Precisamos um do outro escrita por Moon


Capítulo 52
Irmandade


Notas iniciais do capítulo

Riley e Stiles pensam em como a distância irá afetar seu relacionamento e se preparam para lidar com a despedida que está cada vez mais próxima...



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POV Stiles

Eu e Josh fomos jantar na casa dos Matthews. Eu estava ansioso para ver a Riley, já que eu havia avisado da minha partida por telefone e ainda não tínhamos nos visto desde então. Eu estava nervoso em estar distante da Riley, e dela saber que eu sinto tanto quanto ela sobre essa distância que está sem imposta sobre nós.

Maya estava com a melhor amiga, o que me ajudou a convencer Josh a me acompanhar naquele jantar apesar da prova que ele teria no dia seguinte. Chegamos quando todos já estavam a mesa, e nos juntamos a eles. Josh sentou ao lado de Maya e eu ao lado do Auggie. A comida estava gostosa e a companhia agradável. Era um jantar em família.

— Stiles. - Cory chamou depois que terminamos o jantar, enquanto Topanga servia uma sobremesa. - Ficamos sabendo da novidade. Como está se sentindo com isso?

— É um sentimento misto. - Eu ri e olhei para Riley. - Eu amo Nova York agora. Eu cheguei aqui na big apple sem conhecer nada, nem ninguém e agora tenho um lar, uma família, memórias. E eu não quero estar longe. Mas ao mesmo tempo, esse curso, essa profissão, são muito importantes para mim, são… meu sonho. 

— Estamos orgulhosos de você, querido! - Topanga disse acariciando meu ombro enquanto colocava as colheres para o sorvete que havia servido na mesa. Soou como um afago da Melissa, ou da minha mãe e não pude evitar de sorrir com o pensamento.

— E para onde você está indo? - Maya questionou já se servindo.

— Massachusetts. - Eu sorri com a ideia.

— Você deve estar animado então… - Liam comentou com um sorriso malicioso.

— O que eu perdi aqui? - Josh perguntou observando a reação do Liam.

— A Lydia estuda no MIT. - Riley comentou com um sorriso torto. - Então mesmo estando devastado por ficar longe de mim, pelo menos ele sabe que vai ter uma menina ruiva por perto para consolar ele.

Eu ri do comentário e reafirmei com tom irônico que sentiria falta de ter uma irmã menor no meu pé, e ela riu sabendo que eu não a estava deixando para trás.

— E ainda faltam três semanas, então… - Olhei os rostos me encarando gentilmente ao meu redor, exceto pelo Auggie que estava mais concentrado no próprio sorvete. - Ainda teremos algum tempo para despedidas apropriadas e planejamentos.

Depois de tomarmos a sobremesa fui para a janela com Riley, Liam, Josh e Maya. Eles eram parte da matilha e havia coisas sobre as quais deveríamos conversar.

— Todos vocês estão no nosso grupo? - Perguntei e eles assentiram.

— O que é aquilo? - Maya perguntou confusa.

— Bem… Vocês sabem da história da fênix com aquela matilha. E a gente começou nossas próprias investigações. - Comecei a explicar. - A Riley comentou de ter ouvido alguém na casa falar sobre o livro cinza que falava sobre essa criatura, e estivemos buscando por esse livro, e a Lydia o encontrou. Aquelas fotos são do livro. 

— Além disso, o Parrish, que também está no grupo, andou pesquisando sobre isso. - Liam comentou e pegou o próprio celular. - Ele falou comigo ontem sobre umas informações que ele está verificando antes de divulgar, mas ao que tudo indica ele encontrou uma mulher que está procurando pelas crianças da profecia em Beacon Hills.

— Ele me falou também. - Respondi. - Supostamente essa mulher é uma bruxa, feiticeira, sei lá… Mas o ponto é que ela disse que é responsável por realizar o último ritual porque a mãe dela havia feito o anterior.

— E vocês estão acreditando nessa mulher? - Josh estava incrédulo.

— É sempre bom verificar. - Eu comentei admitindo para mim mesmo que era estranho.

— Mas parece real. - Liam comentou. - Primeiro porque essa lenda não é popular, tanto que não vemos muitas pessoas inventando histórias sobre fênix humanos por aí. Além disso, ela sabe que vocês estão ligados a Beacon Hills, que é um detalhe bem específico. E tem mais uma coisa que o Parrish descobriu.

— O que? - Riley perguntou curiosa.

