Diving In The Past escrita por YinLua


Capítulo 7
Problems


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente~!
Eu sei que disse que iria postar no dia 21 (sexta-feira), mas minha Beta teve uns probleminhas e não pôde terminar a tempo. Depois disso, quando ela terminou ontem, eu já estava dormindo, UASHUAS.
Boa leitura~ :3
Espero que gostem!!

OBS: Capítulo betado pela ~Lady Lovegood.



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— Prontos?

Minerva tinha uma expressão singular em seu rosto, como se estivesse se divertindo com a situação, mas não quisesse deixar transparecer; seus lábios estavam pressionados em uma linha fina como de costume, porém em seus olhos era possível se ver um brilho sutil.

Em suas mãos ela segurava sua varinha, mirando para uma bandeja flutuante com copos cheios com um líquido estranho que parecia possuir uma cor perolada encantadora enquanto andava na direção deles.

Harry esperava que o gosto fosse tão bom quanto à aparência.

Exatamente um mês após o início do treinamento deles, a poção para a animagia tinha ficado pronta. Naquele dia, eles estavam liberados dos ensinamentos de Dumbledore por conta dos efeitos previstos da tal poção. E dos imprevistos também, uma vez que Minerva tinha alterado a receita para que ficasse pronta mais rápido, como foi lembrado por Dumbledore.

— Temos a opção de dizer não? — Ron questionou, ganhando um olhar divertido do diretor.

— Ora, Ron, onde está sua coragem grifinória? — Harry debochou, rindo logo em seguida, mesmo que se encontrasse ansioso para saber qual seria seu animal.

Hermione fez uma pesquisa enquanto esperavam a poção ficar pronta e descobriu que, na maioria dos casos, o animal despertado pela animagia correspondia ao patrono do animago. Isso deixou Ron frustrado, pelo fato de seu patrono ser um cachorro e fez com que ele continuasse reclamando nos dias seguintes.

Nessas horas, Harry agradecia por não dormir mais no mesmo dormitório que ele. Seria impossível dormir tranquilamente com Ron reclamando a noite inteira.

— Debocha mesmo. — O ruivo fez cara feia. — Mal posso esperar para ver a galhada surgir na sua cabeça.

— Ei! — Harry cutucou-o, no mesmo lugar que Hermione costumava fazer.

— Ei digo eu, Harry. — A morena cruzou os braços, franzindo as sobrancelhas. — Só quem pode cutucar o Ron sou eu!

O rosto de Hermione ganhou certa coloração avermelhada, mas ela ignorou aquilo prontamente com sua sobrancelha arqueada.

— Hermione! — O tom de voz de Ron saiu quase choroso, fazendo os outros três rirem.

— Certo. — Minerva interrompeu o momento dos jovens. ­— Chega de baderna e tomem logo isso.

A bruxa mais velha fez um aceno de varinha. Então, os copos que estavam em cima da bandeja flutuante começaram por si mesmos a voar, desafiando a gravidade. Sem entornar uma gota, os quatro copos foram deixados nas mãos dos adolescentes para que os mesmos bebessem.

Harry pôde ver Ron fazer uma careta e beber tudo de uma vez só pelo canto de olho, assim como Gina parecia beber o líquido esbranquiçado tranquilamente e Hermione parecia forçar a si mesma a fazer aquilo. Ele pensou que a resistência de Hermione naquele momento estivesse ligada ao fato de que seriam animagos ilegais, o que era totalmente contra as regras.

Voltou então sua atenção para o próprio copo e bebeu tudo de uma vez só, como Ron. Porém uma sensação inesperada começou a tomar conta de seu corpo: nos primeiros segundos não houve nada, contudo, nos instantes seguintes, seu corpo começou a queimar. Não era como a poção polissuco em que bolhas surgiam em sua pele, era completamente diferente.

Seus braços e pernas pinicavam e seus olhos ardiam por trás dos óculos, seus joelhos pareciam que estavam sendo puxados para baixo pela gravidade, e tinha a sensação de que estava prestes a sufocar, uma vez que não conseguia respirar direito. Balançou a cabeça tentando se situar, mas sua mente apenas continuou a girar, então ele fechou os olhos.

Estava tonto, desnorteado e seu cérebro parecia vibrar dentro de seu crânio. Tudo formava um conjunto horripilante de sentimentos que fazia ele preferir não ter tomado aquela poção.

