Inquebrável escrita por Larissa Carvalho, MorangoeChocolate


Capítulo 4
Secrets


Notas iniciais do capítulo

EEE aqui estamos pessoal!!
Desculpem a demoraaaa, eu e a Zozoy tivemos provas na facul essa semanaa! Mas, aqui estamos, esperamos que gostemm, beijosss.



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— Rose. – disse ele, fitando-me. Sua expressão parecia a de uma criança travessa sendo pega em flagrante pelos pais.

— Olá, camarada.

    Ele pigarreou ainda com o telefone no ouvido, sua expressão de susto não durou mais do que 3 segundos, droga de delegado que já deve estar acostumado com surpresas. Se eu o conhecesse até me arriscava dizer que ele estava corando, mas o cretino sabia disfarçar tão bem que logo voltou a carranca de limão azedo habitual. Eu sorri e levantei-me, caminhando em passos calmos até ele.

   Dimitri desligou o telefone sem nem terminar a conversa e pigarreou estendendo a mão para me cumprimentar, e eu sorri novamente.

— Como você está? – murmurei, retribuindo o gesto e sentindo a mão áspera e terrivelmente maior do que a minha, envolver a minha própria em um aperto firme. Se ele queria brincar de joão-sem-braço, muito bem, esse jogo era para dois. Senti um leve arrepio com o contato. Droga de russo bonito. Sim, também fiz meu dever de casa, claro, em nível ridiculamente amador, comparado ao dele.

Ele sorriu rapidamente.

— Sim, e você? - Ele fitou-me enquanto soltava a minha mão e pigarreou novamente.– Você quer falar com o Cristian?

— Como sabe que...? – comecei, mas era óbvio que ele sabia. A essa altura ele deveria saber até o motivo das minhas faltas do ensino médio. – Deixa para lá. Não, eu vim ver você.

— Oh, claro! – murmurou. – Algo errado?

Bom, além de um delegado, diga-se de passagem, muito atraente, fuxicando a minha vida particular...

— Sim. – falei, tirando o celular de Dimitri do meu bolso. Os olhos dele arregalaram-se e depois ele gargalhou. Algo me fez sorrir junto com ele. – Você esqueceu no meu consultório.

  Dimitri estendeu a mão para pegar o aparelho e depois sorriu para o próprio. Ele parecia aliviado por meu motivo de estar lá não ser algo urgente, e eu não ter mencionado nada sobre o que ouvi, talvez ele pensasse que eu deixei de lado, e achei melhor deixar assim por hora. Mas, ainda estava com vontade de rir dele por querer saber da minha vida tanto assim. Eu nunca fui um bicho papão, serial killer, suicida, ladra nem nenhuma aliciadora de criancinhas, e quando mordia, era porque eu tinha permissão para fazer, não sei por que tanta curiosidade.

   Dimitri fitou-me e colocou o aparelho em cima de sua mesa.

— Você ficou no plantão a noite inteira, posso retribuir com um café? – Ah, claro, agora quer agradar. Falso.

    Eu suspirei levemente de cansaço, sinceramente, ainda me sentia tão cansada que não conseguia nem processar as coisas direito. Olhei para seus olhos chocolate. Saber de mim por mim mesma, era melhor do que por um computador, GPS ou Ex amigos da escola – Nessas horas eu agradecia por ter sido simpática com todos. Mas ainda assim...

— Claro. – falei.

— Ótimo, eu sei de um lugar bem agradável aqui perto. – disse ele. – Vou assinar uns papéis e eu já volto para irmos. Só um minuto.

— Tudo bem. – murmurei, enquanto ele saia da sala.

Eu até que lá no fundo, bem no fundo, estava começando a gostar da estranha sensação que Dimitri me causava, mas, ainda assim não queria arranjar dores de cabeça. Por hora, um café não mataria ninguém, eu gostaria de conhecer melhor meu vizinho fuxiqueiro, acho que saber ao menos um pouco dele também seria o mínimo.

