Heaven escrita por Azrael Araújo


Capítulo 2
I


Notas iniciais do capítulo

Escrevendo mais essa porque minha mulher Edythe Cullen merece ser enaltecida!



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Senti seu nariz se partindo assim que veio de encontro ao meu punho. Paul soltou um grunhido quando caiu de costas na areia.

— Mas que droga! Qual é o seu problema, Swan?

Considerei atacá-lo de novo, mas na verdade nem valia o esforço. Voltei meu olhar para as ondas a nossa frente e vi alguns dos garotos recomeçarem sua partida de futebol.

— Que droga está acontecendo aqui? — Leah ralhou, se aproximando.

— Ao que parece, a Bellinha não tem senso de humor. Eu só perguntei quando ela vai levar as coisas dela pra casa dos sanguessugas. — Paul respondeu, o nariz já sem indícios de que havia sido golpeado. Ele arrancou a camisa suja de sangue e correu em direção à Sam quando foi chamado pra participar do jogo.

Suspirei. Depois que a minha mãe, Renée, havia começado se envolver com o Cullen, esse tipo de provocação era constante sobre mim.

— Não deixa esse idiota te irritar, Bells. — Leah sentou ao meu lado, dando um leve empurrão em Embry para que abrisse espaço na areia.

— Olha, eu não quero ser um babaca nem nada, mas também estou meio curioso pra saber. — Embry disse, levantando as mãos rapidamente em sinal de paz quando o encarei. — Não se irrite, esqueça que perguntei.

— Ela ainda é sua mãe, Bells. — Leah sussurrou.

Não respondi. Ela não seria mais minha mãe em pouco tempo, poderia até mesmo não ser mais nesse exato momento. Será que já teria sido transformada? O Cullen já teria feito dela um monstro, como ele?

— Ou ele vai matá-la, ou transformá-la. De qualquer forma... — Encarei agora os dois pares de olhos e vi aquilo que mais detestava: pena.

Eu não queria ser digna de pena. Não queria todos na reserva me tratando com condescendência porque “Ah, a pobre filha da mulher que se envolveu com um monstro” ou então “A filha daquela louca, amante de vampiros”. Quando sentia os olhares me perfurando, era quando eu geralmente perdia o controle. Toda essa bosta que aconteceu foi culpa daquele maldito vampiro. Ele e a tal família chegaram na cidade e pronto: pessoas começaram a explodir em lobos gigantes. Em menos de um mês, seis quileutes haviam se transformado. A febre gerou pânico, os adolescentes ficando terrivelmente doentes e ninguém — além dos anciãos — sabiam o motivo. Eu estava de cama a mais de uma semana quando simplesmente parou. A febre sumiu e as dores diminuíram até que pareciam nunca ter existido.

Isso até a maldita noite em que Renée e Charlie se conheceram. Ele, como o mais novo chefe de polícia de Forks, fazia uma ronda — como se algum bandido que se preze fosse roubar em Forks — enquanto ela voltava do trabalho. Uma carona, dez minutos de conversa e estavam terrivelmente apaixonados.

Dez minutos, mãe!

Ela diz que foi amor à primeira vista, na verdade. Mas eu não acreditava nisso.

Foi no momento em que ele estacionou o carro na frente de casa, eu estava na varanda esperando ela como sempre fazia desde que era criança.

Só precisei sentir o cheiro.

Dois segundo depois eu era alguma coisa pesada, peluda e cheia de ódio; salivando de desejo para arrancar a cabeça dele.

Não foi exatamente um bom primeiro passo para uma relação padrasto-enteada.

— Você não tem certeza — Embry me tirou dos meus devaneios — Não tem certeza de que vão transformá-la tão cedo. Eles só estão juntos à, o quê, dois anos?

— Embry, você não entende? — uma súbita onda de raiva de atingindo —Eles foram para a maldita lua de mel. Eles não podem... Fazer isso... Ele vai matá-la. De um jeito ou de outro, vai estar morta.

Ele ficou pensativo por um segundo e Leah permanecia em silêncio. Minhas mãos tremiam, de tristeza ou raiva, eu não saberia dizer.

— Acha que eles vão voltar? Pra Forks, quero dizer. — Leah falou, os olhos tão escuros quanto os provavelmente estavam.

— Se voltarem, o tratado já era. — eu pontuei — Se ele voltar, com ou sem ela... Eu mesma o matarei.