Tombou sobre os próprios joelhos e seus óculos caíram no chão quando ele se curvou, apoiando-se com as mãos no chão. Ofegou e puxou o ar violentamente para seus pulmões, esperando que assim pudesse recuperar o controle de seu corpo, enquanto resistia à coceira que parecia lhe consumir em todos os lugares imagináveis e inimagináveis.

Segundos pareciam minutos e minutos pareciam horas.

Harry não sabia dizer quanto tempo ficou naquela posição, com sua mente completamente embaralhada e seus olhos lacrimejando e ardendo sem parar, mas não segurou o suspiro aliviado quando a sensação aliviou. Com seus braços trêmulos e a garganta seca, ele abriu os olhos.

A sua frente tinha um copo de água. Ele respirou mais uma vez e sua garganta doeu, como se fosse um sinal para que pegasse logo o copo de água. Assim ele o fez, segurou-o rapidamente e levou aos seus lábios como se tivesse passado os últimos anos no deserto. Era como se aquele fosse o primeiro copo de água limpa que via há séculos e apenas um copo não foi o suficiente para saciar sua sede.

Com a visão embaçada, pôde distinguir os sapatos de Dumbledore a sua frente, assim como suas vestes, para logo então mais água começar a surgir em seu corpo. Sentiu-se agradecido, mas nada falou. Não podia, sua boca estava mais ocupada sugando o máximo de água que podia para seu corpo.

Apenas no terceiro copo que a sede que Harry sentia pareceu se acalmar. Ele então percebeu que tinha entornado um pouco de água sobre si mesmo e respingado um pouco no chão; sentiu-se envergonhado pela forma como tinha agido.

Lembrou-se então de seus amigos e sua namorada. Virou-se para eles, mas não conseguiu enxergar muito bem por estar sem seus óculos. Eles pareciam estar parecidos consigo; ou pelo menos a forma borrada deles.

Olhou para sua frente novamente e esticou a mão, tateando o chão em busca de seus óculos. Quando os achou, colocou-os e voltou-se para seus amigos.

Harry não pôde deixar de se surpreender com a situação deles.

Hermione estava encolhida no chão e respirava ofegante; estava de costas para si, mas pelos ruídos que ela soltava, parecia que estava chorando. Suas vestes estavam bagunçadas e seu cabelo desgrenhado, e ela parecia apertar os próprios joelhos contra si, como se abraçasse a si mesma.

Gina estava deitada de costas no chão e seu peito subia e descia lentamente, como se ela estivesse tentando controlar a própria respiração. Estava com um dos braços na testa e, por estar ao seu lado, conseguia enxergar algumas gotículas que molhavam a testa e os fios de cabelo ruivo da mesma. Ela parecia exausta.

Já Ron estava sentado sobre os joelhos e seu corpo parecia avermelhado. Não como suas orelhas ficavam quando ele estava irritado, mas um vermelho mais forte, como se ele estivesse sofrendo com alguma reação alérgica por toda a extensão de sua pele. Tal qual os outros, sua respiração estava ofegante e ele se apoiava com as mãos no chão como Harry. Seus ombros estavam curvados e sua cabeça estava baixa.

— Vocês estão bem? — Sua voz soou rouca e ele pigarreou.

Engatinhou para o lado de Gina, deitando-se ao seu lado.

— Parece que a poção teve um efeito surpreendente, não é? — Dumbledore pareceu pensativo.

— Sim. — Minerva suspirou. — E provavelmente foi por conta das pequenas alterações que fiz.

— Não se culpe, minha cara. — O velho deu leves tapas nas costas da professora, como se estivesse a consolando. — Está ainda melhor que o planejado. — Ele sorriu.

— De que efeito surpreendente estão falando? — Gina questionou, ainda deitada no chão.

— Tem algo a ver com a intensidade do que sentimos, certo? — A voz de Hermione soou fraca. A morena não se moveu.

— Sim, senhorita — Dumbledore respondeu. — Porém não temos como afirmar quais são as diferenciais porque, como ouviram antes, a professora McGonagall fez modificações únicas na poção. Contudo, podemos afirmar com o que vimos durante esses últimos dez minutos em que estiveram sob o efeito, de que ela é melhor do que o esperado.

— Certo — Harry murmurou.

— Bem, assim que conseguirem se recompor, estão liberados por hoje. Imagino que estejam exaustos.

— Com toda certeza — Ron concordou.

— Obrigado.

O diretor e a professora então saíram da sala, deixando-os sozinhos.