  Comecei a caminhar novamente por sua sala e dessa vez, passei a mão por sua mesa cheia de papéis. Ele parecia ocupado e talvez por isso fosse tão sério.

  Passei as mãos pelas pastas amarelas em cima de sua mesa e captei meu nome em meio a tantas folhas. Estava pequeno e na lateral da pasta. Eu olhei para a porta e não percebi nenhum sinal de Dimitri, então, peguei a pasta e a abri.

  Não tinham muitas folhas, comparada à outras pastas, acredito que por isso ele estava ao telefone com seu companheiro dando uma de Sherlock. A primeira folha tinha uma foto minha com Lissa e estávamos com o uniforme de lideres de torcida – sentadas em um dos bancos da arquibancada com nossos pompons no colo e nossos rabos de cavalo.

  Eu levantei e tinham algumas poucas coisas sobre a minha vida acadêmica, eu gargalharia se não fosse trágico.     Passei a primeira folha e tinha coisas sobre Cristian e alguns dos meus amigos, passei mais duas e tinha a foto de um homem.

 Tirei a foto do clipe e observei-o bem. Ele era alto e com cabelos escuros como os meus. Tinham dois homens ao seu lado, com terno e gravata e pareciam estar andando para carros no ambiente da foto. Estava de dia e sua roupa era extravagante – um terno roxo com um lenço verde.

— Ai meu Deus... – murmurei comigo. – Esse cara parece o coringa.

  Pulei com um barulho vindo da porta, mas quando eu olhei era apenas o vento. A voz de Dimitri conversando com alguém estava bem longe e eu ainda tinha alguns papéis, da minha possível vida, para bisbilhotar.

  Coloquei a foto de volta no clipe que o prendi a folha e dei uma olhada, mas a folha estava em branco, o que era bem estranho. Se a pasta era minha, não deveria ter alguém que eu nunca tivesse visto na vida.

  Passei para a próxima página e meu corpo gelou.

— Mamãe... – sussurrei comigo mesma.

   Não me importava se Dimitri entraria a qualquer momento naquela sala, eram a foto da minha mãe e a minha vida que estavam sendo bisbilhotadas, eu tinha direitos autorais.

  Peguei a foto e sorri comigo mesma. Minha mãe estava tão bonita com seus cabelos cacheados e ruivos. Tinha um blazer azul e uma blusa vinho por baixo. Eu funguei quando senti lágrimas quentes a caminho. Eu ainda lembrava-me daquela foto. Ela tinha tirado para a publicação do terceiro livro – que só foi lançado depois que ela tinha falecido. Era sobre uma garotinha solitária que se redescobria em uma cidade nova.

   Sorri, espantando as lágrimas. Dobrei aquela parte do arquivo e coloquei tudo na minha bolsinha perdida pela sala dele. Fechei a pasta e joguei as outras em cima da minha. Não ficou do jeito que estava antes, espero que ele não note.

  Encostei o quadril na mesma mesa e resolvi checar o celular para pensar em outra coisa naquele momento, segundos depois pulei quando ouvi os passos fortes de Dimitri na minha direção. Engoli a seco e forcei um sorriso, ajeitando minha postura.

— Já estou pronto. – disse ele.

— Oh, claro. – Meneei levemente a cabeça. Já não sentia mais tanta vontade de ir a esse tal café com ele, a morte de minha mãe ainda me afetava muito. Porém, se eu não fosse, ele poderia suspeitar de algo. – Então, vamos? – Sorri.

— Vamos.

Ele tirou o colete e pegou um sobretudo preto no cabideiro espinho e segurou a porta me indicando que fosse à sua frente.

   Passei por ele na porta, o que foi complicado porque ele era maior que a porta e eu era a metade dele. Dei alguns passos pelo corredor, e der repente me senti levemente zonza e logo senti meus membros inferiores perderem as forças.

