São Francisco escrita por Dri Viana


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Primeiro contato do Gil com a sogra. E a descoberta de quê o sogro já sabe quem ele é pra Sara.



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Deus! Como era bom voltar a sentir o gosto dos lábios dela, sentir o cheiro bom que vem dela e abraçá-la como eu fazia agora.

Quase todas as noites, ao longo desses meses todos, eu sonhei com esse momento. Ansiei por esse momento!

A gente se falava todos os dias, mas só falar e ver por uma tela de computador e celular não era a mesma coisa. Eu sentia falta do contato, do toque, do cheiro dela e de coisas que só dá pra fazer pessoalmente e não pela tela do computador durante as vídeos chamadas ou pelo telefone mesmo.

Nunca imaginei que a saudade dela fosse doer tanto como doeu. Tinha dias e noites que era insuportável isso. Inúmeras vezes senti vontade de pegar o primeiro avião pra fugir de Vegas e vir aqui só pra vê-la um instante que fosse, mas eu não podia fazer isso.

Só que agora a espera acabou e cá estava eu com Sara em meus braços enquanto a gente se beijava com toda a vontade e a saudade que existia dentro da gente.

—Senti tanto a sua falta, garota insuportável.

Ofegante e com nossas testas unidas, eu lhe confessei isso após meus lábios se separarem dos dela para que a gente pudesse respirar.

—Eu também senti demais a sua falta, quatro olhos!

Sorri.

—Isso é muito bom de ouvir.

—Ei! Agora que reparei que está sem os óculos.

Novidade! Quando que ela repara nisso logo de cara?

—Não é a primeira vez que te escuto dizer isso.

Sorrimos.

—Você pôs as lentes só pra não parecer tão nerd assim para os meus pais?

Nem bem cheguei e ela já começou com as provocações e zoações.

—Não, sua engraçadinha. - Sorri. _E aproveitando logo a ocasião tenho que te contar que vai ter que arranjar outro apelido pra mim, porque "quatro olhos" não dá mais pra ser. Eu não uso mais óculos, Sara. - Contei.

—Como assim não usa mais?

Ela espantou-se. Ainda não sabia, mas há quase dois meses logo após a data do aniversário de Sara, eu segui seu conselho e fiz uma cirurgia corretiva. Desse modo, então passei a não mais precisar dos óculos. Ocultei isso de Sara pra lhe fazer uma surpresa e agora que estávamos cara-a-cara foi que lhe contei isso.

—Ah, então foi por isso que você ficou alguns dias sem falar comigo por vídeo chamada?

Assenti afirmativamente. Nessa época, eu estava me recuperando da cirurgia e não queria que ela me visse, pra não suspeitar da operação. E pra justificar o fato de não falar com ela desse modo e sim, somente por chamada de voz mesmo, eu inventei que estava sem internet em casa. E quando me recuperei da cirurgia, foi que voltei a falar normalmente com ela via vídeo chamada. Mas claro, que toda vez que nos falávamos assim, eu colocava os óculos só pra ela não descobrir.

—Você me enganou direitinho esse tempo todo. - Sara socou meu peito.

—Eu queria te fazer uma surpresa, por isso te enganei só um pouquinho. - Justifiquei com um sorriso.

—Vou te perdoar porque me enganou por uma "causa nobre". E já vou pensar em outro apelido pra te chamar já que agora não dá mesmo pra ser "quatro olhos" mais. Ah! Talvez, eu nem precise pensar muito, pois posso te chamar de: "nerd estranho ou sem graça". Você escolhe.

—Sua maluca!

Nós sorrimos e trocamos mais um longo beijo. Se fosse possível passar as próximas duas horas seguintes apenas beijando Sara, eu passaria com certeza.

—Hum... Gil... eu adoraria ficar aqui de beijos com você, mas a minha mãe tá esperando a gente lá no estacionamento. Vem!

—Pensei que tivesse dito que era seu pai quem viria com você. - Comentei enquanto seguimos pra saída do aeroporto.

Sara explicou que seria ele sim quem viria, mas como pintou um imprevisto na pousada seu pai não pôde vir. Eu confesso que no fundo  fiquei mais aliviado e menos tenso em saber que ainda não enfrentaria o pai dela logo de cara. Teria mais algum tempinho antes de chegar a pousada pra me preparar pra encarar pessoalmente o meu sogro. Por hora, eu conheceria pessoalmente a minha sogra, que já sabia quem eu era de fato pra filha dela.

Chegamos ao estacionamento em poucos instantes e eu vi dona Laura a nossa espera, escorada à uma camionete vermelha, que aparentava ser semi-nova. Assim que estávamos diante da mãe de Sara, a minha namorada tratou de fazer simbolicamente as devidas apresentações, posto que a gente já se conhecia.

—Eu sei que vocês já se 'conhecem' da tela do computador, mas agora estão se conhecendo pessoalmente, então... Mãe, esse é o Grissom, o meu namorado. Gil, essa é a Laura, a minha mãe.