Harry suspirou, virando a cabeça de lado. Hermione já parecia mais calma, seu rosto ainda estava meio avermelhado, porém estava seco. Ela também tinha se deitado direito e, naquele momento, olhava para o teto. Já Ron permanecia sentado, mas estava apoiando seu corpo com as mãos para trás, enquanto Gina tinha se virado para si.

Ele sorriu para ela, sentindo os últimos resquícios daqueles dez minutos de tortura se esvaírem.

— Então, quando iremos procurar pela primeira horcrux?

Sua fala fez com que Hermione se sentasse rapidamente, parecendo pensar em mil coisas ao mesmo tempo. Harry quase podia ouvir as engrenagens trabalhando.

— Além da lista que eu fiz sobre as horcruxes, fiz algumas anotações mentais sobre elas. Prestem bastante atenção, por favor, não quero ter que repetir tudo novamente.

Ela fez uma pausa para respirar fundo e tornou a falar:

— Sabemos quais são as horcruxes: o Diadema de Corvinal, o Medalhão de Sonserina, o Anel de Marvolo, a Taça de Lufa-Lufa, o Diário de Tom Riddle, o Harry e a Nagini. Harry e Nagini não são horcruxes nesse tempo, já que Harry ainda não nasceu e Nagini só se torna horcrux em 1994, depois da morte de Bertha Jorkins.

Hermione gesticulava rapidamente, acompanhando suas próprias palavras, que soltava em um só fôlego. Harry pensou que ela estava bem parecida com a menina de onze anos que quase pulava da cadeira para responder uma pergunta.

— O Diário foi entregue a Lúcio Malfoy para que voltasse a Hogwarts e ajudasse Voldemort a matar nascidos-trouxas, porém acredito que, nesse tempo, ele ainda esteja com Voldemort. Ele provavelmente só o deu a Lúcio para caso algo desse errado em seus planos, e no momento ele está no auge de seu poder.

— Então teremos que procurar o Diário nas coisas de Voldemort? — Ron arqueou as sobrancelhas. — Que divertido.

— Não necessariamente. Posso estar errada, vou dar uma olhada nisso antes de irmos atrás dele. Continuando... — Ela recuperou o fôlego. — O Diadema sabemos que está aqui na Sala Precisa, o Medalhão está na caverna em que Dumbledore e Harry foram da última vez. O verdadeiro ainda não foi roubado por Regulus, isso é ótimo.

— Adorei aquela caverna — Harry ironizou.

— A Taça provavelmente já está no cofre dos Black. Quase certeza que sim. Mas não deve estar tão protegida quanto no futuro, já que ainda se crê que o Gringotes é impenetrável. No entanto, já sabemos quais feitiços a Taça tem para protegê-la, então quando formos atrás dela posso pesquisar alguns que nos ajude. E, é claro, ter um plano mais discreto que fugir em um dragão.

Hermione revirou os olhos.

— Por fim, o Anel está no mesmo lugar em que Dumbledore o achou: a casa dos Gaunt. Pelo que eu me lembro, o único mecanismo de segurança é o feitiço das trevas que mata aquele que o usa.

— Sim. — Harry balançou a cabeça.

— Então temos a localização de praticamente todas as horcruxes. — Ela afirmou com a cabeça. — Pensei em assumirmos o plano do Ron, de caçarmos primeiro as horcruxes de mais difícil acesso, porém não me sinto muito confortável em procurar primeiro uma que está no colo de Voldemort. — Ela entortou a boca.

— De fato. — Gina inclinou a cabeça.

— Então... Considerei melhor, e pensei que a ordem não importa. Se não as destruirmos, Voldemort não vai saber que estamos caçando elas, certo, Harry?

— Sim... Eu acho. — Ele fez uma careta.

— Logo, podemos ir juntando-as e guardando-as em um lugar seguro, e então podemos tentar destruir todas de uma vez só.

— Voldemort vai ficar uma fera. — Ron arqueou a sobrancelha.

— E desnorteado — Hermione concordou. — Teremos o fator surpresa ao nosso favor. A partir daí, no entanto, começa novamente a guerra.

Harry suspirou.

— Certo. E qual vai ser a nossa primeira horcrux? — refez a pergunta.

— O que acha de irmos atrás do Anel de Marvolo? — Hermione mordeu o lábio inferior. — Parece-me o mais fácil de conseguir, só não podemos usá-lo. Ah, e como estamos em outubro ainda, temos até o final de junho para terminar de pegar as horcruxes, porque senão Snape vai virar comensal, e precisamos impedir isso pelo bem do futuro dele. — Ela franziu as sobrancelhas. — É tão estranho falar isso.