Apoiei minhas costas em Dimitri, pois era o mais próximo de mim, ele habilmente me segurou, me levando ao sofá mais próximo e me fazendo recostar.

— Rose! Rose! O que está acontecendo? – Falou próximo ao meu rosto.

Sentia as coisas rodarem à minha volta.

— Pressão... abaixou. – Foram as únicas palavras que consegui falar de forma clara.

    Ele me levou até a sala dele nos braços pra que eu pudesse me reestabelecer com privacidade, já que a delegacia inteira parecia ter parado para prestar atenção no incidente. Pude ouvir a voz de Dimitri gritar algo como “voltem todos à seus afazeres, bando de menininhas fofoqueiras!”, enquanto ainda estava comigo nos braços. Eles não são as únicas “menininhas fofoqueiras”, camarada. Dimitri me deitou em seu sofá, e pude pedir para ele elevar minhas pernas para que assim o sangue pudesse correr com mais rapidez para o cérebro e o coração, o que rapidamente (alguns poucos minutos) aliviou os sintomas de sensação de desmaio.    

Passado o susto, eu já estava mais composta e mordiscava um biscoito salgado que ele tinha conseguido para mim.

— Tudo bem, Rose? Quer um café? – Perguntou ainda em estado de alerta. Será que todos os delegados são assim? Alertas em todo o tempo?

— Não, eu estou melhor. Muito obrigada, camarada. – Confortei-o tomando um pouco da água que pedi que ele me trouxesse.

— O que aconteceu? – Ele me perguntou.

— Não comi muita coisa até agora, acredito que foi um princípio de desmaio, estou à muitas horas sem dormir, e com apenas duas rosquinhas no estômago, inclusive, acho que foi por ter ingerido as rosquinhas há poucas horas que eu não apaguei totalmente. – Disse de forma pausada e um pouco ruborizada.

    Ao levantar o olhar, pude ver o olhar repreensor de Dimitri, e seus músculos ressaltados na camisa social, já que ele estava sem o sobretudo, seus braços estavam cruzados. Ai, não, já vi esse olhar antes...

Ele respirou fundo.

— Venha, vamos almoçar. – Ué, cadê o sermão?

— Mas...

— Nada de “mas”, Hathaway, vamos almoçar. Iremos com o meu carro, te deixarei em casa depois para que possa descansar. – Disse em uma postura de “macho alfa”, ri internamente com isso. Eu abri a boca para retrucar. – E nem tente recusar, pela noite Cristian leva seu carro, o dele está na oficina, ele ia de carona comigo mesmo.

— Está bem, está bem. Eu deixo o topete maravilha dirigir meu carro. - Revirei os olhos rápidamente e vi um princípio de riso na expressão de Dimitri. - Vamos. – Disse fingindo uma leve carranca, mas, ah, vai, lá no fundo, bem no fundo, estava gostando de ser um pouquinho paparicada por Dimitri.

   Mais uma vez ele fez questão de que eu fosse na frente dele, para que pudesse me amparar caso fosse necessário. Nesse momento, achei que se tivesse uma cadeira de rodas na delegacia, ele me levaria até o carro nela.

   Sem mais intercorrências, chegamos ao carro. Ele, cordialmente, abriu a porta para mim, aceitei de bom grado. Coloquei o cinto, e pude respirar fundo o cheiro inebriante do pós-barba já tão conhecido. O carro dele era limpo e organizado. Ele logo entrou no carro, e também colocou o cinto dando a partida.

   Agora, sentada ao seu lado, pude observar melhor seus cabelos compridos, até mais ou menos seus ombros. Pareciam tão macios...

— Desculpe, não me contive, pareciam macios. – Disse, retirando a mão dos fios. Ele sorriu de forma rápida.

— Sem problemas. E então, gostou? – Riu de forma contida.

