ficaria até o amanhecer. Na volta pra casa pegou um táxi e tentou colocar seus pensamentos em ordem, não era uma tarefa fácil, mas antes de dar qualquer novo passo à frente ele precisava ter certeza de que estaria pisando em chão firme para que não seguisse novamente o caminho que o levou para longe de Hermione Granger.