— A mãe dessa mulher... - Ele hesitou e me encarou. - A mãe dela foi a médica responsável pela autópsia da mãe de vocês. O Parrish verificou a documentação no hospital, e conferiu a documentação dessa menina com a da mãe.

Riley sussurrou algo baixinho como se para si mesma.

— Sim, eu sei que tudo aponta para isso, mas vamos continuar descobrindo tudo o que podemos saber sobre isso e nos preparar para o que quer que essa profecia seja.

 Conversamos ainda mais um pouco sobre aquilo, sobre minha partida, sobre como tudo mudou e então nos despedimos.

Enquanto abraçava minha irmãzinha na despedida a apertei um pouco mais forte, como se quisesse a colocar entre meus ossos e cochichei para que apenas ela ouvisse: Nenhuma distância vai nos separar, Riley. Nós ainda precisamos um do outro!

Ela apertou o abraço e sorriu.

O caminho de volta para a universidade foi tranquilo, eu e Josh conversamos sobre como seria me despedir de todos, mas especialmente da Riley. Assim que chegamos, ele foi para o seu dormitório e eu estava indo para o meu quando meu celular tocou. Fiquei feliz ao ver o nome do meu melhor amigo no visor.

— E, aí, irmão? - Atendi sorridente indo para o refeitório.

— Como você está? - Ele me perguntou e conversamos sobre tudo. 

Era bom passar um tempo falando com ele. O Scott não era apenas meu melhor amigo, ele também é meu irmão. Eu o amo e sei que quero que ele seja parte da minha vida sempre.

— A Riley vai sobreviver sem o irmão maior na cola dela, mané! - Ele disse em tom zombeteiro.

— Eu sei que vai. É a Riley. É só que… - Eu respirei fundo assimilando tudo o que aconteceu nos últimos tempos. - É que eu acabei de recuperar ela. E eu não quero perder minha irmã. Eu já perdi 15 anos da vida dela. E eu já quase a perdi. 

— Stiles. - A voz se tornou mais séria. - Vocês são irmãos. Nada vai acabar com o vínculo de vocês. E agora você a conhece, sabe que ela existe, sabe onde ela está. Você vai manter contato, você vai curtir a presença dela quando estiver perto, e vai conversar com ela quando estiver longe. Você pode ligar todo dia, você pode visitar em alguns finais de semana. Ela pode ir te visitar. Vocês podem passar feriados e férias juntos. Não vai ser a sua mudança que vai acabar com o relacionamento de vocês.

— Eu sei. - Eu respirei fundo sorrindo com a ideia de ter Riley em Massachusetts comigo. - E são só 4 horas de distância.

— É. Não é o ideal, mas vai dar certo! - Ele disse no telefone e eu poderia quase sentir o tapinha nas costas que ele teria me dado em apoio se estivesse aqui comigo e ri com esse pensamento. - Eu sei que você queria estar perto com tudo o que está acontecendo.

— É um alívio saber que o Liam está aqui. - Comentei como se estivesse admitindo um segredo precioso. - Não fala isso pra ele, o moleque não precisa ficar convencido!

A risada de Scott foi porque ele ficou surpreso com a brincadeira depois de tanto papo sério e não porque eu havia feito uma grande piada, e o som da risada dele sempre trazia uma certa leveza para os momentos difíceis da minha vida.

Nós conversamos por horas e quando a chamada finalmente acabou eu senti que estava pronto para lidar com todos os problemas da minha vida e decidi começar pelas minhas prioridades, então mandei mensagem para Riley.

Ela é minha irmãzinha e eu já a amo mais do que a maioria das pessoas da minha vida. As vezes tenho a impressão que desde que nos conhecemos a Riley havia se tornado a pessoa mais importante da minha vida. A nossa conexão não precisava de convivência, de contato constante, porque desde a primeira vez que a vi, eu soube que a minha irmã e eu seríamos próximos, eu não sabia na época o que significava esse sentimento, mas agora eu sei e eu sou muito grato por essa conexão que temos.

Ela me respondeu enquanto ainda estava pensando sobre minha conversa com meu melhor amigo e conversamos um pouco por mensagens. Ela me contou sobre como estava se sentindo com essa coisa de sermos alguma criatura e sorri ao ler “pelo menos eu sei que estou nessa com você”. Riley tinha muita coisa acontecendo na vida dela e como ela lidou com todas as reviravoltas na própria vida nos últimos meses era realmente impressionante.