— É macio. – Sorri, com as mãos no colo. Podendo ver de viés, a sombra de um meio sorriso no seu rosto.

  Logo chegamos ao restaurante. Almoçamos, e em quarenta minutos já estávamos novamente no carro impregnado com seu pós-barba, indo em direção ao condomínio. Nesse tempo de almoço, descobri que Dimitri realmente é Russo, filho de pais separados, e tem três irmãs. A bela menininha era filha da irmã do meio, Sonya. Não pude descobrir muito de sua vida, ele mesmo querendo ser agradável, ainda continuava terrivelmente fechado.

                                                   ***

     Chegamos ao condomínio, onde ele fez questão de me deixar na porta do meu apartamento. Parecia não haver ninguém em casa. Nos despedimos com um leve aperto de mãos, e um olhar fixo. Ele se foi rapidamente pois disse que precisava voltar para a delegacia, assenti e sorri levemente, já entrando em casa.

 Ao adentrar o apartamento, a primeira coisa que fiz foi largar meus sapatos no tapete na frente da porta e sentir a gostosa textura do enorme tapete negro felpudo no meio da sala em meu caminho até o balcão da cozinha. Lissa tinha deixado um bilhete avisando que só voltaria mais tarde e eu só pensava em banho e cama.

Coloquei minha bolsinha em cima do sofá e abri o zíper para pegar meu celular, e então lá estava o arquivo – olhando para mim como se eu fosse um pedaço de carne suculenta – Ora, Rose! Pare de pensar asneiras.

Respirei fundo e coloquei-o novamente para dentro da minha bolsa como se fosse um bicho papão e pudesse agarrar meu pé de noite. Fui em direção do meu chuveiro, estava bem frio lá fora, então eu tomei um banho quente quase pelando.

  Abri meu guarda roupa ainda com a toalha de tom vinho enrolada em volta do meu corpo e sentindo uma corrente de ar e escolhi uma regata branca bem confortável de pijama e um short leve cinza com pequenas bolinhas brancas que fazia conjunto com a regata. Deitei na cama e deixei que meus olhos pesassem.

                                                         ***

  Acordei com barulho de porta sendo fechada. Senti falta da claridade que deveria estar no meu quarto e incomodando os meus olhos e quando olhei a janela, com a cortina branca e renda branca, a lua estava lá me encarando.

  Fiquei surpresa por ter dormido tanto, até porque meu corpo já estava acostumado a tantas horas de plantão e tudo mais. Levantei e fui fazer minha higiene pessoal no banheiro, aproveitei que a água da pia estava boa e me joguei no chuveiro sem pensar duas vezes.

  Aquela água desceu por minhas costas nuas e eu coloquei a cabeça na parede. Mal tinha acordado e Dimitri vinha aos meus pensamentos novamente – com aquela droga de relatório. Eu não conseguia parar de pensar em todos aqueles textos sobre a minha antiga vida e que minha mãe estava nele.

  Fechei o registro e enrolei a toalha em mim – estava cansada – mas não era fisicamente. Minha mente estava processando muitas coisas ao mesmo tempo e isso estava me deixando confusa e aflita. Caminhei até meu guarda roupa, ainda de toalha e com um coque frouxo, feito ainda no banheiro. Coloquei o mesmo pijaminha, apenas acrescentei um casaquinho cinza, velho e umas duas vezes maior do que eu, bem quentinho e confortável. Ouvi um barulho estranho e detectei o meu estomago faminto.

   Fui até a sala e estranhei o silêncio. Lissa tinha deixado um bilhete em cima do balcão e eu sorri quando vi que ela tinha deixado meu prato pronto, perto do bilhete. Ela sempre cuidava de mim e eu admirava isso nela.

 Lissa era a irmã que eu nunca tive e esperava de coração que ela fosse feliz com o Cristian.

Peguei o bilhete e mordi a boca.

Fui ao shopping comprar algumas coisas para o casamento, volto logo.