— Falando em outubro... — Harry tomou a voz. — O ataque a Hogsmeade é no final desse mês, certo?

— Sim, bem lembrado, Harry. — A morena suspirou. — Precisamos estar bem preparados. Esse é o primeiro momento da profecia do Harry, em que James e Lilian enfrentam Voldemort três vezes. Ou seja, de uma forma ou de outra eles irão se envolver na luta. Só precisamos protegê-los.

— E chutar a bunda de muitos comensais — Ron acrescentou.

— Apoiado. — Gina riu.

— Mais alguma coisa? — Harry apertou os olhos por baixo dos óculos, tentando lembrar se faltava algo.

— Sim, eu andei procurando também na biblioteca se tinha algum jeito de voltarmos para casa, mas... — Ela abaixou os olhos, brincando com os próprios dedos. — Não achei nada. Vou ver com Dumbledore se ele me dá acesso à sessão proibida.

— O que pode acontecer, em último caso? — Gina questionou. — O que acontece se não conseguirmos voltar para o nosso tempo?

O silêncio predominou no local e os olhos se voltaram para Hermione. A mesma, no entanto, continuou com a cabeça baixa e mordia seus lábios, como se estivesse pensando. Uns segundos depois, ela levantou a cabeça e Harry pôde visualizar suas sobrancelhas arqueadas suavemente e seus lábios retorcidos em uma linha reta.

— Eu não sei.

[...]

O que é isso?

Sua respiração estava ofegante e ele corria.

Mas era diferente.

Ele corria mais rápido que o normal, sua visão estava melhor e ele conseguia sentir o vento batendo em seu corpo. Suas mãos tocavam o chão, e ele percebeu que, na verdade, ele corria como um animal quadrúpede. As árvores passavam por si em uma velocidade alta demais para que ele pudesse perceber onde estava, a escuridão da noite também não colaborava.

Harry conseguia ouvir todos os sons a sua volta. Podia identificar o farfalhar dos galhos balançando com a brisa, escutava o canto dos pássaros noturnos e o sibilar das cobras que procuravam uma presa. Também podia sentir o cheiro de algumas flores ou frutos das árvores, tanto quanto fezes de outros animais.

No entanto, aquilo não parecia novo. Harry não estava surpreso. Era como se estar daquela forma fosse parte de si e ele estivesse nascido daquela forma.

Harry desejou fechar os olhos e curtir a deliciosa sensação que era o vento bater em seu corpo, porém o Harry dos sonhos não obedecia e seus olhos continuavam abertos, prestando atenção por onde estava correndo.

A velocidade foi diminuindo gradativamente e ele viu-se caminhar até a beira de um lago.

Aproximou-se para ver sua figura refletida na água, e o que viu o deixou sem ar.

Não era mais um humano, e sim um animal. Possuía pelos por todo seu corpo e eram maiores e mais aparentes ao redor de sua cabeça — ou focinho. Não conseguia enxergá-los muito bem por conta da escuridão, então concluiu que eram escuros também. Talvez fossem pretos, como seu cabelo, e seus olhos estavam bem marcados. Logo, se seu pelo era preto como seu cabelo, seus olhos deviam ser verdes-esmeraldas.

Levantou a pata dianteira direita e olhou para si mesmo, tentando mexer seu corpo. Estava maravilhado. Isso explicava completamente seus sentidos mais apurados e sua velocidade. Fez um movimento e mexeu seu rabo, surpreso por não ter reparado nisso antes.

Encarou a água do lago mais uma vez, porém sua visão começou a ficar mais embaçada e...

— Acorda, Paes.

— Hm? — Harry fez, apertando os olhos ainda fechados.

Esticou os braços para se espreguiçar, mas tão logo começou, seu corpo começou a flutuar e a sair da cama. Ele se assustou, arregalando os olhos e segurando um gritou. Mexeu-se ainda no ar e virou a cabeça para o lado, tentando ver o rosto de seu agressor. Porém, só conseguia enxergar borrões verde e preto por estar sem seus óculos.

— O que está fazendo? — questionou, sem saber quem era. — Quem está aí?

— Oh, esqueci que é praticamente cego sem seus óculos — O deboche foi palpável.

— Severo! — Harry suspirou aliviado, fazendo Severo arquear as sobrancelhas. — Pode me abaixar, por favor? — Sua voz soou mais calma.