Levantei deixando-os em silêncio e segui o familiar caminho que me levaria para casa. Eu tentava ficar lá o menor tempo possível, não parecia o mesmo lugar sem Renée, sem a presença alegre e contagiante dela. Mas nesse momento, eu só queria ficar em paz.

 

— O que quer dizer com isso? — a voz baixa sussurrou irritada — Que monte de besteira! Ela não vai acreditar nisso!

Me encolhi à parede mais próxima.

— Renée, me diga o que está havendo. Sua filha merece a verdade... — Sue congelou ao me ver entrando cozinha, ela continuava com o telefone na orelha. A pessoa do outro lado da linha pronunciou mais algumas palavras e Sue desligou.

— Bella...

— Era a minha mãe? — perguntei, as lágrimas queimando meus olhos. — Ela está viva?

— Bella, ouça. — Sue, irmã de Renée, posicionou as mãos calmamente na frente do corpo. Era um alerta. Respirei fundo, sem perceber que meu corpo inteiro estava tremendo. — Ela... Eles estão em Forks.

— O quê? — uma nova onda de raiva me atingiu — Porque ela não veio me ver? Espere, o que você quis dizer com... A verdade?

Sue apenas me encarava com pena; ela não sabia como me contar o que quer que estivesse acontecido.

— Sue... Por favor, diga que ela não é uma vampira. Não acredito que eles ousaram...

Dessa vez ela se apressou em negar.

— Não, não, não. Ouça-me, eles voltaram mais cedo, mas acho que tem algo errado. Renée disse que está doente.

Arregalei os olhos e inflei as narinas. Meu corpo parecia estar a ponto de uma convulsão e de repente, a casa parecia pequena demais. Quando minha visão foi tingida de vermelho eu corri pela porta e explodi. Os pensamentos da matilha me atingiram em cheio mas eu já estava correndo. Passei por um rio e água me acalmou por alguns segundos.

“Que droga, Bella!”

“O que aconteceu?”

"Controle-se mulher, a sua raiva é nossa raiva.”

“Bella, pare!”, Sam ordenou e eu finquei as patas no chão.

“Eu preciso vê-la”, pedi rápido não querendo perder nem mais um segundo. Sam ponderou os riscos, pensando se eu iria me controlar ou acabaria nos metendo em uma guerra novamente.

“Eu vou com ela”, Leah ofereceu já correndo em minha direção. “Não vou deixar que nada aconteça”.

Sam apenas pareceu assentir “Não faça nenhuma burrada”.

Leah me alcançou de forma rápida. Minutos depois estávamos a quase um quilômetro do território dos vampiros, então paramos e voltamos a forma humana para nos vestir. A calça jeans e a camiseta não estavam em um estado tão ruim, afinal de contas. Então foi aqui que veio parar esse par de tênis!, Leah pontuou quase alegre. Revirei os olhos.

— Pode me contar o que aconteceu agora? — ela perguntou enquanto corríamos.

— Renée ligou pra sua casa agora pouco. Sue falou com ela.

— E como ela está? — perguntou, provavelmente a mesma dúvida invadindo seus pensamentos. Já seria um monstro? Ou o Cullen gostava de brincar com a comida?

— Doente. — meu tom de voz dando um fim ao pequeno diálogo quando avistamos a casa. Já podia sentir o fedor dos mortos-vivos.

Mais alguns passos e estávamos nas escadas, subindo para a porta principal. Comecei a me questionar se deveria tocar a campainha — se é que eles tinham uma — quando o líder do clã apareceu e nos convidou a entrar.

— Bom ver você, Isabella. — o loiro simpático ofereceu a mão e eu cordialmente apertei. Quase podia ouvir o chiado, o choque térmico.

Gelo e fogo.

— Onde ela está? — perguntei impaciente.

— Deixe-me vê-la. É minha filha...! — uma voz cansada e irritada no andar de cima. Fiz sinal para Leah me seguir enquanto subia as escadas para o andar de cima.

O negócio todo parecia um funeral.

Renée estava no meio da sala, em uma espécie de cama de hospital. Uma agulha enfiada no braço, ligada a um soro. Todos os pares de olhos dourados se viraram na minha direção.