Com amor, Lissa.

Traíra. – pensei.

Desde que tínhamos chegado ainda não tínhamos feito coisas de garotas e ela tinha saído para comprar lingerie para o casamento. Eu duvidaria muito que ela aguentaria esperar para usá-la e eu torcia para pararem de praticar para a lua de mel no nosso sofá.

  Peguei o prato pronto e sentei-me no chão, apoiando-o na mesinha de centro. Encostei-me ao sofá e comi o maravilhoso macarrão com queijo de Lissa. Liguei a pequena televisão que Cristian tinha colocado em um móvel de frente para o sofá e me distrai com um filme qualquer por um tempo.

  Até meus olhos baterem na minha bolsa em cima da poltrona no meu lado esquerdo. Lissa deveria ter a colocado ali. Entortei a boca, ainda fitando-a e engatinhei até a poltrona branca gelo.

 Sentei-me nela e abri a bolsa, desamassando o arquivo. A foto da minha mãe estava presa com o clipe de papel e eu retirei-a, colocando em cima do móvel. Folheei o arquivo e lá estava constando que ela era a escritora com o livro mais vendido nos últimos dez anos e eu sorri, orgulhosa.

Minha mãe era incrível ao ponto de dar uma dica criando uma frase que faria chorar. Era a melhor pessoa do mundo, na qual eu me orgulhara de ser filha. Sorri ao ler algumas características da segunda e terceira página, até que finalmente cheguei à última página.

  Mordi a boca quando li que era o resumo final. Isso era a vida da minha mãe? Cinco drogas de páginas e uma foto que tem na capa de todos os livros vendidos? Eu arfei com a audácia de Dimitri Belikov.

Relatório Final:

Nome: Janine Hathaway

Estado Civil: Casada

Filhos : Dois

Profissão: Escritora

Resumo Final: Foi a óbito por câncer de mama a dois anos no dia vinte e quatro de outubro de dois mil e treze, deixando dois filhos e um marido.

 

  Pulei do sofá e apertei os papéis em minhas mãos. Além de detalhar a morte da minha mãe, eles ainda mentiram um marido e mais um filho. Ela só tinha a mim na vida e eu a ela. Como ele ousa fuxicar a minha vida e ainda fuxicar errado.

  Corri para a porta, imaginando mil formas de atropelar Dimitri Belikov com um caminhão, já que se fosse com um carro, ele meio que quebraria o carro. Peguei minha pantufa/botinha na porta e coloquei-a, fazendo malabarismo entre os papéis, as chaves e a maçaneta.

  Peguei o elevador e apertei qualquer botão, eu só queria gritar com ele e a senhora com cabelos brancos e que conseguiu ser menor que eu, sabia que eu queria gritar com alguém e nem se incomodou em me dar boa noite.

Saí em disparada sem nem deixar o elevador abrir direito.

   Quem ele achava que era? Ele não poderia me investigar como se eu fosse uma ameaça e depois inventar coisas. Colocar fotos estranhas de homens que minha mãe e eu nunca tínhamos visto na vida.

  Dei três socos e dois chutes na última porta do corredor silencioso. Torci para que ninguém estivesse comendo ou dormindo, apesar de já ser de noite e quase tarde. Bufei antes que um Dimitri de cabelos molhados e despenteados, e blusa preta pouco justa de mangas longas e gola alta abrisse a porta que eu seria capaz de arrebentar naquele instante.

Ele fitou-me alarmado e eu consegui disfarçar minha cara de espanto para seu tanquinho sobressaltado na blusa. Olhei-o e refiz meu olhar ameaçador. Dimitri sorriu cordial e agarrou-se a porta.

 – Rose. – disse, sorrindo. – Que bom que veio, quer um café?