— Está atrasado. — Severo ignorou seu pedido. — Estou aqui porque precisamos discutir sobre o trabalho de poções antes das aulas começarem.

— Ora. — Harry sorriu. — Essa é sua desculpa para vim me acordar por que me atrasei? Ficou preocupado, Snape?

O viajante riu.

No mesmo instante seu corpo sofreu a ação da gravidade e caiu pesadamente em cima da cama, fazendo com que Harry levasse um susto. Harry anotou mentalmente que talvez Severo não tivesse achado tanta graça assim.

— Brinque mais. — A voz de Severo soou fria, mas ele não se moveu.

Harry esticou o braço para pegar seus óculos, respirando fundo para acordar devidamente. Passou a mão por seus cabelos despenteados e franziu as sobrancelhas.

— Que trabalho de poções mesmo?

[...]

Harry estava andando pelos corredores da masmorra a noite, a fim de chegar à Sala Precisa, onde treinaria com seus amigos, Dumbledore e Minerva, quando foi surpreendido pela conversa de alguns membros de sua casa.

— Você ouviu os boatos, Severo?

Mesmo por baixo da capa, Harry paralisou. Conhecia aquela voz e tinha o visto de longe no último mês em que estava ali, porém o reconhecia de muitos anos no futuro. Avery. Seu tom de voz era alarmante e possui alto grau de diversão.

— Não, e não tenho interesse em boatos.

A indiferença de Severo acalmou Harry, de certa forma, mas não o impediu de segui-los no intuito de descobrir quais seriam os tais boatos. Nada de bom vinha de histórias que circulavam na boca de sonserinos.

— De qualquer forma... — Avery não pareceu ligar para a falta de interesse de Severo. — Estão dizendo que nossos pais irão organizar uma festinha.

— Hm?

— Você não é burro, Severo. Entende o que eu quero dizer. — O sorriso do futuro comensal poderia ser descrito como horripilante, na opinião de Harry. — Parece que o Lorde das Trevas está planejando atacar um vilarejo trouxa.

— E o que eu tenho a ver com isso?

— Ora, apenas pensei que gostaria de saber... Sabe, ambos sabemos de sua inclinação para as artes das trevas e que detesta trouxas tanto quanto eu, amigo. — Avery deu um tapinha de leve no ombro de Severo, que resultou em um olhar feio deste.

Harry arregalou os olhos. Hermione não tinha falado nada sobre um ataque próximo em um vilarejo trouxa... Será que já tinham começado a alterar a linha do tempo?! Ai, meu Merlin! Ele segurou a respiração, tentando prestar atenção no que os sonserinos ainda estavam falando.

— Não me toque, Avery. — Seu tom de voz foi congelante, parecido com o que Severo usaria para Harry no futuro. — Se o Lorde das Trevas planeja algo assim, não cabe a mim discutir ou me meter, então peço que não me envolva nesses boatos, por favor.

— Tenha um pouco mais de senso de humor, Snape. — Avery mostrou os dentes. Não era exatamente a melhor visão do mundo para Harry. — E aquele rapaz, o Paes?

— O que tem ele? — Severo suspirou, apertando o espaço entre seus olhos com certa irritação.

— Ele parece bem interessado em você... Por que não tenta aproximá-lo de nossa causa?

Harry fez uma careta.

— Deixe-me em paz, Avery. Vá procurar Mulciber para entretê-lo.

Após sua fala, Severo saiu andando em passos largos na direção contrária que estavam indo, provavelmente voltando para o Salão Comunal da Sonserina e Harry balançou a cabeça, ainda invisível por estar em baixo da capa.

Ouviu ainda uma risadinha meio sádica de Avery, porém se encarregou de sair dali o mais rápido possível sem fazer barulho e se encaminhou para as escadarias, a fim de subir até o sétimo andar. Precisava falar com Hermione urgentemente sobre o tal ataque a que Avery se referiu. Ou ela tinha se esquecido, ou a linha do tempo já tinha sido alterada.

Harry torcia para que fosse a primeira opção.

[...]

— Isso não pode estar certo!

— Eu estou falando, Hermione, eu ouvi o Avery falando com o Severo sobre isso. — Harry suspirou.

— Você não se lembra desse ataque, Hermione? — Ron questionou, coçando a cabeça e bagunçando seus cabelos ruivos.