Senti meu peito apertar. Ela estava viva. Realmente viva, humana. Mas estava doente. Me aproximei da cama devagar, analisando sua expressão. Parecia cansada, olheiras profundas abaixo dos olhos. Era o sorriso de sempre, mas parecia diferente. Agoniado. Ela estava magra — muito magra.

A vampira loira, dois centímetros mais baixa que eu, se colocou na minha frente. Atrás de mim, senti Leah ficando alerta. Fiz um sinal com a cabeça e ela relaxou; não completamente.

— Nem mais um passo, garotinha. — a loira ordenou.

— Fica na sua, fedorenta. — eu ralhei. Uma vampira de cabelos castanhos a repreendeu mas ela não parecia dar importância.

— Tudo bem, Rosalie. — Renée assentiu — É a minha Bella.

Continuei encarando-a, ameaçadora, enquanto ela se afastava. Me aproximei de Renée e dei um sorriso hesitante.

— Você parece meio caída, mãe.

Ela riu.

— Também senti sua falta, querida. Como você está? — Ainda odeio o seu marido, pensei em dizer.

Ao invés disso, assumi uma postura firme. Me ajoelhei perto para que ela não precisasse se esforçar tanto para falar.

— Vai me contar o que está acontecendo aqui?

Ela suspirou, puxando minha mão. Agora você vai estar sempre com febre?, ela me perguntou uma vez, pouco depois da minha mudança.

— Leah, querida, como está? Senti sua falta também.

— Eu também, tia. — Leah também estava rígida, alguns passos atrás de mim.

— Mãe — chamei, pedindo explicações. Ela suspirou. Começou a se sentar e quando eu abri a boca para dizer que não fizesse isso, eu vi. Uma barriga.

Não uma barriga normal, redonda e saudável.

Ela era roxa, com deformidades. A coisa toda não parecia... Certa.

Prendi a respiração e senti Leah dando um passo pra trás.

— O que é... Isso?

Isso, é o nosso bebê. — Charlie surgiu, caminhando pesadamente.

Nós nos encaramos. Ele também parecia cansado, mas de um jeito diferente que não consegui identificar.

— Isso... É sua culpa. — me preparei para avançar em sua direção. Depois disso, tudo foi muito rápido.

Enquanto Leah segurava meu braço, dois vampiros surgiram ao lado de Charlie. Por instinto, nós começamos a tremer.

— Chega! Vocês não vão brigar. — Renée grunhiu irritada, quase a beira das lágrimas — Você é meu marido e você é minha filha, pelo amor de Deus!

Eu continuei pronta para o ataque.

— Isabella! — ela se alterou. Respirei fundo e dei um passo para trás, Leah fazendo o mesmo.

A tensão se instaurou na sala.

— Quanto tempo? —  olhei na direção do médico e líder, Carlisle.

— Ela está com cinco semanas.

— Não é o que parece.

— Ele... Cresce rápido. E é forte. Não conseguimos vê-lo por ultrassom ou colher material pela placenta. — ele explicou, aparentemente não ofendido.

— Então como vai fazer pra tirar isso dela?

— Tirar? — ela estava realmente irritada agora — Ninguém aqui vai tirar nada!

— Não está realmente pensando em continuar com isso, está? — a encarei espantada.

— É uma criança, Isabella. Não tem culpa de nada.

— Mãe, você já viu o seu estado? Viu o que isso fez com você? — eu estava furiosa agora. Encarei Charlie erguendo uma sobrancelha, perguntando silenciosamente se ele concordava com aquilo. O desgraçado desviou o olhar.

— É melhor nós irmos... — ignorei Leah.

— E quando você morrer? O que acontece? Porque é assim que vai ser, essa coisa vai te matar; e não vai demorar.

Renée apenas balançou a cabeça.

— Você não entende, Bella. Eu faria a mesma coisa por você.

Me virei, ignorando suas tentativas de me chamar e saí dali — não antes de enviar a Charlie um último olhar odioso. Leah estava bem atrás de mim.

Saí da casa e corri direto para a floresta, parando apenas um segundo para deixar o calor expandir meus ossos.

Logo, eu era um lobo que uivava de desespero.


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Notas finais do capítulo

Yeah, demorei? ^^ Me digam o que acharam, o que precisa ser melhorado
Quem tiver interesse, dá uma olhadinha na minha outra fanfic
https://fanfiction.com.br/historia/743587/Girls_and_Blood_Reimagined_Twilight/
Até o próximo ♥



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