 – Claro. – falei, com um sorriso pingando desdém. Dimitri fitou-me sério e levantou uma das sobrancelhas, eu até babaria internamente um pouco por isso se eu não estivesse com tanta vontade de socá-lo. – Você com certeza deve saber qual é o meu tipo de café favorito.

— O que? – perguntou balançando a cabeça. – Não entendi.

— Não? – perguntei, elevando as folhas aos para que ele visse, e logo jogando-as em seu peitoral. – Você não tinha esse direito! -  Dimitri fechou os olhos e respirou fundo, tentando procurar alguma coisa para dizer, mas eu arfei. – Você achou mesmo que eu não fosse descobrir? Você investigou a minha vida e a vida da minha mãe. Você acha que ela merece a droga de cinco páginas.

— Rose, se acalma... – começou, largando a porta e procurando meus olhos. Mas eu nem conseguia ficar parada, andava de um lado para o outro.

  Dimitri me guiou ainda inquieta para dentro de casa.

— Acalmar? Não ouse encostar em mim, Dimitri! Você tem o triplo do meu tamanho, mas eu juro que com a raiva que estou, eu te jogaria para cima em um segundo! –  Disse aos gritos e trêmula. Dimitri terminou de fechar a porta e fitou-me com os braços cruzados encostado na porta. – Você pesquisou tudo da minha vida, deve saber até que eu me pegava na sala de leitura na aula de álgebra.

Dimitri pigarreou, colocando a mão no bolso da calça de moletom escura.

— Dessa parte eu não sabia... – começou ele, eu levantei a mão trêmula e fiz com que ele engolisse o que pareceu uma pontada de sorriso.

— Você é um atrevido. – gritei.

— Sinto muito.

— Não sinta porque investigou, meu querido. – gritei, ainda irritada. – Sinta porque investigou errado. E não me importo de você investigar a minha vida, mas a da minha mãe?! Ela morreu há pouco tempo! Você não tem sentimentos?!

— Rose, eu não investiguei errado. – disse ele me olhando com cautela.

  Eu arregalei os olhos e senti aquela gargalhada sem graça, sair de minha boca, sem que eu tivesse controle. Minha raiva era tanta, que eu não tinha mais controle sobre minhas reações.

— Ah, Não? – perguntei, sonsa.

— Não.

— Então, por quê raios, aqui está que minha mãe teve dois filhos?

— Porque ela teve dois filhos, Rose. – disse Dimitri, cotando-me de mais um surto.

  Olhei em seus olhos chocolates, sérios e cheios de verdade. Tinha alguma coisa na forma que ele me olhava, que me dizia que tudo nele era real. Dimitri não estava mentindo para mim e depois de alguns segundos em silêncio e olhando como idiota para ele, eu larguei as folhas da minha mão e encarei o nada.

— O que? – sussurrei, depois de fita-lo. – Ela nunca teve outra gravidez após a minha. – Gaguejei deixando que meus braços “caíssem” nas laterais do meu corpo, revelando o verdadeiro motivo de tanta frustração, minha mãe não poderia esconder algo tão sério e importante de mim... Poderia?... Mas.. Não tínhamos segredos...

— Sua mãe não esteve grávida depois de você, Rose. – disse ele, aproximando-se de mim. – Ele nasceu no dia 30 de janeiro de 1995.

  Mordi a minha boca, sentindo o choque cair sobre meus ombros. Era frio e pesado. Por alguns segundos eu me senti enganada e desprotegida. Quem poderia negar essa noticia para mim, já que agora, eu nem sabia quem era.

  – É o dia do meu aniversário. – murmurei, fitando-o. – É o dia que eu nasci.

   Caí sentada no sofá de Dimitri ainda sem conseguir acreditar, enquanto fitava o nada. Senti Dimitri se reaproximar de mim.

— Rose...

— Você disse "ele"?!... Um irmão... Gêmeo...


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Notas finais do capítulo

Iiiih... Surpresas, e surpresas...

E agora, pessoal?!

Beeijos, até a próxima!



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