— Não... Ele não foi mencionado em nenhum jornal nem livro de história na nossa época. — Hermione gesticulava nervosamente. — Céus! Eu não queria nem pensar nessa possibilidade, mas vejo que não pensar nela foi um erro! Eu deveria ter considerado todas as variáveis...!

— Ei, calma, Mione. — Gina sorriu para a morena. — Não é sua culpa. Não se preocupe com isso, vamos resolver.

— É, Hermione. Você sabe que não está sozinha. — Ron deu alguns tapinhas de leve nas costas de Hermione, a surpreendendo.

O rosto da menina atingiu uma coloração vermelha e ela desviou os olhos, se calando imediatamente. Seu coração pulou uma batida e ela mordeu o lábio inferior, envergonhada tanto pelo nervoso de antes quanto pela pequena demonstração de afeto de Ron.

Ela virou o rosto na direção de Ron e o viu encarando-a com uma expressão de confusão; provavelmente não tinha entendido porque aquela mudança drástica, mas Hermione não se importou em explicar. Sorriu-lhe levemente, voltando-se para os amigos.

Harry arqueou as sobrancelhas por um segundo, porém nada disse.

— Certo... E que tipo de informação nós temos?

— Nenhuma. — Harry torceu a boca. — Só que o ataque será em um vilarejo trouxa.

— Então precisamos da data, hora, saber quem vai estar lá, em qual vilarejo... Precisamos das informações completas. — A morena encarou Harry e sorriu. — Harry, você ter sido selecionado para a Sonserina realmente vai ser útil!

— É? — Harry riu. — E como exatamente?

— Você pode entrar nos quartos ou espionar alguém com a capa da invisibilidade. — Gina respondeu no lugar de Hermione, fazendo-a sorrir novamente.

— Isso mesmo! Mas tente se manter perto dos futuros comensais, como Snape, Avery, Mulciber, os irmãos Carrow, Rosier e Travers. Claro, devem ter outros que se tornarão comensais, mas esses serão os mais próximos.

— É, Harry, eu não queria estar na sua pele agora. — Ron riu.

— Ah, antes que eu me esqueça... — Hermione mordeu o lábio. Seu olhar se tornou preocupado e ela encarou os amigos. — Precisaremos de máscaras ou algo para nos disfarçar. Voldemort não pode saber quem somos, muito menos quem seremos, senão irá atrás de nossos pais.

— Máscaras? — Gina pareceu pensativa, mas logo arregalou os olhos. — E se fizéssemos cópias exatas dos uniformes de comensais da morte e usássemos no dia do ataque? Assim Voldemort pensará que havia traidores entre eles, e sabemos como ele é... Não vai descansar enquanto não achar os culpados e matá-los.

— Parece uma boa ideia... Ele não suspeitaria de alunos de Hogwarts.

Harry suspirou e tombou sua cabeça no sofá da Sala Precisa. Era tanta coisa para pensar, fazer... Um passo em falso e Voldemort poderia extinguir completamente suas existências e governar o mundo bruxo com um estalar de dedos. Esperava que tudo valesse a pena.

Não.

Ele faria tudo valer a pena.

A porta da Sala Precisa se abriu, mas o moreno não se virou. Já sabia quem era, só duas pessoas além deles possuíam acesso àquela sala: o diretor Dumbledore e a professora McGonagall.

— Ora, chegaram mais cedo hoje?

A voz calma de Dumbledore apenas confirmou seu pensamento.

Harry suspirou mais uma vez, antes de se preparar mentalmente para o treinamento que viria a seguir. Precisava obter resultados o mais rápido possível, assim poderia enfrentar Voldemort novamente com tudo o que tinha.

Dessa forma, ninguém precisaria morrer por ele.

Ninguém.


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Notas finais do capítulo

Então, que sonho foi aquele do Harry? :o E o ataque ao vilarejo trouxa? E agora?
E aquela fala da Hermione, gente? "Só quem pode cutucar o Ron sou eu", UASHUAS, será que o relacionamento deles está andando por baixo dos panos (fora da visão do Harry)?
O que estão achando? E será que alguém já tem ideia dos efeitos que a poção de Minerva vai ter neles?
Chega de perguntas UASHUAS.
Obrigada a quem leu até aqui, a todos que comentaram no capítulo anterior e a quem comentará nesse também. Vocês são divos ♥
Beijinhos, gente!!
Até dia 4 :3
YinLua~ :3

OBS: Este capítulo se passa nos dias 12 e 13 de outubro.



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