Eu tenho algo para te contar, mas não quero que você ache que é algo maior do que realmente é. — Ela me enviou e senti um frio correr pela minha espinha. Esperei ela continuar, e ela continuou dividindo o texto em várias mensagens. - Eu nem vejo a necessidade de te contar isso, mas acho que se você descobrir aleatoriamente vai acabar interpretando tudo errado. Então quero deixar algumas coisas claras: 1. Eu estou bem. 2. Não significa nada. 3. Meus pais sabem. E 4. A ideia foi minha e de ninguém além de mim.

Enquanto eu lia as possibilidades começaram a rodar minha cabeça. Mas eu não tinha ideia do que poderia estar acontecendo.

O que é que está acontecendo? — Fiquei inquieto e enviei enquanto ela ainda estava digitando.

Eu estou dormindo com o Liam. E quando eu digo dormir, significa DORMIR. Literalmente deitar, fechar os olhos e dormir. Isso começou desde a noite que ele dormiu no hospital comigo, e eu não tive nenhum pesadelo com ele, depois insisti para ele dormir comigo para evitar esses pesadelos.

Eu fiquei quieto. Não falei nada. Eu não sabia o que falar. Ela era a Riley. E ele era o Liam. Eu amo os dois. Me preocupo com os dois. E fico feliz de saber que eles cuidam um do outro. Mas saber disso me fez questionar, o quanto eles se importam um com o outro, quão próximos são e quão próximos podem ser, e embora eu odiasse admitir, uma parte de mim não gostava da ideia de que Liam tivesse minha preciosa irmãzinha em seus braços - embora uma outra parte ficasse tranquilo em saber que ela estava segura com ele.

Stiles? — Riley mandou depois do meu silêncio, e continuou quando não obteve uma resposta. - Posso te ligar?

Pode sim. — Respondi a contragosto. Eu não sabia se queria continuar aquela conversa, mas antes que eu pudesse mudar de ideia e mandar uma mensagem desistindo da ligação a foto de Riley surgiu no meu telefone vibrando com a chama.

Não é culpa do Liam, eu que pedi pra ele. Meus pais sabem. E não é nada demais. Eu vou melhorar e logo eu não vou ter que incomodar ninguém para conseguir dormir a noite. — Ela disse assim que eu atendi.

— E é só isso? Ele é só um bom amigo que aceita dormir no seu quarto? - Perguntei.

Só isso! — Ela assentiu, mas havia algo mais que ela queria falar.

— E por que você quis me contar isso agora? - Perguntei sem saber se eu queria saber o que Riley estava tentando guardar para si.

Porque se minha mãe comentasse alguma coisa, ou meu pai, ou até o Liam, poderia parecer para você que eu estivesse escondendo algo. - Ela respondeu falando mais rápido do que normalmente.

— Riley. - A chamei suavemente sentindo meu coração acelerar imaginando que o dela devia estar no mesmo ritmo. - Eu sei que tem mais alguma coisa. Que tem algo que você está se segurando para não me contar. E eu não sei o que é. Nem se é algo que eu vou querer ouvir. Mas eu sou seu irmão mais velho. Eu sempre vou ser seu irmão mais velho. Então eu quero que saiba que eu sempre vou ser alguém com quem pode conversar, sobre qualquer coisa.

Mesmo se for algo que nem eu sei o que é? — Ela perguntou com a voz trêmula.

— Qualquer coisa, pequena!

E se for algo que pode te deixar desconfortável, ou com raiva, ou arruinar a nossa… — Ela pausou buscando a palavra que queria usar para descrever nossa relação. - nossa irmandade?

— Eu nunca vou te forçar a me contar nada. Você é você. Tem direito aos seus segredos. Mas se quiser me falar sobre o que quer que seja, eu vou querer te ouvir.

Será que a gente pode almoçar junto ou fazer alguma outra coisa amanhã? — Ela hesitou por um segundo e continuou insegura. - Quer dizer… Eu sei que você tem aula, então talvez só passar aqui de tarde, ou quando tiver um tempinho. Ou no decorrer da semana, eu não sei. Eu só quero passar mais tempo com você antes que vá embora.

— Eu te busco na sua escola amanhã, a gente almoça em algum lugar legal ali perto e te deixo na escola depois para sua próxima aula. - Eu concordei com a ideia de passar algum tempo juntos. - Pode ser?

Claro… — Ela concordou e eu conseguia escutar seu sorriso enquanto ela se despedia. - Então até amanhã, maninho!


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