Estendi a mão à mãe da Sara e nós nos cumprimentos. Ela era fisicamente uma versão mais 'experiente' da minha namorada. Os traços eram os mesmos. Os olhos. Cabelo. Sorriso. Só faltava descobrir se o gênio era também o mesmo. Teria duas semanas pra descobrir.

—É um prazer conhecê-la pessoalmente, dona Laura.

—Dona?? Já falei pra você nas vezes em que nos falamos antes pelo computador, que esse 'dona' não precisa. Eu me sinto uma velha coroca assim. - Nós três sorrimos. _E também é um prazer pra mim conhecer pessoalmente, o rapaz que fisgou o coração da minha filhinha querida aqui.

—Mãe! Filhinha? Assim a senhora acaba com minha reputação com o Grissom.

Dona Laura e eu rimos da indignação de Sara. Pelo visto, não era só eu quem sofria bullying da minha mãe. A dona Laura fazia o mesmo com Sara. Mas que mãe não faz isso com o filho? Ainda não vi uma que não faça.

—Se for por isso, a minha reputação com você não deve ser das melhores, já que a minha mãe me trata assim que nem a dona... quer dizer, que nem a Laura te trata.

—Sabia que a senhora e a mãe do Gil são iguais nesse quesito? Ela chama pro Gil de: filhote. Enquanto que a senhora me chama de: filhinha.

—Entendam uma coisa... mãe é tudo igual, só muda de endereço. E pra gente, vocês sempre serão crianças independente da idade. Agora, vamos que seu pai já ligou, Sara.

Nós entramos na camionete em que  Laura estava escorada e logo já seguíamos pelas ruas de São Francisco.

—Gil, eu preciso te contar uma parada séria antes de chegar em casa. - Sara se pronunciou pouco depois de estarmos no carro à caminho da pousada dos pais dela.

Pela cara dela e o tom de sua voz, o lance era sério mesmo. Já fiquei preocupado de cara.

—O que foi?

—Então... é o seguinte... o meu pai... ele... bem... eu...

—Sara falando pausadamente desse jeito, você tá me deixando nervoso e apreensivo. O que têm o seu pai?

—Ele já sabe sobre a gente e não teve uma boa reação.

Jesus amado!

Talvez, eu devesse pedir pra dona Laura dar o retorno e me deixar novamente no aeroporto pra eu embarcar de volta pra Las Vegas.

—Você contou à ele? Mas a gente tinha combinado de...

—Eu sei que a gente tinha combinado de contar quando você estivesse aqui, tá bom? Mas o que aconteceu foi que... Hum...

—Ontem o meu marido ouviu a gente conversando sobre você e Sara contarem pra ele a respeito de serem namorados, Grissom. Foi assim que Otávio soube de vocês.

Dona Laura que até então só dirigia calada, se pronunciou e deu uma olhada pra gente pelo retrovisor do carro. Sara e eu estávamos acomodados nos bancos de trás da camionete.

—E o que ele exatamente disse sobre isso? - Olhei pra Sara, pois a pergunta tinha sido pra ela.

—Ele falou um monte. Teve um surto, na verdade. E não gostou nada dessa história de namorado e de eu ter escondido isso dele.

—Hum...

—Não queria aceitar o nosso namoro. Mas a minha mãe e eu, conversamos com ele. E, ele meio que aceitou em parte a ideia disso.

Tô um porcento aliviado com isso.

—Isso é reconfortante.

—Ele ainda me disse que quer ter uma conversa de "homem pra homem" com você.

Bom, se antes eu já tava apavorado de conversar com o pai da Sara quando ele ainda sequer sabia de mim e sua filha, agora que ele já sabe, eu tô mais ainda apavorado por ter que "enfrentá-lo". Mas, vamos lá. Eu o enfrento com a cara e a coragem - que eu não tenho - e seja o que Deus quiser!

—E ele também disse que você vai ter que pedir a autorização dele pra só assim, ele TALVEZ aceitar o nosso namoro de fato.

—Eu faço isso então. Nós já tínhamos combinado essa questão, não tínhamos? - Ela assentiu. _Então é o que eu farei. Vim não só pra te ver, mas também pra falar com seu pai sobre a gente.

—Você é um bom rapaz e muito ajuizado e direito, Grissom. Desse jeito, vai ganhar meu marido em dois tempos.

Aquilo me tranquilizou um pouco.

—Tomara que esteja certa, Laura.

—Tenho quase certeza que estou. A propósito, aparentemente, você já ganhou uns pontos extras com Otávio por não usar brincos.

—Meu pai detesta homem de brinco, Grissom. Ele diz que homem não precisa disso, pois já nasceu com um brinco pendurado no meio das pernas.

Eu arregalei os olhos com essa informação e Sara caiu na risada da minha reação, sendo acompanhada pela mãe dela que riu também disso.


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Notas finais do capítulo

Só por isso que Sara disse do que o pai acha de cara que usa brinco, vocês já podem supor que 'peça' é o Otávio.

E por falar nele, o próximo capítulo traz o encontro de Gil com seu sogrão.

Um beijo e até breve.



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